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História Feels Like Home - Capítulo 14


Escrita por: GuaxiLexa

Notas do Autor


Usem a filosofia de vida do Murphy, pra vida de vocês erheirh -q

Capítulo 14 - Capítulo 14


Clarke acordou bem mais tarde que o habitual, ela estava se sentindo estranha, uma inquietação borbulhou em seu estômago assim que ela abriu os olhos. Levou apenas poucos segundos para ela se lembrar o porquê dela estar sentindo essas porcarias. A memória golpeou a loira com força e ela estremeceu quando toda a noite anterior voltou a memória dela.

Lexa contra uma parede, se inclinando para beija ela. Um sentimento de euforia total, ela realmente ouviu seu próprio nome escapar dos lábios de Lexa, ao som de um gemido. Ela sentiu as unhas de Lexa na pele da nunca dela. Ela estava perto, muito perto. Tudo era quente e macio, era melhor do que Clarke tinha imaginado e então ela teve que correr disso.

Clarke chutou as cobertas com uma careta de frustração. Ela tinha arruinado tudo. Clarke tinha chegado muito perto, apesar de saber que a vida dela seria muito mais fácil se ela apenas mantivesse distância e tivesse tido um relacionamento profissional com Lexa. Como se isso fosse fácil. Em menos de seis meses ela seria legalmente proibida de chegar perto de Lexa ou do bebê. Quaisquer que sejam os sentimentos que ela não conseguiu evitar, ela iria pegar a longo prazo, depois do eventual adeus. Mas agora que ela provou os lábios de Lexa, se despedir se tornou mais difícil do que nunca, além de ter complicado bastante as coisas com a morena.

Mas, seu subconsciente lembrou a ela. Ela beijou você, não o contrário.

Clarke sentou no lado da cama e esfregou as mãos em seu rosto, deixando escapar um pequeno gemido. Ficar grávida, ter um bebê, entregar o bebê e pegar o ultimo cheque de pagamento. Era isso que tinha que ser. E agora?

Agora ela não conseguia nem pensar em Lexa sem um nó de tristeza se formando dentro dela, tristeza e angústia que estava atingindo toda a sua negação. Negação do fato de que, em algum lugar aos longos desses meses, Lexa tinha começado a significar mais para ela do que Finn algum dia já significou. Finn não fazia ela querer ficar acordada até tarde, apenas para que ela pudesse jantar com ele e falar sobre o seu dia. Ela nunca tinha ligado para Finn em alguma hora do dia, por nenhuma outra razão, apenas para falar sobre alguma coisa ridícula que ela viu ou que estava pensando. Finn nunca cancelou os seus próprios planos quando Clarke não estava se sentindo bem, para que ele pudesse levar ela no médico. Ela se importava com a segurança dele, mas ela não teria feito ou dito qualquer coisa no mundo para impedi-lo de fazer alguma coisa que ele quisesse e tivesse algum risco.

Algo tinha acontecido, a confirmação de um fato que ela sabia que estava sentindo e que estava crescendo já há um longo tempo. Um sentimento que ela tentou suprimir até o segundo que ela sentiu o calor dos lábios de Lexa contra o dela própria. Foi totalmente diferente de qualquer coisa que ela já tinha sentido com Finn. Foi simples, ela nunca quis Finn da forma que ela queria Lexa. Ela queria tudo da morena, o amanhecer do dia quando ela ia fazer o café antes do trabalho, as noites que elas assistiam a filmes juntas sem dizer nada. Ela queria ser capaz de beijar Lexa sem estragar tudo, ela queria fazer mais do que apenas beija a morena. Ela queria sentir Lexa debaixo dela e queria ser capaz de encontrar a origem daquele cheiro que parecia sempre estar em torno da morena. Ela queria acordar na mesma cama que Lexa e ser capaz de beijar a morena sempre que quisesse.

Mas.

Mas, evidentemente isso não pode acontecer. Talvez pudesse, em um universo alternativo onde elas teriam se conhecido em um café ou no Parque. Não em um escritório de Agência para barrigas de aluguel.

Talvez por um milagre, Lexa também iria querer isso. Mas nada iria mudar, nada.

Ela se levantou, sentindo em seus pés todo seu peso extra e limpando algumas lágrimas que escorreram junto com suas angustias e tristezas. Ela se trocou lentamente, era domingo, Lexa não estaria indo para o trabalho. O que significa que não importa o quanto ela se esconda no quarto, ela ia ter que enfrentar a outra mulher, uma hora ou outra.

Com a testa franzida, a loira tentou pensar em algo que pudesse dizer, algo que fizesse as coisas menos estranhas. Porque elas iriam ter que falar sobre isso em algum momento, certo? Ela começou a andar até a porta, pressionada contra uma parede, isso não era uma daquelas coisas que você pode ignorar, ela disse a si mesma.

