História Feelings for you - Camren - Kiss me hard before you go

Miami, sábado 19:53PM.

Era sábado e decidi fazer algo bem clichê, sábado é dia de fazer coisas clichês. Estávamos no cinema e Dinah não parava de falar, ela falava sobre sua família grande e de como odeia homens sem atitude, que está quase virando lésbica pelo fato de ter pego alguns homens que não seguem nosso artigo IV (Sim, temos um artigo de leis, para que possamos achar o cara certo mais rapidamente).

Artigo IV – Não é força, é jeito. Se tem jeito e força, talvez fique melhor ainda.

Gargalhei lembrando-me da nossa idade quando fizemos esse artigo, éramos apenas adolescentes achando que iríamos encontrar o amor da nossa vida aos quinze. Durante todo esse tempo, renovei meu conceito de amor. Você sente vários tipos de amor, e o amor se renova e se torna mais intenso a cada pessoa diferente que você ama. Da primeira vez, você talvez vá se iludir e aquela dor vai parecer nunca passar, mas passa. Da segunda vez, vai ser bem pior, o mundo irá cair, você vai querer se jogar de um precipício por achar que aquilo nunca vai passar e você nunca será capaz de viver sem aquela pessoa, mas passa, e você acaba superando.

Mas o amor? Ah...Quando você se sente transbordar, quando você sente o verdadeiro e mais completo amor, é outra história. Perdoa uma vez, duas, três. Faz um esforcinho para perdoar a quarta e a quinta. Na sexta você fecha os olhos e finge que não se magoou. Já na sétima você tenta sair de mansinho pela porta dos fundos apenas para que a pessoa não perceba que se preciso, ela te daria uma oitava chance, e uma nona, e uma décima.

- Aí eu lembro que a gente se beijou, ele pegou na minha cintura com tanta força que eu pensei que ele ia arrancar meus orgãos – Dinah disse descendo as escadas do cinema e olhando para trás certificando-se que estávamos prestando atenção – Acreditam que ele sequer pegou na minha nuca? E ele queria partir para algo mais...Violento. Aquilo foi a gota d’água.

Dinah era tão engraçada, ela conseguia facilmente te fazer sorrir apenas com uma careta ou uma piada, por mais sem graça que fosse, tudo com ela havia graça. Seu único problema era falar demais, sempre que convidávamos Dinah para assistir algo ou ir á algum lugar, ela contava sobre suas experiências. Não é possível que uma mulher de vinte anos tenha tantas histórias para contar.

- Dinah – Normani a chamou baixinho – Você pode por favor parar de falar de homem? Sua viciada em macho – Normani massageou suas têmporas enquanto acelerava seus passos e caminhava a nossa frente, ela estava visivelmente irritada.

- Deus me livre um negócio desses, gente – A menor se pronunciou – Vocês só sabem falar de homem, que Deus perdoe – Ally fez um crucifixo e eu sorri da atitude, ela era tão fofa.

- Não me lembre disso, Ally, todos os homens que conheci até hoje me trouxeram dores de cabeças agudas – Disse enquanto tomava meu refrigerante, eu falava séria, todos os homens que conheci até hoje, não existia um sequer que não havia me causado dores.

- Uma hora você encontra alguém que te entenda, Mila – Ally disse passando as mãos nas minhas costas. Dinah e Normani já estavam muito a frente, não podíamos mais sequer vê-las, então, decidi puxar Ally para que achássemos elas antes que elas se percam. Eu parecia uma mãe quando leva seus filhos ao supermercado.

“-Você não entendeu ainda, Dinah – era Normani.

- Realmente, eu não te entendo, e quer saber? Eu não faço isso porque não quero, e sim porque não consigo. Você é mais difícil que um quebra cabeça de mil peças diferentes, Normani – Puxei Ally para perto de uma pilastra e fiquei observando a cena um tanto confusa, elas nunca brigavam, o que havia acontecido? Dinah apertava o pulso de Normani que a olhava com fogo em seus olhos, era visível que estavam brigando até para quem estava a milhas de distância – Podemos conversar? Me faça entender, Mani.

