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História Fear the Fear - Mommy, help me! I can't see...


Escrita por: Gio_Gio_Fics

Notas do Autor


Olá! Essa fic será exclusiva para one-shots que tratem sobre algum tipo de medo, então se você quer alguma história em particular é só pedir nos comentários.

Para quem não sabe e tem preguiça de colocar no google tradutor: "Fear the Fear" significa tenha medo do medo; " Mommy, help me. I can't see" significa Mamãe me ajude. Eu não posso ver.

Capítulo 1 - Mommy, help me! I can't see...


Em meados do século XIX, uma casa vitoriana em um país desconhecido, em uma cidade desconhecida, escondia muitos segredos. Lá morava uma família grande, um casal com cinco filhos, os pais se chamavam Clara e Carlos, seus filhos eram Charlotte e Charles, os gêmeos mais velhos do casal, Dana e Diego, eram os filhos do meio, com apenas um ano de diferença, e a mais nova dos irmãos, Lunara, apelidada de Luna pela família.

 

Lunara, ou Luna como preferia ser chamada, dormia serenamente em sua grande cama, as cortinas da janela se encontravam abertas e a luz da lua refletia em seus longos cabelos prateados, sua pele pálida se tornava prateada, tão pálida que poderia se dizer que nunca havia visto o sol na vida. Lentamente, seus grandes olhos cinzas se abrem de forma ingênua, mas a verdade era que a menina sabia muito para seus meros oito anos de vida, se levantou e, com dificuldade, desceu da cama, seguiu até a janela para fechá-la em conjunto com as cortinas brancas de seda, a luz que a lua quase cheia refletia a deixava incomodada, seus olhos extremamente sensíveis não conseguiam se abrir totalmente para ver o que se passava do lado de fora, mas tivera a certeza de que era algo importante pois ouvira os barulhos e gritos animados da multidão que se encontrava fora daquelas paredes.

 

Era uma festa, seus pais estavam lá, com certeza. Ela não pode deixar de pensar se voltariam tarde ou se fariam algo depois e não voltariam ainda naquele dia, se iriam para casa com outras pessoas ou se não voltariam de qualquer maneira. Fechou a janela a fim de diminuir o barulho, em seguida fechou as cortinas para que pudesse tonar a abrir os olhos cansados. Seguiu seu caminho de volta a sua cama, o dia seguinte seria uma exaustiva segunda-feira.

 

Quando acordou, já logo de manhã bem cedo, pode ouvir seus pais discutindo fora do quarto da menina, sua irmã mais velha, Charlotte, ou Char como era chamada dentro de sua casa, adentrou segurando uma bandeja com comida, disse que todos comeriam ali mesmo.

 

A porta torna a se abrir revelando Charles, Dana e Diego. Todos faziam silêncio, logo Luna pensou em questioná-los sobre tal comportamento, mas quando abriu a boca para começar a falar, Char logo levou um dedo a boca pedindo silêncio, Luna como uma criança inteligente entendeu o recado e voltou a ficar calada e comer seu pão.

 

Após um longo tempo, as vozes cessaram, a porta da frente foi aberta e seus pais saíram, um empregado avisou-os que eles só voltariam de noite e então todos os irmãos começaram a falar juntos, era algo sobre a festa que haviam ido na noite anterior, todos haviam ido, menos Luna, pois o mais novo dos quatro era Dana, que já estava com onze anos, mas Luna havia completado seus oito anos recentemente e, portanto, não poderia ir à festa, mas a menina não estava triste, até onde ela entendeu em meio a falas confusas, a festa não havia sido legal, estava mais para assustadora, fora um tipo de comemoração aos mortos.

 

A tarde que se seguiria àquela era Halloween, coisa que, na época, só existia na pequena cidade que eles habitavam, e o mais curioso é que a noite seria de lua cheia.

 

A noite caiu, bem mais cedo do que o esperado, e nenhuma luz agora iluminava os quartos da grande casa, os corredores escuros assustariam qualquer criança minimamente medrosa que passasse por eles, mas Luna não tinha medo.

