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História FateDark Soul - Confusões na Guerra do Santo Graal - parte I


Escrita por: vccotrim

Notas do Autor


Boa noite.
Desculpe pela demora na postagem do capítulo, tive duas semanas de prova na faculdade - e não fui bem - e fiquei um tempo sem vontade de fazer nada, só queria ficar quieto no meu canto. E também esperei poder avançar um pouco mais na estória para poder postar, pelo menos terminar a luta, mas ela ainda está um pouco longe de acabar, digamos que próxima da sua metade, e isso iria demorar um outro bom tempo.
Tenham uma boa leitura, espero que gostem.

Capítulo 4 - Confusões na Guerra do Santo Graal - parte I


De um ponto distante, em um local seguro, Íris Westerfeld, a Mestra do Lancer Bronze que agora encarava sozinho sem dificuldades dois Servos da classe dos cavaleiros, sendo um deles um Servo da classe Saber, observava admirada com seu Servo. Não era possível que algo daquele tipo fosse real, mas justamente por ser inacreditável que se tornava real, e acontecia como um show diante dos seus olhos. Imagens que ficariam gravadas para sempre na sua memória, por um momento até se esqueceu do motivo de estar ali.

- Mestre, Lancer está provando-se um guerreiro de valor – comentou Assassin, também admirado com as habilidades de Ájax. Diferente dos dotes impressionantes do guerreiro, ele não passava de um simples executor que nem mesmo se qualifica como Assassin, acabou na classe por conveniência.

- Sim...

Antes da luta começar, se pegou receosa sobre o Servo que invocara, se perguntou se ele realmente era uma boa opção, se não deveria deixa-lo de lado e seguir com seu plano de utilizar somente seu Assassin, Charles-Henri Sanson, para eliminar os Servos, aproveitando os momentos em que estivessem desgastados das batalhas para atacar, ou apenas esperar que todos se eliminassem e pegar o último de pé sorrateiramente. E quando o viu sugerindo enfrentar os inimigos simultaneamente, pensou seriamente em usar um dos Selos de Comando para mandá-lo retornar, mas seus movimentos pareciam com um raio castigando uma floresta, eram quase imperceptíveis, tão rápidos que ao se dar conta já tinham acontecido e castigava a terra com golpes violentos de pura eletricidade.

Mas ele parecia saber o que estava fazendo. Na verdade, parece que analisou bem a situação antes de tomar qualquer partido, decidindo que aquilo era o melhor para se fazer. Ele já avisara que ajudaria nas estratégias para batalha, no dia seguinte em que fora invocado, quando Íris apresentou seu plano. Para ele, era uma insulta ser usado como saco de pancada, ser jogado na frente para bater contra os outros dez Servos e deixar que Assassin finalizasse tudo com sua pesada espada. Não uma insulta a ele, mas a todos os grandes estrategistas como ele. O que Íris queria fazer era algo batido e previsível, qualquer Mestre com um Assassin faria isso, os outros estavam prontos para reagir a essa tática, como usando os Archer da mesma forma, os colocando em um ponto distante para atacar. Uma simples flecha na cabeça ou coração e Sanson já era, não valia a pena.

Obviamente a Mestra ficou irritada, estava sendo questionada de suas capacidades pelo seu próprio Servo. Não esperava que ele fosse como um Familiar, uma mera marionete que se move conforme seu mestre move as cordas só pelo fato dos Servos dependerem dos Mestres para se manterem nesse mundo, como se os magos fossem uma espécie de ancora e os Servos o navio. Eles eram pessoas, cada um com sua personalidade e jeito de pensar. Mas esperava uma lealdade e obediência incondicional, não teria questionamentos sobre suas decisões.

Ájax rapidamente corrigiu. Ele não esperava nada dos magos para a guerra, eles ficariam distantes dando suporte para seus Servos enquanto estes pegavam pesado de verdade no batente, portanto, um mago não era ninguém experiente sobre o que ocorria em uma guerra, ainda mais uma adolescente que acabara de atingir a maioridade. Alguém como ele claramente era mais requisitado para sobre o que se devia ou não fazer em campo, ele ajudou e preparou várias estratégias, sabia o que devia ou não, sabia o estresse de levantar todas as possibilidades sobre o que o inimigo poderia fazer ou não, como prever suas ações e condicioná-lo ao que você quer.

