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História Feito de Osso e Magia - Feito de Osso e Magia


Escrita por: FranCarroll

Notas do Autor


01. Undertale e seus personagens não me pertencem, mas sim ao Toby Fox.
02. Fanfic de total autoria minha.
03. Frisk retratada como mulher e com mais de 18 anos.
04. Essa one apresenta uma rota alternativa para o final pacifista, onde ela decide não lutar com o Rei Asgore e viver no Underground.

Capítulo 1 - Feito de Osso e Magia


Fanfic / Fanfiction Feito de Osso e Magia - Feito de Osso e Magia

Mais um dia se encerrava e, independente de quantos já houvessem se passado, Snowdin continuava a mesma aos olhos de Sans. Amaldiçoada por um interminável inverno, todas as casas e árvores que conseguiram ao longo dos anos sobreviver àquele clima insalubre estavam cobertas por uma espessa e pálida camada de neve. As pequenas construções de madeira e tijolos que povoavam a cidade estavam todas escuras, com seus moradores mergulhados no mais profundo sono. Embora para eles não houvesse realmente uma diferença entre o dia e a noite, os monstros que habitavam Underground ainda eram apegados ao mundo da superfície e seguiam suas vidas como se a eterna escuridão cavernosa que os cercava não existisse. Mesmo que o amanhecer ou o por do sol há muito lhes tivessem sido negados, eles não desistiam de ter uma vida normal e feliz.

Lembrar-se disso costumava fazer Sans experimentar um pouco de alegria e esperança, mas parado ali aos pés da Snowdin Florest e com poucas lamparinas ao seu redor para lhe dar um pouco de claridade, sentia que nada naquele mundo subterrâneo pudesse voltar a trazer tranquilidade a sua alma. Nem mesmo as recordações dos momentos que já havia passado com seu irmão Papyros, que sempre lhe foram um grande consolo, estavam conseguindo livrá-lo daquele estranho peso que havia se instalado em seu coração.

Naquela noite, fria como em todas as outras, Sans havia rolado de um lado para o outro em sua cama, tomado pela insônia, enquanto sentia aquela velha mistura de culpa, medo e dor formar-se em seu coração mais uma vez. Sabia bem o motivo da existência daqueles sentimentos, mas recusava-se a aceitar tal verdade. For por isso que, tomado pela angústia e receio do rumo perigoso que aqueles pensamentos poderiam tomar, Sans chutou as cobertas para o lado, pegou seu casaco azul e saiu de casa, pondo-se a caminhar indefinidamente até que alcançasse a Snowdin Florest. Era uma vã esperança, sabia bem, mas queria realmente acreditar que se desse uma boa e longa caminhada, o cansaço proveniente da atividade praticada iria vencer a dor emocional e encobri-la com um sono forçado.

E foi com isso em mente que continuou, um pé na frente do outro, ouvindo o som de seus sapatos amaçando a neve enlameada e sentindo o cheio de terra molhada. Tentava se concentrar em tudo para não ter que pensar em si mesmo. Aos poucos foi penetrando mais e mais na Snowdin Florest, sentindo os resquícios de civilização ficarem todos para trás e se ver completamente cercados por pinheiros esbranquiçados.

Continue e só pare quando ficar exausto, tentava estimular a si mesmo. Quando chegar em casa não sobrará nada além da exaustão e você poderá enfim dormir em paz.

Estava quase acreditando nisso, quando ele a viu.

Em questão de segundos tudo ao seu redor pareceu sumir e a única coisa que Sans era capaz de sentir era a presença de Frisk e os sentimentos conflituosos que haviam se instalado em seu peito.

Quis fugir dali, abandonar a caminhada e correr direto para sua casa, mas não conseguiu. Seu corpo não obedecia, enquanto o coração teimava, apesar de tudo, a se apegar a presença da humana.

