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História Fear of the Dark - Capítulo único


Escrita por: MidoriShinji

Notas do Autor


Desafio 2 do evento de Halloween de 2016 do grupo Curtidores da Sasuhina/BR, OFFICIAL®. <3

Capítulo 1 - Capítulo único


— O corpo do jovem Rock Lee, que desapareceu do necrotério do Hospital Santa Christina Mirabilis, ainda não foi encontrado. A polícia busca por pistas, mas até o momento não há sinais do paradeiro do cadáver do adolescente. Rock Lee foi brutalmente assassinado há dois dias, na quarta-feira, e até o momento não se sabe como ou por quem o crime foi cometido. O que se sabe até o momento é que todo o seu sangue foi drenado de seu corpo através de dois furos, e ele é até o momento a segunda vítima conhecida do assassino que ficou conhecido como Vampiro, por seu modus operandi. — o repórter dizia, em um tom sério. Ao seu lado, aparecia a foto de um garoto sorridente, aparentando ter dezessete ou dezoito anos no máximo, com um corte de cabelo em tigela e sobrancelhas grossas.

A televisão foi desligada naquele momento, para a surpresa de Hanabi. Era sua irmã mais velha, Hinata, com o controle na mão. — Hanabi, eu acho que já está bastante tarde, se você quer mesmo pegar doces, é melhor ir logo.

— Ainda são sete e meia, ainda é cedo. — a irmã mais nova respondeu.

— Sim, mas o papai está viajando, e com esse assassino a solta... Não sei não, por favor, me prometa que vai tomar cuidado, certo? Nada de aceitar doces mal embalados, nada que foi feito pela própria pessoa, evite lugares escuros, prédios e becos sem saída, cuidado ao morder para ver se não tem agulhas ou navalhas, não aceite convites para entrar na casa de estranhos, e não se separe dos seus amigos; se alguém te seguir, entre em uma loja e chame a polícia, só depois me ligue. Você tem a chave para voltar, não perca. — a outra explicou, detalhando cada uma das recomendações.

Hanabi ouvia tudo pela milésima vez com uma expressão de tédio no rosto, e sem perder tempo levantou-se do sofá, pegando o balde em forma de abóbora. — Sim, sim, já entendi. Estou indo.

— Tudo bem, até mais, e ah, não volte muito tarde. — Hinata insistiu na última recomendação, com um tom de voz mais sério.

Sem mais delongas, ela se encaminhou para a porta e saiu. Enquanto estava sozinha em casa, Hinata resolveu fazer o que lhe parecia melhor naquela noite de Halloween: colocar um filme de terror e fazer alguma coisa para comer. Ela caminhou até a cozinha, e abrindo a geladeira deparou-se com ovos e arroz. Não era muita coisa, mas ainda poderia fazer omurice, e foi isso que decidiu. Assim que colocou o arroz para cozinhar na panela, ouviu o som de crianças se aproximando lá fora; a casa estava escura, e tinha deixado na porta uma tigela de doces variados e uma placa dizendo "pegue um". Pelas risadas, as crianças estavam pegando bem mais que um... Mas não tinha problema, sempre podia colocar mais doces do lado de fora. Quebrou os dois ovos na frigideira e temperou... Onde estava mesmo a pimenta? Ah, no armário à esquerda, claro.

O arroz estava pronto em pouco tempo. Montou o prato e levou para a sala, sentando-se no sofá e ligando novamente a televisão. A maior parte dos canais a essa hora estava passando filmes de terror, e o que tinha assistido menos vezes de todos eles era Pânico, o primeiro da franquia, então foi esse o escolhido. Felizmente, ainda não havia perdido nada, apenas os créditos iniciais, mas chegara a tempo de ver a primeira ligação para a primeira vítima de Ghostface, Casey Becker.

(...)

O telefone começou a tocar, e um calafrio percorreu toda a espinha de Hinata quando percebeu que era o seu telefone, e não no filme. É claro que tentou racionalizar a situação: na vida real, assassinos não ligam para suas vítimas antes de matá-las, isso tudo era coisa do cinema. Mas talvez uma parte de si soubesse que, às vezes, ficção e realidade se misturam. — A-alô?

