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História FateDark Soul - Confusões na Guerra do Santo Graal - parte V


Escrita por: vccotrim

Notas do Autor


Boa noite.
Eu nem sei se alguém ainda acompanha a fanfic, mas eu gostaria de agradecer pelo apoio até agora, postando aqui eu realmente comecei a me sentir um pouco mais seguro sobre o que escrevo, o que já é um grande avanço pra mim.
Enfim, aqui está o que todos aguardavam, o final da primeira luta da Guerra do Santo Graal! Esta que os envolveu e os deixou ansiosos para sabarem o final finalmente mostra o final da sua apresentação. O próximo capítulo terá um pouco de descontração, será mais calmo, acredito. Veremos o rumo que ele tomará.
Boa leitura a todos.

Capítulo 8 - Confusões na Guerra do Santo Graal - parte V


Íris finamente se recuperou do gasto de mana, a runa de saúde de Heiki fora bem útil. Finalmente entenderam o sistema da marreta – os fios eram como um apêndice, igual uma sanguessuga, esse apêndice eram a maneira da marreta se conectar com a magia e se fixar nela, então os fios começavam o processor de absorver a prana, por consequência a mana do invocador que tentava manter a magia funcionando; e então armazenava essa mana absorvida e a convertia conforme a necessidade do usuário, melhorando os reflexos, aumentando força e velocidade, funcionar como uma bomba de pura energia... As possibilidades eram infinitas com essa arma. 

Tendo isto em mente os dois desistiram de entrar em um combate direto com a algoz, Clhóe era um perigo, não conseguiriam se manter contra ela, sabiam nada que envolvesse combate não-mágico, tudo que poderia lhes dar vantagem sumiu em um piscar de olhos. 

- Vamos ficar correndo como ratos... – observou Heiko em um suspiro melancólico. 

Íris quis rebater, mas não sabia o que dizer, ele só comentou a verdade. 

- Quem diria que acabaria assim – o respondeu, sua voz saiu embargada, seu coração estava apertado com a realidade de não poder alcançar o seu desejo. Pelo visto seu pai vai continuar sendo negado por todos, e quando souber que perdeu a filha seu estado só vai piorar e quem sabe do que ele será capaz. 

“Desculpa, papai” – pensou cobrindo o rosto com as mãos, não queria que o garoto, Heiko, visse suas lágrimas. 

- Ei, não chore – ele falou a pegando desprevenida. – Eu sei que a situação é desesperadora, mas vamos sair dessa, certo? Não sei porque estas triste, mas não podemos pensar no quer que seja que estamos perdendo, precisamos fugir agora. 

Obviamente essas palavras foram um jeito de Heiko disfarçar seu medo. Ele estava apavorado, podia sentir seu coração batendo com tamanha força que parecia querer saltar para fora do seu peito, seus joelhos estavam trêmulos, mas se tem uma coisa que aprendeu todos esses vinte anos é que não se pode esperar sentado, sua família foi capaz de o fazer passar pelas piores provações e ele passou por tudo ignorando seu medo, ignorando a dor, e fazendo de tudo para ver a luz do dia novamente. Agora haviam os fatores Gertrude e Habermas, os dois dependiam totalmente dele, não podia falhar. Sair daquele castelo com os eles era seu maior sonho, não permitirá uma narcisista tirar isso dele. 

Sobre Íris, era evidente que ela cresceu com amor e carinho, estava com medo e sempre haveria alguém para lhe estender a mão, então Heiko assumiu esse papel. Ela era uma inimiga, mas um lado seu, o lado humano e moral, não permitiria que alguém fosse morto na sua frente sem fazer nada. Se levantasse agora, saísse e deixasse a garota jogada à própria sorte jamais conseguiria se perdoar. 

“Homunculos são mais humanos do que parece, afinal.” 

Sacando três pedras com runas gravadas, se levantou e espiou a viela. Não havia sinal de vida, mas seu senso de sobrevivência não o deixou relaxar, só despertaram ainda mais o sentido de alerta. A assassina poderia estar em qualquer lugar, mas, pela lógica, ela precisava passar por ali. 

“Não necessariamente” – concluiu. 

- Ei, se você tivesse mana roubada acumulada e pudesse usar para qualquer ataque surpresa, por onde viria? – perguntou em voz alta, não necessariamente esperando uma resposta de Íris, porém ambos pensaram na mesma solução. 

O local em que estavam era uma praça cercado por dois edifícios em formato de “L”, tão próximos que não davam uma boa passagem, era um caminho estreito e úmido, um beco. Logo só poderiam haver duas soluções lógicas, seguir pela mesma trilha que eles ou dar a volta e atacar pelo lado aberto, de um lado há a limitação de movimentos, do outro um espaço amplo para atacar, mas que te deixa exposto e previsível. Nenhum dos dois parecia uma boa opção. 

Seguindo este raciocínio, só havia um jeito de uma pessoa com mana infinita atacar de surpresa. 

Íris e Heiko saltaram a tempo, a marreta caiu como um cometa enterrando no chão. Chlóe pousou com um pé sobre o cabo da marreta, foi um movimento delicado e suave, combinava com sua aparência de uma garota bela e delicada, mas perdia toda sua beleza ao ser realizada por um verdadeiro monstro, a admiração foi transformada em medo e sua presença era digna de pesadelos. 

- O que foi? Parecem até que viram um fantasma – a algoz os provocou com um sorriso diabólico. Deu uma cambalhota para o chão e segurou sua arma, era assustador como ela conseguia segurar um objeto tão pesado, e a apoiou sobre o ombro. – Mas a única que vê mortos aqui sou eu! 

Sob o brado da afirmação outro ataque selvagem começou. Heiko lançou uma das runas na direção da garota, que a rebateu como uma mosca. Ele não se moveu esperou, e quando a morte bufava no seu cangaço, a runa tomou o caminho de volta contra a inimiga. Foi um belo truque que ele pensou poder ser útil, uma runa teleguiada de fogo, um míssil mágico que persegue seu alvo até realizar seu objetivo. Chlóe rebatia, desviava, xingava e tentava esmagar a pedra voadora, mas em vão, não podia se livrar desta mosca irritante. Então... 

Boom! 

A runa finalmente atingiu Chlóe em cheio. 

Clhóe rolou pelo chão alguns metros antes de se recompor, nem esperou ficar de pé, apoiou-se em uma das mãos e se jogou para frente pegando força com o pé direito, era como uma cobra dando o bote final. 

Outra runa foi lançada por Heiko, sua velocidade era maior, viajou rasgando o ar deixando um rastro de vácuo atrás de si em linha reta. Não houve escapatória, Chlóe estava com a guarda totalmente aberta. A explosão foi estrondosa, uma grande parede de fogo se formou no choque, as chamas poderosas queimaram até mesmo os azulejos da praça e em algumas árvores houve princípio d incêndio, p concreto das paredes derreteram, e a agente do Oitavo Sacramento foi arremessada para longe, se chocando contra a parede derretida. 

Seu corpo escorregou alguns centímetros antes de desabar pesadamente. Observando a cena Heiko e Íris se permitiram soltar um suspiro de alívio, havia acabado, derrotaram um poderoso inimigo e esperavam nunca mais a verem outra vez. Ambos deram as costas e decidiram dar a volta para voltarem ao ponto inicial. 

- Pra que servia a terceira runa? – perguntou Íris curiosa encarando a mão esquerda de Heiko. 

- Uma runa de contenção – explicou. – Eu iria usar caso a primeira não funcionasse, daria tempo suficiente para a gente criar um combo. Eu com aquela runa de explosão e você com a alquimia. 

- Há confia em mim para um ataque em dupla? – Íris brincou. 

- Sim – ele respondeu honestamente sem entender a brincadeira. – Por quê? 

