1. Spirit Fanfics >
  2. Feel me >
  3. Ghost

História Feel me - Ghost


Escrita por: gabydcb

Notas do Autor


Espero que gostem!

Desculpem a demora para postar, estou atualizando com mais frequência outra fanfic!

Capítulo 3 - Ghost


Fanfic / Fanfiction Feel me - Ghost

Eu estava exausta. 

Saí do hospital um pouco atordoada. Teria exatamente quatro horas de descanso até o plantão noturno. Resolvi ir a pé até meu apartamento, que não ficava muito longe. Três quarteirões do St Jude é um local suficientemente bom para se morar próximo do trabalho. 

Caminhei um tanto apressada, passando por pessoas falando ao telefone, de mãos dadas, sorrindo, gesticulando. Não consigo entender como conseguem terminar o dia tão animados, e eu chego em casa quase todos os dias tão esgotada quanto uma máquina de aferir pressão sem bateria. 

Subi até o meu apartamento, que ficava no primeiro andar. Gostava do aconchego do meu lar, um pequeno flat na 3th avenida, em um prédio antigo de estilo vitoriano. Havia duas simpáticas sacadas na minha casa: um na sala - que me era sempre útil, adorava sentar ali e estudar ouvindo os sons de carros passando - e outro meu quarto. Geralmente, ali estava fechado. Eu tinha medo de me sentir observada por alguém do prédio dianteiro.

Joguei minhas coisas no sofá da sala, tirando os sapatos quase que imediatamente. Precisava de um banho, isso era certo. Havia acontecido tantas coisas em um só dia, que meu cérebro quase deu um nó. Consegui fazer um procedimento sozinha, tirei dez por isso, fui cantada por Castiel - pessoa que eu julguei me detestar todo esse tempo, meus pacientes melhoraram, e eu recebi um novo e misterioso enfermo para cuidar. Não sei o porquê, mas desde que saí de seu quarto, não consigo parar de pensar nele um segundo sequer.

Tomei um banho quente.

Saindo do box com a toalha em minha cabeça, percebo que meu telefone toca na sala de estar. Enrolo meu corpo em outra toalha que deixei em cima da cama, e parto correndo até o outro cômodo. Tateio o celular pelo sofá, até encontrá-lo embaixo da minha bolsa. Visualizo o visor: Doutor Faraize.

Respiro fundo antes de clicar no verde do touchscreen.

- Olá doutor Faraize, algum problema? - Perguntei, segurando a toalha em meu corpo.
- Gabbe, a família do paciente quer atendimento 24 horas.
- Doutor, estou no meu horário de descanso. Daqui há três horas irei até o plantão da noite.
- Entendo. Por favor, mantenha o horário. Seja pontual. O prestígio de nosso hospital depende do seu bom desempenho.
- Não se preocupe, Doutor. Você me conhece - Afirmei, adentrando meu quarto com o celular no ouvido.
- Por isso estou confirmando seu compromisso com ele. Obrigada por aceitar, Gabbe.

Eu desliguei o telefone esperançosa. Se ele deposita toda essa confiança em mim, quer dizer que talvez eu possa conseguir minha vaga de emprego. Com Doutor Faraize ao meu lado, me dando uma excelente carta de recomendação, não há como o setor de Recursos Humanos recusar meu currículo. Dei pulinhos de alegria.

Ouvi a porta do apartamento abrir, certamente deveria ser Paola. Ela era minha amiga desde a escola, e trabalhava como secretária de finanças de Kentin, o cara que eu salvei no período escolar. Ele a contratou como um favor pago a mim, já que ela acabara de se formar em Ciências Contábeis, e trabalhar nas indústrias de Kentin lhe daria o prestígio necessário para conseguir algo muito melhor futuramente.

- Gabbe? Está em casa? - Sua voz ecoou pelo apartamento.
- Sim - Respondi, aparecendo na porta de meu quarto - Acabei de sair do banho.
- Está muito sensual com esta toalha branca - Ela riu, fazendo careta. 
- Obrigada. 
- Você ficou sabendo? O sócio do Kentin sofreu um acidente - Ela adentrou meu quarto, sentando em minha cama e jogando seu corpo para trás - Coitado. Ele iria noivar noite passada.
- Sério? Que pena. Ele faleceu? - Questionei, curiosa. 
- Não. Parece que foi encaminhado para Boston. Está bem mal, em coma e tudo mais - Ela virou o rosto para mim, parecendo preocupada - Kentin ficou arrasado. Ele até desmarcou nosso encontro.
- Você ainda está com ele, Paola? - Balancei a cabeça negativamente - Ele não irá deixar Ambre por sua causa, esqueça isso. 
- Você não sabe - Ela levantou-se rapidamente, irritada - Eles iriam romper essa noite, mas aconteceu o acidente e ele me pediu um tempo. Eu entendo que Ambre precisa de apoio moral e tudo mais.

