História Fear of Love (Sterek) - Capítulo Dezesseis.

Capítulo Dezesseis.

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“Se a estrada adiante não for tão fácil,

Como uma estrela-guia, eu estarei lá por você se precisar de mim”.
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Stiles correu até John que estava no chão do seu quarto, ficou apavorado ao ver o pai naquele estado, estava com o rosto sobre o tapete, e um vaso também estava no chão em cacos, assim explicava o grande barulho que tinha escutado. Indo até ele, os pulando rapidamente, com as mãos tremendo pelo pior, o garoto analisou o mais velho o virando para cima.

Suspirou pesadamente sentindo seu coração se apertar vendo o rosto pálido e envelhecido do pai, já sentia os olhos úmidos quando verificou os sinais vitais para saber se John estava morto.  E só em pensar, nessa possibilidade, Stiles sentiu uma lágrima solitária escapar do rosto, mas não tinha tempo para entrar em pânico, já que reparou que o pai respirava fraco e só tinha desmaiado.

- Pai... – bateu as mãos no rosto do mais velho tentando anima-lo – Pai, por favor... – sussurrou quase rouco tentando ir pegar um pano com álcool para reanima-lo, mas não queria deixa-lo sozinho.

Stiles tentava a todo custo reanimar o pai, e mesmo que estivesse na aérea da saúde, estava começando a sentir-se impotente com a situação, John estava desmaiado e começando a ficar com a pele gelada, era seu pai ali em seus braços e Stiles não tinha a menor ideia do que tinha acontecido.

- Derek... – gritou Stiles, lembrando-se que ele estava lá embaixo.

Não queria que Scott visse o avô naquele estado, mas não tinha como evitar, tinha que fazer alguma coisa para reanimar seu pai, levantou-se correndo do lado dele, e foi até o banheiro tentando ir o mais rápido possível.

- Derek? – chamou de novo.

Derek estava a ponto de subir pela demora de Stiles, mas, não sabia como iria invadir a casa dos pais do garoto, ainda por cima com Scott ali na sala que poderia não gostar de sua atitude. E o que menos queria era começar a fazer o próprio filho desgostar de si. Mas antes, que pudesse pensar no que faria, ou no que diria a Scott que ainda estava esperando que contasse sobre seu nascimento, escutou Stiles o chamando, e seu coração deu uma batida forte, porque tinha a impressão que a voz saiu em desespero.

- Fique aqui, Scott – pediu Derek subindo rapidamente para cima, a ponto de se lembrar, que John estava doente.

Olhava ao redor, a procura de onde Stiles estava, lembrava-se pouco do andar de cima, não por nunca ter estado por ali, mas porque evitava desonrar o acordo que tinha com John de respeitar seu lar.

- Stiles? – chamou ao entrar no quarto do xerife e encontrar o mesmo caído no chão e o garoto tentando anima-lo com alguma substância forte.

Derek gelou ao olhar a cena, tinha, remotamente, se esquecido do quanto John estaria doente e que Stiles não tinha consciência da realidade.

- Derek, me ajuda ele não quer acordar... – pediu Stiles o fazendo se mover até ele e vendo a expressão chocada em seus olhos.

- Stiles...  Precisamos chamar uma ambulância – disse Derek tomando a situação, e rapidamente tirando o celular do bolso.

Com agilidade, conseguiu discar para a emergência, e chamar uma ambulância, compreendia que John precisaria de cuidados urgentemente, não era um desmaio comum, era devido ao seu estado. Tinha que agir rápido antes que pudesse ser tarde demais.

- Por que ele não quer acordar... – sussurrava Stiles já prestes a chorar.

- Já chamei uma ambulância... – disse Derek se ajoelhando perto de Stiles.

- Ele estava doente, o motivo de eu ter vindo até aqui e que meu pai disse que estava doente... Era uma gripe forte, ele disse que era só uma gripe... – tagarelava Stiles sentindo os olhos arderem.