“Idiota, claro que me ofendeu!” – pensou irritada lembrando-se da discussão.

A guerra realmente não estava saindo como planejado. Desde que ficou sabendo que haveria um segundo Servo, sentiu que as coisas poderiam acabar desandando, como essa relação complicada entre ela e Lancer, que parecia mais preocupado em dar em cima dos inimigos e se mostrar mais forte do que realmente era, ignorando completamente seus companheiros. Nem mesmo Mara Hari fora capaz de dobrá-lo.

Até preocupava um pouco esse lado rebelde e indomável do Servo. Um Servo rebelde é alguém que age segundo seus interesses, dotado de uma liberdade forçada que o daria mais e mais confiança até considerar desnecessário a presença do Mestre – ou mesmo uma presença tão insignificante e patética que não deveria permanecer atrelado – e podendo realizar um motim, matando o Mestre e fazendo aliança com outro que achasse interessante. Coçando o dorso da mão destra, sentia o peso das chagas. Talvez assim Ájax dedicasse totalmente sua lealdade a ela e a ouvisse mais.

- Vai usar ou não?

Assustada, Íris virou-se de costas, alarmada, e encarou a figura que permaneceu passivo com as mãos escondidas dentro dos bolsos do colete. Era um garoto de tapa olho e cabelos brancos com algumas mexas pretas, parecia ter a mesma idade que ela, porém a carga sobre ele parecia com a de alguém com meio século ou mais idade, era a carga de uma pessoa que passou por muitos e poucos adquirindo anos e anos de dor, tristeza e conhecimento na base da dor.

- Então? – ele falou novamente. – Espero que tenha certeza sobre sua decisão. Gastar um Selo de Comando é uma decisão muito importante, um caminho sem volta, o peso que pode acabar sentindo por arrependimento será grande. Portanto, se for ordenar algo a seu Servo, que o faça com total clareza de seus atos.

- É uma ameaça? – rebateu Íris, abaixando as mãos e encarando com firmeza o inimigo que estava a sua frente. Talvez não fosse claro a razão, mas poderia facilmente a sentença ser interpretada como uma declaração de guerra, o Selo deveria ser gasto para romper as barreiras do espaço-tempo para trazer o Servo para perto, tendo que lutar agora para protege-la.

O garoto começou a se aproxima, as mãos ainda guardadas nos bolsos sem sinais de que iriam sair para algum movimento surpresa. Pelo contrário, hostilidade era a última coisa que emanava do Mestre misterioso. Seria possível algum outro mago nesta realidade que tivesse a igual opinião sobre tirar a vida de alguém?

- Mestre – perguntou Sanson do ponto que observava toda a cena –, quer que eu resolva?

- Não! – respondeu Íris imediatamente. Mesmo ele sendo um inimigo e com chances de possuir habilidades superiores à dela, mas estava disposta a não tomar medidas extremas, não ordenaria sua morte, o enfrentaria de cabeça erguida e daria seu jeito para superá-lo. – Não se preocupe – recompõe-se, não era intenção sua desprezar a oferta de ajuda do Servo. – Eu posso resolver isso por mim mesma. Permaneça onde está, se sentir necessidade de intervir faça como bem entender.

Ele finalmente parou ao seu lado encarando a luta. Íris automaticamente voltou seu olhar para os três Servos que trocavam golpes sem medo. Essa atitude atiçou sua curiosidade, não esperava tal atitude de outro, imaginou que todos os setes estavam dispostos a se matarem para alcançar o Santo Graal. Talvez fosse uma armadilha para fazê-la baixar a guarda, mas o olho que ainda funcionava permanecia vidrado na luta, acompanhando os Servos, e, por aquele pequeno momento, brilhando com a quebra e superação da sua expectativa. Seu Lancer, Diarmuid Ua Duibne, tinha movimentos graciosos e belos para um guerreiro, tornando a luta em uma bela peça que prende a atenção até dos que dizem odiar esse tipo de espetáculo. Além da honra de um verdadeiro cavaleiro, devotando seu corpo e alma a seu Mestre – sem ser preciso trocar uma palavra, sem nunca o ter visto antes. Não havia outro Servo melhor para se convocar para a Guerra do Santo Graal. Poderia ficar parado de olhos fechados no meio do campo que tinha a certeza que Diarmuid o protegeria até sua última gota de sangue.

