História Fear of Love (Sterek) - Capítulo Quatro. (corrigido)

Capítulo Quatro.

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“Amo meu silêncio porque ele é cheio da sua presença...”

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Derek estava sentando em sua velha cadeira dentro do seu quarto ainda de pijama enquanto notava ser quatro e meia da madrugada. Há vários anos não conseguia dormir direito com a insônia persistindo a vir lhe atormentar. Era mais um dia sombrio para ser encarado desde o dia que ele foi embora.

Há alguns anos atrás conheceu o garoto que o encheu de vida e deu uma segunda oportunidade para seu coração, a oportunidade que havia deixado escapar sem compreender os motivos.  Que infelizmente havia deixado ir sem conseguir correr atrás e o trazer de volta.

O homem com seus olhos esverdeados sentia saudades. Sentiu por quase seis miseráveis anos.

Depois que Stiles havia ido embora perdeu mais do que achava que poderia perder, a dor que sentiu foi pior do que quaisquer outras dores que tinha sentido, tinha se afundando mais ainda em seu próprio mundo e perdido em seus pensamentos fechando-se totalmente.

Cora minha irmã mais nova estava com problemas na escola. Ela tinha apenas quinze anos e eu me perguntava o que uma adolescente sabe sobre problemas, mas nós éramos uma família quebrada que tinha acabado de sobreviver de um incêndio e a culpa por todos os anos me cegava e me mantinha em estado entorpecedor.

Vários anos de terapia foram apenas o pavio pequeno insuficientemente para amenizar minha dor. Não confiava em mais ninguém nem naquela maldita palavra chamada amor.

Por minha culpa minha família foi quase morta por uma psicopata que um dia eu pensei que estava apaixonado. Um jovem sem rumo e sem condições nenhuma de viver um relacionamento conturbado por uma mulher mais velha e cheia de dívidas com minha família.

Havia sido fraco o bastante para ser manipulado.

Eu precisei de alguns anos para me recuperar e conseguir olhar nos olhos de minha mãe, pai e irmãs e pedir perdão por isso.

Em consequência desses atos minha mente se fechou para meu próprio mundo e não conseguindo ser quem costumava ser, não poderia ser mais um garoto fraco e manipulável tinha que ter cuidado por onde eu andava com quem eu me relacionava.

Eu não tinha mais esperanças.

Até aquele dia.

“Eu tenho um novo amigo”

Quando eu escutei essas palavras em um jantar familiar da boca de minha irmã, eu nunca imaginei que eu conheceria aquele garoto magricela e debochado e ele entraria na minha vida, rasgando minhas defesas e encontrando um lugar em meu coração destruído.

Eu não queria amar de novo, não queria deixar minhas defesas expostas, contudo Mieczyslaw Stilinski conseguiu o impossível.

Conseguiu me fazer sentir o que eu não tinha sentido em nenhum momento da minha vida, e se eu acreditei que um dia eu tinha amado alguém era realmente tudo mentira.

Eu me apaixonei pelo melhor amigo de minha irmã mais nova e tive medo.

Era difícil acreditar que Stiles tinha ido embora, Derek acreditou em seu amor quando não tinha mais esperanças em ser amado e depois foi deixado e a culpa sempre vinha lhe atormentar porque sabia que se tivesse sido sincero sobre os seus próprios sentimentos ainda teria o seu garoto tagarela ao seu lado.

Nenhuma satisfação nem notícias por anos e aquilo machucava como ferro em brasa o seu coração.

Tentou de todas as maneiras encontrar seu Stiles, seu garoto que tinha seu coração em suas mãos que tinha Derek para si como ninguém jamais teve, mas não conseguiu o encontrar. Deixou que Stiles conseguisse alcançar o que queria era exatamente isso que Derek pensou que não queria o prendê-lo para si enquanto um jovem brilhante como ele poderia conquistar o mundo.

Deixou que Stiles pudesse alcançar o que queria em ser livre. Derek já tinha suas experiências do mundo, Stiles era apenas um adolescente que poderia querer mais e não iria conseguir prendê-lo para si como um egoísta.

Derek queria que fizesse sua vida e sua faculdade, mas o queria de volta em algum momento.