Gripes, resfriados, não faziam pessoas desmaiar, não faziam seu pai que era um homem forte ir ao chão com tanta facilidade e Stiles sentia em seu coração que tinha deixado alguma parte importante sobre a saúde de seu pai escapar. Parte essa, que já estava o consumindo ao ver o tanto tempo, que estava ao lado de John, e ele ainda estava inconsciente.

- Vai ficar tudo bem, Stiles... Não chore meu amor... – pediu Derek vacilante vendo a expressão sofrida do garoto ao seu lado.

- Eu não sei o que está acontecendo, ele estava bem e agora...

Stiles estava, completamente, ficando apavorado e Derek podia sentir isso e como doía ver o homem que amava numa situação dessas, ao olhar o rosto manchado de lágrimas de Stiles pode sentir a sua dor em seus próprios ossos. A família era importante, e Derek, sabia muito bem disso, tinha perdido o pai há alguns anos atrás e sabia exatamente o que estava passando na cabeça de Stiles.

Sua dor o machucava vê-lo chorando era praticamente como se estivessem o apunhalando e não queria que Stiles sofresse, não o queria triste, não suportaria isso. E foi por ver o olhar perdido e suplicante do garoto que não disse sobre a possibilidade do motivo de John estar desmaiado.

A simples, noção, de poder machucar mais ainda o coração de Stiles, fazia Derek querer vomitar.

A ambulância não demorou tanto a chegar, Derek podia escutar o barulho das sirenes estacionando, antes que pudesse se levantar para ir até embaixo, escutou a voz assustada de Scott na porta.

- Papai? – perguntou com os olhinhos muito abertos – O que aconteceu com o vovô...

Scott tinha escutado os barulhos da ambulância e se assustou, foi rapidamente ver o que estava acontecendo para que Derek e seu pai estivessem demorando, ao entrar no quarto viu o avô caído no chão,  estava claramente assustado.

- Scott, seu vovô caiu, mas vai ficar tudo bem – tentou o acalmar Derek enquanto Stiles ainda não tinha conseguido dizer nenhuma palavra – Fique longe, sim, Scott enquanto os paramédicos vão fazer seu trabalho...

Derek estava tentando controlar as emoções naquele instante, porque as duas pessoas mais importantes de sua vida, estavam sofrendo, mas não tinha como ficar parado sofrendo junto, tinha que ajudar Stiles e tinha que manter Scott bem.

Os paramédicos chegaram a casa, levando John na maca até a ambulância e fazendo todos os cuidados necessários. Stiles iria junto com ele, pedindo para Derek avisar sua mãe.

- Scott... Por favor... Você não pode ir junto... – disse Stiles ao ver que o filho queria ir com ele.

- Mas papai quero ficar com você – implorou Scott.

- Eu vou ficar com você enquanto seu pai vai ajudar o seu vovô e tudo vai ficar bem, Scott não se preocupe – disse Derek tentando acalmar seu filho e não tinham tempo de decidir quem iria com quem.

Stiles foi ao hospital com o pai enquanto Derek tentava localizar Cláudia e ficaria com Scott por enquanto, mesmo que o garotinho, por certo, queria era ficar com o pai que conhecia, enquanto Derek fazia sua ligação, olhava pelo canto dos olhos Scott encolhido no sofá.

Era extremamente infeliz, pensar que se não fosse por John ter passado mal, não era essa sensação que estaria dividindo naquele momento, mas sim, a sensação de ser um pai reconhecido para Scott.

Seu momento feliz ainda não tinha chegado, pensava Derek, sabia que um dia chegaria, mas antes precisava manter Stiles inteiro. E a melhor chance que teria era manter aqueles que ele amava em segurança e isso significava cuidar de Scott com todo o carinho.

