História Faux - Faux

Sim, tinha razão. Aquele sem dúvida deveria ser somente um beijo. Afinal de contas, se fosse somente isso, não teria nenhuma parte de seus sentimentos afetados. Ao menos, era o que esperava.

Não sabia por que gostava tanto de complicar as coisas que aparentemente eram tão simples, sempre as tornando em um monstro de sete cabeças. Fitou o rosto de Park, por um momento imaginando se para ele também era assim, ou se... As coisas simplesmente eram como elas eram, sem complicações a mais.

- Baekhyun? – Chanyeol resolveu pronunciar, já que ele parecia cada vez mais perdido em seu próprio mundo. Byun sabia se demonstrar muito bem quanto as suas ideias, mas muitas das vezes não fazia a mínima ideia do que estava se passando por sua cabeça. Quer dizer, não era sequer bom em entender e ler o que estava acontecendo... Afinal, não tinha quase contato com outras pessoas, e sabia o quanto isso lhe atrasava em coisas como aquela.

Observou o menor enfim sair de todo aquele transe, piscando algumas vezes enquanto continuava lhe fitando. Claro, deveria explicar o porquê de ter ficado com medo e receio da última vez, tão falha. E com isso acabou se lembrando do toque aparentemente macio da boca dele, de como era esquisito e gostoso ser olhado de tão perto, ou ainda, da sua respiração calma diante de si. Era claro que havia memorizado cada mínimo detalhe daquela noite, independentemente de qualquer coisa. Só não sabia se desejava enfim beijar de uma vez, comprovar seus sentimentos e, quem sabe, estragar de uma vez qualquer relação que tivesse com Chanyeol.

- Baekhyun, eu só vou poder te ajudar se você me contar o que tá acontecendo. – mais uma vez tentou ajudar, não conseguindo enxergar todos os seus detalhes com extrema clareza, afinal de contas, o quarto estava escuro, com mínima iluminação. Tentou então com calma levar uma de suas mãos até o rosto dele, pousando-a com leveza em sua bochecha para então fazer um carinho com o polegar. Esperava que aquilo o acalmasse um pouco, o que aparentemente estava dando certo.

Não fazia questão de se afastar ou parar aquilo, afinal de contas, era óbvio que queria, por mais que estivesse criando tantos problemas para se impedir. Só não imaginava que, ainda assim, conseguiria piorar as coisas para si. Às vezes imaginava se a situação fosse outra, se as coisas seriam mais fáceis.

Endureceu por completo o corpo, fazendo o mesmo com os lábios, completamente fechados. De certo aquilo sequer poderia ser considerado um selinho quando sentiu a boca macia de Park encostar, com calma. Suspirou, tentando parar de pensar em tantas coisas e relaxar, aos poucos soltando o corpo e enfim, entreabrindo os lábios, o suficiente para que a boca de Chanyeol se moldasse na sua, ainda mantendo aquela carícia fraca em sua bochecha.

Já fazia um bom tempo que Baekhyun não beijava alguém. Isso não significava que não sabia como fazer, longe disso. Mas a sensação ali era completamente diferente.

Não tocou no corpo dele, ao menos não com as mãos. Somente continuou parado ali, desfrutando aos poucos daquele contato íntimo. Podia sentir que Park estava cauteloso quanto aos seus limites, e gostaria disso... Se soubesse quais eram seus próprios limites ali. Parecia que algo muito importante estava explodindo dentro de si, como se todas as borboletas de seu estômago estivessem tendo uma festa particular agitada demais. Não conseguia manter uma linha de raciocínio daquele jeito.

Aos poucos se afastou finalizando aquele beijo, ainda que mantivesse os rostos tão próximos, ao ponto de poder tocar a ponta de seu nariz na do outro, em um "beijo de esquimó". Chanyeol não costumava ser romântico daquele jeito, mas... Era até engraçado no que Byun lhe transformava. Sentiu a sua respiração no rosto, observando-o ainda com os olhos fechados, como se continuasse no torpor de todo aquele momento. Não precisou se aproximar quase nada para depositar um selar em sua boca, sentindo o corpo alheio arrepiar sobre seus dedos. 

Agora conseguia enxergar com clareza o rosto dele. Com os olhos novamente abertos, fitou-o, sentindo como se tudo dentro de si estivesse girando e girando, sem qualquer pausa. Nunca havia ficado diante de uma sensação como aquela. Então era isso beijar alguém do qual se gostava?