Ela olhou para sua barriga, balançando a cabeça em consternação. - Sua mãe vai ser minha morte. - Ela sussurrou, enquanto puxava as mangas de casaco para afastar o frio do inverno.

Abrindo lentamente a porta o seu quarto, ela se inclinou aos poucos para fora e tentou ouvir atentamente alguns sinais que indicavam que Lexa já tinha acordado. A cozinha parecia silenciosa, assim como todo o resto do apartamento. Clarke se arrastava pela parede do corredor, seus pés tocavam o piso de forma suave para evitar fazer algum barulho.

Ela entrou na área da sala de estar como um animal assustado, a loira olhava em volta em busca de qualquer sinal de vida. Porém o local estava vazio e até mesmo a jarra de café estava em seu lugar de costume, ela não foi usada. Olhando para o relógio, Clarke fez uma careta. Eram nove da manhã, Lexa nunca dormiu por mais de oito horas. Olhando pelo resto da cozinha, ela viu um pedaço de papel no balcão. Ao pega-lo, sua careta se aprofundou.

Estarei de volta na Quarta Feira. Se a despensa não estiver abastecida, utilize o cartão de crédito na gaveta da escrivaninha. ~L

 Ah, Clarke pensou enquanto a memória voltava até ela. A viagem de trabalho. Com tudo o que tinha acontecido, ela tinha se esquecido completamente que Lexa disse que iria viajar depois do Natal. Antes, ela teria pensado que Lexa iria acorda-la antes de sair. Mas agora? Talvez Clarke não era a única tentando evitar uma conversa estranha.

Ela olhou para sua barriga novamente. - Parece que sua mãe é uma grande covarde, assim como eu. -  Ela disse ao bebê, fazendo uma careta. Por mais que ela quisesse evitar ter que falar sobre o que quer que fosse que estava acontecendo entre elas, a perspectiva de passar alguns dias sem Lexa deixou ela bastante desanimada. As coisas não eram as mesmas quando Lexa não estava aqui.

Além do mais, ela não se sentia como se pudesse mandar uma mensagem ou fazer uma ligação para morena, porque, o que ela poderia dizer? Continua como se nada tivesse acontecido? Voltar à como era antes?

Bufando de frustração, Clarke se inclinou contra a bancada. Quando as coisas ficaram tão complicadas?

Suas emoções estavam viajando em uma montanha russa, passando por todos os níveis de tristeza e frustração, e agora ela tinha um dia inteiro para tentar se livrar de suas angústias, ela só via uma solução para isso, ligar para Octavia. Ela quase se sentiu como se estivesse na faculdade buscando aconselhamentos de sua melhor amiga sobre sua paixão. Ela pegou o celular e fez a ligação.

Octavia atendeu após alguns toques. - Blake falando

- O - Clarke latiu. - O que você está fazendo hoje?

- É um domingo. É dia de assistir Boxe. Ou seja, eu não estou fazendo porra nenhuma.

- Você quer um almoço? - Clarke perguntou de forma esperançosa.

- Claro, será que tem algum lugar aberto?

- Na verdade - Clarke começou de forma lenta. - Você poderia vim pra cá, se quiser.

Houve um silêncio do outro lado da linha. - Você quer que eu vá para o Covil da Bruxa? - Octavia perguntou com descrença.

- Ela não está aqui - Clarke disse de forma cansada e irritada. - Ela fez uma viagem. Olha, eu só... eu preciso falar com você.

- Não precisa dizer mais nada, C - Octavia disse de forma mais animada. - Eu vou estar ai em poucas horas.

- Tô te esperando.

Enquanto o resto da manhã passava, Clarke colocou o Cavalete que Lexa tinha dado a ela na varanda. Estava frio, mas o dia estava claro e tudo tinha um tipo de qualidade gelada que fazia ela querer pinta do lado de fora. Ela deu uma olhada para o belo conjunto de tintas que ela tinha ganhado no Natal, balançando a cabeça ela tirou o seu conjunto antigo de sua caixa, ela estava com um pouco de receio de usar as novas. Ela colocou tudo na varanda, se sentou em uma cadeira e envolveu um cobertor macio em torno de si mesma.

Fazendo uma pausa antes de pegar o pincel, passou em sua mente que tinha sido um longo tempo desde que ela tinha pintado assim, da forma correta, era inteiramente provável que ela não era tão boa em pintar de forma normal. Suspirando, ela misturou as cores da maneira que ela tinha sido ensinada, quando ainda estava na faculdade de arte.

Até o momento que Octavia chegou, Clarke já tinha feito algum progresso decente em sua pintura. Bom, ela configurou o que era, você já podia ver algumas formas. Uma batida na porta puxou ela para fora de seu foco e ela voltou para dentro, para poder abrir.