O garoto sentando emburrado no sofá enquanto Derek estava tentando fazer a ligação, estava pensando o que estava acontecendo, primeiro seu pai iria contar que estava namorando Derek e agora seu avô estava doente. Ficou entristecido em pensar o que poderia acontecer com seu vovô, e queria muito ir com seu pai numa hora dessas, ser criança era a parte chata, pensava Scott franzido as sobrancelhas. Numa parte tinha ficado feliz, que seu pai que dificilmente confiava em alguém o deixou sozinho com Derek, assim poderia ter alguma chance dos dois ficarem juntos.

Derek, que na sua vida, nunca tinha sentido uma impotência tão grande, naquele instante em ver a tristeza no rosto de seu garotinho foi como se alguém lhe desse um soco na boca do estômago. É claro, que Scott, não iria querer ficar muito tempo com ele, sem Stiles por perto, o garoto poderia gostar de Derek, porém, ainda sim, era como apenas um conhecido, ou um amigo.

Derek conseguiu ligar para Cláudia que ficou claramente desesperada, como todos. Iria diretamente para o hospital, porque não poderia deixar Stiles sozinho sem entender o que estava acontecendo, implorou para Derek cuidar de Scott, o que não era nem necessário, já que Derek o faria.

Foi difícil convencer Scott de não querer ir ao hospital naquela hora, não era necessário colocar o filho sobre essa pressão, decidiu leva-lo dali para sua casa, com sua irmã e mãe, o garoto não se sentiria sozinho.

- Eu sinto muito... – disse Cláudia chegando ao lado do filho sentado em uma das poltronas na sala de espera, esperando notícias de John.

- Quando iriam me contar? – exigiu o garoto já com os olhos avermelhado e bastante irritado.

Stiles tinha especulado sobre John no hospital era fácil conseguir informações quando conhecia e trabalhava na mesma aérea. E foi impossível resistir ao choque de saber que seu pai tinha câncer e estava no estágio avançado, foi tão desesperador que o pegou de surpresa quase o fazendo cair pela noticia. Porque não sabia, não tinha a mínima ideia que a doença de John tinha chegado a essas proporções e se soubesse antes não teria demorado tanto a voltar para casa.

Sentia-se culpado em ter deixado seus pais sozinhos tanto tempo, sentia-se mal por se manter longe por medo, por Scott, por Derek. Sua cabeça rodava com todo aquele sofrimento que sentia em seu peito, tudo parecia difícil, tudo parecia complicado demais para confrontar.

- Ele iria dizer no momento certo, eu sinto muito, filho... – respondeu Cláudia, sentindo-se péssima por ter que seguir as escolhas de John – Foi uma escolha dele...

 - Há quanto tempo? – perguntou Stiles esfregando as mãos nos olhos, uma tentativa de se manter controlado, para não desabar.

- Querido... – tentou dizer Cláudia, mas logo foi interrompida.

- Sem mentir, mãe...

- Faz um mês que houve o diagnostico... Eu não sei explicar direito, mas se quiser converse com a oncologista... – falou Cláudia em desânimo.

Stiles assentiu, era isso que faria, depois de finalmente receber noticias sobre o estado do pai, ficou sentando com sua mãe esperando, Cláudia tinha contado tudo para ele, sobre os motivos que levaram John a esconder sobre sua doença, não querendo ser um peso. Stiles escutava tudo em silêncio, pois, não tinha condições de argumentar, conhecia muito bem o próprio pai para saber como era teimoso quando colocava alguma ideia em sua mente.

E também, Stiles estava cansado emocionalmente, sentia isso em seu corpo, em seu estado físico, eram as emoções conflituosas sobre Derek, ter vindo à cidade e encontrar-se ainda o amando e descobrir que tudo que houve entre eles tinha sido um engano de comunicação. E revelar a Scott a verdade... Stiles passou as mãos no rosto, mais uma vez, só em pensar que deveria revelar a Scott sobre Derek e que no fim, acabou por ser adiado de forma nauseante.

