1. Spirit Fanfics >
  2. FateDark Soul >
  3. Vontades e Milagres - parte II

História FateDark Soul - Vontades e Milagres - parte II


Escrita por: vccotrim

Notas do Autor


Boa tarde.
Gente, desculpa pelo atraso na postagem do capítulo. Hoje eu finalmente comprou o computador, pois o outro já perdi as esperanças de sair do conserto. Mas agora com o novo, vou poder escrever com mais conforto e até mais agilidade. Muito obrigado pela compreensão.
Boa leitura.

Capítulo 2 - Vontades e Milagres - parte II


 

Londres, Inglaterra – Torre do Relógio, 12h09

- O quê acha desse? – perguntou Drew para Ricardo que seu ombros, claramente desinteressado no assunto. – É... Também não gosto de estudar necromancia, muitos dados desnecessários e poucas respostas práticas.

Os dois que se sentavam em um banco sob a sombra de uma árvore num espaçoso pátio no meio do prédio da Torre do Relógio aproveitavam o tempo livre para estudarem juntos, apesar de um lado aparentar estar ali contra sua vontade. Ricardo tinha apenas dificuldades de se expressar sem soar grosseiro, Drew já estava acostumado.

No dia em que se conheceram Ricardo estava sentado sozinho atrás de uma bancada afundando em pilhas e pilhas de livros, sem interagir com os outros alunos que formavam grupos de estudos. Sua curiosidade logo despertou, então sentou-se na cadeira ao lado pensando no que poderia dizer, arrumou os livros sem pressa, o que chamou a atenção de Ricardo, queria entender qual era a do idiota que vai para a biblioteca para estudar e age como se não fosse a coisa mais importante?

Ao perceber que tinha a atenção do outro, não se importou em falar.

- Oi – começou.

Teve de resposta o silêncio, no entanto não ficou abalado. Estudou o pescoço para ler o conteúdo que estava no livro do moreno e sorriu.

- Sua especialização é magia de joias?

Ainda silêncio.

- Parece bem legal – continuou. – Não sou bom nessa magia, muita concentração, todos os testes acabaram em desastre.

- Não é surpresa – murmurou Ricardo.

- Ora, parece que ele fala – brincou Drew. Ricardo apenas tentou ignorar. – Poderia me mostrar um dia?

Foi nessa hora que Ricardo desviou os olhos do livro de verdade, que Teve alguma reação humana ao que o ruivo falava. Com olhar espantado, encarou o garoto sardento ao seu lado, as palavras ecoando na sua mente. Por um momento sentiu os olhos marejarem.

- Você está interessado no que eu sei fazer!?

- Claro – concordou Drew sem entender o espanto. -Vos parece alguém entendido do assunto, adoraria ver o que você pode fazer. De verdade. Que tal após sairmos daqui irmos até meu apartamento. É perto, não vai demorar. Qualquer coisa, pode passar a noite lá.

Finalmente as lágrimas caíram sem seu consentimento, só percebeu quando Drew levou as mãos ao seu rosto e as secou. Ele não entendia as feridas do coração que o brasileiro carregava, o passado dele, mas gostou de ver que conseguiu dar aquilo que Ricardo precisava e estava disposto a seguir assim, e tem cumprido sua promessa nesses dois anos de amizade.

Depois daquele dia sempre estiveram juntos, ambos aceitaram os horários para passarem mais tempo juntos e frequentavam as casas um do outro, estudando magia e tendo momentos que todo adolescente normal teria. Drew apresentou os videogames, filmes, séries e livros diversos que se estendiam agora mas prateleiras do quarto de Ricardo. A chama que antes estava apagada voltou a crepitar, aquilo encheu o coração do ruivo com tamanha alegria que sempre queria estar perto de Ricardo, nunca se sentirá tão bem, nem mesmo com a família. Ver um sorriso, mesmo que curto, naquele rosto era o maior presente que podia receber.

“Acho que estou apaixonado” – pensou um dia enquanto encarava com um sorriso bobo uma foto que tirou de Ricardo provando seu primeiro sorvete.

“O que fizeram para ele?” – pensava preocupado vendo que o maior não se abria.

Ricardo odiava falar do passado, seu humor sempre caía mas investidas que Drew tentava, parando na terceira a fim de não magoar e afastar seu grande amigo e paixão.