 

— Afinal, o escuro é apenas a ausência de luz, tudo permanece igual à quando está claro, eu apenas não posso ver, mas está lá, assim como está quando é claro — Luna repetia a si mesma na intenção de espantar qualquer pitada de medo que fosse, medo era desnecessário, milagrosamente, funcionou. Qualquer resquício de medo desaparecera completamente.

 

— Chegamos — a mãe da família gritou do primeiro andar de casa, com isso Luna sabia que eles estavam bem e que podia dormir, dobrou cuidadosamente o vestido que vestia instantes antes e vestiu uma linda camisola de seda branca.

 

Subiu com dificuldade em sua cama, era alta demais para o tamanho da menina, ela era muito pequena e não passava de um metro e quinze, também era bem magrinha e pesava no máximo vinte quilos. Seu tamanho nunca fora um problema para ela, continuava sendo uma criança saudável e esperta, embora ficasse cansada mais rápido que seus amigos.

 

Naquela noite em particular a menina não conseguia dormir, ouvia vozes distorcidas, que imaginou serem de seus pais, e a escuridão parecia mais escura que o normal, quase como se visse tudo preto, a lua que geralmente brilhava alto no céu e penetrava pelas finas cortinas de renda da garota não iluminava nem metade do que geralmente iluminava.

 

Luna não queria ou iria admitir para si mesma o que estava acontecendo, ela estava com medo.

 

— Não estou — sussurrou a si mesma desesperadamente no intuito se acalmar, mas uma voz em sua cabeça dizia sim, você está!

 

A menina se sentia cansada, mas dizia a si mesma que não estava, estava com medo de dormir, medo de acordar e continuar escuro, espera, ela estava com medo do próprio escuro.

 

Passou hora torturantes tentando se manter acordada, mas ela ainda era muito pequena para saber como o fazer, acabou dormindo em um sono profundo. Pela manhã se repreendia fortemente por ter dormido.

 

Desceu ainda de camisola para tomar café junto aos pais e irmãos, mas não mencionou a ninguém o que havia se passado na noite anterior. A verdade é que todos eles ouviram algo estranho ou até mesmo sentiram medo do escuro, mas não queriam comentar pelo fato de acharem bobo.

 

A noite de Halloween caiu, ainda mais cedo que o dia anterior e ainda mais escuro, se é que isso erra possível. Luna não tinha forças para sair de noite e ir pedir doces nas outras casas, não tinha forças para se trocar estava exausta.

 

Oito horas da noite, enquanto seus irmãos batiam nas portas das primeiras casas, Luna dormia. Charlotte, Charles, Dana e Diego voltaram as onze, um ou dois quilos de doces por sacola. Enquanto eles dormiam Luna acordou, novamente ouvindo vozes, mas desta vez podia ouvir com clareza o que elas diziam você tem medo? Sim você tem. Você está assustada. A voz que sussurrava era aguda e alta, extremamente irritante, ao contrário da voz da menina, que era doce e suave, uma voz calma e bonita, aquela voz era feia, dava medo, assim como a escuridão, aos poucos se tornou algo chato.

 

Luna já não via mais nada a sua frente, o medo havia tomado conta e ela tremia dos pés à cabeça. Pôs se de pé e andou até o corredor onde gritou por sua mãe.

 

Mamãe, me ajude! Eu não consigo ver... — a menina gritou pela mãe desesperada. — Está escuro, onde você está? Estou com medo.

 

Logo braços quentes a acolheram e ela voltou a dormir, ali mesmo, no corredor, sem se importar em estar completamente exposta ao perigo. Ela foi colocada de volta na cama e voltou a dormir, só acordou quando o dia já estava claro e, por ironia, ensolarado.

 

A menina se lembrava com detalhes da noite anterior, se lembrava da voz, se lembrava dos braços, que ela suspeitava serem de sua mãe, e se lembrava de dormir no corredor, mas não sabia como havia voltado para sua cama, seria sonambulismo? Sua mãe, ou melhor dizendo, os braços misteriosos a haviam colocado para dormir? Sua cabeça rodava com perguntas que não a deixavam se concentrar.

 

Fora dormir mais cedo, a lua brilhava alto no céu e iluminava o quarto como nunca antes, refletia em seus cabelos prateados e os olhos cinzas e curiosos se tornaram ainda mais claros e brilhantes conforme a luz, que, por um milagre, se fez presente aquela noite.