Agora tinha seu pai em estado critico em um hospital, devido a esconder sobre uma doença grave, Stiles queria definitivamente acordar do pesadelo que parecia ter infiltrado no seu dia.

- Onde está Scott? – perguntou para a mãe se lembrando de que tinha deixado o filho, quase se levantando com tudo do seu assento.

- Fique calmo, ele está com Derek... – respondeu a mais velha deixando Stiles com uma expressão menos irritada.

- Ele também sabia não é? – disse Stiles olhando nos fundos dos olhos da mãe para que escondesse nada para protegê-lo.

Cláudia olhou para o filho da mesma maneira, mas conseguiu notar pelo tom cansativo da voz do filho, que ele não parecia irritado. Ela gostava muito da relação que Stiles tinha com Derek, conseguia perceber o quanto o seu garoto permanecia em sua adolescência feliz quando tinha começado a se relacionar com ele, queria outra vez que Stiles pudesse se permitir ser feliz novamente, ser amado devidamente, ter uma família completa.

Para ser exata, Cláudia transferia o sonho de John para ser seu sonho também, porque ver os filhos realizados e felizes era a missão de todos os pais, em toda a parte do tempo, era isso que Cláudia e John queriam para seu único filho.

- Ele sabia sim, mas isso você tem que perguntar a ele... Seu pai pediu sigilo, ele não tem culpa – ela respondeu depois de alguns minutos em contemplação de seus pensamentos.

Stiles afundou mais na poltrona macia, não respondeu sua mãe de primeira, apenas ficou pensando no que ela tinha falado. Não iria culpar Derek de esconder algo dele, já que tinha o feito por anos, e se John pediu sigilo era realmente muito nobre da parte dele o fazer.

Queria muito se sentir bravo e irritado com Derek para arranjar uma desculpa e mantê-lo longe de si, queria gritar com ele e colocar sua raiva para fora, pedir para que nunca mais o tocasse e mantivesse uma distância, não queria sentir seu coração batendo forte e acelerado por todos esses pensamentos, porque realmente eram tudo mentira.

O que Stiles, queria mesmo era que Derek estivesse ali com ele, cedo demais.

- O que já está fazendo aqui? – perguntou Talia para Derek, um pouco depois de eles terem chegado.

Scott estava sentado no sofá com algumas revistas de super-heróis, gibis e alguns livros ilustrados que Cora tinha guardado e que o próprio Derek possuía, alguns estavam envelhecidos e tinha outros muito bem conservados, alguns na perspectiva do garoto, eram raros. Cora estava sentada com ele, dizendo praticamente todas as histórias que conhecia e lendo algumas. Sorriu animada, pensando em como passava horas com Stiles fazendo a mesma coisa, e agora por ironia do destino poderia fazer o mesmo com o filho dele, e que por sua vez, era seu sobrinho.

- Eu tive que trazer Scott para cá... Ele podia ficar entediado e triste e eu não quero ver meu filho assim... – respondeu Derek abrindo seu celular e vendo a hora.

- O que aconteceu eu pensei que você iria falar tudo para ele, e vendo seu rosto agora, tenho a impressão que tudo deu errado. Foi o Stiles que mudou de ideia? – ela o fitou, preocupada.

- John desmaiou, bem na hora que iriamos começar a falar com Scott... – relatou Derek olhando para o filho e percebendo que o mesmo não prestava atenção na conversa.

- Meu Deus! – exasperou Talia – Ele está bem? E Stiles?

- Eu não sei... Mas eu preciso saber... – comentou Derek arrumando seu celular e sua carteira – Eu tenho que pedir um favor, mãe, fique de olho em Scott o mantenha ocupado e distraído brincando com ele, sei que vai fazer perguntas mais tarde sobre o pai e John, diga a ele que quando tudo se acalmar, Stiles vem para busca-lo... Promete-me que vai fazer isso...

- Aonde você vai? – perguntou a mais velha cautelosamente.