Queria ter a certeza que eles estariam juntos no final. Quantas e quantas vezes imaginou o retorno de Stiles para a cidade finalmente dizendo que estava de volta e foi um erro ter ido sem avisar, Derek o receberia de braços abertos ansiando por isso. Criou diversas maneiras de um reencontro e finalmente diria que o amou desde a primeira vez que o viu, desde as suas enxurradas de palavras jogadas sem respirar, desde o toque singelo e doce de seus lábios sobre os seus.

Os anos passaram e nenhumas de suas fantasias se tornaram reais.

Stiles tinha sumido como fumaça no meio de um dia quente e ninguém dizia onde e encontrava.

“- Onde ele está? ”

Eu gritava feito um louco na frente da casa do xerife tendo a certeza que John poderia me prender. Estava fora do meu juízo perfeito totalmente embriagado.

“- Derek vamos embora” Minha irmã Cora que me seguia com medo que eu cometesse alguma loucura tentava sem êxito me tirar de lá, mas eu estava desesperado já se faziam três meses que Stiles tinha me deixado, deixado a cidade sem aviso não atendia minhas ligações.

Eu sentia a culpa em mim. Stiles estava bravo porque eu tive negócios para cuidar e evitei-o por alguns dias, mas eu queria que ele escolhesse sua faculdade sem me ter por perto para tirar seu foco, ele merecia o mundo, merecia o melhor.

Eu nunca poderia imaginar que ele iria me deixar.

E se me amava como dizia sempre sem vergonha nenhuma como pode me deixar para trás?

“- Ele está bravo eu sei que ele está, mas eu posso explicar para ele tudo, me diga onde Stiles está? ” –não conseguia falar certo, o gosto do uísque barato fazia com que minha língua ficasse mole e minhas pernas cambaleassem pelo quintal dos Stilinski.

Quando eu vi a mãe dele com lágrimas nos olhos tive medo, medo do que poderia vir, eu não entendia nada do que estava acontecendo ali e estava tão bêbado que eu poderia estar imaginando coisas. Mas foi olhar para a mãe do homem que eu amo que eu sabia...

Nada estava bem eu tinha o perdido para sempre.

E eu só queria saber o motivo, o motivo de ele não me enfrentar como sempre fez.

“Leve o daqui... Stiles não quer saber mais nada dessa cidade...”

As palavras do xerife foram como socos em meu estômago, eu poderia vomitar a qualquer momento enquanto Cora tentava inutilmente carregar-me até o carro.

Nunca conseguiu encontra-lo e desistiu quando teve a certeza que Stiles não queria ser encontrado. Stiles tinha desistido de tudo e de todo aquele sentimento que dizia existir.

 Se na época soubesse que o perderia teria lutado mais para que Stiles soubesse o quanto era importante, o quanto era amado.

Derek sofria, mas tinha que algum momento tentar superar mais uma perda em sua vida.

Ele levantou-se do sofá e foi se preparar para mais um dia cansativo afogado em seu trabalho e tentar viver um dia de cada vez como sempre fez até agora.

Perder Stiles foi um golpe muito forte que ainda não conseguia esquecer e com o tempo acabou perdendo o pai também, mas para a morte. Assumiu definitivamente os negócios da família para conseguir estar ocupado e manter a cabeça em planos e trabalhos para que conseguisse esquecer seus sentimentos conflituosos e seu amor por aquele garoto que tinha ido embora e levado consigo toda a luz e esperança de um dia melhor, uma parte muito importante de si mesmo.

— Quando acordou? – sua mãe lhe perguntou enquanto ele estava sentando com um jornal aberto na mesa da cozinha.

— Já faz algum tempo – Derek respondeu um pouco alheio de sua presença.

— Cora precisa de uma carona para seu trabalho e uma amiga sua ligou perguntando se o encontro está ainda de pé – sua mãe o olhou com um olhar de felicidade sabendo que talvez o filho esteja novamente voltando a viver corretamente depois de mais um baque que foi a perda do filho do xerife.

Talia entendia que ambos de seus filhos sofriam de maneiras diferentes pelo desaparecimento repentino de Stiles de suas vidas. Cora por perder o único amigo, sentiu raiva e infelicidade por nem ela o rapaz atender quando ligava e Derek por perder algo precioso que tinha encontrado.