Passei a mão na testa, sem acreditar no que ela acabara de falar.
- Isto é estupidez - Olhei para ela, antes de ver sua silhueta partir de meu quarto.

Garota teimosa.

Resolvi levantar e trocar de roupa. Vesti um jeans, calcei um tênis all star branco, uma bata de cetim e agasalhei meu moletom de tricô em meus ombros. Achei melhor sair de casa mais cedo e ir até o hospital revisar o caso clínico de meu paciente especial. 

Passei rapidamente pela ala principal do Hospital e fui direto ao vestuário médico. Estava procurando nas prateleiras os pijamas novos de UTI que Violette havia separado para mim. 

- Procurando seus pijamas cirúrgicos? - Ouvi uma voz me perguntar atras de mim - Vi Debrah pegar uma pilha deles que estava no canto esquerdo. Acho que são seus, não? - Castiel estava sentado em uma cadeira, olhando em minha direção. Céus, eu entrei aqui tão torpe de pensamentos que nem o vi.
- Ah, desculpe não te ver - Me virei para falar com ele - Como assim ela pegou meus pijamas? Ela sabe que esse canto é meu. O meu nome está colado aqui à toa, por acaso? 
- Ela disse que era de uso público - Castiel riu, ainda me encarando. 

Bufei. 


- Vocês deveriam estar transando aqui para ela sair tão loucamente trocando a roupa - Apertei os lábios, raivosa.
- Calma lá, garota. Você anda muito estressada. Está conversando demais com quem não te ouve, né? - Ele se levantou e deu alguns passos em minha direção.
- Se afaste.
- Porque faria isso? - Um sorriso surgiu no canto de sua boca - Gosto de te provocar. 

Desviei o olhar para a parede e Castiel se aproximou ainda mais. Um de seus braços me puxou rudemente pela cintura, enquanto o outro envolveu meu pescoço. Ele me olhava com sedução, e eu não conseguia sequer mexer um músculo para afasta-lo de mim. Seu rosto se aproximou de meu ombro, e ele depositou beijos em toda a extensão de minha clavícula, até meu pescoço. Senti meu corpo estremecer por inteiro. 

Ele puxou novamente meu braço, me virando de costas para ele. Senti sua mão afastar meus cabelos para o lado. Castiel me beijou pela nuca, e os pêlos de meu corpo se arrepiaram.
- Pare com isso! - Falei, com a voz embargada. Mas ele não parou.

Castiel me virou novamente, e eu fiquei frente a frente com ele. 

- Eu não consigo - Ele murmurou, tocando seus lábios em meu queixo - Gabbe, você me deixa louco todos os dias quando te vejo. 
Ele me encostou no armário de alumínio, beijando-me com vontade. Seus lábios eram vorazes, sua língua pediu passagem rapidamente. Eu não poderia dizer não, e nem queria. Ele era um cara provocador, mas extremamente atraente. Sua mão desceu de minha cintura até uma de minhas coxas, onde o mesmo a levantou, encaixando em seu quadril. 
Com uma das mãos, deslizei meus dedos por baixo de sua camisa, fazendo-o estremecer. Ele mordiscava meus lábios a medida que meu toque descia a extensão de seu tronco. Sentia que ambos poderíamos pegar fogo ali mesmo, enchendo a ala médica de labaredas.

Foi aí que ouvimos o som da porta. Castiel arregalou os olhos, e instantaneamente nos afastamos. Meu rosto tomou-se em rubor, e eu apenas abaixei a cabeça. Ele pigarreou, apertando os lábios. Doutor Faraize apareceu no recinto, rolando os olhos entre nós dois. 

- Atrapalhei alguma coisa? - Ele perguntou.
- Claro que não, doutor - Castiel respondeu, se afastando de mim - Enfim Gabbe, a Debrah pegou os pijamas. Boa noite. 

Assenti com a cabeça, controlando a vontade de rir. Olhei para ele, que esboçou um sorriso presunçoso. 

- Gabbe, você já está pronta? Você precisa visitar o paciente - Doutor Faraize me olhava ainda desconfiado, passando os dedos pelo queixo - E ande logo - Ele pediu, com raiva.
Fiz que sim com a cabeça, mexendo-me rapidamente. Peguei um conjunto de Violette e os vesti. Pijamas cirúrgicos são calças e camisetas da mesma cor, geralmente azuis, verdes, brancos, dependendo da ala médica que você trabalha. A minha cor é azul. Amarrei os meus cabelos para trás, em um rabo de cavalo desajeitado. 