- Nada. 

Íris sorriu consigo e desviou o olhar pro chão, ela não entendia bem o lado dele, mas sua inocência estava evidente, e ainda cumpriu sua palavra sobre não atacar enquanto os Servos lutavam e ele a ajudou sem precisar. Claro, ela o ajudou também antes, mas não havia necessidade dele retribuir o favor, ou mesmo pagando a “dívida” por aquela hora, ele não tinha razões para seguir a ajudando. 

“Qual o desejo dele?” – ponderou na hora. O que uma pessoa como ele poderia querer? Será que era tão transparente quanto ele? 

- Ah... 

O gemido soou às suas costas, os dois pararam imediatamente com o frio correndo a espinha. Não. Não era possível. Heiko tinha certeza, a explosão era mais que suficiente para mantê-la inconsciente por horas e Íris não tinha duvidas quanto ao poder do impacto, seria muita sorte se Chlóe não tivesse sofrido uma hemorragia interna – e julgando pelo sangue que escorria pelo nariz, boca e ouvidos seus órgãos tinham rompido, então como ela poderia estar se levantando?! 

Os cabos da marreta conectavam a face chata à mão da garota, estava transferindo mana para sua ama como uma transfusão de sangue, o que o corpo gastaria normalmente para se recuperar era reposto e reforçado, o processo mágico de cura durou menos de um minuto. Essa foi uma das façanhas de Chlóe ao criar a arma perfeita, não era somente uma caixa de armazenamento de energia que Clhóe usava quando quisesse, também era uma inteligência artificial com um sistema de primeiros-socorros acoplado, sempre que a marreta lesse que sua mestra estava ferida demais ou desmaiada, a magia se ativava e dava início ao processo de recuperação. 

- Vocês... – a garota falou com a voz rouca e carregada, saía do fundo da sua garganta. 

Impossível... Era impossível! 

“Ela é um monstro!” – os dois pensaram simultaneamente. 

- Eu cansei de vocês! Por que moscas irritantes sempre entram no meu caminho?! O Graal é meu! Meu! Não iram tomar de mim! Eu vou pendurar suas cabeças na parede como um troféu! 

Heiko lançou a runa de contenção, ao tocar a marreta o gelo cresceu e envolveu a arma e o braço que a segurava até o ombro, mas não foi o suficiente, Chlóe se jogou contra um banco para poder quebrar o gelo no ombro e cotovelo, então bateu a marreta contra o chão. Foram milhares de cacos pelo ar, e os cacos gelados foram misturados com a bagunça de terra que foi contra ela lançada por Íris. Os circuitos da loira entraram em atividade, suas habilidades para combate despertaram uma segunda vez, a sensação era de quem seus nervos estavam em brasa, mas precisava suportar. 

A onda conseguiu derrubar o monstro, mas não a impediu, ela surgiu de sob o amontoado de terra e avançou sem pestanejar, seus olhos eram afiados e sanguinários, tudo que estava em seu campo de visão era as entranhas das moscas. Íris tentou se aproveitar da terra usada para um novo ataque, colunas de lama brotavam como gêiseres, mas nenhum conseguia acompanhar a velocidade do monstro, Heiko tentou usar outras duas runas, uma de fogo e outra de contenção, e teve o mesmo resultado falho, a de gelo congelou o piso adiante, porém o golpe dado pela marreta cortou o gelo a sua frente, e a runa que vinha por trás não passou despercebida mesmo com os disfarces das colunas de terra, Chlóe girou segurando o cabo com as duas mãos e rebateu a pedra, explodindo a fonte. 

- Não vão fugir mais – a afirmação veio com um tom sombrio, a certeza da morte. 

Íris não hesitou, explodiu o chão sob os pés da Chlóe, a garota voou com o montante e caiu soterrada uma segunda vez, foi a deixa para segurar a mão de Heiko e o puxar, iriam fugir pelo mesmo beco que chegaram. 

“Por quê?! Por que ela não para?!” 

Chlóe era implacável, todos os truques tentaram até agora só serviram para lhe irritar mais e mais, a mana que ela podia utilizar aa transformava em uma besta. 

Então Íris teve uma epifania. 

A marreta. A marreta armazena a mana que absorve do ambiente e a converte conforme a necessidade da sua Mestra, portanto, sem a marreta ela era indefesa. Ou pelo menos algo próximo disso. Não teria mais de onde tirar forças, teria que usar a própria prana pra lutar, ficariam de igual pra igual. 

- Heiko, eu tive uma idéia – anunciou para o colega de guerra. 

- Sou todo ouvidos. 

- Vamos tirar a arma dela permanentemente. Sem aquilo, ela é nada. 

- E o que eu devo fazer? 

Íris explicou o plano dela antes de terminaram de sair do beco. Do outro lado foi possível ver a figura monstruosa suja de lama os perseguindo com as presas a mostra. Heiko sacou uma runa e a lançou na direção do beco,, o chão foi se despedaçando conforme a runa seguia por ele, era um trato abrindo caminho no concreto. Como esperado, a algoz saltou para as paredes, as botas deixaram marcas pretas nos tijolos aparentes. Heiko continuou com os ataques, estalactites de gelo foram brotando conforme novas runas se chocavam nela visando atrapalhar o caminho do monstro que estava finalizando os quinze metros. Zombando da cara deles, Chlóe usou a última estalactite para saltar para fora do beco. Eram tolos por ainda tentarem algo, jamais poderiam escapar do inevitável. 

 Contudo, o plano só começou. 

Quando no ar a pessoa se torna um alvo fácil, Heiko aproveitou a chance para lançar três das suas últimas runas, a primeira criou um campo de força ao ser acertado pela face chata da marreta, assim como a que chegou zunindo pela esquerda, mas não eram apenas duas barreiras circulares, juntas elas criavam uma redoma circular, flutuavam girando em uma calma coreografia mantendo uma esfera invisível de prana. A terceira runa entrou na esfera como uma bala e acertando o corpo robusto da marreta. A runa mandada para dentro da marreta era de liberdade e energia, sua função ao infectar o corpo era impedir o armazenamento de energia antes que a sua prana fosse sugada – basicamente, “liberdade” combinado com “energia” deveria liberar uma reação em que fizesse o hospedeiro se autodestruir ao liberar toda energia que tinha. E foi exatamente assim. 

A marreta liberou em um poderoso fluxo toda mana que absorveu a ponto de quebrar a esfera. O vento se tornou violento com toda a mana que era liberada de volta para o ambiente, Heiko e Íris só conseguiram observar enquanto protegiam os rostos, jamais iriam crer em algo desse nível se alguém os contasse, mas ali, ao vivo, não podiam negar que Chlóe fora uma algoz engenhosa e sua arma era uma besta metálica de mana. 

A ventania finalmente cessou, ambos encararam atentos para ter certeza de que desta vez realmente o plano funcionou,  que não estavam mais em perigo. Chlóe se levantou, seus joelhos e palmas das mãos estavam ralados, uma forte dor de cabeça a afligiu e um dos seus tornozelos estava latejando. O processo mágico de cura não estava trabalhando, precisaria tomar o tempo de fazer o feitiço ela mesma, ou seja, agora estavam livres finalmente. 

-Ai... – a agente choramingou colocando a mão sobre o tornozelo torcido. 

Íris ainda sentiu uma pequena compaixão, não era bom deixar pessoas feridas para trás, diferente de Heiko que estava totalmente indiferente sobre a situação da rival, mas ambos tinham o pensamento em comum que era melhor sair dali e voltar para onde estavam, ela não causaria mais problemas mesmo. Dando as costas uma segunda vez, caminharam com a certeza da liberdade para ver como as coisas estavam com seus Servos. 