Se Íris também procurasse entender melhor o lado do seu Lancer, com certeza estaria assistindo a luta da mesma maneira, com admiração, não receio. Estaria agora tranquila vendo como Ájax mostrava os resultados dos seus treinamentos com Quíron ao lado de Aquiles. Mesmo não tento uma pele invencível e sendo um quarto divino, ele podia e era superior, merecia toda sua fama glória que foram arruinadas pelos deuses.

- Você não representa uma ameaça para mim – explicou o garoto como se entendesse os pensamentos dela. – Se quisesse me matar ou algo do tipo, já o teria feito. Aliás, você tem a situação perfeita para isso, mas ainda assim decidiu ficar em paz ao meu lado assistindo à batalha.

- Digo o mesmo. Eu estava de costas e distraída, e você não atacou. Obrigada.

- Não há razão para agradecimentos.

Em um acordo silencioso, ambos seguiram assistindo ao que poucos eram privilegiados de presenciar.

 

“Ele é um Servo da classe Lancer ou o quê?” – perguntavam os dois que enfrentavam Ájax.

Por todas as provações que passaram, os inimigos que enfrentaram, exércitos que caíram aos seus pés, nenhum desses homens demonstrava a habilidade que Ájax tinha lutando com o escudo e lança. A premissa era a mesma que se deveria aplicar a Diarmuid, duas ferramentas pesadas que limitavam os movimentos do usuário, a lança deixaria a guarda exposta, o escudo cobriria, mas o tempo de reação seria lerdo ainda assim, ele não poderia reagir com rapidez diante dos golpes de Saber Negro e Lancer Verde. Na verdade, era para já estar morto logo nos primeiros minutos.

- Nunca vi alguém lutar tão habilidosamente desse jeito carregado um escudo – elogiou Diarmuid, suas lanças eram impedidas facilmente pelo escudo, os golpes rebatidos com a longa lançam bronze, por pouco as investidas de Ájax não o pegavam.

- E por qual razão eu ganharia a alcunha de “baluarte dos aqueus”? – gabou-se Ájax.

Baluarte tem como significado “fortaleza inexpugnável”, “local totalmente seguro”, e “aqueus” como os gregos se nomeavam. E era isso que Ájax representava com seu tamanho, sendo o maior de todo o exército, descrito como uma muralha impenetrável junto do seu escudo impenetrável. Em vida assumia mais a função sobre a guarda do exército, ajudando na sua proteção, do que nas linhas de frente, tornando impossível que qualquer um avançasse, perdendo somente uma luta contra Hector quando os troianos investiram contra os navios gregos, pois sabiam que sem eles, os gregos não poderiam fazer nada. E Hector venceu somente por ter total apoio de Zeus na luta, a mesma em que Pátroclo fora morto por Hector com a ajuda de um outro soldado.

Saber Negro e Lancer Verde então decidiram agir em conjunto, cada um tomando um lado e investindo. Nem mesmo com tamanha habilidade Lancer Bronze seria capaz de escapar, precisaria defender um ou outro. Ájax entendeu a situação quando viu ambos agirem em conjunto, entendeu e então esperou pelo último minuto. Teria que sacrificar uma das suas armas para conseguir contra-atacar, mesmo que acabasse ferido, acabando com sua imagem como “guerreiro intocável”. E para surpresa de todos, Ájax usou sua lança para se lançar por sobre as cabeças dos inimigos e aterrissar seguro das suas armas, sem um arranhão. Saber fora atingido pelas lanças de Diarmuid, mas não sofrera dano, diferente do Lancer, que acabou sofrendo um arranhão em seu bíceps.

