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História Fear of the Dark - Capítulo Único


Escrita por: Miichele

Notas do Autor


Espero que gostem! Mais uma fic juhaku!

Capítulo 1 - Capítulo Único


Mais uma vez ele não conseguia dormir.

Mais uma vez ele podia ouvir os passos do lado de fora de seu quarto.

Mais uma vez, se ele ousasse sair de sua cama, ele encontraria aquelas pessoas estranhas ou… coisas, o que quer que fossem, que começaram a vagar pelo palácio.

Seus rostos eram cobertos por um tecido fino e branco. Mas eles não podiam ser vistos.

Pareciam deslizar pelo chão com aquelas longas vestes que flutuavam quando passavam por ele, mas não tanto a ponto do menino de olhos azuis conseguir ver o que havia por baixo daqueles mantos.

Antes de acordar, eles não estavam ali. Ele tinha certeza.

Havia passado uma semana apenas desde que Hakuryuu foi autorizado a se levantar e a sair da cama. Dois longos meses se passaram após o incêndio, mas para Hakuryuu, não mais do que apenas uma semana. Afinal, durante aqueles dois meses ele ficara em coma profundo.

E, às vezes, ele realmente achava que não devia ter acordado.

Ainda mais depois do ocorrido daquela tarde.

Sentindo-se inquieto, Hakuryuu precisava perguntar a sua mãe a verdade. Mesmo depois daquele terrível trauma, ele podia se lembrar da voz de seu irmão mais velho. As palavras que Hakuyuu dizia ser a verdade. E claro, o quarto príncipe não acreditaria naquilo. Ele amava sua mãe mais do que qualquer coisa.

A Imperatriz Gyokuen era uma mulher de beleza incomparável. Porém, mais belo que os suaves traços faciais ou o atraente corpo que era possível ver mesmo sob pesadas roupas, era seu sorriso. A Imperatriz do Império Kou era conhecida por ser uma mulher com um belo sorriso. Tão doce e amável. Toda mulher no palácio a invejava. Ela era bonita, forte, decente e mesmo após a perda de seu marido, ela foi abençoada novamente ao se casar com o irmão mais velho de Hakutouku. E desse jeito ela ganhou mais filhos, esses de Koutoku. E aquilo tinha sido muito importante, afinal, ela havia acabado de perder seus legítimos filhos mais velhos.

"

— Hahaue-sama, é verdade? - os inocentes olhos azuis brilharam ao questionar.

— Sobre o que está falando, meu querido Hakuryuu?

Tão gentil como era, Ren Gyokuen se agachou para se equiparar à altura de seu filho de apenas seis anos. Agora eles poderiam se encarar apropriadamente para conversar.

— Yuu-nii me disse… que hahaue-sama é culpada da morte dos meus irmãos… e da morte do chichue também. - uma lágrima escapou quando encarou sua mãe. Ela estava perplexa, mas não estava irritada ou triste. - Eu não acreditei, hahaue-sama! Hahaue-sama nunca faria algo assim, não é?

Era como se Hakuryuu estivesse implorando para que ela dissesse que não era a verdade. Mas a resposta que ele ansiou tanto para ter foi completamente diferente da que ouviu.

— E se eu for culpada? O que você vai fazer? - ela sorriu, suas mãos apertando com força os braços de Hakuryuu.

Doía. Doía tanto. Mais que cada ferimento que ainda estava coberto por aquelas ataduras.

O que havia acontecido com sua mãe? Ela… realmente havia matado seu pai e irmãos?

As lágrimas escorriam pelo rosto pálido do menino, que não pôde fazer nada a não ser apenas encarar a imperatriz.

"

Apenas se lembrar daquilo fazia com que Hakuryuu sentisse seu rosto úmido novamente.

Por que tudo aquilo tinha acontecido?

Ele segurou firmemente os lençois que o cobriam e apertou seus olhos fechados. Como ele queria ir para o quarto de Hakuyuu ou de Hakuren para dormir ao lado deles, para ser abraçado e sentir todos os seus medos desaparecem.

Mas subitamente ele pôde sentir o chão vibrar. Passos apressados foram se aproximando quando a porta de seu quarto foi aberta e Hakuryuu viu um pequeno garoto entrar. Quem estava ali?

Ele pôde ver uma longa trança. O príncipe sabia exatamente quem havia corrido para debaixo da sua cama.

Um pouco confuso e assustado, ele se levantou para se agachar.

— E-ei…

— Shhh!!!

Os olhos avermelhados eram visíveis, até mesmo, no escuro.

Hakuryuu cobriu sua própria boca quando sentiu a mão do garoto agarrar seu pulso.

— Venha pra cá! Eles vão te encontrar também!

Assustado ao ouvir aquelas palavras, Hakuryuu obedeceu, escondendo-se debaixo da cama e se vendo ao lado daquela menino agora.

Ele tinha uma beleza exótica. A pele ao redor daquele par de rubis era sombreada pela maquiagem cor-de-rosa. Ele estava usando roupas imperiais.

— Você não quer ir dormir? - Hakuryuu sussurrou. - É por isso que está fugindo?

— É claro que quero dormir… - o garoto parecia triste, evitando encará-lo. - mas eles não vai deixar.