- Íris, atrás de você! – uma quarta voz soou alertando Íris do perigo. 

Íris jamais teria tempo de se virar para ver o que era, mas Heiko em um impulso a empurrou sem nem mesmo olhar para trás. Íris só pode assistir enquanto uma lâmina longa atingia-o nas costas, passando próximo da coluna cervical, e então outra apareceu no ombro dele e uma terceira na coxa. Heiko desabou de cara no chão, seu rosto estava contorcido em dor. Uma quarta veio, dessa vez para cabeça de Íris, mas a lâmina foi impedida pela mão da moça que alertou do perigo. Mata Hari. 

- Você... Quem é você agora?! – Chlóe gritou furiosa. 

Assassin não recuou diante da fúria da garota, permaneceu impassível e jogou a lâmina longe. 

- Desista! Você perdeu – Mata Hari pronunciou as palavras com toda certeza do mundo, seus olhos se apertaram como artifício para deixar a outra em estado de alerta. Ela era um Servo, não importava o quão brava a garota fosse, impossível para um mago bater de frente com um, continuam sendo humanos comuns afinal. 

- Não... – respondeu. – Eu não vou desistir. 

A agente se levantou, durante seu treinamento foi ensinada a jamais desistir, seu corpo é sua arma, use tudo que puder dele para continuar lutando. A dor é uma mera ilusão criada pelo cérebro, se fingisse que estava tudo bem, passasse a mensagem que não há ferimentos, podia sentir que a dor ia diminuindo ao ponto de ser irrelevante, como Bazett Fraga McRemiz fazia. Se Bazett era capaz, ela também. Seria tão boa quanto, seria reconhecida como uma dos  maiores agentes do Oitavo Sacramento. Assumiu posição de combate e cerrou os dentes. 

Mata Hari respondeu imitando a pose dela. 

- Certeza? – perguntou Íris preocupada. 

- Sim. Assassin Negro e Lancer Bronze estão ajudando, Caster Verde não teve medo em fazer seu serviço. Eu vou ajudar como posso também. 

A Mestra ficou impressionada com a atitude da Serva, esperava que ela simplesmente a pegasse e fugisse ou estivesse acompanhada por Lancer ou Assassin Negro, mas ela estava ali pronta para proteger até mesmo um estranho. Impressionante como alguém com um passado tão sofrido podia ter um coração grande? 

A assassina de magos encarou o Espírito Heroico sem medo, talvez sua razão tenha esvaído completamente. No entanto, foi possível ver que sua coragem ganhou nade conforme o embate entre as duas prosseguia, Mata Hari não sabia como reagir, ela socava e chutava como uma completa armadora, seus socos era frouxos e sem direção, os chutes aleatórios, não foi difícil para ser derrubada com um leve empurrão pela falta de equilíbrio da perna que se apoiava para o ataque. E jogada no chão, Mata Hari foi um alvo fácil para uma bicada na face. 

- Patético – rosnou a algoz desferindo um chute no estômago da dançarina. – E você ainda se diz um Servo? 

Mata Hari a encarou desgostosa, estava com raiva de si mesma, da sua incompetência em lidar com um mago qualquer, mesmo aassi se colocou de pé para o próximo round, continuaria até sua última gota de mana para proteger Íris, ela era como uma irmã mais velha para Lewis, não deixaria que aquele garotinho passasse por qualquer trauma da guerra, não iria ver as lágrimas da perda em seu rosto angelical, e também, Íris era como uma melhor amiga, uma pessoa de bom coração que não a julgou e nem desdenhou quando a vira como um dos Servos de pequeno homunculo apesar da preocupação, além de a ouvir e acompanhar nas suas saídas o tempo todo. Chlóe respondeu com nojo por tamanha humilhação, um cachorro surrado deveria saber seu lugar, e precisava resolver problemas reais, um Assassin encontra seu destino mais cedo ou mais tarde como a figura miserável que é. 

- Eu posso não ser o mais forte – constatou Mata Hari –, mas eu não te deixarei dar mais um passo! 

- Não? – zombou. 

O membro do Oitavo Sacramento avançou sem medo, nada a poderia parar e o Servo a sua frente não era uma exceção. Mata Hari tentou um soco direto, porém foi miseravelmente falho, seu pulso foi facilmente apanhado, seu queixo recebeu um golpe de mão aberta que jogou sua cabeça para trás e a mesma mão lhe aplicou um gancho de direita no estômago. Quando seu pulso foi liberado uma joelhada lhe acertou o rosto. Mata Hari foi derrubada, esses breves segundos foram o suficiente para que ela passasse e seguisse na direção do casal de magos. Íris se viu obrigada a parar o tratamento para atacar, a calçada de revoltou em seu nome com tremores e ondas de terra outra vez, mas eles só atrasavam a garota a fazendo dar alguns passas parar trás ou prolongando seu caminho. O que ela podia fazer agora? A algoz já estava em uma situação vantajosa, tinha todos seus inimigos vulneráveis às suas garras, era só questão de tempo,  Mata Hari por mais que tentasse não era de enorme ajuda, continuava sendo derrubada tentativa atrás de tentativa, nem mesmo suas técnicas de sedução faziam diferença, a mente de um agente da Igreja Sagrada era treinada para resistir a qualquer manipulação mental. E seus ataques também não surtiam mais efeito, depois de tanto apanhar e observar Chlóe aprendeu a analisar o terreno e prever, conseguindo antecipar onde seria atacada e desviasse. 

Porém, algo que não pode prever foi a chegada de uma runa que criou uma barreira de espinhos de gelo, fora obrigada a dar um salto para trás para não ser pega por um triz, o suficiente para lhe desestabilizar e abrindo oportunidade para um novo ataque por parte do herdeiro da casa von Fagner, duas runas das que compunham o círculo que flutuava a sua frente dispararam na direção do chão se enterrando na terra revirada e então, como em um filme de zumbis, uma mão saiu do chão, não a de um morto-vivo, e sim uma de pura terra e concreto despedaçado, eram dois monstros que nasciam, dois goblins sob o comando de Heiko. Íris o encarou, seus ferimentos ainda não estavam totalmente curados, ela não sabia muito sobre magia de cura, e os movimentos que ele fazia deviam lhe causa muita dor, porém ele não parecia sentir e seguia lutando. 

- Heiko, seus ferimentos... – ela sussurrou incrédula, um humano já teria sucumbido novamente à dor. 

- Estou bem – ele respondeu sem olhar para ela, mas era óbvio que ele sofria em silêncio. – Por favor, saía daqui com Mata Hari, eu vou segurar ela ao máximo. 

- Quê? 

- Rápido! 

Não era possível, não mesmo. Não chegaram até aqui para que Heiko se sacrificasse, não se debateram para saírem vivos para que somente um deles fugisse e o outro ficasse a mercê própria sorte. Não, ela não iria fugir. Íris se levantou e se posicionou atrás dele, suas mãos tocaram os ferimentos no ombro e nuca, as palmas ganharam um brilho azulado. 

- O que você está fazendo?! 

- Eu não vou te deixar! 

Heiko soltou um curto suspiro, não era hora para teimar, precisava se concentrar na luta pelos dois e se livrar da dor poderia lhe ajudar a se concentrar melhor, seu corpo experimentava uma sensação de alívio, era bom, e sentia que suas energias eram renovadas, estavam mais que pronto para o combate. Uma nova runa voou para o campo o deixando com somente seis outras, poderia não ser o suficiente para encerrar a luta, mas suas jogadas estavam nessas cartas. A runa que disparou tinha a magia de bloqueio em sua origem, criando uma mova barreira por trás da algoz, a cercando em um espaço limitado, Chlóe agora só podia se movimentar para esquerda e para direita, os goblins eram incansáveis, os pequenos seres de terra corriam atrás do alvo brandindo seus martelos também de terra e concreto. A assassina lançava rápidos disparos de energia branca, mas não importava o quanto fossem perfurados ou desmanchados eles se refaziam e seguiam, havia material de sobra para se regenerarem. Suas habilidades como mago eram impressionantes, a naturalidade com que comanda as runas e usufrui do seu poder é pertencente à uma pessoa que treinou por toda sua vida somado ao dom natural, as provações pela qual passou em seu crescimento o prepararam para lidar com situações difíceis, precisava saber desde a cura até a camuflagem e ataques sorrateiros decisivos. 