- Bela estratégia – elogiou Ájax. – Por um momento achei que estava realmente sem saída.

- Digo o mesmo. Fora uma atitude arriscada, mas pareceu bem calculada para execução – comentou Saber Negro. – Porém, acabou por perder sua lança. Seria uma atitude sabia abandonar sua arma?

- Ainda tenho meu escudo – respondeu-o, exibindo com orgulho sua segunda arma.

- Vamos ver se suas palavras se manifestam nos seus atos.

E a batalha teve início novamente. A lança de bronze permaneceu intocada onde estava, fincada no asfalto ferido tornando-se mais um expectador. O escudo, uma ferramenta concebida unicamente para tomar conta da defesa, tornou-se uma ferramenta ofensiva nas mãos do habilidoso aqueu. Defendendo e atacando com o escudo, não parecia encontrar-se em dificuldades contra os inimigos, igualmente usando seus punhos e pés.

Passou-se horas até esse ponto, mas nenhum dos heróis parecia exausto, na verdade, cada golpe parecia revigorar. A nova experiência que tinham, o horizonte aberto em relação as batalhas os instigava a continuarem, a adrenalina funcionava como um combustível infinito, tornando impossível que parassem de lutar.

“Acho que está na hora de acabar com isso” – pensou Ájax decidido.

Uma carga de mana o envolveu, “Espírito Rebelde”, uma skill que o permite juntar e acumular mana para uma grande explosão de energia podendo arremessar o inimigo para longe. Investindo com o escudo contra as lanças de Diarmuid, bateu contra a lança vermelha que penetrou duas camadas do escudo, fora o suficiente para Ájax desestabilizar movendo o escudo para abrir a guarda do inimigo, e quando a lança amarela avançou, o escudo voltou a tempo de desviar a ponta da lança, e então, com seu enorme corpo, investiu finalmente explodindo o “Rebel Spirit”. A mana liberada lançou Diarmuid por vários metros até finalmente parar. Agora restava lidar com Saber, que preparava para um ataque por trás, um golpe lateral certeiro que o cortaria ao meio, e então virou-se agilmente, interrompendo o golpe segurando o pulso de Saber com sua mão livre. Neste momento Saber finalmente viu a semelhança entre ambos, não somente nas atitudes movidas pelo ego e arrogância, mas na forma de lutar também.

- Entendo – comentou Saber. – Então vocês possuem formas de agir semelhantes.

- De quem você está falando? – perguntou Ájax confuso. Ele realmente não entendia a quem Saber estava se referindo. Seria alguém do passado dele? Alguém que acabou encontrando em sua jornada pela vida?

- Nessa caso...

Pego de surpresa, Ájax apenas sentiu quando um forte impacto atingiu seus pés e o fez perder o chão, no mesmo instante em que Saber agachou-se por milésimos de segundos, e agora o encarava enquanto erguia sua longa espada prateada que emitiu um brilho afiado, finalmente sentindo o sabor da vitória. Não havia mais como sair daquela situação, fora pego totalmente de surpresa, e agora estava nas mãos do adversário.

- ...é necessário o quebrar.

Ájax, em meio ao desespero e raiva, moveu o escudo para se proteger. O impacto sob a pressão da espada pareceu tirar o ar dos seus pulmões, e então, sofrendo o mesmo que fizeram com Diarmuid, fora lançado para longe abrindo um grande rastro no asfalto pela energia de Saber, a skill “Dragon Slayer”, que aumenta o poder da sua mana.

Erguendo-se do golpe, a raiva passou, fora pego de surpresa porque abaixou a guarda, outra vez deixou seu ego falar mais alto, e agora sentia um orgulho sobre a astucia de Saber que soube como contra-atacá-lo. Um sorriso se formou em seu rosto, era o sorriso de alguém que reconhecia a força do inimigo diante dele e o desafiava a continuar, tendo a certeza de que mesmo acabando morto, o levaria junto.

- Parabéns, Saber – o elogiou. – Soubeste por onde me derrubar.