Ricardo vem de uma linhagem de magos brasileiros que nasceram na época do Brasil colonial, tiveram bastante influência dentro da família real e ajudaram na independência do país, os Bittencourt. Também ajudaram os magos estrangeiros que não conheciam o território a expandir os conhecimentos para as gemas, minérios e flora exclusiva do país.

É uma família com fama que garante uma cadeira na Associação de Magos em qualquer uma das suas ramificações – Torre do Relógio, o pilar central pesquisas e mais moderno da Associação; Academia Atlas, especialista em alquimia e localizada nas Montanhas Atlas do Egito, tendo existência datada antes da Era Comum; e a Wandering Sea que estende seu território por toda costa do leste europeu, sendo conhecida como o protótipo da Associação para os inícios das pesquisas.

Maravilhoso, não? Nasceu com o mundo voltado aos seus pés. Pena que não fora assim que o destino reservou sua vida.

Ele era o segundo filho a nascer, já perderá o direito de se envolver com a magia e explorar todos os conhecimentos da família. Passou a ser visto como um humano medíocre que jamais saberia a magnificência dos magos, uma ralé que não merecia atenção deles, mas com ótimos circuitos mágicos que garantiram uma nova geração de magos com as melhores habilidades taumatúrgicas, sendo negociado com uma família aliada pelo pai ao seu primeiro choro, com a mãe não ligando para o que fosse lhe acontecer.

Mantiveram o sobrenome Bittencourt, uma forma de “preservar sua identidade”, assim que atingisse a maturidade sexual deveria se casar com a primogênita do casal que se encontrava já com seus doze anos. O acolheram, seguiram com seus estudos em magia passando conhecimentos básicos sobre necromancia.

Em alguma ironia da vida, a garota conheceu e se apaixonou por um mago também ótima linhagem, o que levou a família a tocar Ricardo em frente, e mais uma vez, com tão poucos anos de vida, ele se encontrava aos cinco anos indo para outra família, em outro estado, e com todo acordo já subentendido.

Dessa vez, a filha acabou morrendo com alguma doença misteriosa, mais tarde descoberto como envenenamento por um dos irmãos, que foi deserdado e jogado na sarjeta. Logo se tornou desnecessário, não havia mais razão para mantê-lo, o terceiro filho era um homem.

A terceira família em que caiu estava em ruínas, perdiam afinidade com a magia, não havia mais pra na correndo em seus sistemas como antes e seguia de esgotando. O marido, desesperado por não ter mais prestígio e depender de um moleque rejeitado para se manter, matou a família – em seus princípios, antes mortos do que fadados ao fracasso, sujando ainda mais o nome do clã – e incendiou a casa, morrendo carbonizado.

Na quarta família, com doze anos, não tinha mais esperanças, fechou-se para o mundo e sufocou as emoções e sentimentos dentro de si. A família o recebeu de braços abertos, no fim. Todavia, nunca o conseguiram tratar como um membro de verdade da família, era um hóspede que respeitavam e ajudavam com segundas intenções, substituindo o filho falecido e assumindo a Crista Mágica, assim como seus ensinamentos.

Não era algo que gostasse de reviver. Ficou agradecido quando Drew parou com as perguntas.

Mesmo que tentasse, Drew nunca poderia saber como era a dor de ser reinado ao nascer e tratado por todos como um objeto, até mesmo desprezado mesmo sendo solicitado para atender os interesses.

Drew vem de uma família que misturou a linhagem recente de  magos irlandeses com uma linhagem de magos que nasceram no Antigo Egito durante o império da rainha Cleópatra, a única mulher a governar sozinha, independente de um marido. Tiveram seu auge na época dos deuses servindo como consultores reais até o fim da regência deles.

Seu nascimento fora comemorado, assim como dos seus irmãos, todos receberam treinamento e convivem em paz sabendo que Drew herdará a Crista do clã Radamés, que se orgulha de ter uma família tão amorosa e receptiva.

- Já decidiu o Espírito Heroico que vai convocar? – perguntou.

Não era segredo entre os dois que Ricardo fora um dos Mestres selecionados pelo Graal, o que preocupou Drew. Se ele estava participando sem nenhuma pressão exterior, havia algo em seu coração gritando para ser atendido ao ponto de arriscar a própria vida. Não percebera e se culpava por isso, estava falhando em conseguir ajudar Ricardo a superar o passado.