Felizmente para o esqueleto, de onde estava, Frisk não era capaz de notá-lo, tornando-o o único consciente daquele encontro repentino. Escondido sob a sombra de várias árvores, ele a observava sentada em um banco embaixo de um dos poucos salgueiros que haviam naquela floresta. Distraída, ela parecia olhar para o alto, para o céu, alguns poderiam dizer, se não fossem pelas pedras pontudas e negras acima de suas cabeças.

Passara-se onze anos desde que Frisk caíra no Underground e já havia ficado muito claro para Sans o que o tempo havia lhe feito. Ela já não era mais uma criança, seu corpo havia mudado e ele estava dolorosamente ciente disso. Frisk crescera, tornando-se uma moça de dezenove anos incrivelmente bela. Não era tão alta, embora tivesse passado-o alguns centímetros, mas suas curvas femininas estavam lá, junto com os cabelos castanhos e sedosos, que passavam um pouco dos ombros e os brilhantes olhos amendoados.

Entretanto, embora fisicamente não fosse a mesma, havia algo em sua personalidade que estava intimamente conectada ao seu eu infantil do passado. Apesar de já estar familiarizada com os habitantes de Underground e lhes ter feito muito, Frisk continuava um tanto silenciosa e pensativa. Raramente levantava a voz ou parecia querer que a atenção de todos estivesse voltada para si. Porém era um grande engano se alguém pensasse que isso a tornava alguém apagada. Muito pelo contrário, havia algo nela, um brilho cheio de vida e inocência que fazia todos estarem cientes de sua presença quando chegava a qualquer lugar. Seus sorrisos eram únicos e especiais, as pequenas gentilezas que distribuía onde quer que passava traziam felicidade a todos e para aqueles que se arriscavam a passar um pouco mais de tempo ao seu lado, também percebiam o quanto ela poderia ser divertida e perspicaz.

O tempo havia passado para Frisk e a feito envelhecer, mas seu coração continuava doce e puro, apenas ganhando contornos de maturidade que só a tornavam ainda mais irresistível.

Irresistível demais para Sans.

E foi assim, de forma sutil e inconsciente, como o lento passar dos anos ao seu lado, que seus sentimentos por ela foram surgindo. E quando enfim percebeu que eles estavam lá, já era tarde demais. Além de estarem enraizados muito profundamente em seu coração, eram tão grandes e intensos que o próprio Sans passou a temê-los. Receava que ao tentar tocá-los ou remexe-los demais para compreendê-los ou dar um fim a eles, pudessem sair de controle e escaparem de dentro de si.

E isso não poderia acontecer.

Aquele estranho e profundo apresso, que nada se assemelhava aos sentimentos que tinha por Papyrus, Udyne, ou até mesmo Toriel, era errado demais para Sans se dar ao luxo de direcioná-los a Frisk. Não devia sentir tamanho desejo de estar ao seu lado, querer tocá-la e envolvê-la em seus braços. Para Sans era um tabu.

Afinal de contas, o que um monstro feio, feito puramente de cálcio e magia, poderia oferecer a Frisk, uma criaturinha tão única e cheia de vida, que trouxera tanta alegria a sua vida?

Absolutamente nada.

A mera ideia de tocá-la de um jeito mais profundo do que uma simples amizade o fazia estremecer, mas também o enchia de medo e culpa. Como ser tocada por uma mão ossuda e áspera poderia ser algo minimamente prazeroso? E como Sans poderia sentir-se bem fazendo isso, sabendo que enquanto ele era aquecido pelo contato com o pequeno e macio corpo de Frisk, ela estaria sentido nada mais do que frio e rigidez?

Simplesmente não poderia condená-la a isso.

Mas seu coração ouvia realmente a razão? Claro que não.