— Hinata Hyuuga, o que você ainda está fazendo em casa a essa hora? — ela definitivamente conhecia essa voz, que pertencia a Sakura Haruno, amiga e colega de classe há muitos anos.

— Assistindo Pânico. Você me assustou ligando assim... — a Hyuuga respondeu, inocentemente.

— E por que você não está na minha fantástica festa a fantasia de Halloween?

— Você sabe que eu não gosto muito de festas, além do mais... Eu não posso ir a uma festa a fantasia sem ter uma fantasia.

Isso era uma desculpa, e a Haruno sabia muito bem disso. — Qual é, não vem com essa... O que você tem aí? Roupas pretas, uma máscara, papel higiênico...?

— Tenho uh, um vestido preto sim. E presas falsas, dessas de plástico que vem com doces de Halloween.

— Ótimo, uma perfeita vampira. Se você colocar um batom vermelho, vai ser uma fantasia melhor do que a de noventa por cento das pessoas que estão aqui, e eu nem estou brincando quando digo isso. Você tem quinze minutos para estar aqui em casa ou eu vou até aí. Você sabe que eu não sou a única a querer você aqui, não é?

Hinata ajeitou-se no sofá, pegando o prato e se levantando em seguida para levá-lo até a pia. — Como assim, Sakura?

— Hoje à tarde o Sasuke sutilmente me perguntou quem estava indo à festa quando eu o convidei.

— E o que você falou para ele?

— O que qualquer melhor amiga faria nessa situação: que você iria por bem ou por mal, ora. E depois de ouvir seu nome no meio de tantos outros, ele decidiu vir. Deve estar chegando. Se isso não for amor... Como você foi conseguir esse homem inalcançável, eu quero que me ensine. Enfim, chega de conversa e vai se arrumar. Te espero em quinze minutos.

Dando-se por vencida, ela concordou. — Certo, certo. Tchau.

Hinata desligou o telefone e subiu as escadas, indo até seu quarto. Sasuke Uchiha... Ao pensar naquele nome, sentia alguma coisa no seu estômago se revirar. Os dois se conheciam de vista, e eram colegas um tanto distantes, mesmo tendo sido sorteados como uma dupla na aula de química. Ele não falava muito, na verdade, quase não falava, e ela também não era a pessoa mais comunicativa do mundo, o que fazia com que todas as aulas fossem passadas em silêncio quase absoluto, com seu coração quase saltando do peito toda vez que ele lhe dirigisse a palavra. Não podia negar, porém, que ele era atraente; Sasuke era sempre seguido por uma legião de garotas suspirando ao vê-lo passar, embora não desse grande atenção a nenhuma delas. Não sabia nem mesmo se ele estava realmente lhe dando atenção ou se era algum tipo de dedução ilógica, mas só de pensar, sentia seu rosto esquentar. Ele era o tipo de pessoa fechada que jamais revelava muito sobre si, e por causa disso, tinha uma curiosidade contraditória sobre ele. Ao mesmo tempo que sentia-se intrigada pelo Uchiha... Havia uma certa aura hostil que atiçava seus instintos de fuga, e lhe dizia que era melhor fugir. Águas profundas são convidativas, mas você não conhece sua verdadeira profundidade até entrar nelas.

Abrindo o guarda-roupa, pegou o único vestido preto limpo que tinha, de mangas longas e translúcidas. Com o frio que fazia lá fora, achou melhor por segurança usar uma meia-calça preta, e a maquiagem era a parte mais simples. Escovou os dentes, pensando em ter que colocar aqueles dentes de plástico horríveis... Hesitou por um momento em seguir a dica de Sakura e passar um batom vermelho... Acabou usando a cor, um vermelho sangue cremoso. A Hinata do dia-a-dia jamais usaria algo assim, mas bem, era Halloween, e ocasiões especiais pedem um pouco mais de ousadia. Colocou as "presas" vampirescas e, sem mais delongas, saiu de casa.