- Já – respondeu Ricardo passando os dedos pelos cabelos castanhos. – O catalizador já está em minhas mãos, agora resta fazer a invocação.

Queria ajudar, queria muito, mas não sabia o que fazer. Devia ter uma forma, uma solução...

Em um rompante de dor, apertou o pulso sentindo um grande ardor na parte interna do antebraço destro. Uma mancha semelhante a um hematoma surgiu e foi crescendo até ganhar a forma de três marcas vermelhas parecendo a cabeça de uma águia.

Ricardo encarou a cena toda em silêncio, então quando viu as chagas concluídas, juntou suas coisas e se levantou. O coração apertou no peito, não conseguia acreditar no que acontecerá. Fora presunção sua achar que as coisas estavam ao seu favor.

- Parabéns – disse parando cinco passos depois, sem se virar.

- Ricardo, espera! – exclamou Drew, se levantando e virando o outro para si. – Eu não sei o que aconteceu... E-eu...

Ele não queria nada daquilo, nem sabia como aconteceu. Tudo que queria era uma respostas para duas dúvidas e ajudar alguém que nitidamente pedia socorro mergulhado em uma mãe profundo de amargura e tristeza, e ao invés disso conseguiu criar uma situação tensa entre ambos. Qual era a pegadinha que o Graal queria com tudo aquilo?

- Não importa nada que diga – respondeu frio, o brasileiro já trancara suas emoções e sentimentos novamente, nada novo para ele, era até fácil. Agora restava seguir com o roteiro que montou em sua cabeça. – Nós somos inimigos a partir deste momento. Não terei medo de lhe enfrentar na próxima vez que cruzarmos, me mesmo de te tirar a vida.

Voltando seu caminho, afastou-se mais e mais de perdendo entre os corredores enquanto buscava a saída. A dor no peito retornou, sentiu o coração apertar e não sabia o que fazer, tinha o trancado, era só voltar a ser um robô novamente e estaria tudo resolvido. Mas por que doía tanto dessa vez?

 

***

Capital londrina, mansão dos Harrington - 15h36

De volta à mansão, o Espírito Heroico da arte da espionagem, Mata Hari, foi para seu quarto guardar as novas roupas que estava ansiosa para exibir junto da sua beleza hipnotizante, enquanto o herói dos dramaturgos e escritores voltou para seu quarto querendo continuar com sua nova obra que escrevia em segredo sobre o mundo moderno e a maior atração nele – e também para ler mais sobre como sua fama se perpetua por séculos inabalável.

Íris e Lewis seguiram um serviçal homúnculo que avisou sobre a ligação da irmã mais velha, chegando a uma sala ampla com mobiliário claro e decoração harmônica, a luz natural invadia o ambiente pelas janelas amplas. O garoto pegou o telefone ansioso e respondeu com animação.

- Irmã! – exclamou sorridente.

- Maninho – falou a irmã um pouco fria, mas estava acostumado com a atitude. Ela o tratava bem apesar de tudo, quase como uma irmã mais velha. Íris as vezes sentia certo nervosismo com a distância que ela o tratava por ser um homúnculo, mas como ele era um membro recente na família decidiu ignorar. Com o tempo a primogênita do clã Harrington aceitaria o irmão. – Como tem passado?

- Bem, Mata Hari e Shakespeare são maravilhosos, adoraria que ficassem para sempre.

- Você sempre gostou de Shakespeare – observou a menina, dando uma leve risada. – Cuidado que papai pode ficar com ciúmes.

- Onde está agora? E mamãe? Queria falar com eles.

- Acabaram de sair para uma das suas reuniões de negócios – avisou. – Peço para que liguem assim que voltar.

Lewis estranhou um pouco, geralmente as ligações são feitas quando os pais estão juntos, mas ignorou, até porque a viagem que seguiu para a Irlanda e então Grécia era para gerenciar os negócios da família dentro do mundo mágico, que mantinha relações com vários clãs que muitas vezes dependiam de materiais exclusivos do “Éter”, também conhecidos como “Números Imaginários”, o que temos de mais próximo das energias das veias subterrâneas na época atual, já que o “Éter Primordial” se perdeu há muito tempo no mundo antigo.