Octavia parecia extremamente desconfortável. - Clarke, esse lugar é aterrorizante. - Ela disse de forma tensa.

Clarke recuou para deixar sua amiga entrar. - É um prédio normal, com apartamentos normais, O.

Octavia entrou, olhando em volta como se algo pudesse pular nela a qualquer momento, Clarke observou os olhos da amiga se lançar sobre cada objeto e superfície. Os cantos de sua boca se viraram para baixo.  - É legal - Ela admitiu. - Mas não vejo por que você vive aqui ao invés de morar comigo.

- Sim. - Clarke disse com a voz carregada de sarcasmos. - Esse é mesmo o motivo. - Ela abriu a geladeira e pegou algumas coisas para fazer uns sanduíches, enquanto Octavia ficava inquieta sentada no meio da cozinha.

- Então... - Octavia começou. - Como as coisas estão indo? Em... - Suas mãos se curvaram em torno de sua barriga imaginária de forma exagerada, imitando uma gravidez, como se isso fosse um tabu.

Clarke sorriu um pouco e revirou seus olhos. Olhando para sua barriga. - Na verdade - Ela começou, de forma honesta. - É impressionante. É saudável, pelo que o médico disse na última consulta. - Espalhando manteiga sobre o sanduíche, seu sorriso alargou. - É estranho como, bom, eu sei que isso ainda não pode pensar nem nada, mas ainda assim, é como ter um passageiro que vai comigo para onde quer que eu vá. Me assustou no início, mas... não sei, eu gosto de ter um pequeno copiloto.

Octavia levantou as sobrancelhas enquanto olhava fixamente para a loira.

Clarke abaixou a cabeça, se concentrando nos sanduíches. - Quer dizer... Sim. Mas de qualquer forma, não é meu bebê. - Ela olhou para cima e encontrou o olhar inquieto de Octavia. - O que?

Octavia, por um momento pareceu desconfortável. - Clarke... - Ela disse mas parou. - É... uh... você sabe quantas vezes as barrigas de aluguel decidem ficar com o bebê?

Claro que sim, Clarke pensou consigo mesma. É por isso que está escrito no maldito contrato que eu não posso ver o bebê após o nascimento. - Muitas vezes. - Ela disse, encolhendo os ombros. - Aonde você quer chegar?

- O que eu estou tentando falar, - Octavia disse de forma gentil. - É, você não acha que estava ficando um pouco ou talvez muito, apegada a essa criança? Quer dizer, eu não estou querendo ultrapassar nada mas, você tem certeza que está... sabe, mantendo distância o suficiente de tudo isso?

Clarke deu um suspiro pesado, colocando a parte superior do pão nos sanduíches e deslizou para o banco, ao lado de Octavia. - Eu não tenho absolutamente nenhuma intenção de sequer pensar em ficar com esse bebê... Desde o início é o bebê de Lexa e nada vai mudar isso. - Era verdade, mesmo que ela sentisse que o bebê estava começando a se tornar uma parte bastante sólida de sua vida, literalmente e figurativamente. Ela se encontrou falando com o monstrinho por mais vezes do que ela iria admitir. Ela respirou fundo antes de voltar para Octavia. - Mas... não foi por isso que eu te liguei.

Octavia se inclinou para frente. - Não é sobre o bebê?

- Não. É sobre Lexa. - Ela disse de forma inquieta.

- É a sua paixão trágica pela rainha do gelo. - Octavia disse de forma brusca, dando uma mordida e mastigando o sanduíche. - Sim, sim. tudo bem. O que aconteceu, você confessou o seu amor eterno?

Clarke balbuciou. - Eu não! - Amor, eu não amo, quer dizer... eu -

Octavia parecia ofendida com a reação. - Clarke, relaxa. Eu estava brincando. - Ela resmungou algo baixinho que soou como - Ela nega demais. - e por fim disse. - Então, o que é? Eu já estou na borda do banco aqui. - Ela se inclinou para frente e tomou outra mordida de seu sanduíche.

- Eu meio que... - Clarke gaguejava nervosamente, enquanto olhava para seu próprio sanduíche. - Eu.. uh... Eu poderia ter ficado com ela ontem à noite.

Octavia fez uma pausa, a boca aberta e o sanduíche a meio caminho dela. Ela olhou de forma incrédula para Clarke. A loira teria rido se não tivesse se sentindo tão ansiosa. - Você não tá brincando - Finalmente Octavia disse em voz baixa, ainda incrédula.

- Queria eu que fosse brincadeira - Clarke gemeu, apoiando os cotovelos no banco. 