Assim que abriu a porta, foi saudada por um vento muito frio, capaz de gelar até seus ossos, que fez os pelos de sua nuca se arrepiarem, mesmo cobertos pelo longo cabelo escuro. Juntando os braços ao corpo, andou o mais rápido que pôde para escapar do frio. Devia ter trazido um casaco, mas agora era tarde demais para voltar... Enquanto caminhava pelas ruas vazias, seus pensamentos novamente divagaram para o assassino que rondava a cidade, o Vampiro.

Sua primeira vítima havia sido uma senhora de idade, Chiyo Nakamura, encontrada esquartejada na floresta nos limites do perímetro urbano, na segunda-feira da semana anterior. Seu sangue havia sido completamente drenado de seu corpo, mas isso não gerou tamanha estranheza. Parecia mais um assassinato ritualístico, o que explicaria o sangue. Seu corpo estava começando a apodrecer já, deixando poucos rastros. Mas a morte de Rock Lee, um adolescente, chocara muito mais. Seu sangue havia sido totalmente drenado também, mas seu corpo estava intacto, exceto por dois furos do diâmetro de canudos em seu pescoço. Encontraram seu corpo em um beco escuro no centro da cidade, e logo antes da autópsia, o cadáver misteriosamente desapareceu. A hipótese de roubo não estava descartada, e o suspeito mais provável era o assassino, talvez na tentativa de esconder sua metodologia para conseguir a façanha de retirar cinco litros de sangue do corpo de alguém com dois furos tão pequenos. Sem a autópsia, ainda não tinham total conhecimento do caso, o que intrigava ainda mais as pessoas.

Já eram mais de oito e meia da noite, e não havia viva alma na rua. As crianças, que a essa hora ainda estariam procurando por doces em outros anos, dessa vez estavam em casa. Esperava que Hanabi voltasse logo, pelo menos, para poder dormir mais despreocupada; não planejava ficar tanto tempo assim na festa, de qualquer maneira. As luzes das casas estavam quase todas apagadas, como se ninguém morasse naquela rua tranquila de um bairro suburbano.

Chegou finalmente à casa de Sakura. Os pais dela estariam fora pelo fim de semana, e ela teve a típica ideia de protagonista de filme terror de dar uma festa em casa. Porque, com um assassino andando livre, isso com certeza era uma boa ideia. Tocou a campainha, mas a porta já estava aberta. Do lado de dentro, as luzes estavam desligadas, mas podia enxergar as pessoas indo e vindo, carregando bebida para lá e para cá.

Uma dessas pessoas era Sakura, que trazia consigo Ino abraçada à sua cintura. A Haruno estava vestida de diabinha, mas sua fantasia era basicamente chifres de plástico vermelhos assim como seu vestido; Ino usava uma blusa e um short brancos, e asas de plumas falsas também brancas. O contraste entre diabinha e anjinha e suas próprias personalidades não poderia ser maior... 

— Ah, Hinata, que bom que você chegou! — Ino disse, oferecendo a ela uma garrafa meio vazia de vodka barata que a Hyuuga recusou.

— Eu não disse que ela viria? — Sakura se vangloriou — O Sasuke deve estar por aí, acho que ele já chegou.

Tentando disfarçar o embaraço, ela resolveu agir como se isso fosse natural. — É? Você o viu por aí?

— Não, ainda não. Deve estar aqui dentro, porque acabamos de vir lá de fora. Tem bebida na geladeira, e... — Sakura ia explicando, e de repente alguém jogou um balde de água gelada em cima dela. Por pouco a Yamanaka também não foi pega nesse banho frio — Argh, Naruto, seu desgraçado, volta aqui agora, vai se foder!

Nisso, as duas se afastaram, correndo atrás de Naruto, que imediatamente se arrependia dessa brincadeira. Como a amiga sugerira, Hinata subiu as escadas, procurando por alguém que conhecesse ali. Não precisava ser necessariamente Sasuke, não, claro que não. O andar de cima estava vazio. As três portas estavam fechadas. Uma delas sabia que era o banheiro, e estava trancada: ao tentar abri-la, deparou-se com alguma coisa pesada a bloqueando, e duas vozes dizendo quase ao mesmo tempo "está ocupado". Não precisou de mais nada para desistir. A próxima porta era o quarto dos pais de Sakura, devidamente trancado, como sabia por ter estado ali tantas outras vezes... Pelo menos ninguém destruiria o quarto deles, pensou. A última porta era do escritório, e estava entreaberta, embora tudo estivesse escuro.