- Baekhyun, o que... O que você tem? – Aquilo havia sido sim “mágico” para Chanyeol, por mais clichê que soasse. Mas ainda assim, não podia fugir do fato de Byun estar parecendo tão perdido. Havia feito algo de errado? Ou ele não tinha gostado daquilo? Uniu as sobrancelhas, tentando encontrar qualquer resposta que fosse, já que ele não parecia disposto a dá-las.

"O que eu tenho?" se deixou pensar consigo mesmo, ainda encarando ele. Não havia se permitido fazer essa pergunta até aquele momento, e como um estalo, arregalou os olhos, ainda mantendo-os sobre o outro. Gostava mesmo de Park. Gostava tanto dele que chegava a ser loucura. Mas não podia fazer as coisas daquela forma. Como poderia estar ali com tudo que sua família estava passando? Estavam prestes a perder a casa, havia conversado sobre isso com a sua mãe na noite anterior. O propósito de ter se relacionado com Chanyeol fora para se casar e então, conseguir o dinheiro para a sua família. Mas então... Se apaixonara tão perdidamente. Por aquele rosto, aquela personalidade, absolutamente tudo... Não poderia fazer isso com ele. Como também não poderia dar as costas para a sua família. E como podia continuar enganando o Sr. e a Sra. Park? Ainda se desse certo, não saberia dizer qual seria a reação de ambos diante daquilo. Por que continuava enganando a todos, inclusive a si mesmo?

De repente saber se Park lhe retribuía parecia o menor dos problemas. Aquilo contava muito para si, como também era de extrema importância, mas... Se queria que as coisas dessem certo, precisaria urgentemente parar de dar às costas para os seus problemas.

- Chanyeol, eu preciso ir. – deixou escapar, afobado. Encarou a expressão confusa dele uma última vez na cama, para enfim se levantar e correr até a cômoda, colocando com rapidez a peruca castanha a qual estava já acostumado. Em seguida arrumou os botões da camiseta do uniforme, fazendo o mesmo com a saia e qualquer outra parte que estivesse fora do lugar.

- Baekhyun? – Chanyeol se levantou da cama, enfim conseguindo voltar a raciocinar. O que estava acontecendo? Caminhou em meio à tanta confusão até ele, tentando inutilmente manter alguma conversa. – Não me deixe às cegas! Explique o que está acontecendo!

Já estava prestes a destrancar a porta e sair quando enfim parou mais uma vez para olhá-lo, sentindo o coração quase se derreter. Era insano o quanto estava apaixonado, completamente insano. Mas não tinha garantias de que aquilo iria dar certo, e infelizmente, sabia que quanto mais se jogasse naquilo, mais doloroso seria para sair depois. Precisava parar.

Levou então com calma uma das mãos até o seu rosto, passando com leveza as pontas dos dedos ali, em uma carícia tão delicada. Sabia que Chanyeol não queria se casar agora. Afinal de contas, tinha 17 anos e... Independente da pessoa que fosse, ele precisaria assumir a empresa do pai. Tinha completa noção de que havia tanto que ele desejava realizar antes de assumir um estresse tão grande ao qual de forma alguma desejava. Aquele era o futuro de Park. Não poderia sequer pensar em brincar com isso, pensando somente em si. Ele precisava viver. Apesar de ser de família rica, era um adolescente como qualquer outro... A última coisa que merecia era assumir tantas responsabilidades das quais não desejava e muito menos merecia. Não podia fazer aquilo consigo.

- Eu não deveria estar aqui. – deixou escapar por entre os lábios, com mais calma do que esperava. Sabia que a qualquer hora que parasse para pensar sobre o que estava fazendo, poderia desabar. Mas ao menos nesse ponto era muito mais forte do que esperava. – Eu preciso resolver algumas coisas. Me desculpa. – enfim concluiu, colocando-se na ponta dos pés para lhe dar um selinho mais demorado que o esperado, sentindo outra vez o corpo feito gelatina. Estar perto de Park era mais perigoso do que esperava.

Se afastou, fitando por uma última vez Chanyeol abrir os olhos e lhe observar, talvez... Apaixonado? Não saberia dizer. Sorriu, sentindo certo pesar quando destrancou aquela porta e enfim a abriu, sabendo que assim que saísse dali, seria como um bilhete sem volta. E apesar de ser o certo a se fazer, não deixava de ser complicado... Mas precisava. Portanto deixou o corpo de uma vez sair daquele ambiente, descendo rápido as escadas, aproveitando que aparentemente todos estavam na sala de jantar, podendo assim abrir a porta da sala e sair dali, daquela casa tão imensa.

Sentia o estômago revirando enquanto caminhava um tanto apressado pela calçada. Não fazia ideia do que lhe esperava em casa, e quais infelizmente, seriam as novas notícias ruins.