Quanto mais tentava reprimir seus sentimentos por ela, mais eles pareciam aumentar de tamanho, ao ponto de se tornar difícil para o esqueleto ficar ao lado dela sem que eles escapassem do controle. E afastar-se dela vinha sendo uma das coisas mais difíceis por quais já havia passado. Doía ficar longe dela, mas doía ainda mais ver o sorriso de Frisk desaparecer quando ela, tão alegremente, vinha até sua casa para passar um tempo com ele e Sans mentia dizendo que estava ocupado. Era horrível e sentia-se imensamente culpado pelas mentiras e pelas vezes que pedira Papyros para mentir por ele, mas era a única saída que havia encontrado para seu dilema.

— É você que está aí, Sans?

Arregalando os olhos, o esqueleto sentiu-se estremecer. Por um momento ficou completamente em silêncio, quase como se achasse que Frisk poderia simplesmente confundi-lo com uma árvore e ir embora. Mas não foi o que aconteceu. Com a cabeça virada em sua direção, ela o encarava com seus lindos olhos amendoados.

— Heh, heh, que encontro mais inesperado esse — tentou dizer, fingindo uma risada.

Não houve resposta. Do banco, Frisk continuou a encará-lo em silêncio, enquanto Sans remexia nervosamente os dedos dentro dos bolsos de seu casaco e olhava para todos os lados, tentando evitar fitá-la diretamente.

O ideal seria inventar mais outra desculpa e ir embora, mas havia algo no olhar de Frisk, na forma como havia pronunciado seu nome, que o fez hesitar. Quando finalmente teve coragem de encará-la, ele então percebeu que havia nela um ar triste, quase melancólico, e um tanto solitário. Simplesmente não poderia abandoná-la assim, era crueldade demais.

— E então... — tentou começar a dizer, enquanto se aproximava dela. — O que faz aqui fora nessa bela e fria noite?

Antes de respondê-lo, ela arredou para o lado no banco; o inegável convite para se sentar perto dela. Não era o que Sans pretendia, preferindo se manter em pé até entender o que se passava com ela, mas era incapaz de lhe negar algo dessa forma, especialmente quando parecia tão frágil aos seus olhos.

Dando-se por vencido, ele desistiu de pensar em algum trocadilho bobo que pudesse usar e quebrou a distância que o separava, acomodando-se bem ao lado de Frisk. Evitou, no entanto, deixar que qualquer parte de seu corpo ossudo a tocasse e mantendo sempre o olhar fixo para frente.

Estar ali, ao lado dela, o fazia se lembrar de uma experiência passada que teve com Frisk naquele mesmo banco. Certa vez, um pouco antes de descobrir seus sentimentos por ela, os dois estavam naquele mesmo lugar, conversando sobre banalidades. Até que repentinamente a conversa morreu entre os dois e fez-se silêncio. Estranhamente desconfortável, tentou pensar em algo para dizer, até que a humana chegou mais perto de si e aconchegou a cabeça em seu ombro ossudo, fechando os olhos lentamente.

Naquele momento, não percebeu, mas agora Sans podia de fato dizer que aquele pequeno instante que tiveram juntos foi a faísca que fez seus sentimentos por ela se incendiarem.

Sentados ali, apenas os dois, Sans experimentara uma mistura confusa de sentimentos e desejos que nunca pensou que poderia ter pela humana. Queria tocá-la e tê-la completamente para si, ser o único a ver seus sorrisos e o único a sentir seu calor.

Calor.

Foi também naquele dia que ele tomou consciência da discrepância que havia entre os dois. O único a experimentar calor e aconchego ali era Sans. Enquanto isso, Frisk não sentia nada mais do que frio e solidez.

Numa medida desesperada, tentou então usar sua magia para simular o pouco de calor e assim, quem sabe, fazê-la pensar que ao invés de um monstro, era outro humano ao seu lado. No entanto, no mesmo instante que fez isso, Frisk abriu seus olhos castanhos e o encarou. Sans não conseguiu dizer nada e evitou encará-la, até que ela soltou uma doce risada e se aconchegou mais. De seus lábios saíram palavras de conforto, dizendo que fazer aquilo não era necessário, que ela sentia-se bem ao seu lado do jeito que ele era e não precisava de mais nada.