Abrindo a mão, a lança finalmente retornou para sua posse. Apoiando-a por sobre o ombro, encarou-o confiante. Saber e Diarmuid estavam maravilhados em ver que o espírito de guerreiro de Ájax continuava inabalado. Na verdade, parecia revigorado.

 

Mesmo os juízes da guerra estavam surpresos com o que viam através da bola de cristal. Sendo a Guerra do Santo Graal, não deveria haver surpresas sobre o que poderia acontecer, mas eles Ruler e seu Mestre não conseguiram deixar de se maravilharem com o que acontecia, de ver o incrível encontro de grandes heróis como aqueles que se enfrentavam. Ruler com sua skill “The Name Discernment” conseguia descobrir somente de olhar os nomes e parâmetros de todos os Servos presentes, e com todas as informações que tinha sobre eles, sabia que nenhum deles eram fracos ou dignos de serem menosprezados. Eram heróis que deixaram sua marca com grandes feitos, heróis que carregam grandes responsabilidades sobre seus nomes.

- Nunca imaginei que fosse ser assim – comentou Thor sem conseguir desviar os olhas da luta.

Fora por sugestão dele que ficassem ali. Ele ainda não terminara o presente de Ruler, como havia dito, faltavam poucos preparativos, então não seria de muita serventia estarem lá, mesmo que precisasse interferir não poderia fazer nada sem algum conhecimento em combate. Assistir tudo de longe tornou-se uma opção mais viável, e qualquer coisa que parecesse fora do comum a ponto de precisar da intervenção deles, haviam os Selos de Comando no braço direito de Thor que deveriam serem usados sobre os 14 Servos desta guerra. E ainda poderiam acompanhar tudo do conforto do quarto do juiz.

Ruler encarou sem questionamentos. Havia sido escolhida por Deus, e ele entregara esse homem cheio de cicatrizes de batalhas para ajudar as pessoas como seu Mestre. Mesmo não crendo Nele, ele fora escolhido para ser seu Mestre e guiar essa disputa feroz. Não havia razões para dúvidas.

“O quê!? – perguntou Ruler a si mesma assustada com o que sentiu. Era uma presença extremamente hostil, e com certeza de um Servo. Por que algum Servo estaria ali, diante do território daquele que fora gerado para ser superior a todas as classes? Não existia explicação plausível além de uma atitude que deixava claro querer uma luta contra ela, o que também lhe pareceu insano.

Thor também notou a presença, parecendo demonstrar a mesma confusão. Seu cérebro tentou analisar, mas não via outra saída, não poderia simplesmente jogar Marta no meio da confusão, indefesa, iria contra todos seus princípios e não ajudaria em nada, perder seu Servo seria estar vulnerável a futuros ataques, ainda mais desconhecendo a identidade deste que cercava a catedral Katholische Hofkirche.

- Ruler, fique aqui – pediu ao se levantar, a bola de cristal imediatamente parou de transmitir as imagens. Iria verificar por si próprio quem era o Servo.

Santa Marta nessa hora sentiu um grande pânico, não poderia deixar seu Mestre sair e assumir o cargo que era dela e arriscar a vida, um dom precioso que fora dado a todos para poderem aproveitar ao máximo que puderem do jeito que quiserem. Ela não poderia deixar Thor cometer uma loucura desse tipo, deveria impedir. E foi quando seus olhos se voltaram para mesa em que estava a bola de cristal, e encontraram o pequeno objeto prateado serrilhado.

- Mestre! – gritou para chamar a atenção do homem que estava já na porta, pronto para sair e ir de encontro a morte. – Não seria melhor...

Procurou pensar sobre alguma desculpa que o faria ficar, que o obrigasse a dar meia volta e permanecer no quarto. Então a luz se ascendeu.

- O presente! Você ainda não terminou o presente que... tem para mim... – terminou sentindo seu rosto esquentar.

Seu Mestre também ficou com o rosto levemente vermelho, mas por um momento parou e pensou, e deu como resposta aquilo que a santa esperava escutar.