- Eu preciso estar com ele... – respondeu Derek decidido – Eu sei que ele precisa de mim... Vai me prometer ou vou ter que pedir para Cora, sabe que tudo é muito novo demais e que ainda não conversamos sobre isso, mas quero que trate meu filho bem e que ele não se sinta mal em estar na nossa família...

- Eu já lhe pedi desculpas por meu comportamento desprezível... – negou com a cabeça Talia sentindo-se triste – Me desculpe outra vez, eu não deveria ter dito aquilo, foi errado de minha parte e é claro que vou cuidar dele com todo o amor, ele é meu neto...

Derek assentiu com a cabeça positivamente, sentindo-se aliviado em poder deixar o filho na presença de um lar que o respeitaria, e também fez sinal para que a mãe não falasse muito alto sobre esse assunto. Ainda não era a devida hora de Scott saber tudo, não com John no hospital e Stiles provavelmente sentindo-se perdido.

- Derek... – começou Talia antes que ele pudesse ir – Quero que tenha cuidado... Você está cada dia mais inclinado a Stiles como se ele fosse seu guia e ele ainda não deu a resposta a você e eu tenho medo que ele possa vir a falar não e você outra vez ficar péssimo... Eu o vi sofrendo por esses seis anos, meu filho, e quando você iria começar a voltar a viver, Stiles retorna... Não tenho raiva dele, pois fiquei sabendo o que passou, mas fico ressentida por ele não se decidir e fazer com que você fique correndo até ele...

Derek olhou para sua mãe, tinha real noção que Talia estivesse preocupada com seu estado emocional e com seu coração. Ele ainda não tinha pensado se a resposta de Stiles fosse um não, retornar a sua vida, outra vez, sem Stiles. Não queria pensar nisso, porque doía só de imaginar, porque já tinha experimentado uma vida sem Stiles, a sensação de uma vida sem cores, sem amor, sem alegria.

Não queria viver isso de novo, e sabia que tinha que lutar porque havia esperanças, e enquanto o coração de Stiles bater acelerado, enquanto seus beijos forem correspondidos, enquanto tivesse uma ligação maior que qualquer sentimento que possa ter vindo a sentir, não desistiria.

- Eu vou sempre estar perto quando ele precisar de mim... – respondeu Derek sorrindo minimamente para sua mãe – Porque eu devo isso a ele, eu o amo, e se houve alguém que eu tivesse antes dele era tudo sentimentos enganados, porque eu amo Stiles muito mais do que pensei que pudesse amar outro alguém...

Talia não respondeu, e deixou que Derek fosse ao hospital para ver Stiles. Não que não gostasse do garoto, era um bom menino, mas tinha medo por Derek, era seu filho amado que poderia ter outra vez um coração partido. Olhou para Scott e sorriu o vendo animado com Cora. Tinha um neto saudável e com muita energia, só assim para perceber que seu filho poderia ter sofrido, mas Stiles poderia estar no mesmo caminho.

- Ele está melhor, foi um mal súbito que impediu suas vias respiratórias e o deixou com dificuldade em respirar o levando ao desmaio – disse a doutora Melissa para Stiles enquanto o mesmo estava sentado a sua frente – Ele deveria estar sentindo dores, eu o avisei a começar o tratamento para evitar isso...

- Ele está bem agora? – sussurrou Stiles sentindo a garganta seca.

- Está instável... Vai precisar ficar aqui por uns dias... – respondeu a médica gentilmente – Eu não sabia Stiles que o xerife não tinha lhe contado a verdade, eu sinto muito... Sei que essa noticia pegam de surpresa e sim, eu sei o quanto a situação deixa as pessoas infelizes, já lidei com muitos nessa fase...

- Eu preciso saber de tudo sobre isso... – pediu Stiles remexendo as mãos, num claro estado de nervosismo, pediu para entrar sozinho e deixou a mãe ir ver como seu pai estava.