Talvez, para alguns, aquilo pudesse ter soado como a resposta perfeita para suas inseguranças, porém aos olhos de Sans apenas mostrava como ele nunca seria de fato algo que traria um real conforto para Frisk. Que ela, com seu coração bondoso, precisaria abrir mão do próprio conforto para fazê-lo feliz e se conformaria em estar ao lado de um monstro.

Sans não podia aceitar isso, Frisk era boa demais para ele.

— Aconteceu alguma coisa com você? — Perguntou em tom compreensivo, tentando expulsar aquelas memórias de sua mente.

Ele sentiu-a hesitar ao seu lado, mas sem nunca parar de encará-lo.

— Nada realmente — Frisk enfim voltou a olhar para o céu cavernoso. — Apenas perdi o sono.

— Quer dizer que você teve uma inSANSnia?

Virou-se pra ela, ostentando um sorriso bobo, na esperança de fazê-la sorrir, porém nada aconteceu, a pequena humana continuava a olhar para cima.

— Desculpe, não resisti... — falou, sem graça, coçando a nunca.

— Tudo bem, acho que foi uma boa piada... — comentou ela em tom baixo.

Sem saber o que fazer e não aguentando mais aquele silêncio que os esmagava, Sans também olhou para o “céu”, fitando a escuridão cavernosa do Underground. Não entendia bem como aquilo poderia ajudar, mas quis acreditar que se tentasse pensar como Frisk, talvez conseguisse saber o que se passava em sua mente.

— Você sente falta da superfície?

Assim como Frisk, que o encarou com os olhos arregalados, Sans também ficou surpreso com as próprias palavras. Não pretendia perguntar aquilo, especialmente por ser um assunto que, em sua concepção, era um tanto delicado. Todavia, as palavras haviam simplesmente escapado de sua boca, quase como se tivessem vida. E agora, sentia como se houvesse aberto uma porta que já não tinha forças para fechar.

— Quer dizer... — sabia muito bem que iria se arrepender disso, mas simplesmente não conseguia parar. — Anos trás, quando esteve de frente para o Rei Asgore... Você optou por não matá-los e nos ajudar a destruir Flowey. Foi muito nobre da sua parte fazer isso, mas também significou... Ficar presa aqui com a gente.

Ele então se virou para Frisk, encarando-a com intensidade como nunca tinha feito.

— Eu fico feliz que tenha decidido poupar nosso rei e permanecer ao nosso lado, pois todos aqui iriam sentir sua falta caso fosse embora. Mas eu não consigo deixar de me sentir culpado... De pensar que talvez tenha sido egoísmo nosso esperar tanto da criança que era na época. O Underground não é o lugar ideal para você... E, Frisk, você merece bem mais do que uma vida junto de vários monstros aqui nesse buraco...

Sans bufou, frustrado com suas próprias palavras e sem saber ao certo se realmente estava falando sobre Frisk viver em Underground ou, na verdade, ao lado dele.

— Sans...

— Desculpe, criança, não era para eu te dizer isso...

— Você acha que meu lugar não é aqui?

Subitamente o esqueleto sentiu-se tenso. Dizer algo assim, que ela não pertencia ao mundo deles, era algo cruel demais, porém não conseguia pensar em nenhum outro significado que aquelas palavras pudessem ter aos ouvidos da humana.

— Não é isso, criança... — falou, sua voz saindo cansada, mas ao mesmo tempo marcada pela dor de seus sentimentos. — É que você é boa demais para estar aqui, para não ter o direito de voltar aos seus humanos... Você pertence a qual lugar desejar, Frisk, mas isso não muda o fato de não merecermos o seu sacrifício.

Iria se arrepender de dizer isso, mas Sans sabia que já não havia mais volta.