- Verdade. Desculpa, não sabia que estava tão ansiosa para recebe-lo. Aliás, vai ser de grande ajudar. Acredito que o inimigo não vá nos atacar aqui dentro, não seria burro a esse ponto.

Quando o homem voltou e sentou-se na mesa, pegando a caixa onde estava o tal presente que deveria dar a Ruler, esta saiu correndo do quarto e fechou a porta rapidamente, colocando então o tal objeto prateado na fechadura na porta e a trancando por fora. Thor quando dera conta estava batendo contra a porta ordenando que Ruler destrancasse, mas tudo que ouviu como resposta fora o som dos passos dos sapatos simples e a chave quicando no chão ao ser arremessada longe.

Ele poderia acabar brigando com ela depois, assim como teria que se desculpar por mentir e enganá-lo, mas ela estava fazendo tudo pelo bem-estar dele e sabia que seus atos eram compreendidos perdoados e aceitos. Estava fazendo o que um Servo deveria fazer, garantir a vida de seu Mestre e assumir a luta, correndo o risco que ela, alguém que só retornara ao mundo para tomar conta da disputa.

O frio da noite a recebera com seu vazio e silêncio, não havia qualquer sinal de vida no local. As luzes dos comércios e habitações estavam apagadas, as pessoas repousavam calmamente e não pareciam cientes da presença hostil. E quando Ruler saiu, uma tamanha intenção assassina se fez presente, ela sentiu que estava sendo sufocada, não conseguia mais respirar sem a tensão de um ataque eminente.

Então, sem aviso, uma figura com velocidade invejável passou por sobre sua cabeça explodindo a fachada da igreja, chovendo escombros sobre ela. A reação inicial fora cobrir a cabeça na hora do susto, fora um ataque inesperado, não conseguiu ver de onde o Espírito Heroico hostil partiu, só sentia a certeza de que ele realmente queria matá-la. Mas como um Servo, os escombros não surtiram efeito sobre ela, e retomando o controle sobre si, saiu do meio da cortina de poeira e pedra, parando no meio da rua.

Seus olhos varreram em busca do agressor, mas nada, e isso era algo que a assustava, um inimigo que conseguia se mover rápido o suficiente para perde-lo de vista. Tudo que serviu como prova da sua existência eram três crateras deixadas na fachada frontal da igreja, a porta de acesso agora estava impedida pelos destroços, se Marta quisesse voltar para segurança do local teria que removê-los pouco a pouco, e isso dava ao inimigo tempo para atacar – ele não estava ao alcance dos olhos, mas sua presença ainda se fazia presente, não dando chances para vacilos.

Novamente, outra explosão, um golpe acompanhado de uma rajada de vento repentina, fazendo o piche negro voar pelos ares e levantando outra cortina de fumaça, e ao se virar para encarar a figura misteriosa, somente conseguiu notar um par de olhos azuis que brilhavam como estrelas, então seu peito fora atingido por um duro golpe que arrancou os ares dos seus pulmões e a fez perder os sentidos por um pequeno momento. Suas costas se chocaram dolorosamente contra a parede lateral esquerda da catedral, e antes que pudesse desabar no chão, seus longos cabelos negros foram agarrados, sua cabeça erguida, alguém deu uma grande fungada próxima do seu rosto e sou uma risada irônica, feliz por encontrar seu objetivo e desapontado por ver que não valia mais que uma mosca.

- Entendo... – pronunciou uma voz rouca, o bafo quente soprou sobre o rosto da santa que se recuperava, tentando focalizar o olhar sobre o inimigo e descobrir que ele era. – Estou um tanto quando desapontado, esperava que a grande Ruler dessa guerra fosse algo mais atraente que uma santa água com açúcar. Minha Mestra informara-me para ser cauteloso, contudo não sinto que será necessário. Já que não há mais o que fazer, eu posso divertir-me um pouco, não?