- Quer realmente entender? Você quer entender o que eu quero dizer? – A morena olhou para os lados certificando-se que não havia ninguém no corredor, eu ainda observava a cena – Eu vou te fazer entender, Dinah – Normani se desvincilhou-se dos braços de Dinah que a apertava fortemente, agora suas mãos estavam na nuca de Dinah enquanto elas...Se beijavam? O QUE ERA AQUILO? O que estava acontecendo ali? Eu realmente não sei o que estava...- Me desculpe, eu não posso mais esconder isso”

Suas vozes agora eram mais baixas, e o corredor que há segundos atrás era preenchido de gritos, agora estava em um completo silêncio, pensei que aquilo havia sido bom, mas a reação de Dinah se tornou um divisor de águas. A loura saiu ali pisando duro e forte, Ally me olhava assustada com a situação, e então resolvemos nos aproximar.

- Cadê Dinah? – Olhei pelo corredor a procurando, não podíamos entregar que estávamos espionando aquela cena.

- Ahh...Ela teve alguns compromissos de última hora e saiu – Sua voz era embargada de decepção, acho que ela meio que esperava que Dinah correspondesse ao seu beijo com a mesma intensidade que ela deu. Mas cá entre nós, nem eu corresponderia, quer dizer...Não sei, bom, se alguém me beijasse inesperadamente e essa pessoa fosse minha colega/amiga, acho que nem saberia minha reação.

Whatsapp – Dinah oxigenada

Dinah oxigenada: Mila, eu preciso da sua ajuda...Preciso que venha aqui em casa.

- Agora? Mas já são quase 20:30PM, Dinah, eu estou fodidamente cansada e ainda tenho que ir em um lugar com Chris, ele disse que é importante que eu esteja lá com ele.

Bufei me lembrando do compromisso que meu “namorado” havia me colocado junto á ele.

Dinah oxigenada: Tudo bem...Eu só preciso que venha aqui, eu também não estou na melhor situação, te espero aqui amanhã de tarde, por favor, venha.

- Eu prometo ir, e quando eu chegar ai, te quero com um sorriso no rosto, loura de farmácia.

Dinah oxigenada: Só você para me fazer rir em uma situação dessas, já disse o quão especial você é para mim?

- E precisa?

Desliguei meu celular quando cheguei em casa, eu tinha cinco segundos de descanso e isso era ótimo, é um bom tempo desde que comecei a trabalhar na Miami News. Me sentei no sofá e respirei fundo durante alguns minutos, eu já chegaria atrasada no encontro em que Chris havia dito. Me levantei e fui até meu quarto, por algum motivo aquele dia estava diferente, tenho a sensação de que alguém está me observando o tempo inteiro, aquilo me causava alguns rubores pela pele toda vez que pensava nisso. Mas de certa forma isso me atingia de um jeito bom, como se eu estivesse sendo observada por um anjo da guarda ou coisa do tipo, isso é normal? Comecei a pensar enquanto vestia uma roupa casual para a ocasião.

Optei por uma saia até abaixo dos joelhos colada em meu corpo na cor preta, uma camisa de botões em pano de seda na cor branca e meus inseparáveis saltos scarpin. Um batom roxo escuro que entrava em contraste com minha pele bronzeada. Deixei meus cabelos encaracolado nas pontas e então me olhei no espelho, eu realmente gostava do que via.

As noites em Miami continuam frias, pensei, será um erro ter optado por essa roupa?

Miami, 21:22PM

Sai do carro e pude sentir a brisa fria bater contra a minha pele me causando um arrepio descomunal por todo o meu corpo. Passei as mãos sobre meus braços na intensão de aquece-los, em vão.

Lá estava chris, vestido com uma camisa social preta e uma calça jeans na mesma cor. Havia algumas pessoas ao redor da mesa enquanto Chris me esperava com uma cadeira vazia ao seu lado.

- Mocinha, você está exatamente três minutos e cinquenta e dois segundos atrasada, posso saber quem é o cara? – Chris disse em tom de brincadeira me arrancando um sorriso, selei meus lábios aos seus e me sentei ao seu lado mexendo em meu celular.