 

Acordara no meio da noite, novamente com uma voz irritante, mas desta vez ela tinha uma forma, apenas uma sombra, mas ainda assim era de por medo.

 

— Venha até mim...

 

A voz sussurrou inúmeras vezes a mesma coisa, Luna não conteve o brilho de curiosidade em seu olhar e se levantou indo em direção ao canto de onde vinha a voz, o canto mais escuro do quarto, conforme chegava mais perto a sombra ia ganhando forma e logo se tornou uma linda mulher, alta e magra com a pele extremamente branca, mas que não chegava a ser menos pálida do que a da menina, longos cabelos escuros.

 

— Meu nome é Lilith, prazer — a mulher, chamada Lilith, se pronunciou, mas sua voz antiga deu lugar a uma suave melodia, ainda assim fria e assustadora. — Não tenha medo criança, venha.

 

Luna deu mais dois passos em direção àquela figura, ela provocava medo na menina, mas não foi o suficiente para para-la. Encarou Lilith curiosa por alguns segundos, mas os olhos pretos intensos a fizeram parar e desviar o olhar. Luna reuniu coragem do fundo de sua alma para tornar a olhar Lilith, mas ela havia sumido.

 

— Vamos jogar um jogo — Lilith dizia de algum lugar, já não se podia vê-la. — Você se esconde, se eu te achar, você perde.

 

— Mas e se não achar? — retrucou curiosa tentando parecer menos assustada do que realmente estava.

 

— Então você ganha e eu te deixo viver.

 

A ideia de jogar um jogo por sua vida aterrorizava Luna, mas não estava disposta a correr o risco de não jogar.

 

— Mas e se eu não quiser jogar, Lilith?

 

— Ora, mas que menina petulante, não é mesmo? Se não quiser jogar eu posso acabar com o jogo aqui mesmo, sem nem começar, acabar com a sua preciosa vidinha.

 

— Minha vida não é um jogo.

 

— Para mim, qualquer vida é um jogo. E então, vai brincar? Você tem um minuto para se esconder e eu tenho dez para te achar

 

Sem pensar muito no que fazer Luna correu em direção as escadas e desceu até o porão, o lugar mais óbvio em que uma criança se esconderia, mas ela era muito esperta para se esconder no porão. Fez um pouco de barulho no intuito de confundir Lilith, logo em seguida abriu uma porta secreta sem fazer um ruído sequer e fechou-a atrás de si subindo a escada para o sótão da casa. Se escondeu dentro de um buraco na parede que ficava atrás de um armário velho, pertenceu a seu avô um dia, e se encolheu sem fazer barulho, mal respirava e tentava se manter calma, sua mãe sempre dissera que é importante manter a calma em situações de risco e foi o que fizera a pequena menina.

 

— Muito bem, você ganhou! Seja lá onde se escondeu foi muito bom, você ganhou o jogo, mas eles perderam...

 

Logo Lilith se tornou uma sombra e se esvaiu da casa, todas as velas foram acesas e a porta de madeira que dava para o sótão foi rudemente aberta e destroçada.

 

— Alguém aqui? — perguntou o homem que abriu a porta, Luna reconheceu aquela voz rapidamente e saiu de seu esconderijo.

 

— Xerife Jonathan! — Luna pulou no pescoço do homem. Jonathan era como seu segundo pai.

 

— Luna, você sabe o que aconteceu com seus pais?

 

— Não senhor.

 

— Venha comigo, precisamos fazer algumas perguntas.

 

Clara e Carlos haviam sido assassinados naquela mesma noite, nos dez minutos em que a garota ficara escondida algo ou alguém havia tirado a vida de seus pais de forma silenciosa.

 

Perguntas foram feitas para todos os irmãos antes de Luna, mas só ela sabia a verdade.

 

— Você sabe quem fez isso? Preciso que me responda com sinceridade Luna — o xerife Jonathan conversava com a pequena menina.

 

— Sei — ela respondeu calma, não via problema algum em falar sobre a noite.

 

— Então por que não ligou para a polícia ou tentou impedir?

 

— Porque não sabia que isso aconteceria, ela me disse que seria um jogo e que minha vida era o prêmio de quem ganhasse.