Octavia sacudiu a cabeça, por um momento Clarke tinha a certeza que sua amiga iria provoca-la e talvez até rir dela, mas o rosto dela era perfeitamente sincero. - Por quê? - Ela perguntou em voz baixa. - Eu pensei que você realmente gostava dela. Eu teria pensado que você ficaria feliz, talvez?

Clarke suspirou, olhando o banco e traçando os padrões de mármore com um dedo. - Eu-eu estou. - Ela admitiu, lembrando o que ela sentiu quando pressionava seu corpo contra o de Lexa, beijando a morena e sentindo seu calor como ela nunca sentiu antes. - É só... é mais complicado.

Octavia piscou. - Por quê?

Clarke respirou fundo. - O contrato que eu assinei quando me tornei barriga de aluguel dela. Ele me proíbe de ter qualquer contato com o bebê depois que ele nascer. O que, bom, você sabe... faz sentido porque como você disse, várias mulheres tentam ficar com os bebês. e... - Ela encontrou o olhar de Octavia, franzido a testa. - Sem contato com o bebê significa, nenhum contato com Lexa. Então... - Clarke deu de ombros. - Não importa o que acontece agora, em menos de seis meses eu vou ter que dizer adeus. Porque fazer esse adeus mais difícil do que ele precisa ser?

Octavia estava olhando de forma estranha e pensativa. Ela tinha voltado a velha Octavia, aquela que era a melhor amiga da faculdade novamente e que oferecia conselhos e um ombro para chorar quando tudo dava errado. Ela soltou um suspiro devagar e franziu a testa. – E você quer algo que duro mais de seis meses?

Clarke pensou como sua vida tinha se tornando melhor nesses últimos meses, pensou no quão feliz ela tinha sido. Como ela faria quase qualquer coisa para fazer isso durar mais tempo. Não tinha como negar mais. – Sim – Ela disse, abaixando um pouco a cabeça.

- E você não acha que talvez ela queria isso também?

Clarke suspirou. – Eu não faço ideia. Eu nem mesmo sei se ela pensa em mim dessa forma, quer dizer... a longo prazo.

Octavia franziu mais ainda a testa para isso. – Ok, eu vou honesta, porque é você e eu me preocupo com você. – Ela disse de forma lenta e Clarke se sentia desconfortável. – Quer dizer, se fosse qualquer outra pessoa, eu diria para prosseguir com isso – Ela encolheu os ombros e suspirou. – Mas... Eu não trabalho a tanto tempo assim pra Lexa, mas eu gosto de pensar que eu tenho uma boa ideia de como ela é, e eu tenho que te dizer, se há uma pessoa que seria a defensora número um de um contrato, seria ela.

O coração de Clarke ficou apertado. – Sim. Eu sei – Ela se inclinou contra o banco e olhou para suas mãos. – E eu nem tenho certeza se ela sente o mesmo por mim, então minha partida após o nascimento do bebê seria bom. – Ela olhou para cima e balançou a cabeça uma vez – Bem, eu acho que isso encerra o assunto. Eu vou ter o bebê, vou entregar a ela e dizer o meu Adeus.

- Não é de todo ruim – Octavia disse de forma gentil. – Pense sobre a exposição. É como se você estivesse indo pra uma parte nova da sua vida. É emocionante, Clarke e Ei – Ela cutucou Clarke de forma gentil – Por que você não vem morar comigo por um tempo, depois do bebê nascer? Vai ser como se estivéssemos na faculdade de novo.

Clarke sorriu um pouco. – Sim. Como nos velhos tempos.

Ela estava prestes a dizer algo mais e talvez oferecer outra coisa para comer o beber, mas um barulho do lado de fora da porta da frente fez as duas fazerem uma pausa. A testa de Clarke franziu e ela ainda caiu como o som de uma chave girando na fechadura ecoou por todo apartamento tranquilo. Octavia parecia estar completamente em pânico e Clarke sentiu uma pontada de desconforto, o que ela faria se Lexa tivesse voltado mais cedo? O que ela diria?

Porém não foi Lexa que apareceu na porta. Foi Lincoln e ele parecia totalmente chateado quando olhou ao redor do apartamento. – Onde ela está?! – Ele perguntou com frustração.

- Em uma viagem de trabalho. – Clarke disse em confusão, enquanto se endireitava aonde ela estava e se inclinava contra o balcão. – Tem alguma coisa errada?!

- Se tem alguma coisa errada? – Lincoln disse impotente. – A festa de Natal... Ela... Você, Indra e ela Urgh – Ele beliscou a ponta do seu nariz e sacudiu a cabeça. Ele olhou em direção a Clarke. – Ela estava bem? Lexa, quero dizer. Ela estava tão perturbada na noite passada e eu estou preocupado.

Clarke apertou os lábios. – Eu acho que sim – Ela gaguejou. – Ela estava muito chateada, mas... – Ela parou, pensando em como a noite tinha acabado após elas chegarem da festa de Natal. – Eu... Eu acho que ela está bem agora. Eu não vi ela antes de sair. – Octavia que estava ao lado dela, riu.