Olhou para as paredes, lembrando-se que a primeira vez que esteve num hospital foi em saber que estava esperando um filho, um milagre da natureza e um grande susto em sua vida, das outras vezes era mantendo-se na vida, trabalhando durante horas como enfermeiro. E agora estava lidando com a notícia que seu pai poderia falecer a qualquer momento devido a um câncer pulmonar.

Enquanto a oncologista Melissa, narrava à situação de John, Stiles poderia sentir sua mente focada e ao mesmo tempo distorcida da realidade, nunca tinha pensando que poderia passar por uma situação dessas, já tinha visto várias pessoas lutando contra essa doença, mas estar a vivendo era simplesmente forte demais para controlar os impulsos de não chorar.

Ficou sabendo que o pai estava no estágio IIIB da doença, que já tinha afetado seus gânglios linfáticos e não poderia ser removido o tumor cirurgicamente, mas poderia começar ao tratamento de quimioterapia e radioterapia, e Melissa ressaltou que alguns pacientes poderiam até ser curados com esse procedimento, ao ver que deveria ter pleno estudo clínico e cuidados. A maior surpresa de Stiles foi saber que seu pai não queria fazê-lo, por não ter esperanças em se curar, pois nessa fase era quase terminal.

Mas Stiles, não desistiria e se houvesse alguma chance, seu pai deveria agarra-la com tudo o que tinha, era péssimo em pensar que poderia perdê-lo mais péssimo ainda era entender que John não queria sofrer.

Stiles tinha saído da sala, e encostado na parede por um breve momento, antes de ir ver seu pai em um dos quartos, só queria recuperar a voz e o fôlego. Depois iria tentar arranjar forças para ir até ele e o fazer começar o devido tratamento. Era como se o pai tivesse desistindo antes de lutar, e Stiles poderia ver claramente que não poderia deixar isso acontecer.

Fechou os olhos por um instante, para pensar, definitivamente tudo tinha mudado, é a lógica que não poderia ir embora de perto do pai mesmo que quisesse não faria. Não deixaria John sabendo do seu estado, teria que ficar na cidade, por ele. Era impossível, pensar em deixar a cidade sabendo que o pai estaria lutando para sobreviver contra o tempo a uma doença que poderia o levar para sempre.

Respirou pesadamente, sentindo seus olhos arderem, outra vez, não queria chorar, tinha que ser forte, como tinha sido durante esse período, tinha que permanecer forte pelos pais, por Scott... Scott pensou Stiles em desânimo, ainda tinha que dizer a verdade para o filho.

Era como ter voltado à cidade fosse uma montanha-russa de vários conflitos e emoções tomando conta de sua vida, era inacreditável tudo que estava vindo até ele, com uma rajada forte de vento, o tentando a sucumbir na dor.

Ainda de olhos fechados, sentiu um peso lhe puxando para frente, quase os abriu porque realmente achou que iria ao chão, mas o impacto foi mais macio em seu rosto, não precisou abrir os olhos para saber de quem se tratava, apenas deixou-se ser consolado pelos braços firmes e acolhedores de Derek. Afundou sua cabeça no peitoral do moreno, deixando que os medos e os receios escaparem, só sentindo-se acolhido em meio à fragrância forte e máscula do perfume de Derek.

- Vai ficar tudo bem, meu amor... – disse Derek o apertando em seus braços e sentindo algumas lágrimas mancharem sua camisa, não se importando nem um pouco – Eu estou aqui com você, agora...

Stiles apenas o abraçou mais forte, e deixou-se ser levado por Derek, era como se realmente precisasse dele, e estava, mesmo que ainda entorpecido por tudo, mais animado em ter Derek ao seu lado.

- Scott? – ele perguntou sentindo sua voz mais rouca do que do costume, depois de abrir os olhos e ver que Derek tinha o levado ao uma sala de espera vazia.