 

O xerife teve a leve impressão de já ter jogado esse jogo, de um final semelhante e de ter medo de se repetir, mas suas memórias eram bagunçadas e era possível que fosse apenas um sonho infantil, ou melhor, um pesadelo.

 

— Ela? Ela quem? Pode me contar? — prosseguiu com as perguntas se lembrando de casos em outras cidades que eram suspeitamente parecidos, se não iguais, todos envolvendo uma criança contando sobre um jogo e os pais mortos, mas o xerife teve um sentimento de já ter falado essas palavras ele mesmo.

 

— Lilith, é claro. Estávamos brincando de esconde-esconde, mas era diferente do normal...

 

O xerife ficou imóvel por alguns segundos antes de prosseguir com as perguntas, o nome Lilith era incrivelmente familiar para seus ouvidos.

 

— Quem é Lilith? — perguntou alarmado.

 

— Lilith é a escuridão, aquela que põe medo a todos, mas ela não me assusta, não mais.

 

Jonathan então se lembrou de onde ouvira o nome Lilith, é claro, ele a vira quando era criança, conseguiu resgatar em meio a memórias confusas o ocorrido de trinta anos antes. Lilith o visitava todas as noites, mas ele não sentia medo, não até o jogo.

 

— Ela te contou isso? Sobre ser a escuridão? — perguntou sem se lembrar de Lilith mencionar ser alguma coisa.

 

— Não, eu apenas assumi, quer dizer, quando ela se foi tudo ficou claro, então... na minha cabeça faz mais sentido... mesmo assim não tenho medo dela, não tenho medo do escuro.

 

— E por que não? Não deveria ter medo dela?

 

“Eu tenho” ele pensou.

 

— Não mais, eu ganhei. Ela prometeu que eu não precisaria mais ter medo de nada, e promessas não podem ser quebradas, podem? — em sua cabeça não, nenhuma promessa poderia ser quebrada.

 

“As de Lilith podem”

 

— Além do mais, o escuro é só a falta de luz, tudo fica exatamente igual, nós apenas não podemos ver, se eu acender uma vela ele vai embora, junto com ela.

 

— Isso tudo aconteceu mesmo? Eu preciso da verdade Luna!

 

O xerife se recusava a acreditar que ela voltara a cidade em que ele lutou tanto para mantê-la longe.

 

— Aconteceu, e foi exatamente por isso que eu não contei antes, porque eu sabia que ninguém ia acreditar em mim, assim como você não acreditou.

 

“Eu acredito! Eu a vi! Várias vezes. ” Ele queria dizer seus pensamentos em voz alta, mas não poderia assustar a menina.

 

— Luna, você precisa contar isso para os outros policiais para que eles analisem os fatos, vá lá. — Jonathan ainda estava muito atordoado para acreditar nas palavras ouvidas naquela noite, mas, lá no fundo, ele sabia que eram todas verdade.

 

Ela estava parcialmente certa em relação aos outros não acreditarem em sua história, contou exatamente a mesma história para todos os policiais, mas nenhum acreditou em suas palavras além de Jonathan, que não demonstrara acreditar em momento algum, porque ela era uma criança, e crianças inventam coisas, imaginam coisas e contam histórias sem saber o que estão fazendo.

 

Ninguém acreditou em Lilith, o medo do escuro a tornava mais forte a cada dia, mas ela não poderia ser vista porque ninguém acredita nela.

 

A história de Luna se tornou mais uma lenda entre muitas outras, ficou conhecida como a Lenda dos Scarppa, não que esse nome tivesse alguma relação com a família, seu sobrenome era Moggietto, provavelmente de origem italiana.

 

Mas... será que ninguém nunca parou para pensar que existam lendas que não são apenas histórias, são as pessoas mascarando seus medos por trás de uma história, um jeito de convencer a si mesmos de que estão seguros, muitas vezes mudando os fatos, apenas porque eles têm medo de ter medo...


Notas Finais


Não se esqueça de comentar. O próximo capítulo que eu planejo escrever será sobre palhaços, eu acho. E tenha em mente que eu provavelmente vou postar menos nessa, só quando eu já tiver terminado um capitulo da outra, essa será tipo uma história secundária.

Provavelmente eu só vou postar as terças :)


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