O clã Harrington mantém suas fortunas através dessa relação de negócios até mesmo com a Associação. Eles fornecem o material com “Éter”, permitindo que as pesquisas de gerações possam avançar ininterruptas e as famílias de magos sigam com seus legados. Lewis admirava o trabalho do pai e como sua mãe seguia ao seu lado ajudando com os negócios, mesmo mantendo a Crista Mágica original e carregando outro legado.

Diferente de muitas famílias, o clã Harrington permite que a esposa ou marido que venha de outro clã mantenha a Crista original, assim, quebrando muitas tradições, caso o casal venha a ter dois filhos, ambos podem seguir dentro do mundo da magia e com legados diferentes, diversificando os estudos mágicos. Muitos olham torto para eles, mas ainda dependem do que podem fornecer.

- Tudo bem – respondeu Lewis. – Mas me conte sobre você, o que tem feito na Grécia.

A irmã começou com uma divagação sobre os passeios que tem feito enquanto os pais estão fora, visitando monumentos históricos e conhecendo a vida do povo na era dos deuses – suas descobertas, como a sociedade funcionava, suas batalhas...

Outra serviçal homúnculo entrou discretamente na sala avisando a Íris que os mercenários voltaram com a encomenda que ela pediu e perguntavam de tinham algum outro serviço. Íris falou que o resto passaria por mensagem – envolvia a produção de documentos falsos, o que só poderia ser resolvido com a presença dos outros dois Espíritos Heroicos – e pediu para que pegasse o catalisador para ela. A mulher saiu concordando mecanicamente e voltou para a entrada, realizando a tarefa designada.

 

***

Dresden, Alemanha - 20h57

A noite finalmente chegou, a luz da lua se mostrava incapaz de perfurar as nuvens que cobriam o céu gelado e lançavam seus últimos flocos de neve por aquele dia. Dentro da catedral Katholische Hofkirche (Catedral da Santíssima Trindade), localizada em Altstadt, coração de Dresden, uma jovem freiras com os belos cabelos escuros até a altura da cintura estava agora ajoelhada diante do altar fazendo suas preces na esperança de ser escutada e atendida, como fora em toda sua vida e continua - afinal, não havia outra razão para estar ali, era uma missão divina. Diferente do homem que recebeu o título de padre para liderar os cultos durante sua estadia na cidade, que tratava todo esse assunto com desinteresse e uma grande piada. Pelo menos deixava Ruler fazer suas orações em paz, mesmo ela o chamando de herege e hipócrita a torto e a direito.

Ele não esperava nada menos de uma santa da igreja católica, Ruler acreditava que estava ali em nome de Deus para ajudar a guiar os demais Espíritos Heroicos que disputariam o Santo Graal, sendo esse seu único desejo que já estava sendo atendido.

- Amém – concluiu a santa, que se dirigiu para o Banco em que estava sei Mestre, sentando poucos metros de distância. Thor Joseph e Santa Marta formavam uma dupla curiosa e dar observar.

Thor Joseph, por outro lado, encara tudo apenas como uma missão que receberá e deve ser cumprida, igual a todas as outras nesses vinte anos de serviços ao Oitavo Sacramento, a organização secreta que concentra os maiores algozes da Igreja Sagrada, o único grupo capaz de se opor a Associação de Magos e também tem conhecimento do Santo Graal, podendo assessorar a disputa que ocorre em nome dele a fim de manter a ordem e alimentar os seus interesses pessoais.

Ele não se juntou a igreja por vocação como líder espiritual, mas também por interesses pessoais – por isso não julga ter sido jogado nessa situação, aceitou com mais facilidade que muitos juízes anteriores, segundo informado. Desde pequeno tinha um ideal de ajudar as pessoas até onde fosse possível, sempre se esforçando o máximo. Seu pai também era um agente e deu o livre-arbítrio ao filho para devedor seu caminho, não era uma vida que queria para seu pequeno, muito menos após a morte da esposa e restar os dois sozinhos para ajudar um ao outro. Mas acabou por aceitar seguir os passos de um executor, recebeu treino do pai até os quinze anos, então se juntou aos novos recrutas, sendo o mais jovem e promissor, participando da sua primeira missão aos dezesseis anos e obtendo os melhores resultados ao eliminar um mago que casou uma catástrofe em uma cidade do Alaska com os “apóstolos mortos”.