♀

Abraçava o seu corpo, como se aquela fosse a sua única chance de manter-se seguro de tudo aquilo que lhe amedrontava. Esteve sozinho por tanto tempo, e enfim quando encontrara alguém, mais uma vez passou a odiar o fato de estar só. Como uma espécie de porto seguro...

Abriu os olhos rápido, despertando de seu sono. Da cama, só conseguia observar o teto escuro de seu quarto. Abaixou o olhar até encarar a janela, constatando com pesar ainda ser de noite. Desejava já estar na escola para poder conversar com Baekhyun. Desejava vê-lo e, mais uma vez, tentar entender aquilo. Não conseguia encontrar o motivo... Se ele havia lhe retribuído, se havia até mesmo lhe dado um selar antes de ir... Não significava que não gostava de si, isso era óbvio. Mas senão isso, do que se tratava então?

Engoliu seco, levando o travesseiro até o rosto e deixando-o ali, exausto. Não conseguia ao menos ter uma boa noite de sono. Provavelmente o seu rosto diria por si mesmo daqui há algumas horas.

Como esperado, acabou despertando de todo torpor que lhe envolvia assim que levou os olhos até o corpo que tanto conhecia, encarando a peruca castanha e em seguida, o rosto um tanto... Abalado? Uniu as sobrancelhas, preocupado. De repente Baekhyun lhe parecia um poço de segredos, e isso era no mínimo incômodo. Como poderia ajuda-lo no que pudesse se ele simplesmente não lhe contava? Não queria e nem iria força-lo à isso, de forma alguma. Mas não mudava o fato de que era incômodo.

- Bom dia, Chan. – sorriu enquanto se sentava ao seu lado, por mais que em momento algum olhasse em seu rosto.

- Bom dia. – respondeu de volta, por educação. Continuou à observá-lo, esperando que em algum momento ele começasse a explicar, mas... Aparentemente, seria uma espera realmente longa demais. – Eu... Ahn, por algum acaso, fiz alguma coisa errada? – resolveu questionar, aproveitando que o professor ainda não havia entrado na sala de aula.

Continuou encarando o seu caderno sobre a mesa, infestado com aquele garrancho de letra, algo realmente digno de ser chamado de “letra de médico”. Suspirou fundo, pensativo. De forma alguma ele havia feito algo de errado... Bem longe disso. Chegava até a ser irritante como tudo que ele fazia ou falava parecia ser perfeito para o momento, e sempre na dose certa. Chanyeol era mesmo como o seu “porto seguro”, sempre lhe acalmando da cabeça aos pés... Não poderia ter escolhido um porto seguro mais fácil?

Mas o que poderia fazer? Como esperado, sair às pressas na noite anterior para enfim ir a sua casa, lhe rendera uma caneca enorme de realidade. Estavam afundando... De uma forma tão gritante. Haviam mesmo perdido a casa. Estavam desabrigados, e sinceramente, não sabia o que mais lhe aguardavam daqui para frente. Era o típico momento em que não conseguia mais fechar os olhos e fingir que tudo estaria bem.

Levou enfim o olhar para Park, fitando o seu rosto. Apesar de gostar tanto, mas tanto dele... Não podia ignorar a sua família. Portanto respirou fundo, negando com a cabeça.

- Não, de jeito nenhum. Eu só... Tomei um tempo pra pensar sobre algumas coisas e de alguma forma tentar coloca-las no lugar certo, entende?

Chanyeol se calou com a resposta, ainda encarando o rosto alheio. Se Baekhyun imaginava que iria deixar tudo vago daquele jeito e simplesmente sair de fininho, estava erroneamente enganado. Se beijaram na noite passada! Esperava algo dele, esperava... Alguma explicação. Merecia sequer isso, certo?

Tentou então voltar à noite passada, procurando qualquer vago sinal que explicaria aquilo. Fora tão súbito... Em uma hora tinha ele frente a si, completamente relaxado, retribuindo todo o contato que estavam tendo, para então... Dizer que precisava ir embora e estranhamente se afastar? Sinceramente não era de deixar as coisas passarem despercebidas, mas dessa vez não estava conseguindo captar a mensagem principal daquilo.

Em contrapartida, Baekhyun sentia suar frio. Era mais que óbvio que Park realmente estava querendo tentar entender o que estava acontecendo, mas não via alguma saída para explicar aquilo sem que ferrasse com tudo. Quer dizer, se contasse, Chanyeol poderia aceitar aquilo e se sacrificar, casando consigo. E longe disso era o que desejava... Claro que queria tê-lo, mas isso não significava que deveria estragar tudo para ele. Era egoísmo demais. Portanto tentava se “afastar”, com a ideia tão dolorosa para si de pôr um ponto final naquilo. Porque sim, era extremamente ruim precisar sentar ao lado dele e se lembrar do que aconteceu na noite anterior, e infelizmente não poder ter mais daquilo. Na realidade já era ruim de um todo simplesmente não poder conversar com ele, ainda mais por Chanyeol realmente parecer estar puxando assunto. Aquele era só o primeiro dia. Quão ruim poderia se tornar aquilo?