Lincoln congelou, como se só tivesse percebido agora que havia outra pessoa na casa. Assim que viu Octavia, seus olhos se arregalaram um pouco e sua mandíbula bateu no chão.

- Oh... Lincoln, está é minha melhor amiga, Octavia. – Clarke disse quase rindo, quando ela viu o olhar de sua amiga. – Octavia, este é Lincoln.

Ela olhou para ele. – Prazer em te conhecer.

Lincoln parecia engolir a seco. – Da mesma forma. – Ele desviou o olhar nervosamente, dando de ombros. – Me desculpe por isso, eu estourei e não queria interromper vocês.

- Está tudo bem – Octavia disse rapidamente, antes que Clarke pudesse abrir a boca para falar. – Tenho certeza que Clarke não se importaria se você se juntasse a nós.

Clarke revirou os olhos. – De modo nenhum. Eu vou fazer um sanduíche pra você. – Ela riu e se virou para pegar os ingredientes.

- Então, Lincoln. – Octavia disse, ela suavemente fez a transição de uma Octavia normal para a Octavia no modo Flerte. Ela era boa nisso na faculdade, mas é evidente que ela aperfeiçoou a sua arte. – Como você conhece a Lexa?

- Ela é minha prima – Ele disse com facilidade. – Conheço desde que éramos crianças. Na verdade, ela era minha babá quando eu era bem pequeno. E você? – Clarke sorriu um pouco, imaginando uma Lexa mais jovem sendo babá e um Lincoln bebê. Ela queria perguntar a Lincoln como Lexa era com uma criança.

- Ela é minha chefe – Octavia explicou com um encolher de ombros. – Mas eu era colega de quarto de Clarke na faculdade.

- Que coincidência - Lincoln sorriu. - É um mundo pequeno, não é?

- Claro que é - Octavia disse, lançando um dos seus sorrisos mais encantadores para ele.

- Oh meu Deus – Clarke sussurrou baixinho e Octavia olhou atentamente para ela.

- Me desculpe por interromper o seu almoço – Lincoln disse, com sincero arrependimento. – Eu sabia que Lexa iria sair da cidade por alguns dias, mas eu não pensei que fosse tão cedo.

- Ela vai estar de volta na quarta-feira - disse Clarke, um pouco mais chateada do que pretendia.

Lincoln lançou um olhar interrogativo, seus olhos estavam perfurando os dela. – Está tudo bem, Clarke?

Octavia fez um grunhido enquanto mastigava o que tinha em sua boca. Após engolir, ela acenou descuidadamente em Clarke e disse – Sim, Clarke e Lexa se beijaram na noite passada – Antes de tomar outra enorme mordida de seu sanduíche.

Clarke sussurrou de forma irritada – Octavia!

Os olhos de Octavia se arregalaram de inocência. – O que?!

Lincoln bateu com o punho no banco. - Eu sabia! - Disse ele, triunfante.

Clarke congelou e sua boca ficou aberta enquanto olhava para Lincoln. – Espera, você sabia o que?

Lincoln sorriu e Octavia estava claramente sufocando uma risada – Bom, eu sabia disso, quer dizer, eu suspeitava – Ele balançou a cabeça e encolheu os ombros. – Lexa não é exatamente sutil, não quando você conhece ela bem. Eu sabia que ela gostava muito de você, eu só não sabia o quanto. E o quão longe ela iria. – Clarke gemeu, enterrando a cabeça entre as mãos e deixando escapar um suspiro. Claro que Lincoln tinha suspeitado, porque estava claro que havia algo mais ali, mais do que uma relação profissional. Era pior do que ela pensava. Lincoln olhou para ela e franziu a testa.- Espera... porque você está agindo como se isso fosse uma coisa ruim?

- Não é uma coisa ruim, apenas... – Clarke fechou os olhos. – Não é o ideal.

Lincoln levantou as sobrancelhas. – Você não gosta dela?

- Claro que eu gosto dela, eu... – Clarke fechou a boca. Eu a amo, foram as palavras estavam ameaçando escapar de seus lábios já a algum tempo, mas ela estaria condenada se deixasse ela escapar agora, quando ela estava fazendo uma decisão de pôr um fim a todos estes sentimentos. – Eu só não estou interessada em qualquer coisa. – Clarke disse de forma lenta. Era uma mentira, ela sabia disso e assim que seus olhos correram até Octavia, sua amiga tinha um olhar de compreensão. Ela ainda estava pensando sobre o que Octavia tinha dito, sobre como Lexa sempre foi uma defensora de um contrato, isso iria se aplicar mesmo se o contrato significasse dizer adeus a Clarke? Clarke não vai nem sequer deixar essa pergunta sem ser respondida. Tudo que ela iria fazer era recuar do que ela estava sentindo por Lexa, colocar as paredes profissionais novamente. Por mais difícil que isso possa parecer. Por mais impossível que pareça. Ela se corrigiu mentalmente.