— De que eu não te mereço.

Impregnado pela tristeza e solidão, ele colocou as duas mãos dentro dos bolsos de seu casaco e passou a fitar o chão coberto de neve entre seus pés. Não tinha coragem de encarar Frisk depois disso.

— Então é essa a vida que acha que estive vivendo todo esse tempo? — Ouviu-a perguntar.

— Heh, heh, tenho quase certeza — respondeu com amargura.

— Não deveria confiar nesse “quase”, Sans — disse. — E eu vou te dizer porque. Mas pode, primeiro, virar-se para mim?

— Desculpe, criança, mas acho que não consigo.

— Tudo bem então.

Antes que pudesse perceber, sentiu Frisk sentar-se mais perto dele, a ponto das laterais de seus corpos se tocarem, e descansar a cabeça em seu ombro.

— C-criança...? — Aquilo definitivamente não era bom, Frisk não devia fazer isso com Sans.

— Se eu dissesse que nunca me questionei sobre a decisão que tomei no passado estaria mentindo — falou ela, que embora estivesse com a voz ligeiramente trêmula, persistia em seu discurso com determinação. — Houve sim momentos que me perguntei se algum dia iria me arrepender de ter que viver aqui para sempre. Se... Se eu realmente me conformaria em nunca mais poder ver as estrelas, a lua, o passar das estações ou o sol. Mas então...

— Frisk, por favor...

— Pare com isso! — Exclamou ela, fazendo Sans encará-la. — Pare de menosprezar a si mesmo! Eu já tomei a minha decisão e ao longo de todos esses anos que passei ao lado de vocês só ficou cada vez mais claro o quanto eu faria a mesma coisa de novo. Não preciso de mais nada que venha da superfície, pois tenho tudo aqui e melhor. Os amigos que fiz aqui são como minhas estrelas, Toriel, que sempre cuida de mim, se tornou a primavera que eu via na superfície, e você, Sans...

Sem conseguir tirar os olhos dela, tomado completamente pelo fascínio, ele viu as bochechas de Frisk enrubescerem e a determinação de seus olhos transformarem-se em algo intenso e cheio de ardor, algo que fez o coração mágico no peito de Sans disparar e seu interior clamar por ela de volta.

— Frisk... — sem que se desse conta, uma de suas mãos escapou do bolso do casaco e alcançou o rosto da humana, segurando-o com delicadeza.

— Você é o meu sol, Sans — disse por fim. — Do jeitinho que você é, feito de osso, magia... É o meu sol, que me esquenta, traz conforto e felicidade. E não há nada nesse mundo, nem o sol de verdade da superfície, que seja capaz de te substituir.

Dentro do esqueleto algo pareceu se romper diante daquelas palavras. Um sentimento, quente que fazia seus ossos formigarem, espalhou-se por todo o seu corpo, arrancando-lhe o fôlego e fazendo-o desejá-la com uma intensidade assustadora.

— Mas de uns tempos para cá — continuou Frisk, com o olhar transbordando tristeza. — Meus dias parecem cada vez mais frios, porque o meu sol subitamente desapareceu. Às vezes eu acho que é porque fiz algo de errado, ou então porque...

— Não é nada disso — interrompeu. — Ele só se afastou porque se sente culpado. Pois a verdade é que ele ama demais a humana que sempre o espera, mas sabe que não pode esquentá-la como o coração gentil dela acredita. E ele não suporta vê-la passar frio ao seu lado, enquanto no fundo sabe que é ela quem lhe trazer calor e alegria.

Em meio a tantas analogias e palavras, Frisk foi capaz de compreender a mensagem que Sans tentava lhe passar. Os sentimentos que tinha por ela, seus medos, inseguranças e também o ardor de sua paixão, todos eles a atingiram em cheio, fazendo seus olhos encherem-se de lágrimas. E antes que ele pudesse dizer algo, Frisk segurou seu rosto com as duas mãos, fazendo seus olhares se encontrarem.