- Ele está bem, está com minha família... – respondeu Derek em sua frente agachado, enquanto Stiles tinha se sentado, com um copo de plástico nas mãos com água.

Stiles pegou e tomou sentindo o líquido queimando sua garganta numa matança de sede que nem tinha percebido, depois focou seu olhar em Derek que estava o analisando sem desviar o olhar. Derek percebia os olhos molhados e avermelhados de Stiles em sua frente e queria arrancar a dor do garoto, para amenizar seu estado, passou as mãos em seu olho, solvendo uma lágrima em seu dedo.

- Desculpe por não ter contado... – começou Derek segurando uma das mãos de Stiles, a sensação de fogo sobre seus dedos nunca iria mudar ao segurar a pele do garoto.

- Deveria ter me contado... – respondeu Stiles com mais firmeza na voz, mas não para brigar com Derek e sim, por ter conseguindo as suas forças para voltar do baque.

E sua força voltou, sem questionamentos, quando Derek se aproximou.

- Eu sei... – o maior disse sincero – Mas tudo foi uma loucura... Sua volta, ao saber de Scott, nós... Seu pai me contou no calor do momento e pediu que eu não falasse nada, eu pedi para que ele dissesse porque isso era algo realmente sério, mas ele disse que lhe contaria com o tempo... Acho que John tinha seus motivos e me fez prometer que ficaria ao seu lado e eu estou cumprindo não porque eu prometi, mas também porque você precisa e eu o amo...

Ver Derek se abrindo era tão novo para Stiles que nem parecia ser o homem que tinha conhecido há anos atrás, era como se ele tivesse aprendido com os erros a ser mais aberto em seus sentimentos. Stiles não iria fazer com que ele se arrependesse disso, foi difícil nunca ter conseguido saber o que Derek sentia por si, tempos atrás, e agora o escutando dizer era mais que bem vindo.

- Obrigado por estar aqui... – respondeu passando suas mãos no rosto de Derek o surpreendendo e sentindo em seus dedos os ralos fios da barba crescendo.

Derek sorriu, sentindo as mãos gentis de Stiles em seu rosto, como se somente aquele gesto fosse sua supernova o mantendo alinhado na Terra. Era como se ter o carinho daquele garoto fosse o suficiente para viver, se aninhou o rosto para o lado, como se quisesse aprofundar o contato.

Scott estava na cozinha com Talia e Cora, ambas estavam fazendo um bolo de chocolate para ele. E Scott estava contente com as duas mulheres conversando e o mantendo distraído, o garoto sabia que elas estavam fazendo o impossível para mantê-lo animado na casa. Mas, Scott, queria muito ir até seu pai e Derek e ver o que tinha acontecido com seu avô.

Não poderia ir até lá, ficou sabendo pela mãe de Derek que depois que tudo se resolvesse seu pai viria o buscar. Scott estava pensando que seu pai e Derek deveriam estar namorando, já que seu pai confiar em alguém para deixa-lo era algo que não fazia.

Mas deixou as perguntas de lado, quando Cora o chamou para ajudar na cozinha, Scott sorriu, dizendo que não sabia cozinhar, mas sua tia que não conhecia ainda, disse que o ensinaria.

Talia e Cora mantiveram Scott animado enquanto estavam na cozinha, Scott tinha derrubado farinha no chão algumas vezes e em seu próprio rosto o fazendo rir enquanto Cora também tinha o rosto sujo. Depois de alguns minutos, o bolo estava sendo assado.

- Meu pai está demorando... – disse Scott enquanto Cora o ajudava a se limpar, trocando sua blusa por outra.

- Qualquer coisa, Derek tinha dito que ligaria para mim... Fique tranquilo que tudo está bem... – ela respondeu sorrindo para animá-lo – Enquanto isso você pode me contar sobre seus amiguinhos na sua cidade...