Cora não falava mais sobre Stiles e disse que ele era um ingrato por ter a deixado de lado. Com os anos colocou a culpa em Derek porque tinha certeza que o irmão não deu valor em seu amigo, mas com o tempo também o vendo sofrer pode perceber que Derek o amava.

Falar sobre Stiles naquela casa sempre era um motivo de dor.

 

Derek não costumava frequentar aquele lugar e não costumava sair durante um grande período de tempo. Não queria se envolver com mais ninguém, mas foi obrigado por sua família a tomar uma atitude e se divertir. Realmente não tinha ideia de como sair em encontros por quase seis anos, seus últimos encontros tinham sido inteiramente com um adolescente sarcástico.

E foi um grande desastre porque no final acabou o perdendo.

Mas naquela época seus silêncios eram constantemente adequados quando se enchiam com a presença daquele rosto e sua língua afiada, ficar com Braeden não tinha as mesmas emoções. Não havia nada.

Sentia-se deslocado no meio daquela lanchonete como se fosse errado estar ali com outra pessoa, mesmo que o tempo tenha passado tão rapidamente percebia e sentia no seu coração que era um erro iludir as pessoas quando não tinha nada para oferecer.

Porque seu coração ainda tinha alguém pulsando e o esmagando em alerta.

Derek se encontrava totalmente perdido em frente dela que conversava animada e com certo entusiasmo que não tinha certeza se era por sua presença. Não conseguia prestar muita atenção no que a mulher dizia, pois, seus pensamentos voavam em uma época que tinha seus olhos e ouvidos inteiramente para Stiles, mesmo que às vezes o deixasse falar por quase todo o encontro encantado com sua voz ou timidamente afetado por sua presença.

Mesmo quando falava palavras sem sentidos era ótimo saber que ele estava ali inteiramente feliz, era isso que ele sempre pensou antes de perdê-lo.

— Será uma festa estonteante no dia de ação de graças... o que me diz? – indagou Braeden fazendo Derek franzir o cenho em desespero.

“O que ela está falando? ” Pensava sem saber exatamente qual era o assunto dando respostas monossilábicas.

Por ela, não pensava muito antes de qualquer palavra a ser dita, não tinha o nervosismo que o incendiava quando conversava com Stiles mesmo ele sendo apenas um garoto. Na verdade Derek era intimidado por aqueles olhos sobre ele era intimidado pelo jeito intenso que Stiles sentia e o jeito que o garoto amava.  Escutava cada palavra que saia da boca dele, mas com outras e outros em vários encontros fadados ao fracasso porque sempre comparava. Não. Não era dessa maneira e nem perto de sentir bem comparado a Stiles.

Derek percebeu que não estava pronto para continuar em encontros que não dariam certos. Continuar com aquilo realmente magoariam outras pessoas, pensou que aquela seria a última noite que sairia com Braeden e colocaria um fim naquele ímpeto de conseguir ser feliz.

Não acreditava que poderia ser feliz ainda com outros amores enquanto não conseguia se libertar inteiramente nem com a pessoa que verdadeiramente amou.

Ela ainda aguardava sua resposta sentada na sua frente erguendo as sobrancelhas e Derek se perguntou por que realmente tinha aceitado sair com ela se não havia emoção nenhuma e muito menos atração. Ah sim! Resmungou em seu pensamento queria realmente tirar a família de seus calcanhares que viviam dizendo que se não saísse e curtisse a vida como um homem solteiro a procura de alguma coisa o fariam retornar as sessões de terapia.

Aquilo era exaustivo.

— Ainda não conversei sobre o dia de ação de graças com minha família... então não sei – Derek respondeu quase friamente para não haver nenhum convite estendido para ela.

E vendo seu olhar de relance pode perceber que aquela não era a resposta que ela esperava escutar.

Mas Braeden não ficou muito tempo sem responder e engajou novamente em outra conversa. Um assunto que Derek não tinha o menor interesse.

 Realmente estava incomodado com a tagarelice dela, não era como Stiles, não tinha como ser interessante e cheio de atenções voltadas quando ele observava aqueles lábios rosados em sua direção.

Derek pensava que seria sempre assim lembrando-se de Stiles enquanto não tinha nenhuma notícia dele e nem sabia onde se encontrava.