Chlóe tentou outro modo de escape, jogando três esferas avermelhadas de prana contra os goblins e usando magia nos pés para saltar sobre a barreira de espinhos de gelo, mas foi impedida por uma nova runa de “contenção”, essa se resumiu em explodir numa simples nuvem de fumaça azulada, porém mesmo assim tirou a atenção da garota que estava pronta para um ataque, e quando percebeu a armadilha já era tarde, os goblins se recuperaram e jogaram seus martelos que se moldaram para um chicote que cresceu sem precedentes até lhe envolverem os tornozelos e jogarem-na de volta para dentro do campo de contenção. Como agente foi ensinada igualmente a ignorar seu cansaço, sempre ir além dos limites do corpo, mas não estava aguentando mais, seu corpo não podia ignorar todo o esforço até agora, sem o suporte da marreta a situação ficava complicada, o rosto suado e respiração ofegante eram sinais de que não poderia carregar além daquele ponto, suas batatas da perna queimavam, os joelhos doíam, os pés estavam amortecidos. 

“Não vou perder. Não vou desistir agora. Eu não posso ser derrotada!” 

Heiki e Íris formavam uma dupla formidável, precisava admitir afinal, não seriam quaisquer magos capazes de contê-la por tanto tempo e sabia recolher bons adversários quando os via, mas ela finalmente sacou por completo a jogada deles e já montou um contra ataque. Suas mãos ganharam um brilho alaranjado e então começaram a disparar como metralhadoras, o dedo de Chlóe estava nervoso no gatilho, suas mãos disparavam descontroladamente esferas mágicas que atingiam tudo e todos, os goblins nem tinham chance de regenerarem, eram abatidos consecutivamente e nas paredes de gelo e pela pedaços se soltaram, dos pedaços se abriram buracos nas barreiras e então a passagem se abriu. 

- Vocês se saíram bem – falou correndo para os alvos soltando a rajada de disparos mágicos sobre eles. Heiko e Íris foram derrubados imediatamente, suas últimas duas runas foram destruídas sem que pudessem fazer qualquer coisa antes, e Mata Hari não conseguia sair do lugar, permitindo que eles fossem alvos ainda mais fáceis. – No entanto, não podem escapar do sinal da morte. 

O casal de magos já não conseguia mais lutar, se seguravam para não cederem ali mesmo, cada golpe da magia da algoz era como ser atingido por uma pedra milhares de vezes, estavam finalmente rendidos, derrotados, e não poderiam escapar. Suas bocas foram tomados pelo gosto amargo da derrota e frustração, seus olhos se encheram com lágrimas de dor e pesar, não poderiam cumprir suas promessas e ainda obrigariam as pessoas que amam olharem seus corpos vazios de qualquer sinal de vida, somente um amontoado pálido de carne podre e órgãos sem função. 

“Gertrude... Habermas... Eu só queria que fôssemos livres... Acho que nunca mais poderemos ver a lua. Me perdoem por falhar.” 

“Pai, eu sinto muito... Não queria que as coisas acabassem assim, eu iria lhe devolver a honra do seu nome, o amor da mamãe... Eu só queria que fôssemos felizes outra vez...!” 

Então Chlóe Carpentier finalmente se aproximou dos seus inimigos com um sorriso vitorioso, se deleitava com a cena dos dois prostrados no chão ainda reunindo o que lhes restavam de força para a encarar como último ato de bravura. Pelo menos sabiam morrer com dignidade, os tornando ainda mais belos como enfeites de sala. E agora era a hora de lhes arrancar do peito o coração, assistir suas expressões de pavor e dor, a última lágrima escorrendo, o último suspiro... Mal podia se aguentar com tanta animação em finalmente ter seu desejo realizado. Finalmente se livraria de dois concorrentes, precisava lidar somente com cinco dali em diante. Como dizem? Dois coelhos com uma cajadada. 

Porém seja planos foram interrompidos quando algo lhe aplicou uma rasteira e a puxou para longe dos seus prêmios. 

 

Lewis Harrington tinha sido orientado a ficar no casarão da família quando a confusão começou, nem teve chance de sair do carro, foi impedido por Mata Hari e Willian Shakespeare que o acompanharam até o local e o deixaram trancando a porta por fora, assim ele não poderia tentar escapar e ir lutar. Obviamente a atitude dos Servos irritou o pequeno, ele queria estar ao lado deles, ele era o Mestre! Que tipo de Mestre não fica junto dos Servos?! E também pra que todo esse cuidado?! Já era um homem crescido, ele sabia se virar, sabia cuidar de si, quase um adulto! Mas sua birra passou quando os empregados lhe trouxeram alguns brinquedos e outro chegou com uma bola de cristal, usando a magia para poder observar a luta. Por aquele breve instante todos se esqueceram dos seus afazeres, a sala estava lotada com todos os funcionários acompanhando o pequeno Lewis na transmissão da guerra, ele torcia por Ájax, seus olhos roxeados brilhavam com de admiração para como o Servo grande e corpulento lidava tão facilmente com dois inimigos ao mesmo tempo. Mas quando os invasores entraram ninguém pode evitar prender a respiração. E ver Íris sendo surrada da maneira que estava sendo o cortou o coração, ele queria ajudar, queria poder socorrer sua amiga e o garoto que a ajudou, que também considerou um amigo a partir daquele instante – se Íris confiava, então ele era legal. 

"Eu vou ajudar ela" – foi seu pensamento primordial. Mas logo veio a constatação de que não poderia sair dali, os empregados jamais abririam a porta, na verdade, era capaz de um ou mais deles saírem para socorrer a garota pessoalmente. Então... 

- Shakespeare – chamou. 

- Pequeno Mestre? – Shakespeare respondeu imediatamente. 

Lewis contatou Shakespeare primeiramente pelo fato de que não teria nenhuma chance com Mata Hari, ela agiria como a mãe que é e proibiria firmemente todas suas tentativas de fazer qualquer coisa, e com o escritor poderia trabalhar com o coração mole dele, com certeza seu herói entenderia seu lado e o levaria até a luta contra aquela menina da marreta. 

- Shakespeare, por favor, me leve até onde Íris luta, eu sei que você sabe a localização! Eu preciso ajudar ela! 

- Não – todavia, o Servo negou veementemente. – Eu não irei jogar o Pequeno Mestre no meio do campo de guerra. 

- Mas... 

- Nem insista! Perdoe-me o modo rude ao lhe dirigir, mas manterei minha palavra de o não colocar em risco. 

"Hmpf", foi a reação do garoto ficando emburrado novamente cruzando os braços sobre o peito e inflando as bochechas. Não conseguia acreditar que até mesmo ele o manteria preso quando estava claro que precisavam da sua ajuda. 

- Já que é assim, não quero mais ouvir suas estórias! 

- O quê?! Não pode estar falando sério! Você não seria capaz disso! Você ama minhas estórias, você me ama, e eu amo poder citar peças para ti! 

- Estou sim! Você não quer me ajudar a ajudar Íris, me magoou bastante esta tua atitude, não quero mais nada seu. 

- E meus livros que você lê?! 

- Eu dou. 

- Nosso contrato como Mestre e Servo?! 