— Se é assim, me deixe te ajudar a criar um pouco de calor, para que possa conseguir me esquentar também — disse ela, tão próximo que ele conseguia sentir seu hálito quente. 

— E como você poderia fazer isso? — Perguntou quase sem pensar, hipnotizado por aquela proximidade.

Desse jeito.

Lentamente Frisk se inclinou para Sans, até que seus pequenos lábios tocassem os contornos ossudos de sua boca e roçassem suavemente contra eles.

— Viu só? — Falou ela. — E isso foi só o começo.

Ele não conseguiu responder, sentia-se sem fôlego com a imagem de sua pequena humana com o rosto corado e os lábios entreabertos.

— Mais uma vez — pediu ela em um sussurro.

Dessa vez não foi Frisk a fazer o primeiro movimento, Sans envolveu-a em seus braços e a trouxe para perto do seu corpo. Sentindo seu cabelo macio fazer cócegas em seu crânio, ele inalou o aroma de flores que Frisk parecia exalar, deixando-se embriagar por ele.

Agora que a tinha tão perto de si, não sentia vontade de deixa-la se afastar. A queria toda para ele e lhe dar todo amor que tinha direito.

— Ah, criança — suspirou ele, deixando pela primeira vez naquela noite um pouco de divertimento sincero brincar em seu tom de voz. — Você realmente não tem jeito.

Ele segurou seu rosto como uma das mãos, vendo o lindo sorriso tímido que carregava.

— Heh, heh, pedindo desse jeito, não tem como eu negar, não é? — falou, deixando um pouquinho de malícia lhe escapar.

Viu-a corar ainda mais com o que disse e isso foi o suficiente para ele. Libertando seus sentimentos dos grilhões que os aprisionavam, ele a beijou, deixando transbordar em cada movimento que fazia a paixão, o carinho e o desejo que tinha por ela. Sans a tocou com doçura e a beijou com delicadeza, ouvindo absolutamente fascinado os suspiros que ocasionalmente a ouvia dar, sentindo a maciez de sua pele sob os dedos ossudos. Se estavam decididos a transpor aquela barreira que suas diferenças haviam colocado entre os dois, Sans definitivamente não iria decepcioná-la em seus esforços. Se era dessa forma que ela acreditava que os dois podia ficar juntos, ira dar todo o calor que tinha para dividir.

Quando enfim não aguentavam mais, mesmo que fosse contra a vontade deles, afastaram-se.

— E então, como se sente? — Perguntou a Frisk.

— Aquecida e feliz — respondeu com um sorriso acanhado, que ele achou absurdamente fofo. — Você me toca com tanta gentileza, que sinto como se pudesse derreter em seus braços.

Sans sorriu, com o peito cheio de uma cálida felicidade. Se aproximando mais dela, ele deixou sua testa encostar-se à dela.

— Obrigada, Frisk, por ter decidido ficar aqui com a gente — disse. — Pois depois que você veio pra cá, eu também ganhei o meu próprio sol.

Era tão estranho aquilo, pensava ele. Seu corpo, sempre frio e rígido, agora era tomado por uma sensação quente, que parecia lhe fazer cócegas e derreter seus ossos. Parte dele vinha de sua estimada humana que agora tinha em seus braços, sabia bem, mas também havia uma parcela que surpreendentemente irradiava dele mesmo. Sans nunca experimentara isso antes, mas para sua admiração ele sabia o nome daquilo.

Era puro, intenso e único.

Cheio de promessas, expectativas e surpresa.

Era amor.


Notas Finais


Obrigada por chegar até aqui e espero que todos tenham gostado. Amo muito esse casal e escrever sobre eles me faz super feliz! <3

IMPORTANTE: Essa história foi postada com o mesmo nome no Nyah! pelo usuário Kah Fran.


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