Lincoln olhava pra ela com atenção. – Bom, isso é bastante justo. – Ele permitiu um encolher de ombros. – Apenas se certifique que Lexa saiba onde você está, nisso tudo.

- Eu vou. – Clarke disse. – Eu prometo.

 

 

                                                                                                 * * * * *

 

 Lincoln e Octavia foram embora ao mesmo tempo, eles estavam conversando sobre um programa de TV ou talvez assistir a um filme juntos. Clarke realmente não estava prestando tanta atenção assim, ela recuou para uma área tão profunda de sua mente que nada mais ao seu redor foi registrado.

A única coisa que conseguiu um pouco da atenção da loira, foi a forma que Octavia estava sorrindo para Lincoln enquanto ele não estava olhando. Em particular, Clarke estava segurando uma risada.

No momento que ambos tinham saído, era tarde e o apartamento estava muito quieto. Clarke pegou um ônibus para o Armazém-Galeria e ficou desapontada quando não achou nenhum de seus amigos lá, tinha apenas alguns trabalhadores. Eles estavam arrumando algumas paredes quebradas ou rachadas, deixando elas mais resistentes. Aparentemente tinha chegado um carregamento de tábuas de madeira, tinha uma grande quantidade protegida sob uma lona azul. Clarke observou os trabalhadores por um tempo, falou com alguns deles sempre que faziam uma pausa. Ao que parecia, a obra já estava nos seus retoques finais e a loira já não via a hora de ter sua arte naquelas paredes.

Ela estava considerando que já era hora de se levantar e ir, talvez fazer um passeio no parque antes de ter que voltar para solidão do apartamento, mas uma voz atrás dela fez a loira parar.

- Oi

Ela se virou e piscou vendo Murphy vagando por ai, tendo sua habitual repugnância e tédio estampados em seu rosto. – Hey – Clarke disse.

- Ajudando na Obra? – Ele perguntou, caminhando para ficar ao lado dela.

Um canto da boca de Clarke virou em um meio sorriso, ela balançou a cabeça e olhou em direção ao seu estômago. – Ninguém me deixa ajudar mais. Bellamy parece pensar que só de olhar para uma dessas ferramentas, eu posso entrar em trabalho de parto prematuro.

- Eu não acho que ninguém nunca deu ‘’A conversa’’ pra ele. – Murphy brincou e Clarke riu. O senso de humor de Murphy era uma coisa passageira e tímida. Era difícil de pegar, as vezes ele poderia ser sarcástico quando queria. Ela olhou para ele antes de voltar a olhar para Obra. – Quando vai nascer?

- Mais 20 semanas, talvez menos. – Clarke cantarolou. – Você mal pode dizer que eu estou grávida. – Murphy fez um barulho pensativo, como se achasse que aquilo não era verdade. Você poderia contar com Murphy para ser honesto. – Me diga uma coisa – Ela começou de repente, aproveitando o fato que talvez essa tenha sido a primeira conversa normal que ela tinha com Murphy. – Bellamy me contou que você abandonou a Faculdade de Arte, por quê?

Murphy não pareceu se incomodar. – Isso foi muito presunçoso da parte do Bellamy – Ele disse de forma sombria. – Eu poderia te dizer algumas coisas bem terríveis que Bellamy teve que fazer para continuar no seu caminho do mundo da Arte. Mas eu não vou. – Ele olhou para ela e havia uma faísca de diversão em seus olhos. – Eu sai da faculdade de artes porque eu não tinha ideia de onde aquilo ia me levar. E eu não gosto de me sentir sem controle sobre a direção que minha vida vai tomar.

- Você sempre pintou? – Clarke perguntou – Você já fez alguma exibição?

- Não – Murphy disse. – Eu trabalhava em uma loja de ferragem, três anos seguidos. Logo depois, um parque nacional, mais quatro anos. Então eu viajei por dois anos e depois voltei para cidade e trabalhei como garçom.

Clarke observou ele com interesse. – Uau

Ele olhou para ela. - Uau? – Ele repetiu. – Isso é um ‘’Uau, esse cara perdeu seu tempo com um monte de merdas irrelevante’’?

- Não – Clarke deu de ombros. – Eu sei uma ou duas coisas sobre desperdício de tempo. Eu também não tenho praticado muito a arte nessa última década. Mas isso não importa agora. Essa exposição vai ser como um novo começo.