Se fechasse os olhos podia se lembrar da sensação que sentiu ao matar todos os vampiros e o mago responsável pelo caos. E enfrentou os membros enviados pela Associação que estavam dispostos a eliminar tudo e todos para manter oculto os segredos sobre a magia, apenas queriam tudo para si e adquirir mais poder, seguindo com seu “governo” inabalável e temido sob a democracia distorcida que era aquele mundo oculto. Para garantir, usou os treinos de magia para espalhar um feitiço de amnésia nos habitantes para que não lembrasse de nada daquela terrível noite, tudo não passou de um pesadelo para eles, a verdade tornou-se um incêndio causado por um curto-circuito que acabou por se espalhar pelas casas de madeira.

Obteve tantos resultados impressionantes que aos dezoito se encontrava no Oitavo Sacramento, atendendo missões mais perigosas e que poderiam levar a destruição global caso não finalizadas corretamente. E Thor as cumpriu com maestria que deixava muitos com inveja. Essas missões eram a realização do seu desejo de ajudar as pessoas, o mundo, e manter sua segurança para a atualidade e as futuras gerações.

Por isso seu pai colocou o nome “Thor” no filho, um dos deuses mais poderosos da mitologia nórdica, aquele que impunha respeito apenas com sua presença e tinha a vitória como certa ao cruzar o campo de batalha.

Ao receber a ordem de vigiar a Guerra do Cálice Sagrado viu uma nova oportunidade para seguir. Segundo as regras, o juiz deve ser neutro, não apoiar nenhum lado. Ele seguiria essas regras, dependendo de quem colocasse as mãos no realizador de desejos onipotente. Caso fosse alguém que apenas seguia com o plano original dos três clãs iniciais de alcançar a “Espiral da Origem” ou uma pessoa com boas intenções, não iria se opor. Caso quem vencer a Guerra seja alguém que deseje a destruição, caos e sofrimento, estaria disposto a enfrentar esse Mestre ao lado da Ruler. Mesmo achando que Santa Marata não fosse de grande ajuda tendo em vista que ela não é nenhuma especialista em combates.

Irmã de Lázaro e Maria Madalena nascida na pequena aldeia Betânia, sendo a que mais falava com Jesus quando este visitava a residência dos três irmãos em seus momentos de lazer. Vivenciou a morte e ressurreição do seu irmão, chegando a proferir as palavras, “Se Ele estivesse aqui, isso não teria acontecido. Mas o que eu pedir Deus dará.” Acompanhou Jesus no dia da crucificação e também no dia do seu retorno.

Acabou expulsa da sua terra natal pelo vice-rei romano da época, se instalando em uma pequena aldeia no sul da França, que era assolada por um terrível dragão. E Santa Marta armada somente com sua fé, se dirigiu para entrada da toca do monstro, onde muitos tentaram atacar para matar a fera e todas as tentativas acabaram em falhas, orou e orou, somando o monstro selvagem e impiedoso com suas preces e doce voz. Mesmo assim, os aldeões ainda o temiam e o mataram, e ele não mostrou resistência.

- Mestre, gostaria de explicar novamente a situação em que estamos – pronunciou-se Santa Marta.

Não que ele não soubesse, imaginou que tinha algo de errado quando sentiu uma dor forte na barriga e viu os  Selos de Comando se formando sobre a pele branca, seguindo as curvas do músculo até formar algo que se assemelhava a uma cruz. E logo em seguida, após finalizar a oração, um círculo mágico formou-se sozinho no altar – trabalho do próprio Graal – e então, após um brilho intenso, a santa surgiu imponente com a costumeira fala ao se fechar o contrato.

- Vá em frente – concordou.

- Como sabe, minha classe, Ruler, é uma classe extra criada pelo Graal para suportar o juiz da guerra e garantir que tudo saía como planejado. Diferente dos padres designados, o Servo Ruler consegue estar presente em todas as batalhas de uma forma ou de outra, pessoalmente ou a distância. Não importa. E caso algum Servo fuja do controle e quebre a paz, devo intervir imediatamente, pois meu poder foi moldado para ser superior a de todos os sete – começou.

- As regras atuais, com o retorno do Graal, foram modificadas também. Antes apenas sete Servos podiam ser invocados, agora são quatorze. Isso tornou-se possível com o sistema de emergência do Graal. Quando sete Servos estão unidos em um único time, ele torna elegível novos sete Mestres e Servos para contrapor. Parte desse sistema foi liberado. Apenas sete magos são elegíveis ainda, mas cada um pode invocar dois Servos. O sistema de invocação é aleatório, como uma roleta, mas um Mestre não pode ter dois Servos com a mesma classe.