- Posso desfazer! 

- Argh...! Bem... – pigarreou Shakespeare por fim. – Já que não tem saída, irei ajudar o Pequeno Mestre. No entanto, eu tenho uma condição! Não poderá sair do meu lado! 

- Certo! 

 

E foi assim que o garoto acabou ali na luta salvando a vida da sua amiga, Caster Verde estava ao seu lado com o olhar voltado para baixo, evitando a fúria de Assassin Âmbar que já deixava claro que teriam uma conversa depois sobre seu comportamento. Lewis usou mais da sua magia para arrumar o campo, os blocos de gelo e pedra se desfizeram completamente até não restar pistas sobre um dia estarem ali, e os goblins que finalmente conseguiram se regenerar puderam descansar. 

Chlóe se levantou e avançou contra a criança sem remorso, ele o tinha atrapalhado, merecia morrer junto com seus preciosos amigos, e tudo que se ouviu foi um coro de "Nãooo!" dos três moribundos e Shakespeare se preparou para atacar, mas nem precisou. Todos encararam boquiabertos enquanto Lewis teve suas mãos envolvidas por uma nuvem composta por um pó mágico azul-claro e a algoz parou de se mover, sendo prensada contra o chão destruído e não conseguindo levantar, por mais que tentasse ela não se movia um centímetro para tirar seu rosto da terra. Em seguida foi jogada para direita, de volta para a direção do beco. Lewis se posicionou entre ela e seus amigos, Shakespeare manteve a posição de guardião ao seu lado com o livro em mãos pronto para usar da sua magia, ambos eram uma dupla perfeita, o escritor jamais deixaria nada acontecer com o menor, e Lewis era um garotinho de coragem que estava pronto para defender seus amigos. 

- Vá embora – ele falou como um avisou, tentando intimidar, mas sua voz não deixava de passar o ar inocente e adorável de uma criança. 

Um silêncio ensurdecedor se instalou, todos estavam prontos para reagirem, eles tinham certeza que Chlóe não recuaria, e como resposta dessa intuição a algoz realmente atacou, para ela aquilo foi o cúmulo da humilhação, ser enxotada por uma criança era a última coisa que poderia aceitar. Ela atacou botando seus esforços nesta última investida, era um tudo ou nada, se conseguisse arrancar a cabeça do garotinho poderia declarar que a caçada não foi uma perca de tempo total, e de bônus ainda deixaria todos presentes abalados o suficiente para não conseguirem reagir em cem por cento no próximo encontro deles. 

- Você vai morreeeeeerrr!! – ela gritou estendendo a mão à frente do corpo pronta para o ataque final. 

Shakespeare se aprontou no mesmo instante, seus dedos se curvaram sobre o livro aberto e fazendo com que as palavras saltassem, as palavras se separassem e as letras se embaralhassem... Porém não teve chance de exibir seu talento como Servo para Lewis, o garotinho aprontou contra a inimiga a erguendo do solo, dava parar perceber uma massa translucida sob o corpo dela a levantando, uma pequena distorção do ar, e em seguida essa mesma distorção funcionou como um estilingue lançado a garota de volta para o beco, a massa se dividiu em três partes por fim e seguiu para um último ataque, batendo, empurrando e jogando Chlóe de todas as maneiras, as serpentes de prana batiam de todos os ângulos não lhe dando chances para reagir. Quando acabou a agente não se mexeu, continuou deitada na posição em que foi largada, sua respiração estava ofegante, a roupa surrada e rasgada ajudava a revelar a extensão dos seus ferimentos, a pele arranhada, rasgada, hematomas enormes e grandes, fora as lesões internas. Ela deveria ser considerada um alien por ter suportado tudo isso por tanto tempo, nem um demônio teria um feito desses. Mas o importante é que seus movimentos finalmente cessaram, ela não dava mais sinais de hostilidade, poderiam sair dali em paz finalmente e ver o que estava acontecendo com Ájax e os outros. 

Heiko se levantou primeiro e ajudou Íris lhe estendendo a mão com um sorriso de alívio que aquietou o coração da garota. Ela respondeu ao gesto batendo a sujeira da saia assim que ficou de pé. Mata Hari se levantou com a ajuda de Shakespeare e Lewis, abraçou o garoto grata por nada ter lhe acontecido e desferiu um tapa do peito do dramaturgo, seus olhos demonstravam a mesma irritação de antes deixando o homem desconfortável e preocupado com seu futuro, porém também foi abraçado, a dançarina se acolheu em seu peito largo em evidente gratidão. Ele sorriu e lhe afagou o topo da cabeça, estava feliz por vê-la bem e orgulhoso por ver que ela não fugiu do confronto. “Estou orgulhoso de você”, era o que queria dizer, mas manteve esse sentimento subentendido no momento. 

Lewis se aproximou do maior o encarando-o com seriedade, as mãos na cintura ajudavam a lhe dar um ar de alguém pronto para dar uma bronca, seus olhos analisaram o estranho de cima a baixo sem deixar escapar nenhum detalhe. Heiki ficou um pouco desconcertado olhando para Íris pedindo ajuda sobre o que fazer, ao que ela respondeu com um sinal de apenas deixar rolar, ela também não sabia a resposta. Por fim, o garotinho terminou sua avaliação e sorriu. 

- Você não é mal – constatou. – Você é amigo da Íris? 

Heiko suspirou com alívio, estava pronto para ser jogado igual um boneco como aconteceu com a algoz. 

- Não sei dizer ao certo – ele respondeu por fim. O correto seria um claro e sonoro “não”, porém esta não era a situação para tal. – Talvez somente um conhecido de vista? 

- Bem, todo amigo da Íris é meu amigo também, e você ajudou ela, então vou te ajudar. 

O pequeno homunculo segurou as mãos dos dois e se concentrou. Íris e Heiko sentiram algo correndo por seus corpos, foi uma sensação quente e acolhedora, cobria todos os membros deles, acariciando-os, confortando-os, e os tratando como uma doce mãe limpando as feridas e as cicatrizando. Já não haviam mais ferimentos, estavam livres de todos hematomas e arranhões, a única pista restante de que lutaram era a aparência suja e roupas rasgadas. 

- Obrigado – Heiko agradeceu ao pequeno com um sorriso singelo. 

- Podia brincar comigo depois. 

- ... Ahn? 

- Sabe, já que você é nosso amigo podia passar na minha casa depois pra gente brincar! Por favor! 

Heiko ficou surpreso com o pedido do menino. Ele não sabia que a relação deles se resumia em inimizade e quem mataria o outro primeiro? Bem, em base era pra ser isso, mas seu coração foi tocado pela honestidade e inocência da criança, somado ao fato de ele também ser um homunculo seu lado afetivo se ativou automaticamente, era o mesmo afeto que tinha com Gertrude e Habermas. Sua mãe começou arredia, mas seguiu e tocou os cabelos macios do garotinho, aos poucos ele se acostumou com a sensação e afagou os fios brancos. 

- Quem sabe um dia a gente não possa? – ele respondeu com um fraco sussurro. 

 

A situação de Ruler não havia melhorado, os lobos continuavam atacando Thor Joseph sem piedade e a ira de Licáon só aumentava, ele não conseguia aceitar que uma santa qualquer estava sendo capaz de o enfrentar de igual para igual. 

Ao receber o colar Ruler passou a agir diferente na luta, sua postura era mais confiante e passou a demonstrar habilidades de guerreira, parecia que sempre havia segurado e lutado com uma espada. Ela mesma não pode deixar de notar a mudança. Seu primeiro contato com essas habilidades foi de estranheza, ver seu corpo reagindo como se fosse algo natural, sabendo como segurar a espada corretamente e mantê-la firme para combater Berserker Cinza, a adrenalina que percorreu suas veias nos primeiros choques entre as armas, a forma como se arrepiou com l o tilintar do metal contra metal... “De onde veio tudo isso?” foi a pergunta que surgiu de imediato em sua mente antes de chegar à clara conclusão. Thor Josep. Tudo isso veio do seu Mestre. 