Murphy sorriu e mesmo que fosse um sorriso sarcástico, era uma estranha visão dele, já que ele tinha sempre uma careta em seu rosto. – Eu não compro essa história de ‘’Novo começo’’. – Clarke olhou para ele e ele revirou os olhos. – Você não pode simplesmente começar de novo, não depois de ter feito o tipo de coisas que temos que fazer apenas para poder passar por mais um dia trabalhando com uma coisa que não é a sua paixão. Não é como se você estivesse renascendo, quando anuncia que está tendo um novo começo, você continua a mesma pessoa. – Ele olhou para ela e havia uma verdadeira honestidade em seus olhos. – É por isso que eu gosto de suas pinturas, Griffin. Não tem um falso desespero lá, não tem padrões, ações e emoções que a escola de arte te ensina. Você sangrou por aquelas telas, lá tem o desespero real de temer que você nunca seria capaz de viver do seu sonho. Mesmo se você se tornar a maior artista de sucesso desse mundo, aquilo nunca vai deixar você. Uma vez que seu desespero levou você para tão baixo, você nunca pode esquecer do caminho que percorreu. – Ele riu, olhando para Obra. – Mesmo que todos nós fizermos sucesso e ganharmos milhões de dólares nessa exposição, isso não vai tornar ninguém diferente. Você ainda vai ser a mesma pessoa de antes, mas agora vai ter alguns milhões a mais. Você tem que parar de esperar um lugar onde você pode começar de novo, porque isso não é real. Você tem apenas que se concentrar para se tornar a pessoa que você quer ser. – Ele olhou para ela. – É por isso que eu sai da Faculdade.

Clarke olhou para ele. Pensando em si mesma, considerando ajudar Finn a roubar um posto de gasolina, quando estava desesperada para ter o dinheiro da exposição. – Uau – Ela repetiu.

Murphy riu. – Nós somos o mesmo tipo de pessoa, Clarke. Mas isso é bom – Ele disse e havia um brilho estranho em seus olhos – Pessoas como nós, fazem boa Arte.

 

                                                                                                           * * * * *

 

 Aqueles poucos dias no apartamento sem Lexa, foram talvez os dias mais longos que Clarke já teve nesses últimos meses. O trabalho ajudou um pouco, mas recentemente ela estava se sentindo cada vez mais estranha sobre ele, ela sabia que iria ter que sair, mais cedo ou mais tarde, quanto maior ela ficava, mais sua data de vencimento se aproximava. Porém algo parecia estranho, uma pequena voz cheia de esperança falava para ela que talvez ela não teria que voltar a um trabalho como este, não se a exposição der certo.

O bebê era sua única companhia ao longo desses dias. Muitas vezes ela se aconchegava e dormia no sofá, só porque se esqueceu de ir para cama, quando ficava assistindo uns filmes ou um programa de notícias até tarde da noite. Além do mais, ela não podia ajudar sobre esse desconforto persistente ligado a Lexa, ainda mais agora que ela prometeu a si mesma que iria manter a morena distante, pelo menos no comprimento do braço. Ela temia esquecer sobre tudo isso, assim que visse Lexa novamente e arruinar mais ainda seu relacionamento, cedendo a tentação e beijando a morena novamente, isso era de fato muito tentador. E era uma coisa estranha de se temer.

Quando quarta-feira finalmente tinha chegado, ela decidiu que precisava de algum tipo de estratégia. Ela só precisava dizer a Lexa. Isso é tudo que ela podia fazer, deixar claro que ela não estava interessada em qualquer outra coisa a não ser uma relação profissional com a morena. E talvez uma  amizade que ‘’Colegas que dividem um apartamento’’ iriam ter. Essas coisas seriam fáceis, se fosse verdade, mas Clarke não podia pensar nisso agora.

Lexa só chegou em casa mais tarde.

Clarke estava sentada na varanda. Ela tinha colocado o cavalete lá novamente e estava trabalhando em uma pintura que tinha começado no dia anterior, agora ela estava fazendo alguns detalhes das árvores e sombreando as estradas. A loira tinha fones de ouvido e tinha esquecido completamente sobre a noção do tempo e só um movimento fora do canto de seu olho fez ela congelar.

Lexa abriu a porta da varanda e Clarke de repente se encontrou incapaz de olhar a morena nos olhos, mas por culpa do sol, que estava irritantemente brilhante. Lexa estava vestindo algo mais casual do que o habitual, uma camisa cinza sobre uma branca e calça jeans. Seus pés estavam descalços. - Oi

Clarke se amaldiçoou quando sentiu como se tivesse um nó na sua garganta. – Olá – Ela disse e amaldiçoou ainda mais quando ela soou dura e fria. Lexa saiu para a varanda lentamente e se sentou em silêncio, como se tivesse medo de assustar Clarke. A loira finalmente encontrou o seu olhar, engolindo a seco. – Como foi a viagem?