- Então isso é tudo? – perguntou Thor um tanto quanto desinteressado e desapontado, esperava que houvesse alguma novidade.

- Sim – respondeu. – Sobre a guerra, sim. Os Servos invocados continuam os mesmos, ambos os Caster, um Saber e Assassin. Mas eu sinto algo de diferente na atmosfera de hoje. Acredito que finalmente os outros Servos serão invocados.

- Assim espero – concordou o padre. – Será que Dresden será capaz de aguentar a Primeira Grande Guerra? Nem Fuyuki, a cidade sede original, foi capaz de aguentar.

 

Justamente por isso que o fora decidido pela Associação de Magos e a Igreja Sagrada que o berço do Graal seria relocado. Com os fracassos que foram as quarta e quinta guerra, encarando a incapacidade dos Mestres que se ludibriam somente pela ideia do desejo, não o alcance da “Espiral da Origem”. Também com o monstro deformado que o Graal formou com a falta do invólucro, resultado da interferência do juiz, Kirei Kotomine, e um Servo misterioso que, até onde se sabe, foi o sobrevivente da quarta guerra, Archer, que atendia pelo nome de Gilgamesh, um rei da civilização primordial Babilônia.

Kirei havia se aproveitado da teimosia e arrogância do primeiro Mestre a perder, aquele que liderava Rider, e fez os dois fecharem um falso contrato, para ela seguida trair o Mestre e tentar transformá-lo no Santo Graal. São ações que não podem ser perdoadas e ignoradas.

Porém, no momento da decisão da nova localização do Santo Graal, uma discussão entre os lados de iniciou e o conflito se estendeu sem a vista de uma solução. A Igreja Sagrada defendia que o Graal deveria ser colocado próximo a sua sede principal, Vaticano, uma cidade-estado independente no coração de Roma. Associação defendia que o Graal deveria ir para a capital Londres e ficar sob os cuidados da Torre do Relógio, que cuidaria e daria início aos estudos.

A discussão de estendeu tanto que quando pareciam chegar a um consenso, o Graal desapareceu, espalhando caos e desespero pelo mundo dos magos que não sabiam o que fazer com o desaparecimento de um objeto onipotente, onipresente e onisciente. Era como se os deuses de todas as religiões tivessem desaparecido ao mesmo tempo, os milagres acabassem e o mundo parasse de girar.

Guerras do Graal Menor continuaram acontecendo como sempre, presente em todos os cinco continentes, mas muitas vezes são tratadas como algo sem importância, com os cinco Mestres se reunindo para a invocação e logo em seguida mandando os Servos se matarem. Mas isso não era suficiente para aplacar o medo que assolou e se espalhou como faísca em pólvora.

Dezenove após o desaparecimento o Graal Maior despertou, e deu início a nova guerra com novas regras. A presença de Ruler fora o início dos seus temores. Com dados desconhecidos não sabiam o que poderia acontecer. Se sete Servos gladiando entre si significam destruição de uma cidade, estado ou país, o que quatorze não poderiam fazer? E ainda mais caso o mais forte entre eles decidisse intervir.

 

***

Já era início da madrugada, as ruas de encontravam vazias e as pessoas repousam em suas residências se preparando para mais um dia de trabalho, as paisagem antes cheias de vidas das cidades agora estão silenciosas, mostrando uma face assustadora que poucos se atrevem a conhecer, e muitos desses poucos acabam pagando o preço com suas vidas.

 

No porão dos Harrington, Íris monta seu círculo mágico com os materiais que preparara, uma fusão entre prata e ouro montado a base de uma prana refinada com a ajuda do pai de Lewis e Rose utilizando os “Números Imaginários”. O conteúdo foi sendo derramado com cuidado no chão de pedra cinza e tomando a forma do círculo de invocação até finalmente todo conteúdo sair do recipiente e estar pronto para receber os dois Espíritos Heroicos a serem chamados.

Sobre o altar em uma das pontas da estrela contida no círculo e cercada por símbolos, estava o catalisador do Servo Assassin, que iria garantir um dos membros da família Sanson, que por serem executores tinham bastante conhecimento sobre a arte de assassinato. Não teria problema para eliminar os outros Servos.