O presente, o colar com o crucifixo dourado, era, na verdade, um “pendrive” por assim dizer. O juiz da guerra havia preparado um objeto mágico para seu Servo para que a santa pudesse lutar, atuar como um real suporte para os problemas, como agora, havia copiado e gravado todo seu conhecimento e hábitos com a arte do combate armado, tudo que sabia sobre o manuseio de espadas, lanças, arcos, Chaves Negras, e todo tipo de arma passou para o acessório. Enquanto Ruler usasse teria todos os conhecimentos necessários para poder lutar, caso o perdesse ou tirasse o efeito da magia passaria e ela voltaria a ser a mesma santa indefesa de antes. Essa é a regra, a base da magia, e mesmo sendo algo novo para si, Ruler se saía bem. Inclusive, seu primeiro movimento foi digno de nota, ela tinha tomado a dianteira dá luta, a espada em riste pronta para dar seu primeiro golpe, Licáon já estava pronto para revidar, mas os planos de Marta eram outros. Ela se apoiou no pé esquerdo e desceu a espada em um movimento de arco descendente, porém, ao invés de ir contra o Servo sua espada foi contra o asfalto da rua lançando uma nuvem escura de poeira contra o inimigo, que reagiu fechando os olhos para que os grãos não caíssem neles, e quando abriu-os de novo não viu mais Ruler. Se não fosse por sua super audição teria sido pego no mesmo instante. Ruler tinha saltado por sobre a cabeça dele nesse meio tempo que o deixou cego e pousado na parede da loja atrás dele, flexionou os joelhos e se jogou para frente erguendo pela segunda vez sua espada, agora pronta para um ataque derradeiro. 

De fato, a santa não era um inimigo qualquer, sua força de vontade e coragem a faziam continuar investindo na luta mesmo sem a visão de uma vitória certa. Licáon não é um inimigo fácil, o conto do lobisomem que se originou a partir da sua lenda o afetava com Servo, sua força havia aumentado, sua audição, velocidade e olfato igualmente, seus ferimentos se curavam automaticamente, e durante a noite de lua cheia, como hoje, suas habilidades eram elevadas a um novo nível, o potencializando, era um predador melhorado ao seu máximo. Ele era o verdadeiro alfa, por isso os lobos o obedeciam, mesmo sendo grupos rivais todos o reconheceram como líder e passaram a seguir suas ordens, somando estes aos humanos que foram mordidos e transformados por Licáon. Todos eram membros do seu exército particular. 

Licáon, por sua vez, estava cansado de todo esforço gasto inutilmente, queria acabar logo com aquilo, além da humilhação que tomou conta do seu coração sendo fomentado em ódio. A razão para estar ali era simples, forçar Ruler a revelar seu Noble Phantasm. Era uma missão suicida tendo em questão o fato de não saberem qual seu golpe final, poderia ser qualquer coisa, até uma oração que apagasse alguém da existência. Mas nada. E se Ruler não estava usando seu Noble Phantasm contra ele era porque não o considerava uma ameaça real. Como um rato como ela que precisou da trapaça do Mestre poderia fazer isso? Como poderia proferir tamanha insulta contra sua pessoa?! Ela iria usar sim seu Noble Phantasm, por bem ou por mal. 

Após mais um encontro das armas os Servos se encararam, Licáon não deixou de transparecer seu ódio profundo, Marta não pareceu ceder, só firmou suas mãos no punhal da espada e cerrou os olhos. 

- Você...! – esbravejou Berserker. – Estou cansado da sua cara, por que não usa logo seu Noble Phantasm?! 

- Por que não há necessidade para tal. Eu posso lidar com você por mim mesma. 

- Não! Você não pode! – berrou Licáon furioso. – Você não pode comigo! Eu sou um rei! Eu sou o melhor! Mais forte, mais rápido, um deus! Como ousa tentar me humilhar ao me rebaixar ao seu nível! Eu nãO VOU PERDER!! 

Havia algo de errado. Os lobos que antes atacavam ferozes agora recuavam com orelhas baixas e guinchando de medo, procuraram sair de perto do seu líder para se esconderem. A razão era a aura que tomava conta do lobo alfa, era pura intensão assassina, mesmo Ruler e seu Mestre sentiram o corpo reagir, suas pernas mandavam fugir, porém não podiam, se mantiveram firmes assistindo a cena que se desenrolava. A aura escura envolveu por completo o corpo do tirano, então começou a transformá-lo, suas roupas rasgaram conforme sua fisionomia crescia, suas cortas se curvaram e as pernas traseiras entortaram, suas mãos foram substituídas por garras afiadas e os caninos se tornaram proeminentes. Sua humanidade estava sendo consumida durante o ato, ele não era mais Licáon, o rei, agora era uma grande fera de quatro patas, um lobo demoníaco que era movido na base do instinto de matar. Ele rosnou de volta para Ruler que reagiu dando um passo para trás, sua boca desceu na direção da santa pronta para abocanhá-la. Ela desviou saltando por cima do focinho lupino, em seguida atacou enterrando sua arma na carne da fera arrancando um choro de dor, mas assim que tirou a espada, o ferimento de fechou. 

“Impossível” – pensou encarando assustada. Tentou outra vez e de novo, de novo e de novo, tirando proveito da sua posição para continuar ferindo o inimigo, mas o resultado era o mesmo, a ferida não passava mais que um segundo aberta, era o tempo de tirar a espada e o lobo já estava curado. 

Licáon finalmente tomou uma atitude sobre a pulga que lhe corria, ele sacudiu como um verdadeiro cachorro tirando Ruler de cima dele, ela saiu voando e batendo de costas contra o chão, os pulmões perderam o ar. Ela se recuperou o mais rápido que pode se apoiando nos pés e levantando. Realmente, não haviam chances contra ele lobo gigante, não adiantaria ficar ali atacando, seria o mesmo que nada, precisava de uma força maior, algo que realmente poderia ferir Berserker e mandá-lo de volta para seu Mestre. Seu Noble Phantasm. Mas ali não dava, Licáon já ocupava espaço, uma outra criatura gigante não seria bom, contribuiria para a destruição e poderia acabar matando civis, precisava atraí-lo pra longe dali, um lugar aberto. Talvez... 

- Ruler, eu sei para onde podemos ir – falou Thor Joseph como se entendesse as atitudes da Serva. 

- Certo! 

Ruler correu até seu Mestre e o apanhou no colo, o salvando a tempo de uma patada do lobo. Ela seguiu as instruções dele, não tinha ideia para onde estava seguindo, mas continuou mesmo assim, o lobo os perseguia implacável sempre tentando um ataque fatal os abocanhando ou arranhando com as garras, mas Ruler conseguia se safar correndo em ziguezague, entrando em vielas ou mudando de rua. 

- Mestre, onde você quer chegar? 

- Ali. 

Ruler olhou adiante e viu uma larga ponte de pedra, do outro haviam mais edifícios, porem o espaço que a ponte ocupava dava uma boa distância entre as margens, e em qualquer caso poderia levar a luta para dentro do rio. O local em questão era a ponte Augustus que passa sobre o rio Elba, inaugurada em 1907, conectando a área histórica com a moderna, permitindo que todos possam transitar entre duas eras de costumes contraditórios. 