Realmente entediado com a tagarelice monótona levou a xicara de café aos lábios e percorreu o lugar com o olhar perdido. Nunca tinha pisado os pés naquele ambiente mesmo sabendo que era antigo. Era um pouco afastado de suas localidades e dos rumos do seu trabalho e casa que percorria todos os dias.

Só o que realmente gostou naquele dia foi do café, forte e bom que estava tomando.

 Como uma rachada de sons em sua direção aquele riso forte chamou sua atenção instantemente. Aquela risada fácil de uma criança no lado oposto da lanchonete foi como um chamado para tirá-lo de seus devaneios e prestar realmente atenção no que se passava ao seu redor.

Um homem brincava de alimentar um garotinho com batatas fritas cobertas de Ketchup. Vendo o garotinho que estava virado em sua direção pode vê-lo todo lambuzado e realmente deveria ser aquilo que o fazia rir muito mais alto.

Derek não conseguia entender porque não conseguia tirar os olhos daquela cena, algo naqueles dois o atraia de uma maneira descontrolada. De onde se encontrava não podia ver o rosto do jovem muito bem, mas o garotinho era uma criança muito bonita e o fazia lembrar-se de algo que não conseguia distinguir.

 Com um intuito que não sabia de onde surgia dentro dele começou a avaliar melhor aquela mesa afastada de si alguns metros nem se importando com Braeden que ainda falava. Pode observar as feições pequenas do garoto e seu riso fácil com seus dentinhos de lentes olhando o rapaz que estava sentado com ele, pode ver que tinha cabelos castanhos em um topete, pele ligeiramente branca, a estatura e o jeito de...

Por um momento seu coração parou de bater.

“Não, não pode ser.…” pensou ao voltar-se a olhar com mais firmeza para o rapaz sentando naquela mesa. Observou novamente o formato dos ombros e da cabeça eram as mesmas, conhecia muito bem, pois já tinha explorado aquela pele.

‘“Eu estou ficando louco” balançou a cabeça inconformado. Não era a primeira vez que isso acontecia e nem seria a última, não poderia ser ele dessa vez como também não fora em outras ocasiões. Quando seu desejo de o ter de volta fazia sua mente lhe pregar peças.

Quando ia voltar-se para Braeden e encerrar aquela noite desastrosa de vez, o rapaz do outro lado da lanchonete deu uma gargalhada alta.

Derek empalideceu. Segurou suas mãos fortemente na mesa enquanto escutava aquela risada sentindo seu coração parar e bater fortemente ao mesmo tempo ao reconhecer aquele riso.

Conhecia aquele riso que o vinha perseguindo por quase seis anos.

Não era uma questão de subjugar nem uma questão de entendimentos quando percebeu estava em pé indo na direção daqueles sorrisos deixando Braeden de boca aberta sem entender sua afobação.

E enquanto dava seus passos rápidos esbarrando em algumas pessoas sua visão foi ficando cada vez mais nítida e mesmo que aquele rapaz esteja mais encorpado e não tão magro  sabia exatamente quem ele era.

Reconheceria Stiles de qualquer maneira.

Parou na frente daquele homem que tinha levado sua alma e seu coração com ele não conseguindo frear o nome que tentou diversas vezes, inutilmente esquecer.

— Stiles?

Foi quando viu aqueles olhos cor de âmbar o fitando que teve a real certeza que estava novamente frente a frente com seu ex. E não conseguia distinguir seu emaranhamento de sentimentos naquele reencontro.

Apenas queria saber o motivo de ser deixado para trás por ele.

Stiles estava realmente nervoso que lugar e que momento para reencontrar justamente Derek.  Não conseguia fazer com que suas mãos parassem de tremer.

— Stiles é você? –  escutou a voz de Derek ainda insistindo em uma conversa.

Simplesmente não conseguia exprimir nenhum som de sua voz com medo que a verdade fosse dita em meio as suas palavras. Medo de Derek entender tudo quando começasse a desabar em uma enxurrada de conversações. Nunca pensou em sua vida que ficaria no completo silêncio que tanto temia.

Já Derek o contemplava como se tivesse visto um fantasma querendo o tocar para ter a certeza que não estaria tendo uma alucinação. Tinha certeza que naquele dia não tinha ingerido álcool nenhum em seu organismo.

Tinha que ser real.