Antes de ter sua cabeça espancada contra a parede, ela conseguiu identificar o nome do homem – ou deveria chamar aquilo de criatura? – que a atacava e agora sentia prazer, rindo com júbilo sobre estar espancando tão facilmente aquela que deveria ser a mais fortes de todos entre eles. Ele, por mais que agisse como um selvagem, fora um homem de altos status na sociedade antiga, quando os gregos estavam em seu auge, quando os deuses que adoravam andavam entre os homens, e fora um dos reis. Mas também fora um rei que em vida, antes de transformado em uma besta selvagem e sanguinária, agia do mesmo modo, chegando ao ponto de oferecer ao senhor do Olimpo, Zeus, um prato preparado usando carne humana, e passou seus genes psicopatas para seus filhos, que eram tão loucos quanto, chegando ao ponto de matarem um dos seus irmãos por pura diversão, e receberam o mesmo destino. Era uma pessoa que nunca pensou encontrar em sua vida, e sentiu que não deveria. E agora, impotente, sua cabeça sangrava sob as mãos daquele homem, tingindo a parede cinza da catedral com o tom escarlate.

 

Assassin Negro, Charles-Henri Sanson, realizava seu papel como observador passivo, mantendo-se quieto em um ponto não muito distante no topo de algum guindaste das fábricas. Dali podia observar tudo e passar os detalhes para sua Mestra. Permanecia atento a mesma enquanto o outro Mestre estivesse ao seu lado, mesmo não parecendo uma ameaça. Também conseguia ver onde os Archer estavam posicionados, ambos se mantinham quietos, não pareciam ter interesse em interromper a luta por hora, talvez demonstrassem um interesse maior do que os próprios Mestres, mas Sanson sabe que eles iram atirar caso precisem.

Um dos Archer, um homem moreno e sedosos cabelos negros, armou uma flecha em seu arco vermelho, mirando no Saber Negro e em Ájax, que ainda trocavam golpes entre si, enquanto Diarmuid para suas investidas para se afastar da chuva de flechas que estava por vir. Era seu dever avisar Ájax do que estava para acontecer.

- ...

Assassin imediatamente assumiu sua forma espiritual, sendo a melhor decisão. Naquele momento, pouco menos que cem metros de distância uma sombra em alta velocidade se movia eufórica para onde ocorria a batalha, mas especificamente para o lado em que o Archer Vermelho, aliado de Diarmuid, estava, decidido a fazer dele sua primeira vítima. Tudo que Sanson identificou fora um grande frenesi, uma sede por batalha enorme, e que a forma parecia a de um garoto, pequeno e magro, com os cabelos longos em um rabo de cavalo e em sua posse uma lança vermelha.

Outra coisa também lhe chamou a atenção, não conseguiu deixar de se questionar sobre o que estava acontecendo, pareciam mosquitos atrás da luz, atraídos sem poder voltar, e seguiam firmes. Duas para dentro do campo. Sendo uma um homem ruivo alto e robusto trajando uma armadura, também segurando uma lança carmesim, e a outra, uma jovem pequena de ombros estreitos vestindo um vestido de noiva de branco intocado, o véu jogado para trás e os olhos cobertos pela franja partida em duas. E não demorou para identificar a aproximação de uma terceira. Uma garota carregando uma marreta quadricular, correndo na direção dos Mestres que estavam absortos na luta.

O que está acontecendo!? Todos decidiram lutar hoje!?” – pensou exasperado.

- Vocês notaram também, não? – perguntou aos outros dois que também observavam quietos.

Ambos confirmaram. Caster não pareceu muito preocupado, estava adorando tudo aquilo, anotava em seu livros os acontecimentos freneticamente, não perdendo nenhum movimento. Em contrapartida, Assassin Âmbar pareceu realmente preocupada com o que poderia acontecer, perder não lhe parecia uma opção, parecia se agarrar a uma esperança que nunca pensou até então.

- Assumam seus postos então – avisou, esperando que fossem seguir o plano que Ájax montou diante das adversidades que poderiam ocorrer. Até então, nada demonstrava ameaça para o guerreiro e nem a Mestra, a coisa seguia seu rumo natural. Mas agora, com a adição de novos elementos era preciso seguir com o que Ájax instruirá. Sanson só esperava que tudo desse certo.


Notas Finais


Obrigado por ler.


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