- Agora! – alertou 

Thor foi jogado por Marta, seus pés pousaram sobre a superfície de pedras e ele deu uma cambalhota, a Serva deslizou um pouco enquanto freava sua corrida, se virando para frente e encarando o lobo que se aproximava. Ela tinha sucedido suas habilidades, fez o seu máximo pra se manter na frente e ganhar a dianteira, e agora via o Servo quebrando rapidamente a distância. 

- Eu o convoco, meu companheiro, para mais uma luta – ela citou. Berserker Cinza chegava mais perto, já estava rosnando e abrindo a boca pronto para devorar em uma única mordida. Ela esperou um pouco mais, ele precisava estar na distância certa, havia o momento correto para atacar. Então... – Tarasque! 

Um par de olhos vermelhos brilhou às costas da santa e saltou sobre ela atacando o lobo, a enorme figura reptiliana agarrou Licáon pelo pescoço e o derrubou, prensando o corpo do lupino com uma das suas seis patas. Thor admirou o estranho dragão, então esta era a fera dos contos da santa? Nenhuma pintura lhe fazia jus. Era um dragão, mas tinha um casco de tartaruga cobrindo suas costas e uma densa juba branca, na sua cabeça haviam quatro chifres proeminentes, dois apontando para os lados e dois para frente. Tarasque, a fera que assolou uma pequena aldeia no sul da França e nenhum dos habitantes pode lidar, e então chegou a santa com sua fé inabalável e se colocou diante da entrada da toca do monstro ficando ali por três noites e três dias orando, esperando que suas preces fossem atendidas, e  quando o dragão selvagem saiu não era o mesmo de antes, agora estava dócil, era manso e carinhoso com a santa. Infelizmente, por conta disso se tornou um alvo fácil e acabou sendo morto pelos aldeões sem reagir. 

Os monstros seguiram lutando, os dentes de Licáon não eram fortes o suficiente para romper o casco e seus arranhões nas escamas eram superficiais. Por contrário, Licáon sentia os efeitos dos ferimentos sofridos, mesmo com a cura acelerada a dor continuava, diferente dos cortes causados pela espada de Ruler que não passavam de picadas de um mosquito, as garras atingiam mais fundo, abriam grandes talhos que deixavam o sangue jorrar, os dentes em seu pescoço o imobilizavam, se tentava se livrar sentia a dor da carne sendo rasgada. 

Tarasque o jogou da ponte, o empurrando pra dentro do rio Elba, e então abriu sua enorme boca para cuspir uma forte rajada de fogo contra o lobo. Licáon foi pego de surpresa, o fogo atingiu seu rosto, já era tarde demais quando tentou desviar, o ar foi tomado pelo cheiro de cabelo e carne queimada acompanhado do guincho de dor, o lobo choramingava, não conseguia enxergar, seus olhos estavam ressecados, tinha sido cegado, ele sacudia incontrolável com os ferimentos incandescentes, era uma sensação horrível por qual nenhum ser vivo deveria passar. 

 

Ao longe uma figura observava do alto de um dos edifícios modernos, seus lábios estavam curvados em um sorriso assustador, estava se deletando com a cena, e ao mesmo tempo pensando sobre os próximos passos. Podia sentir o calor do sangue, o toque das entranhas da Ruler, ele queria poder agir agora, dar início à sua vingança, finalmente seria pago o débito que o mundo tinha com ele! Mas se segurou, se limitou a ver seu parceiro lutando e agindo como um lunático, gritando e rosnando, sendo derrotado pela pessoa que ele mais julgou fraca. 

“É assim que o mundo funciona. Também fui considerado fraco e quando menos perceberam, meu nome se tornou digno dos piores pesadelos” – riu o assassino que esperava o momento certo para poder atacar. – “Isso vai te ajudar a não julgar tão cedo, Licáon.” 

Na verdade ele sabia que não, nenhuma ideia entraria naquela cabeça teimosa, seus olhos eram cegos pelo poder, pela vaidade e o enorme ego, não se enxergava como um homem que também poderia ser ferido, ainda carregava consigo todo seu egocentrismo de quando era um rei maluco. Por que justo ele acabou sendo sua dupla? Não poderia ser alguém melhor? Tantos outros homens e mulheres com a mesma classe e etiqueta que ele poderiam ter sido convocados no lugar daquele cachorro louco, mas não, era obrigado a lidar com essa barreira da vida. Mas o sorriso não sumiu, ainda tinha um truque na manga. 

“Acho que já está bom por hoje” – pensou tomando a forma espiritual. Tinha tido bastante material por esta noite, já sabia agora o que fazer para dar início ao plano, precisava encurralar Ruler e separá-la de seu Mestre, em seguida teria que arrumar um jeito de lidar com aquele dragão. Mas tudo não passava de pequenos detalhes para a grande obra que estava sendo pintada, e para cada problema havia uma solução rápida. Agora mesmo ele achou todas para lidar com Ruler e sua irritante bravura. 

 

Licáon parecia não entender sua posição, continuava sendo inferior a um dragão, não importava o quanto atacasse ele não tinha chances contra Tarasque, mas sua teimosia não o permitia reconhecer esse fato – se reconhecia não aceitava. Continuava tentando, mas seus ataques não feriam de verdade. Ruler e o padre continuavam assistindo a luta, podiam finalmente relaxar e recuperarem suas forças, Thor usava um feitiço de cura para poder relaxar seus músculos e os aliviar da dor, então curando os arranhões da luta contra os lobos. Fez o mesmo em Marta, estava cansada demais para usar uma das suas skills, só conseguia concentrar suas forças em Tarasque, em fornecer mana a ele, ficou agradecida com o toque milagroso do Mestre. 

- Licáon, já fez o seu máximo, pode parar – uma voz masculina se fez audível, ecoando por todo espaço. 

Seguindo a ordem, Licáon parou de atacar, sua forma lupina encolheu, os pelos desapareceram e as garras voltaram a serem mãos, logo ele tinha voltado a ser humano, sua figura despida desabou no chão pesadamente, estava de quatro sentindo todo o cansaço da luta finalmente, os músculos do seu peitoral subiam e desciam arfantes. Tarasque também parou o ataque com o desaparecimento da ameaça, voltando sua atenção para a nova figura oculta, andou até a santa colocando-se sobre ela e o juiz para os defender de qualquer ataque. 

A noite se tornou mais densa, assistiram as estrelas perderem seu brilho as luzes da cidade serem consumidas, somente a lua permaneceu visível com muita resistência. Era belo e assustador, seu brilho prateado despontava no céu negro, uma luz no fim do túnel, mas a escuridão não era vencida por seu brilho, somente vultos eram perceptíveis. Acompanhando o conjunto macabro uma névoa cresceu, seguiu cobrindo a ponte e a superfície do rio, era densa, não dava para ver muito além da mão, as pontas da ponte se tornaram invisíveis. Licáon foi beneficiado por este repentino surto. Seria o próprio fazendo isso? Com certeza não, Thor e Ruler chegaram à mesma  conclusão, era obra do novo elemento. 

- Não se preocupem comigo, hoje não estou aqui para atacar. 

Desta vez a voz soou mais perto e clara, tinha ganhado um corpo. Porém, não era somente estar perto, a voz parecia estar ao lado dela, falada em seu ouvido. Quando virou-se na direção que a ouviu não havia mais ninguém ali. 

- Apesar de quê... 

Thor sentiu duas mãos tocando seu ombro e um nariz fungando seu cangote, estava sendo cheirado. Quando esticou os braços para agarrar o ser misterioso, este já tinha desaparecido, no entanto, não deixou seu comentário incompleto. 

- ... você tem um cheiro maravilhoso. Adoraria poder sentir suas entranhas agora, pessoas do seu tipo são as melhores de se matar, mas... eu preciso me segurar de qualquer jeito, então, por favor, fique vivo até o nosso próximo encontro. E Ruler, estou ansioso pra ver sua fé quebrar. Não se preocupem, eu só tomei as precauções para não me verem tirar Licáon daqui, geralmente isso aqui seria um exagero. 