- Está pronta para isso, minha cara? – questionou Shakespeare, sorrindo condolente.

- Sim – afirmou Íris, nunca teve tanta certeza sobre algo na vida.

- Boa sorte, Íris – falou Lewis animado. – Tenho certeza que serão pessoas divertidas.

- Estamos aqui para te apoiar – pronunciou-se Mata Hari.

Íris sorriu confiante, sentia-se grata por ter eles ali com ela, sabia que não teria a mesma coragem caso fizesse tudo sozinha. Estendeu a mão direita sobre o círculo, encarando-o como um novo desafio que já estava ganho ao pronunciar as palavras de encanto.

- Preencha, preencha, preencha, preencha, preencha. Repita isso cinco vezes. E destrua assim que estiver completo.

 

No pátio externo do lado sul do castelo, despido da neve que caíra violentamente durante todo dia, Heiko era guiado por dois serviçais até próximo do círculo místico para o ritual de invocação dos Servos. Diante dele, no lado oposto onde estaria posicionado, estavam dois altares com os catalisadores dos Servos para lutar em nome dos von Fagner – duas pontas de lanças e um arco vermelho. Então ouvira correto.

O sacrifício para formação do círculo mágico fora o sacrifício de filhotes de hidra, a última provação e sacrifício de Heiko. O menino aos quatorze anos começou uma viagem entre os nove mundos atrás dos ninhos de hidras, criaturas conhecidas na mitologia grega por quando ter uma das suas cabeças cortadas, duas renascem no lugar. E também eram incrivelmente venenosas. Uma hidra adulta expele veneno pelos poros do corpo em forma de vapor, contaminando uma grande área – uma pequena inalada e já era suficiente para matar uma pessoa adulta. Filhotes, apesar de expelirem veneno igualmente, ainda são fracos e a contaminação atua apenas quando tocado. Então, Heiko nas suas investidas esperava os pais saírem em busca de alimento para suas crias, usava as runas para “purificação”, “proteção” e “cura”, a maior proteção que conseguiu pensar na hora de invadir uma caverna entupida de veneno e matar os filhotes indefesos.

Apesar de alguns arranhões, saiu com êxito. Entregou os filhotes para o ancião, que preservou dentro de um pote de vidro afogado em álcool e demais produtos para preservação dos corpos, deixando a guarda aos pais de Heiko. Enquanto outros membros ficaram responsáveis por arrumar os catalisadores.

Para o clã fora uma surpresa quando os informantes infiltrados na Igreja  e na Associação avisaram que agora seriam dois Servos a serem invocados por um Mestre, mas tiveram tempo e recurso suficiente para buscar um segundo catalisador, sendo este o arco vermelho que sofreu com as ações do tempo.

Os familiares estavam ali para assistir o ritual, ou para matar a curiosidade e finalmente presenciar a invocação de um Servo e sua materialização no mundo atual, o poder que ele emana, o rosto de uma figura importante da história da humanidade, ou simplesmente ver o fim daquele por quem tinham desgosto, Heiko causada inveja em alguns por seu talento superior a todos do clã.

- Família – anunciou o ancião e líder, tirando o capuz branco que escondia o rosto envelhecido de uma idade já avançada. Todas as atenções imediatamente se voltaram para ele imediatamente. – Está noite estamos diante do que nossos ancestrais vêm buscando há muito tempo. E finalmente alcançamos seus sonhos, e temos o recipiente ideal para essa tarefa. Heiko von Fagner, aquele que carrega um poder mágico jamais visto em nossa família por 200 aos, se encontra pronto para realizar o ritual da Guerra do Santo Graal e trazer o Graal Maior para nossas mãos.

Em seguida uma salva de palmas começou, morrendo em seguida. Era mera formalidade. Todos estavam felizes que finalmente os esforços do clã davam resultados, mas não ligavam para Heiko..

- Se aproxime! – convidou o velho, mas obviamente era uma ordem.

Heiko não tinha mais como voltar. Sei olhar encontrou Habermas e Gertrudes, que sorriam para o irmãos alheios a situação. Mas então, eles levantaram os polegares em sinal positivo, seus lábios pronunciaram as palavras “força” e “confiança”, incentivando Heiko. Em seus olhos foi possível notar o brilho da confiança, eles acreditavam de verdade que Heiko era capaz de vencer. Aquilo inflou seu peito com o costumeiro calor que sempre sentia ao estar junto dos dois.