Na mesa conversavam sobre assuntos aleatórios, até que chegaram em um assunto fixo, música. Disso eu realmente sabia falar, Chris dizia o quanto a música o ajudava em momentos. Ele sabia tocar instrumentos como bateria, guitarra e violão. Eu estava aprendendo e meus dedos já estavam cheios de calos, como aqueles guitarristas aguentam? Eu prendia a atenção em meu celular, subia e descia a timeline vendo a foto de algumas pessoas e alguns post’s, aquilo estava realmente mais interessante que ficar naquela mesa.

Até que...

- O que vocês acham de falar em como minha chegada triunfal vai animar essa mesa? – A voz da morena soou em meus ouvidos, a mesma rouquidão, o mesmo tom...Era ela, a garota de olhos verdes. No mesmo instante desliguei meu celular e o coloquei em qualquer lugar em cima da mesa, seus olhos pousaram sobre os meus e eu sorri, já disse, era como se eu estivesse programada para sorrir toda vez que o verde dos seus olhos se perdessem a escuridão dos meus.

- Ahh...- Chris a olhou – Lauren, você veio – Disse ele com um sorriso de canto nos lábios enquanto passava a mão em sua nuca, ele parecia tenso novamente.

- Não só eu, Brad também veio, maninho – Só então pude perceber que Lauren vinha acompanhada de um garoto alto, seus olhos eram azúis, ele era lindo, assim como ela, pensei...Porque aquilo me deixou de certa forma, para baixo? Droga, tem algo errado – Então...Sobre o que estão conversando?

- Música – Kendall disse rapidamente enquanto passava a língua sobre seus lábios.

- Eu sou apaixonada por música, sei lá – Sorriu, aquele sorriso...Encantador, você consegue imaginar? Ela sorriu com aqueles dentinhos fofos e seus lábios vermelhos, seus olhos sorriam também, para foder com tudo – Acho que toda pessoa seja uma música diferente, uma poesia ao qual você precisa decifrar cada verso e vira-la do avesso...É incrível – Ela falava aquilo com tanta convicção, sua voz era a única na mesa já que todos haviam parado para prestar atenção no que ela dizia, inclusive eu. Poderia afirmar que meus lábios estavam levemente aberto, até as palavras que ela dizia eram lindas.

- Amor? Fecha a boca – Chris susssurrou ao perceber minha boca um pouco aberta, espero que ele não tenha percebido qual o motivo, seria fodidamente estranho.

- Nesse momento vocês devem estar me achando uma chata, ou uma louca – Ela riu novamente, que risada linda, eu poderia engarrafar sua voz apenas para nas noites vazias ela ecoasse fazendo com que o mundo não se sinta só...Camila? Para com isso, disse pra mim mesmo entrelaçando meus braços no pescoço de Chris – Acho que até mesmo corpos fazem poesias quando estão juntos.

- Lauren – Kendall sorriu – Belas palavras – Lauren piscou para Kendall e sorriu para ela, porque Lauren estava sorrindo para ela? Deus! – Sabe bem como escolhe-las – Eu apenas observava a situação calada, eu não queria abrir minha boca, e se eu falasse algo...Estranho ou errado? Ela iria me achar uma idiota, não só ela como todos na mesa.

Todos tomavam uma taça de vinho, menos Chris, que tomava um suco de laranja, depois do episódio anterior ele ficou um pouco constrangido pelo fato de não aguentar sequer duas taças de vinho sem cair no sono. Beijei seu pescoço e pude ver o mesmo se arrepiar, era incrível o efeito que eu causava nele com um simples toque. Mas meus olhos ainda eram prendidos por Lauren, que olhava para mim e Chris ao mesmo tempo que Brad beijava seu pescoço de uma forma vergonhosa, parecia que eles iam tirar as roupas e foder ali mesmo, que nojo!

Lauren olhava para o Chris sorrindo, ele retribuia com o mesmo carinho que sua irmã depositava no sorriso. Lauren estava um tanto ruborizada, já que Brad parecia já estar um pouco alterado com suas diversas taças de vinho. Aquela situação estava realmente me incomodando, Lauren não tirava seus olhos de mim, o que ela tanto olhava, será que tem algo no meu rosto?

- Chris...Já volto – Me levantei pegando minha bolsa e me dirigi até o banheiro, eu estava me controlando para não vomitar em cima daquele casal, me aproximei do espelho e tirei meu batom dali, que estava borrado, já que Chris havia me dado alguns beijos bem exagerados.