Stiles estava bem em sua frente como sempre imaginou e não poderia perder a oportunidade.

— Como vai? – Derek insistia para que Stiles pudesse falar para que pudesse escutar finalmente sua voz e o tirasse do estado completo de agonia por saber se realmente estava vivendo um sonho ou uma realidade.

— Bem... – Stiles sentiu como se sua garganta tivesse algo preso e salivando amargo. Tinha quase certeza que sua voz saiu como num sussurro baixo e inaudível quando se tornou aquela pessoa? Não se conhecia – E você?

Derek o fitou intensamente. Aquele não se parecia com seu Stiles, aquele garoto verborrágico que o deixava sem ar, mas isso realmente não importava e os únicos pensamentos que invadiam sua mente eram que Stiles estava de volta e quando chegou e por quanto tempo ficaria.

Não se importava com o passado queria saber sobre Stiles.  Sabia que ele poderia voltar para a cidade, não tinha certeza se voltaria para ele, mas a esperança ainda brotava em seu peito ao vê-lo a sua frente.

— Na mesma – respondeu fitando Stiles bem nos olhos para não perder nenhum de seus movimentos com medo que pudesse evaporar-se, mantendo a conversa para que Stiles falasse, precisava saber a verdade – Você voltou para a cidade?

Stiles não entendia o motivo de Derek estar falando com ele como se nada estivesse acontecido. Como se a razão por ter ido embora sem uma explicação não tivesse sido um fato e pensava se realmente nada tinha importado para ele.

— Na verdade estou de férias e aproveitei para visitar meus pais – Stiles comentou sem saber o que mais poderia dizer.

Derek estava relutante em sentar-se à mesa e arrancar informações precisas do motivo de sua saída repentina da cidade e porque estava tão nervoso ao falar com ele. Derek percebia que Stiles estava claramente tentando desviar-se e não deixaria isso acontecer.

Se antes o tinha perdido por não conversar e for sincero no que estava sentindo tinha uma segunda chance de dizer a verdade. Não ligando sobre o fato de Stiles ter ido embora provavelmente aquele garoto estava irritado com ele.

Com toda a razão.

— Seus pais me contaram que você foi fazer faculdade fora – Derek estava rodeando, porém estava desesperado para perguntar o motivo da ida de Stiles de sua vida e porque motivos tinha sido tirado e jogado brutamente do seu lado – Para aonde você foi? – E porque não me disse nada completou em pensamentos.

Stiles observou as reações de Derek e a culpa vinha em sua direção como uma imensa dor. Mentia sobre algo sério e não tinha coragem de admitir seu erro e ver Derek querendo saber por entrelinhas como sempre fez os motivos de sua saída da cidade o fazia se tremer dos pés à cabeça sem saber o que de fato falar.

Derek esperava sua resposta mexendo com as mãos umas nas outras sentindo o nervosismo exalando em sua pele com suas mãos começando a formigar.

— Isso mesmo... fui para São Francisco. Fazer faculdade ser alguém no mundo –  mentiu e se desviou do assunto – Fiquei sabendo sobre seu pai... realmente sinto muito ele era uma boa pessoa.

— Pensei que você viesse ao enterro – Derek não conseguiu forçar uma voz firme nesse momento lembrando-se que realmente esperou ver Stiles nesse dia.

— Recebi a notícia tarde demais – Stiles nesse momento foi sincero.

— Isso significa que você poderia ter vindo?

Stiles sentiu seu coração se apertar. Realmente não poderia ter vindo pois Scott tinha apenas um ano e não poderia deixar o filho sozinho e voltar à cidade. Não poderia realmente ter vindo e não sabia o que responder.

Derek esperava por ele? Era isso ou estava entendendo tudo errado.

Se encararam por um tempo sentindo as mesmas emoções do passado se amontoar sobre eles num clima tenso.

O olhar de Derek sobre Stiles se suavizou instantaneamente não querendo saber mais nada, Stiles estava de volta e era isso que importava. Tentaria apagar todo o sofrimento que viveu sem ele e diria que sempre o quis e o quer de volta. Compreendia que Stiles tinha sido uma peça importante em sua vida e ainda sentia os mesmos sentimentos aflorados em seu coração.

Se Stiles ainda sentia não poderia dizer naquele momento, mas iria tentar como deveria ter feito há anos atrás.