Ok, estava chegando ao seu limite. Como podia tomar uma decisão tão pesada como aquela sozinho? Precisava com urgência conversar com alguém. Engoliu seco, passando os olhos pela sala de aula, até encontrar Yujin. É claro que ela precisava se sentar na fileira do outro lado, claro... Nada podia ser fácil para si.

- Chanyeol? – chamou, sentindo o corpo esquentar ao notar que ele já estava lhe observando. Soltou um gemido esquisito por entre os lábios, esquecendo-se até mesmo do que iria falar. O que era mesmo? E desde quando sentavam tão próximos assim? Quer dizer, era óbvio por estarem de dupla, mas ainda assim... – Eu tenho que... É... Eu vou ali. – soltou embolado, enfim desviando o olhar e levantando rápido da cadeira, abaixando a tão incômoda saia.

Não queria deixar Park sozinho, mas aquela era uma situação de emergência. Do contrário iria explodir até o final da primeira aula.

- Jongin. – sorriu, pousando de leve a mão em seu ombro. Não sabia porquê diabos ele estava sentado ao lado de Yujin, mas precisava com urgência que ele saísse dali, pelo menos por alguns minutos.

Com toda sinceridade, não entendia se aquela era uma brincadeira ou não. Tamborilou os dedos impaciente sobre a carteira, ainda mantendo o olhar em Byun Baekhyun. Ele havia mesmo saído do seu lado para ir conversar com Kim Jongin? O cara mais asqueroso daquela sala? Que vivia lhe dando olhares e sussurrando coisas extremamente nojentas? Porra! Baekhyun não ajudava daquele jeito. Primeiro ignorava o beijo que tiveram, depois ignorava a relação de ambos e agora iria dividir carteira com outra pessoa? Ainda alguém tão péssimo quanto Jongin!?

Bufou, não desviando o olhar por sequer um segundo. Não era o tipo de cara ridículo que se levantaria e arrastaria ele dali, mas também não iria virar a cara e fingir que nada estava acontecendo... Até porque sabia bem até demais das intenções do garoto.

- O que foi, boneca? – ouviu Jongin questionar, com uma leve surpresa no olhar por está-lo vendo ali. Era lógico que dada a oportunidade, não iria simplesmente deixar passar.

- Boneca? – Byun repetiu baixinho, segurando-se para não rir, achando aquele apelido extremamente cafona e escroto. Ele conseguia mesmo meninas chamando-as de algo tão ruim assim? – Bom, eu preciso conversar com a Yujin. – apontou para a amiga, que lhe observava confusa, já que não era costumeiro acontecer.

- Ah, que pena... – respondeu fingindo pesar, para enfim sorrir largo, deixando o olhar passar da cabeça aos pés de Baekhyun. – Temos um problema já que eu estou sentado aqui. Mas se você quiser, pode sentar no meu colo, não me importo. – deu de ombros, voltando a encarar a sua face.

Aquilo era ridículo em tantos níveis que dessa vez, não conseguiu segurar a risada. Desatou a gargalhar, deixando enfim o riso morrer ao notar que faltavam meros oito minutos para a aula começar. E não havia possibilidade alguma de deixar aquela conversa para mais tarde.

Chanyeol cerrou o olhar, fitando a cena. Chegava a dar ânsia a forma como ele olhava para Byun. Estava preparado para levantar e arrancá-lo dali caso tentasse alguma coisa, mas aparentemente... Não precisou.

Baekhyun bateu com força a mão sobre a mesa, seguido do susto de Jongin. Então se abaixou até estar à sua altura, lhe encarando sem desviar em qualquer momento.

- Escuta, eu tô com pressa pra caralho. Então levanta a porra da bunda dessa cadeira agora se você não quiser que eu quebre essa merda que você tem no meio das pernas. – deixou a voz engrossar à vontade, observando sem paciência o rosto assustado de Jongin, seguido daquele “que porra de voz é essa?”, como se fosse algo de sete cabeças. Aparentemente Byun havia perdido a magia para si, e não podia se sentir mais feliz quando ele enfim se levantou, ainda lhe encarando num misto de susto e confusão.