Sem medo e dúvidas, se posicionou diante do círculo. Não apenas ele, mas os dois pequenos dependiam de que tudo desse certo, não haveria falhas. Ele iria ganhar.

 

No outro ponto da cidade, chegando aos bairros mais simples, simplório em seu apartamento, Drew Radamés montou um círculo místico com o material mais básico, o próprio sangue. Abrindo um corte profundo próximo ao pulso, usava magia para anestesiar a dor e impedir que sangrasse descontrolado até a morte. Durante o processo de perguntava o porquê de estar fazendo isso, qual sua motivação. Não há nada que torna a ideia de arriscar seus vida sem a certeza de sair vivo aceitável, uma troca justa.

Mas quando voltava sua atenção para as chagas no antebraço direito, a cena do que acontecera no pátio da Torre do Relógio voltava como se tivesse acontecido naquele instante. Seu peito doía e a motivação voltava. Ricardo era a razão, estava disposto a arriscar sua vida por ele quantas vezes fosse.

Aliás, o que Ricardo fazia agora era arriscar sua vida por algum desejo, uma mágoa do passado que nunca consegui superar e Drew não fora capaz de ajudar. Falhou uma vez, não aconteceria uma segunda.

- Na base, prata e ferro. Na fundação, rocha e o contrato com o Arquiduque. Torne-se a muralha que repele o vento. Feche os portões das quatro direções, avance da coroa e siga o caminho tortuoso que leva ao reino.

 

Em uma praça pública, encontra-se aquele cujo o coração de Drew estava ligado. Seu círculo composto por temas encantadas eram o sacrifício, nelas uma grande variação, muitas com energia para ser tratada como uma bomba atômica e outras com maldições mortas. Mas o círculo se manteve sem qualquer sinal de perturbação para a falha, o ritual estava dando certo conforme as palavras saíam da sua boca carregando aquilo que era a chance de seu desejo de realizar, a esperança que habita seu coração.

No chão, o catalisador que continha as perdas de duas serpentes que assolaram a região do Irã durante o Império Persa, sua serpentes imortais que mantinham sob sua proteção o maior tirano dá época. Algo conseguido através de muitos estudos, paciência e esforço.

- Aqui vos convoco. Deixe teu corpo sob meus domínios e meu destino há de estar em sua espada! Se escutas o chamado do Santo Graal, se vós curvar à vontade desta mente, agenda meu chamado...

 

Como sinal de que o ritual funcionava como deveria, o círculo começou a emitir uma forte luz avermelhada que fora clareando até lembrar a luz de um dia ensolarado, quase cegante de olhar. Os Servos estavam chegando e desafiavam quem os chama a continuar até o fim.

- Aqui vos faço meus votos. Sou aquele com virtude dos Céus. Sou aquele coberto do mal de todos os Infernos.

 

- Steve céus que valem da Trindade de feitiços, atravessam os anéis que lhe prendem, ó mão que protege o equilíbrio divino.

 

A luz expandiu cobrindo todo o ambiente, forçando a todos fecharem seus olhos para não terem suas córneas queimadas e perderem suas visões naquele momento crucioso. Um vendaval soprou afastando tudo que pudesse ser indigno de ficar na presença. Os Mestres olharam espantados conforme a poeira baixava e as figuras iam se revelando.

Naquela noite o mundo conhecia os artistas principais da maior história que estava apara acontecer bem embaixo dos narizes de todos. Naquela noite, o poder que ficou perdido no passado voltava com força total e se apresentava diante daqueles que carregam as chagas de Mestre. As pálpebras foram se abrindo aos poucos, e quando o fizeram, encararam desafiantes, os Mestres sentiam-se estranhamente expostos, parecia que suas almas eram avaliadas e julgadas para ver se teriam o direito de continuar ou não vivendo.

Os Espíritos Heroicos chamados através de eras para o mundo moderno agora encaravam as pessoas que os chamaram, o poder emanando era algo assustador, os heróis encaravam jovens que pareciam assustados ao mesmo tempo que queriam ser corajosos e merecedores. Então, como uma grande orquestra, bradam desafiantes.

- És tu meu Mestre?


Notas Finais


Obrigado por lerem. E desculpa mais uma vez pelos transtornors.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...