Como em um passe de mágica a escuridão se dissipou com a névoa, as estrelas se tornaram visíveis no céu outra vez, a cidade voltou a brilhar e a lua pode mostrar sua beleza aliviada. Thor e Marta olharam em volta em busca do Servo misterioso, mas nenhum sinal dele e de Licáon, evaporaram na escuridão. O coração de ambos estava acelerado, sentiam a adrenalina do medo, alguém capaz de se aproximar como esse Servo se aproximou era assustador, Ruler não detectou a presença dele até ele falar em seu ouvido, igual para Thor, ele não pode sentir a presença do Servo até ser tocado. Queriam entender o que tinha acontecido, mas não podiam pensar nisso agora, ainda havia uma luta acontecendo para remediarem e depois precisavam convocar todos os Mestres para serem alertados sobre a nova ameaça. Talvez fosse bom colocar uma recompensa sobre, os incentivar a lutarem em nome da ordem da Guerra do Cálice Sagrado. 

- Vamos – falou Ruler tomando a dianteira, Thor concordou com um balançar de cabeça e ficou ao lado as Serva que o apanhou no colo novamente, precisavam chegar rápido até o distrito industrial. – Pode descansar, meu amigo – complementou falando com o dragão –, fez bem hoje. 

 

A luta contra Cu Chualinn seguia impassível, o monstro de puro músculo continuava atacando sem piedade, Saber, Diarmuid, Ájax e Sanson se preocupavam em atraí-lo para uma área onde não pudesse haver vítimas. O levavam para fora, para onde estavam concentrados as fábricas e os bosques, o que não se provou uma tarefa difícil, Berserker os seguia sem pensar duas vezes, destruindo tudo que podia no seu caminho. Outra razão para tal decisão era o plano de Ájax, usar o Noble Phantasm de Saber Negro, era o único que fornecia uma saída plausível. Segundo Saber, a espada dele era uma arma sagrada que poderia usar a força da era dos deuses, dando certeza de que Berserker seria incinerado. 

- Então vamos acabar com isso logo – respondeu-lhe. 

Não demorou pra formação ser tomada. Saber tomou a dianteira, seguindo na frente e se preparando na rua sem saída com a espada erguida firme nas mãos, Diarmuid e Ájax assumiram o dever de ficarem no campo de visão do guerreiro sanguinolento atraindo para o destino final, Sanson ajudaria como suporte sempre intervindo quando percebesse que os dois poderiam serem pegos atacando com sua espada para causar ferimentos rápidos. 

Porém algo mudou seus planos, Saber estava voltando. 

"O que ele está fazendo?!" – questionou-se Ájax vendo a atitude inesperada do Servo. O estava traindo? Ele não sabia dizer se preferia acreditar que não, mas havia alguma razão para ele estar voltando, e analisando sua postura não era a de um homem pronto para atacar, parecia até ansioso e apreensivo. 

As palavras de Saber explicaram tudo. 

- Precisamos parar ele para Ruler! 

Ruler? O que o mediador da guerra queria com Berseker? Em base ele não deveria favorecer nenhum lado, mas como não interferiu até agora e permitiu que Saber transmitisse o recado merecia um voto de confiança, iria ajudar. 

- Ok! Saber, me ajude com as mãos! Diarmuid, se junte a Assassin, o fira nas costas! 

Todos concordaram e seguiram o segundo planejamento, Sanson permitiu que Diarmuid se juntasse a ele ajudando o lanceiro a escapar da mão esquerda do monstro abrindo um talho no punho, o distraindo momentaneamente com a dor, permitindo que ambos assumissem a posição da retaguarda, Ájax e Saber Negro a dianteira. Berserker Azul não pareceu perceber na armadilha que caía, ele continuava atacando mantendo o foco sempre no caminho a sua frente, continuava correndo e batendo, até Ruler se assustou com o comportamento dele, assistir alguém sem nenhuma sanidade agindo por completo instinto era digno de pena, mas também dava medo porque este não era capaz de reconhecer a magnitude das suas ações era capaz de qualquer coisa. 

Ájax permitiu que suas armas sumissem, a lança e o escudo perderam a forma física, Saber seguiu o exemplo devolvendo sua espada para a bainha nas suas costas. Ájax freou, ele igualmente, e ambos se viraram para Berserker Azul que ergueu os punhos prontos para esmagá-los. 

Um... 

Dois... 

Três! 

Os punhos de Cu Chlainn desceram com vontade, quando percebeu que seus alvos pararam de se mexer seu instinto ordenou que atacasse, mas Saber e Ájax já estavam preparados, esperavam por esse ataque, e então ergueram suas mãos interceptando o golpe. Na forma sob o estado de ríastrad todos status de Berserker aumentavam para o rank A+, porém esta era a força padrão de Ájax, também rank A+, e Saber Negro tinha o fator da vantagem territorial, é um herói nacional da Alemanha, tão famoso quanto Hércules e Aquiles no país, aumentando sua força do rank B+ para A++, permitindo que também pudesse aguentar o ataque do semideus irlandês. 

Aproveitando a abertura, Ruler correu com seu Mestre até eles, o juiz que carrega consigo os Selos de Comando foi lançado para frente, novamente pousando e dando uma cambalhota para frente. Berserker deu indícios de um novo ataque, mas fora impedido pelos esforços de Diarmuid e Sanson que lhe cortaram o dorso. Berserker urrou de dor e estava pronto para voltar sua atenção para os agressores. A sorte não lhe sorriu – ou talvez sim –, pois o Thor interferiu ativando um dos seus inúmeros Selos de comando. 

- Berserker – proferiu a ordem com a mão direita esticada na direção do Servo que o obedeceu, os ataques cessaram assim que seu nome foi chamado, toda sua atenção estava voltada para o homem como se ouvisse algo extremamente importante –, por este Selo eu o ordeno que volte ao seu estado natural. Recupere o controle, seja banhado na sua sanidade e volte para seu Mestre! 

O Selo brilhou no braço do homem, o que antes aprecia uma simples tatuagem tribal ganhou vida e pareceu flutuar saindo da pele, então explodindo em um raio de semicírculo atingindo o alvo do seu feitiço. Berserker agora estava completamente imóvel, sua respiração se acalmou, sua raiva desapareceu e seu corpo voltou a encolher, passando por todo processo inverso da ativação do Noble Phantasm, o monstro de músculos gigantes voltou a ser um garoto de músculos moderamos, estava nu, os olhos apáticos. Ájax sentiu um pouco de pena, seu coração foi tocado por um momento por ver uma criança naquele estado, queria o acompanhar até a segurança da sua base, mas ainda sob o efeito do feitiço de comando o jovem Cu Chulainn seguiu mesmo que seu corpo protestasse. 

Conforme a figura desaparecia, o silêncio ganhou vez antes dos primeiros passarinhos começarem a cantar. O sol estava despontando no horizonte, a batalha tomara toda noite e madrugada, tinha sido intensa, voraz, com certeza uma grande abertura, e era somente o começo de tudo. O que os esperava dali em diante? 

- Voltem para suas bases e descansem, logo todos serão convocados para uma reunião quando estiverem recuperados – comentou Ruler. Todos concordaram, ela respondeu com um gesto de agradecimento. 

- Então vamos, Ruler – chamou seu Mestre ao que ela respondeu afirmativo. 

Ambos partiram de volta para a parte histórica da cidade, novamente com Thor sendo carregado no colo pela santa. 

Desta vez foi a vez de Ájax se pronunciar voltando sua atenção para os remanescentes. 

- Topam um banho? 


Notas Finais


Obrigado por lerem.


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