- Ual. – foi a única coisa que Yujin conseguiu deixar escapar, para em seguida desatar à gargalhar. Se pudesse repetir um milhão de vezes a expressão de Jongin... Aquilo era um deleite para assistir.

Desviou então o olhar para Chanyeol, o vendo também rir da cena, ainda acompanhando Jongin com o olhar, até ele estar longe o suficiente, provavelmente cochichando algo sobre trauma daquela cena. Não poderia fazer nada, mais do que ninguém ele realmente merecia.

Mas em contrapartida, toda a anterior expressão irritada de Baekhyun parecia ter ido embora, dando lugar a uma carinha chorona, sentando-se ao lado dela enquanto segurava suas mãos, procurando apoio ali.

- Eu vou enlouquecer! – enfim começou, na realidade não conseguindo definir um ponto certo para iniciar.  – Isso tá me matando, Yujin! – exclamou exagerado como de praxe, colocando até mesmo a mão sobre o peito. – Eu não tenho saída, não sei o que faço!

Yujin se mantinha em silêncio, somente observando-o até ter certeza de que toda aquela “crise” havia chego ao fim. Do contrário sabia que Baekhyun iria ficar interrompendo-a pelo resto da conversa.

- Tá. Do que a gente tá falando?

- Do Chanyeol. – abaixou a voz, com medo de que ele ou qualquer outro ouvisse. Aquilo era um “plano” extremamente confidencial.  Não poderia se colocar em risco. Respirou fundo, enfim conseguindo manter uma linha de raciocínio. – Ontem nós meio que... Nos beijamos. E então eu notei que sou mesmo muito apaixonado por ele. Mas em contrapartida, eu... Não tenho mais saída pra levar isso pra frente. Meus pais estão piores, e eu não posso manter um relacionamento com o Chanyeol e nem contar pra ele, porque tem a possibilidade dele querer mesmo levar o casamento em frente. Mas Yujin, eu não posso fazer isso com ele. Ele tem 17 anos, iria assumir uma empresa enorme que ele nem mesmo desejava, ele desde sempre deixou isso claro. Sem contar os pais dele... Eu não posso viver fantasiado assim para sempre. E a possibilidade deles não aceitarem é realmente muito grande. Mas ele tá notando que tem algo errado, eu sequer consegui conversar com ele sobre o beijo! Só que se eu continuar assim, isso vai mais à fundo e provavelmente vai ser terrivelmente pior depois.

Parou por alguns segundos, tentando processar toda aquela quantidade de informações. Realmente, seria até cômico se não fosse trágico. Simplesmente nada parecia dar certo para ele.

- Espere. Antes de tudo, você disse que ontem se beijaram? – questionou para ter certeza, recebendo o assentir do outro. – Se ele retribuiu você e aparentemente está preocupado com tudo isso, é porque gosta de você. Chanyeol retribui seus sentimentos! – sorriu.

Baekhyun processou a informação, para enfim arregalar os olhos, chocado. Era óbvio, mas com tudo acontecendo, não havia parado para pensar sobre isso! Colocou ambas as mãos na frente da boca, sem saber como proceder.

- Isso só piora tudo! Quer dizer, não exatamente, porque... – sorriu um tanto bobo, deixando os olhos passarem de leve por Park. – Não poderia ser melhor... Mas... Isso significa que eu posso deixa-lo mal com tudo isso... Eu não quero isso, Yujin. – passou as mãos pelo rosto, cansado. – Chanyeol é tipo a minha Julieta. Eu gosto dele, ele gosta de mim, mas... Eu, como Romeu, não posso ficar com ele. O quão injusto isso é!?

- Tá, contanto que você e ele não se envenenem no final, pode à vontade ficar se achando o Romeu. – riu da comparação, tentando descontrair as coisas. A verdade era que sequer ela conseguia encontrar uma saída boa para aquilo. – É tudo muito complicado, mas eu acho que por hora você precisa acompanhar seus pais e... Se afastar dele desse jeito não vai ajudar muito, talvez só machuque mais. – concluiu, esperando não dizer nada de errado. Era um assunto delicado demais. - Baek... – chamou, enfim o vendo lhe fitar, prestando atenção. - Você acha que seus pais vão tentar encontrar outra pessoa pra você casar?

Sentiu um arrepio descer por todo seu corpo, enquanto mais uma vez olhava para Chanyeol, o vendo encará-lo de volta. Queria que as coisas fossem mais fáceis.

- Eu espero que não. – somente a ideia já lhe causava algo extremamente ruim em todo o corpo. Era a primeira vez que estava apaixonado... Como poderia se casar com outra pessoa? Mesmo diante de todas as circunstâncias, era algo que jamais havia passado por sua cabeça.