Corri até o elevador, apertando o quarto andar enquanto colocava o estetoscópio em volta do pescoço. Assim que cheguei ao meu andar, fui em direção ao apartamento de meu paciente. Antes de girar a maçaneta, vi Violette andando em minha direção com uma prancheta.

- Você chegou cedo, o que houve? - Ela sorriu, entregando-me os papéis do Müller - Doutor Faraize pediu para lhe entregar os prontuários do paciente.
- Oh, obrigada Vio - Ri, envergonhada - Eu não tinha nada a fazer, então resolvi vir. 
- É mesmo? E os amassos que você deu no Castiel? Doutor Faraize disse que pegou vocês no ato! - Ela riu, e eu não pude deixar de fazer o mesmo.
- Nada demais... - aí, que droga! Porque ele foi aparecer? Agora o hospital inteiro vai saber - Por favor, não comente mais com ninguém.

Ela fez que sim, e partiu.

Girei a maçaneta do quarto, e pela primeira vez na vida, senti um nervosismo enorme. Mesmo com toda a pressão de trabalhar com pacientes de auto-risco, nunca me senti assim tão sensível ao lado de alguém doente. 

Assim que adentrei, vi uma moça sentada em uma das poltronas do quarto. Imediatamente reconheci a moça da foto. Ela estava com cabelos semi-presos, realçando seu rosto marcado e olhos verdes como esmeralda. Ela usava um blazer azul escuro, com uma blusa de babados por baixo. Trajava um jeans e sapatos altos. Ela olhava séria para o rapaz deitado na maca. Segurava sua mão, quando seu olhar encontrou o meu.

- Boa noite - Falei, segurando os prontuários - Sou a Doutora Gabriela Maxwell, médica responsável do Müller. 
- Boa noite - Ela levantou-se da poltrona, buscando sua bolsa - Já estou de saída.
- Não, não - Pedi - Pode ficar, só vou verificar os aparelhos - Sorri, com vergonha.
- Não, eu já vou mesmo. Não tenho o que fazer aqui. Meu noivado acabou, minha vida acabou... E se ele não acordar? - Seus olhos encheram-se de lágrimas, e meu coração ficou pesado.
- Não diga isso - Aproximei meu corpo da maca - Ele tem chances de sair dessa. Não desacredite. Apenas peça para ele melhorar. 
- Como?! Eu não posso falar com alguém que não abre os olhos.

Me irritei profundamente com aquilo. Tentei falar alguma coisa, mas a mulher apenas se levantou, puxando sua bolsa cara em mãos. Passou pela maca dele sem sequer se despedir, e fechou a porta. Balancei a cabeça negativamente, repreendendo a atitude da moça. Se ela for mesmo a noiva ou sei lá o que desse cara, ela não passa de uma ingrata. 

Me aproximei dos equipamentos e visualizei a tela do respirador mecânico. Anotei os dados, aferir pressão, e modifiquei a saturação do oxigênio. Abaixei um pouco o cobertor, para visualizar os ferimentos na região do tronco.

- Você é um milagre, sabia? - Falei, desamarrando a bata do paciente - Estar vivo é maravilhoso, visto o acidente que sofreu. 

Ao desfazer o laço da bata, afastei ambos os lados do tecido, deixando um peitoral extremamente definito à mostra. Não tinha reparado nisso mais cedo, fiquei tão nervosa ao entuba-lo. 
Aproximei uma das mãos em direção ao seu peito, para iniciar a auscultação. 
- Vou toca-lo rapidamente para ouvir seu coração, apesar de na tela estar com batimentos normais - Pedi.

Assim que meus dedos gelados encontraram sua pele, senti seu músculo resetar. Afastei rapidamente a mão do local, fazendo-o relaxar.

- Você me assustou - Falei, respirando profundamente. 

Mais uma vez, tentei fazer meu procedimento. Assim que o toquei pela segunda vez seguida, seu corpo respondeu da mesma maneira. Resolvi continuar, colocando o aparelho de auscultar em toda a extensão do peitoral. Precisei me abaixar um pouco mais para ouvi-lo melhor, o que fez meu tronco ficar próximo o suficiente de seu braço. Foi quando senti uma mão tocar-me na coxa. Meu corpo pendeu para trás com o susto, me fazendo cair.

- Mas que merda...? - Falei baixinho, assustada. 

Ofeguei mais alguns instantes antes de levantar. Olhei novamente para a maca e ele estava lá, imóvel. 

Como pode isso acontecer?



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...