— Quem?

— Quieto!

Judal ordenou assim que viram as sombras que passavam por debaixo da porta. Hakuryuu prendeu sua respiração. O que estava acontecendo?

— Eles estão te procurando? - Hakuryuu perguntou e o menino assentiu. - Mas… você é o sacerdote do Império Kou, não é?

— Sim… - mordendo o lábio inferior, ele se absteve a responder apenas aquilo.

— Por que eles não te deixam dormir? É tarde e crianças como nós devem estar dormindo a essa hora…

— Crianças como você, um príncipe. - o garoto suspirou.

— Eu… Eu nunca conheci nenhuma criança que não fosse um príncipe… Você não é um?

O sacerdote balançou a cabeça negativamente.

— Como você sabe, eu sou um sacerdote. Eu preciso… trabalhar para eles. Alguém como você nunca entenderia e não se importaria também!

— Eu me importo! - Hakuryuu exclamou e o garoto cobriu os lábios do príncipe com sua mão. - Me… me perdoe… Pode me dizer seu nome?

— J-Judal… - ele respondeu.

— Eu sou Hakuryuu! - ele sorriu. Parecia um idiota para Judal. Quem não sabia quem era o quarto príncipe daquele país? - Podemos ser amigos? Nós temos, mais ou menos, a mesma idade, certo?

— Amigos… - Judal suspirou novamente, sem encarar Hakuryuu. Isso o deixou um pouco triste.

— Me perdoe… Eu… eu me sinto muito sozinho e…

— Eu também...

Azuis e vermelhos finalmente se encontraram. E mesmo que suas cores fossem distintas, eles podiam se ver refletidos um no outro. Eles não estavam mais sozinhos.

— Posso dormir aqui? - Judal perguntou. - Não vou te incomodar.

— Você não me incomoda. - Hakuryuu sorriu. - Posso ficar aqui com você?

— Debaixo de uma cama? Você tem uma cama confortável e quente bem aqui! E além disso, você ainda está se recuperando. Você está doente.

— Eu quero ficar com você! - o príncipe afirmou. - E… eu não estava doente. Estava ferido.

Judal sentiu suas bochechas corarem. Hakuryuu parecia tão assustado quanto ele, mas… por quê?

— Sua mãe disse que você estava doente.

— Ela mentiu. - ele respondeu com frieza.

Judal suspirou. Ele também sabia da verdade e talvez, quem sabe, Hakuryuu estava começando a conhecer ela também.

— Você tem medo do escuro? - ele perguntou, encarando o mais novo, presumindo essa ser a razão para que o príncipe permanecesse ali ao seu lado.

— Não… eu temo… o que há no escuro.

O sacerdote assentiu. Ele se sentia da mesma forma.

— Aquelas pessoas estranhas com os rostos cobertos… São eles que estão procurando por você? - Judal assentiu. - Que não o deixam dormir? - e assentiu novamente. - Por quê?

— Porque… eu sou o sacerdote. É meu trabalho fazer… coisas ruins.

— Coisas ruins? - os olhos de Hakuryuu cresceram. - Que tipo de… coisas ruins?

— Coisas muito ruins… - ele não queria entrar em detalhes.

— Mas você não é uma pessoa má. - o príncipe disse.

— Como pode dizer isso? - o sacerdote riu ironicamente. - Você nem me conhece e… não sabe o que eu já fiz até agora… - e Judal parecia tão triste.

Notando aquilo, Hakuryuu segurou firmemente sua mão. Ele virou seu rosto de lado para encarar Judal.

— Eu simplesmente sei. - Hakuryuu disse. - Vamos dormir?

Judal engoliu a seco. Mais uma vez ele sentia suas bochechas arderem ao sentir o calor da mão que envolvia a sua.

— Está tão frio… - o garoto sorriu.

— Eu tenho tantas roupas, posso te dar uma para usar de cobertor! - Judal afirmou.

Mas Hakuryuu apenas se aproximou, ignorando o que o sacerdote dizia.

Judal sentiu o corpo miúdo que se aproximou. Ele tremia tanto e, mesmo assim, insistia em dormir ali, embaixo da cama, ao seu lado. Não era como se Hakuryuu precisasse se esconder de algo.

Tudo o que poderia fazer, em retribuição, era abraçar o príncipe. As longas mangas serviram para cobrir e afagar as costas de Hakuryuu enquanto eles se mantiveram abraçados para se aquecerem.

O frio não podia fazer seus corpos tremerem mais.

A escuridão não os deixariam acordados, temendo o que ela pudesse esconder.

Um sorriso surgiu nos rostos dos dois meninos antes de adormecerem.

Eles não estavam mais sozinhos.


Notas Finais


Muito obrigada por terem lido! <3
Esse era um tema que sempre quis trabalhar e a Juhaku Week me permitiu isso!
Já havia feito alguns esboços de oneshots onde trabalho a infância do Hakuryuu e do Judal, mas foi bem gostoso trabalhar com a infância e a inocência de ambos nessa época tão tortuosa da vida deles! <3
Lembrando que críticas, elogios, comentários sempre são bem-vindos, lidos e respondidos com muito carinho! <3


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