Olhei-me no espelho e suspirei fundo, “que merda você está fazendo?”, pensei. Eu me peguei pensando por alguns segundos o que Lauren tinha que puxava tanto minha atenção sobre ela. A primeira vez que eu a vi, tudo na minha cabeça ficou quieto, e acho que podem perceber que eu sou uma bagunça por dentro. Todos os tiques, todas as imagens constantes passando simplesmente desapareceram. Eu queria ficar presa naquela imensidão verde...Assim como um buraco negro aquela púpila dilatada me puxava para outro universo onde ninguém poderia me tirar de lá, e se tentassem, ficariam presos também. As vezes pensava comigo mesmo, Chris não me amava, ele só não queria ficar sozinho, ou talvez eu era boa para elevar seu ego, talvez eu o fizesse se sentir melhor, mas ele não me amava, eu olhava em seus olhos e não sentia firmeza em suas palavras, e isso é a pior coisa que alguém pode sentir sobre outra pessoa, falta de confiança.

Ouvi a porta se trancar e logo abri meus olhos me despertando sobre meus pensamentos, eu acho que estava alucinando...Cocei meus olhos e quando os abri ali estava aquela imensidão verde me olhando, aquelas pupilas dilatas, ali estava o meu inferno diante de mim. Lauren se aproximou de mim e eu me afastei dando alguns passos para trás, o que ela estava fazendo? Dei mais alguns passos para trás e ela se aproximou novamente colocando a mão em minha cintura e cortando a curta distância entre nós, seus lábios se encaixaram aos meus e eu coloquei as mãos sobre seus ombros tentando empurra-la – O que diabos você está fazend...-Ela juntou novamente seus lábios aos meus, só então entrei em um universo totalmente paralelo, eu não tinha consciência dos meus atos naquele momento, seus lábios eram tão macios e grossos...Eu poderia ficar ali por uma eternidade, mal pude perceber que estava com a mão na sua nuca colando mais seu rosto ao meu, ela explorava cada canto da minha boca como se fosse a única coisa que ela pudesse fazer naquele momento, mordeu meu lábio inferior e passei alguns segundos com os olhos fechados voltando a realidade. EU BEIJEI A LAUREN, o que eu...fiz?  Eu beijei a irmã do meu namorado.

- O que você fez? – Disse me desvencilhiando dos seus braços rapidamente, ela tinha tanta força...E jeito.

- O que NÓS fizemos, eu não beijei sozinha, Camila.


- Meu Deus...O que eu vou falar pro Chris, o que você fez eu fazer?


- Você queria isso tanto quanto eu, Camila, eu vi a forma que me olhou – Me afastei dela pegando minha bolsa e balançando a cabeça negativamente, ela era maluca, ela era fodidamente maluca.

- Olha...Eu não sei se alguém já te falou e eu sinceramente sinto muito se sou a primeira pessoa a te dizer isso, porque vou quebrar toda sua fantasia. O mundo não gira ao redor da droga do seu umbigo – Lauren me olhou com uma sobrancelha arqueada – Narcisista... – Sussurrei baixo o suficiente para que ela não ouvisse, o que eu havia acabado de fazer? Era errado? Porque eu me senti tão bem fazendo algo errado e me sinto tão mal fazendo algo certo?

Peguei a chave em sua mão e abri a porta caminhando rapidamente até a mesa, estavam todos dando gargalhadas altas e inclusive Chris, que acabara de beber uma taça de vinho escondido, ele já estava alterado. Agarrei seu pulso fortemente ficando minhas unhas no mesmo sem querer, o puxei com força olhando todos ao redor da mesa – Desculpe-nos, precisamos ir, eu preciso ir para casa, meus pais estão me chamando.

Chris se aproximou de mim de forma que sua boca ficasse bem próxima ao meu ouvido – Mas você não mora com seus pais, Camila – Ele gargalhou baixo, eu me sentia péssima, eu acabei de trai-lo, isso foi traição?

Puxei Chris para fora do restaurante bufando de raiva, eu estava completamente confusa. A brisa ainda arrepiava meu corpo, mas a lembrança daqueles lábios me arrepiava mais do que qualquer coisa naquele momento, sua boca era como nenhuma outra...Porque estou pensando nisso?