Scott começou a conversar com Cora sobre seus amigos e sua escola, essa era uma ótima conversa para manter o garoto ocupado e não ficar pensando e ficando triste. E era uma boa maneira de Cora saber um pouco mais sobre o sobrinho.

Depois que se limpou, Scott pode comer de seu primeiro bolo, feito com seu auxilio. Sentando a mesa, estavam as duas mulheres sorrindo gentilmente para ele, enquanto deixavam-no saborear a cobertura de chocolate que descia do bolo fofinho e apetitoso. Scott comeu dois grandes pedaços se sentindo satisfeito na última garfada, agradeceu a Talia e Cora, como um menino educado.

Enquanto elas começaram a retirar a mesa, Scott estava se sentindo sonolento e cansado, o entardecer podia ser visto pela grande janela que tinha na sala, mantendo os raios do sol, mesmo nos dias frios alcançarem o sofá. Scott deitou-se ali, enquanto elas estavam ocupadas.

Ficou olhando para o teto, sentindo seus olhos pesarem, mas não queria dormir ali novamente, lembrando-se que quando tinha acordado estava na sua cama no dia seguinte. Queria ficar acordado para ver seu pai chegando e perguntar o que tinha acontecido, também queria saber o que Derek e seu pai tinham a lhe contar antes. Mas era difícil manter os olhos abertos quando estava realmente cansado e com sono.

- Acho que demoramos tempo demais limpando a bagunça – disse Cora para a mãe enquanto observava Scott dormindo – Bem que Derek disse que ele dormia onde for quando estava cansado.

- Me lembra de alguém, não é? – comentou Talia sorrindo, lembrando-se que Derek também tinha essa mania quando era pequeno.

- Ele tinha que puxar alguma coisa de Derek – disse Cora baixando a voz, enquanto cobria Scott com uma coberta – Acha que devemos colocar ele na cama?

- O sofá é confortável se mexermos nele, podemos atrapalhar seu sono... – respondeu a avô coruja e sentindo as emoções lacrimejarem seus olhos  – Ele é tão lindo, né, nunca pensei que poderia ter um neto...

- Mamãe fale baixo – respondeu Cora sinalizando com as mãos.

- Não vejo a hora de poder chamar Scott de neto e o abraçar com uma avó... E Derek também está louco para ser reconhecido como pai – disse Talia já no cômodo ao lado – Ele parece gostar muito de nós sem nos reconhecer ainda, por isso que dizem que o sangue realmente puxa...

- Ele é esperto... Tinha que puxar Stiles e ao mesmo tempo também puxou ao Derek – comentou a mais nova sorrindo – Ele é com certeza uma mistura perfeita dos dois...

Enquanto mãe e filha conversavam, Scott abriu os olhinhos, escutando, seu coração batia apressadamente em curiosidade, sabia que seu pai tinha lhe dito que não poderia escutar conversas alheias de adultos, mas aquilo tinha a ver com sua vida. Enquanto escutava cada palavra desde que as mulheres estavam na sala, era como se seu cérebro não descansasse e ficasse ligado, esperando para expandir o conhecimento.

Scott virou-se para cima, sentindo-se seu coração num compasso acelerado e sua respiração também, não tinha dúvidas do que tinha escutado e sem conseguir entender realmente como isso seria possível. Seu pai não iria contar que estava namorando Derek, era algo muito mais complexo para sua cabecinha.

Mas em vez de Scott, ficar triste em saber sobre isso por meio de outras pessoas, apenas se lembrou de que seu pai e Derek iriam lhe contar tudo, se não fosse por seu avô ter ficado doente. E agora, mesmo que apenas era um garotinho, podia entender porque sentia amor por Derek.

 Lembra que eu disse que um dia eu contaria sobre seu nascimento... As palavras de seu pai ecoarem em sua mente e de repente Scott juntou as peças.

Derek também era seu pai...

E Scott, em vez de ficar bravo, ou decepcionado, sentiu os músculos do rosto se esticando num sorriso.