Poderia mesmo ter alguém ali? Não, estava tudo escuro, não estava? Ninguém deveria estar ali... Mas algo impulsionava a sua curiosidade de entrar naquela sala. Havia no ar um cheiro estranho, metálico, que era trazido pela brisa gélida. A janela do escritório devia estar aberta, melhor fechar. Aproximou-se da porta, e abriu com cuidado, apenas uma fresta suficiente para que passasse. O rangido fez com que seu coração pulasse uma batida de susto. Assim que entrou, começou a tatear a parede, em busca do interruptor. A janela totalmente aberta fazia com que a cortina tremesse, dançando com o vento. Sentia os pelos da nuca se arrepiarem ao coração acelerar seu ritmo, como se sentisse os olhos de alguém sobre si no escuro.

Mas era sua imaginação, é claro. Na vida real, os monstros não se escondem nas sombras.

Finalmente encontrou o interruptor, e o acendeu. A surpresa ao acender as luzes foi tamanha que sequer conseguiu falar ou reagir em um primeiro momento. Ali, caído no chão, estava um cadáver. Mais que isso, era o corpo de alguém que conhecia, de um colega de classe, Sai. Seus olhos baços estavam vidrados na sua direção, como se pudessem atravessar sua alma. A boca aberta e faltando dentes era sinal de intensa luta corporal, assim como o escritório revirado de cabeça para baixo. Havia sangue em todo lugar: da cabeça de Sai, escorria ainda um grosso filete escarlate de uma ferida grotesca, que chegara a quebrar e amassar parte de seu crânio numa fratura exposta. Seus dentes estavam espalhados pelo chão, como uma constelação de estrelas sobre uma poça carmesim, ao lado de uma lâmpada de metal amassada, provavelmente a arma do crime. Mas havia pouco sangue, para uma ferida tão grave assim... E a explicação era quase imperceptível, mas não para seus olhos assustados; o medo é a lente de aumento mais potente que existe. Em seu pescoço, haviam duas marcas de furos, idênticas às de Rock Lee.

Seu estômago estava se revirando, e estava prestes a vomitar a qualquer momento. Apenas quando ouviu uma respiração pesada e chiada atrás de si que voltou à realidade, mas era tarde demais. Uma mão fria como a de um cadáver tampou sua boca, e ouviu uma risada muito leve atrás de si.

— Acho que as suas presas não vão servir de nada, kitty cat. Estava esperando por você. — uma voz rouca lhe disse. Essa voz, por mais quieta que fosse, era inconfundível: era a voz de Sasuke. Poderia reconhecer aquele timbre dentre mil outros em qualquer lugar. Enquanto os lábios daquele homem misterioso beijavam seu pescoço, o medo confundia sua mente, retardando sua ação, mas ampliava a sensação de que ele era frio demais para estar vivo. A porta foi fechada, e ouviu o som do trinco ser girado. A luz foi, então, apagada, deixando-os novamente na escuridão.


Notas Finais


*O trecho entre aspas na sinopse é da música "Fear of the Dark", do Iron Maiden, que dá título à fic e faz parte do desafio. Link: https://www.youtube.com/watch?v=qEja72NSg5Q
*Omurice é o nome de um prato japonês de omelete recheada com arroz frito.
*Como uma referência adicional, Christina Mirabilis é o nome de uma santa que foi canonizada pela Igreja Católica; aos 21 anos, ela foi declarada morta depois de uma forte convulsão... E então, quando estava prestes a ser enterrada, simplesmente se levantou do caixão. Viva. Bem vampiresco, não? Link para mais informações (em inglês): https://en.wikipedia.org/wiki/Christina_the_Astonishing


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