— Papai... posso tomar um sorvete?

A voz de Scott quebrou o encanto de Derek que desviou seu olhar para aquele garotinho que tinha se esquecido automaticamente que estava na mesa com Stiles.

Papai...Pai?

Stiles voltou-se para o filho escondendo suas mãos que tremiam sem parar e amaldiçoando as coincidências do destino. Não estava preparado psicologicamente para esse reencontro, não dessa maneira. Sentia o olhar de Derek rasgando sua pele.

Derek começou a olhar fixamente para Scott que retribuiu o olhar sem timidez.

E de repente uma grande tristeza invadiu Stiles por saber que Scott fitava o outro pai e para o seu garotinho não se passava de um desconhecido.

— Posso papai? Um de morango?

— Depois que terminar seu sanduiche pode sim – Stiles conseguiu finalmente voltar sua atenção para quem importava.

— Eu já terminei papai... olhe – Scott apontou para o seu prato.

Só então Stiles notou que o filho já havia realmente terminado o lanche.

— Tudo bem, Scott.... Já vamos comprar, está bem – Stiles prometeu.

— É seu filho? – Derek disse soando desesperado.

Não estava entendo mais nada.

Stiles olhou para ele e viu o desespero em seu rosto.

— É sim, meu filho Scott – disse por fim.

“Filho, filho, quando ele teve um filho...” Derek pensava, sentindo-se quebrado por dentro. Acreditava já ter sofrido o bastante, porém nada se comparava a dor que o dominou quando soube que seu Stiles era pai e que poderia estar casado.

Que refez sua vida sem ele.

Era ilógico, mas sentia-se enganado e ofendido no mais íntimo do seu ser, Stiles era um adolescente se descobrindo naquela época quando se viu totalmente apaixonado e nem percebeu que realmente aquele garoto pudesse ter dúvidas sobre sua sexualidade.

Derek moveu seu pensamento na única explicação que seu cérebro alcançava, analisando a criança ao lado do homem que amou pode perceber que ela poderia ter cinco ou seis anos. Mesmo período de tempo que eles estavam juntos...

Ele foi traído. Derek só pensava que foi traído... E a dor aumentava.

— Ninguém me disse que você tinha se casado –  disse num tom sarcástico que nunca usou sentindo a dor ser expelida em cada palavra soada – Você não perdeu tempo não é mesmo? Stiles...

Stiles não sabia como enfrentar aquela situação e o que diria. Se realmente estava com uma mulher e que tinha feito um filho com uma esposa. Seria tudo uma grande mentira, mas não estava pronto para a verdade que existia entre eles.

— Hora de ir Scott – Stiles se levantou e começou a arrumar o filho fugindo novamente da ira que sentia na direção de Derek.

— Mas papai eu quero o sorvete – Scott choramingou.

— Mais tarde – disse Stiles pegando o casaco e a carteira.

Derek observava ainda paralisado em seu lugar o vendo pegar o menino no colo. Não conseguia ir até ele e o puxar para que Stiles pudesse falar à verdade que estava esperando.

Mas a dor estava o entorpecendo por saber que tinha sido trocado, o amou com loucura e estava sofrendo em vê-lo com um filho.

— Seja homem uma vez e não fuja e me diga o que eu perguntei – Derek esbravejou alto o bastante para fazer Stiles parar no meio do caminho antes de alcançar a porta para se livrar do momento constrangedor.

Stiles voltou seu olhar para ele que estava com os olhos vermelhos com o maxilar trincado. Derek merecia saber a verdade, mas estava tudo tão confuso que não conseguia dizer nada.

Ele sentia que seus olhos estavam quase marejados e queria sair daquele lugar antes que desabasse.

— O que foi Derek? – Stiles viu a mulher caminhando em direção a eles com uma expressão confundida.

Derek olhou para Braeden sentindo sua dor o consumir e rasgar seu peito. Sentiu que queria ver Stiles sofrendo também, que o traiu com frieza e o deixou sozinho formando uma família com filhos sem ele.

Sentia-se enganado e ferido. Dor latejante em todo seu corpo e sua mente apenas apontava um caminho.

 Um caminho dolorosamente insano. Vingança.

— Nada meu amor... –  pegou as mãos de Braeden na frente de Stiles.