Lexa deu de ombros, parecendo um pouco mais relaxada que Clarke. – Sem complicações, mas realmente chato. Eu preferia estar aqui.

Eu preferia também, Clarke pensou em particular. – Eu estou feliz por você estar de volta. – Ela disse em seu lugar. – Eu estou feliz por estar de volta também. – Lexa disse lentamente e quando Clarke encontrou o seu olhar, a mulher estava à procurar da dor. Agora é a hora para falar sobre o que aconteceu. Clarke disse a si mesma de forma firme. Agora é a hora de restabelecer alguns limites. – Uhm, eu...-

- Eu sinto muito.

Clarke piscou – Eu o quê? Me desculpe, porquê?

Lexa abaixou um pouco a cabeça, a vermelhidão estava tingindo suas bochechas. – Depois da festa de Natal. Eu... eu não queria que você se sentisse desconfortável.

Não havia nada desconfortável com isso. – Você não tem que se desculpar. Nunca. – Clarke disse lentamente. – É apenas.. –

- Você não precisa dizer nada – Lexa cortou rapidamente, quase de forma educada. – Acredite em mim, eu entendo.

- Eu sinto muito

- Não se desculpe – Lexa disse com firmeza. – Você não tem motivo nenhum para se desculpar. – Ela se levantou. – Você já comeu? – Clarke sacudiu a cabeça. – Eu vou ligar para a pizzaria. Isso soa bem pra você?

É como se ela voltasse a Lexa que eu conheci na agência. Clarke pensou de forma desesperada. – Sim. – Ela disse, parecendo um pouco miserável. – Isso seria bom.

- Bom – Lexa deu alguns passos largou para dentro.

Clarke beliscou a ponta do seu nariz e respirou lentamente. Como foi que no processo de tentar consertar sua amizade platônica arruinada com Lexa, ela conseguiu foder com tudo isso ainda mais? Agora Lexa estava fria e distante de novo e isso fez um nó bem apertado de desespero se formar em seu estômago. Era como se ela estivesse no auge dos seus enjoos matinais de novo.

É isso que você queria. Clarke lembrou desesperadamente, afinal, ela tinha sido a pessoa que queria fazer esse último adeus mais fácil, que melhor maneira de fazer isso do que arruinar, ao invés de reparar, seu relacionamento com Lexa?

Ela caminhou de volta para dentro, dobrando seu cavalete e colocando ele contra uma parede no exterior, assim como sua pintura que estava lá para secar. Lexa estava falando em voz baixa no telefone e Clarke ficou de pé apenas observando ela por um momento, apenas ponderando o quão fácil seria apenas atravessar toda a sala agora e beijar ela de novo. Como aquela sensação fantástica iria atingir ela novamente, depois de todos esses dias de ficar em um apartamento sozinho e pensar na morena em cada minuto do seu dia.

Lexa desligou o telefone e Clarke sentiu algo se contorcer em seu estômago. Ela suspirou. Havia apenas mais vinte semanas tendo que suportar isso e depois seria como se nunca tivesse acontecido e ela poderia tentar esquecer sobre tudo isso. Se isso fosse mesmo possível. A contorção em seu intestino persistiu e ela franziu a testa, olhando para baixo. – Puta merda.

 

Lexa olhou para cima. - Clarke?

 

- Vem cá!

 

- O que?

 

- Só venha. – Lexa caminhou lentamente, como se tivesse medo de chegar muito perto. Impaciente, Clarke avançou em direção da morena e puxou um dos seus pulsos para descansar sobre sua barriga. – Você sente isso?

Lexa pareceu confusa por um momento, até que Clarke sentiu o bebê se contorcendo em sua barriga de novo. A boca de Lexa caiu. – Ele... ?

- Sim, eu acho que sim – Clarke disse sorrindo quando soltou a mão de Lexa. A mão ficou onde estava e um olhar distante atravessou o rosto de Lexa. – O bebê está chutando

Um pequeno sorriso surgiu no rosto da morena e seus olhos acenderam de espanto, de repente, todo o feitiço que tinha congelado elas com rigidez e falta de jeito nesses últimos minutos, tinham evaporado. – Uau – Lexa respirou, enquanto sentia o bebê chutar mais uma vez.

Lexa olhou para cima e encontrou o olhar de Clarke e seu sorriso se alargou. Elas ficaram lá por Deus sabe quanto tempo, apenas sentindo pequenos chutes do monstrinho na barriga de Clarke e rindo e sorrindo cada vez que ele fazia isso.

Foi então que Clarke pensou em alívio, talvez elas pudessem voltar a ficar bem depois de tudo.

 

 


Notas Finais


Tadinha da Clórk :(
ps: To curtindo esse brotp Murphy+Clórk hheuihreiurh


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