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História Feito em ruínas - O mestre mandou


Escrita por: saavik

Notas do Autor


[NÃO BETADO]
[BOA LEITURA]

Capítulo 1 - O mestre mandou


Eu sou filho

E o herdeiro

De uma timidez que é criminosamente vulgar

Eu sou filho e herdeiro

De nada particular

 

Jongin achava adoráveis os lábios róseos de Luhan - ou Cindy - como este gostava de ser chamado quando possuía uma maquiagem forte no rosto e uma calcinha de renda entre as pernas, uma calcinha tão pequena que deixava seu membro quase exposto por completo, mas tudo era muito bem escondido por uma bela saia de pregas de duas palmas de comprimento e cores variadas... sempre tão ousada.

Cindy adorava abusar das cores, sempre tão vívidas e alegres que faziam vibrar o corpo todo de Jongin, que no auge de seus vinte e dois anos, nunca vira antes tanta formosura recatada. Era inegável o quanto amava o baixinho de cabelos castanhos, sendo Cindy ou não. O desejo de o manter em seus braços e a vontade quase dilacerante de o proteger era notória, porém, no entanto, não para a velha preguiçosa de quarenta e três anos que se mantinha ocupada demais com seu ópio morando no quarto dos fundos daquela casa enorme. Ela sequer enxergava o que seus dois garotos faziam bem abaixo de seu nariz, ou apenas preferia não acreditar e continuar a tomar caixas e mais caixas de lithium.

Mas Jongin não era apenas isso, não era apenas alguém comum, super-protetor e amoroso. Também não era uma pessoa como qualquer outra, um fracassado, um louco ou um completo nada diante da sociedade, e Luhan acreditava piamente nas palavras cheias de lábia de seu irmão, o tinha como um exemplo a ser seguido. Sabia que Jongin era algo mais, alguém inquebrável e acima das leis de deus e do homem, algum tipo de escolhido ou o próprio messias, não de deus, mas de algo muito mais complexo, indomável e inominável, talvez até mesmo maior, muito maior. O moreno acreditava estar acima de tudo e todos e, por isso, acreditava também não ter lugar algum o esperando após a morte, e com isso, fazia de sua vida o que bem entendia.

O inferno, mesmo tendo duvidas e mais dúvidas se este realmente existia, lhe parecia pouco para todas as maldades já cometidas, e o céu, parecia infinitamente escasso diante de toda sua glória, a glória que pertencia somente a si e a mais ninguém.  

Para Luhan, Jongin era sua consciência, uma voz longínqua que dizia o que precisava ser feito e quais decisões deveriam ser tomadas, embora nunca seja si próprio a toma-las de verdade, e de qualquer forma, era bom ter alguém o guiando e o amando em todos os momentos regados a promessas e juramentos de fazer durar até a eternidade. Acreditara piamente nas palavras de seu irmão, que há dois ou três anos atrás, dissera que deveria deitar-se e entregar sua virgindade a ele, pois nenhum outro alguém, tanto homem quanto mulher, poderia quere-lo. A miúda Cindy, no auge de seus quatorze anos, tivera a decepção de saber que era tão imundo a ponto de causar repulsa e fazer com que nenhum outro pudesse querer toma-lo, mas tivera também, no mesmo instante, a alegria de saber que seu irmão sempre estaria ali para cuidar de suas feridas e lhe cortejar incansavelmente.   

 

O moreno estava sempre a andar calmamente pela casa tarde da noite, invadindo o quarto de Luhan e lhe sussurrando o preço do pecado, o preço de ser um monstro e o quanto pagariam em vida, pois depois da morte nada viria para ambos, mas, com gentis caricias sobre o corpo de pele leitosa, o acordava e o tomava ouvindo os gemidos e miados manhosos de seu irmão que nunca poderia recusar toques tão ternos e quentes.

E não fora diferente naquela noite, quando o irmão mais velho primeiramente retirou as cobertas felpudas de cima de Luhan para então deslizar seus dedos sobre a pele macia, vendo-o remexer-se e murmurar palavras incompreensíveis durante o sono até que, com um beijo estalado deixado em sobre o abdômen, finalmente despertou e olhou Jongin com olhos pidões e pálpebras pesadas, quase se fechando novamente.  

– Que horas são? – O moreno sorriu com a voz manhosa de sono que o fez acariciar a tez leitosa.

– Meia noite e meia, você dormiu cedo demais desta vez.

– E onde está a mamãe?

– Você sabe, por aí.

– Jongin? – Chamou a atenção deste, que já começava a devorar o corpo ainda deitado sobre a cama com seus olhos felinos e sedentos.

– Poderíamos só dormir juntos hoje? Eu me sinto tão cansado.

– Desta vez eu não vim para isso Lu, eu quero falar com você sobre Yifan.

– O que tem o namorado da mamãe?

– Ora, você não notou o modo como ele tem olhado para você?

– Ele é gentil Jongin, ele quer que dê certo com a mamãe desta vez e acha que deve ser gentil com os filhos da mulher que ama, você sabe... para poder fazer parte da família.  

– Na verdade não – Suspirou atraindo a total atenção do outro, que se sentou sobre a cama querendo saber mais. – Ele quer me ferir para que a mamãe ceda aos pedidos dele e me mande para longe para que ambos possam viver tranquilamente. É por isso que quer se aproximar de você Lu, ele sabe que eu sou o único que consigo amar você, sabe que sou o único que me importo verdadeiramente, mas você não quer que eu vá para longe, não é Lu?

– Não Jongin, eu não quero e, se você for, eu irei também. – Segurou as mãos bronzeadas como se dessa maneira pudesse mantê-lo perto.

– Então tem que fazer o que eu digo – Jongin recebeu um olhar receoso, mas que apenas o fez ferver internamente, cheio de excitação. – Você não quer? Está com medo?

 

Os olhos de Luhan pareceram brilhar uma constelação inteira enquanto Jongin sussurrava em seu ouvido todas as instruções do que deveria ser feito. Era confuso para o irmão mais novo, uma confusa de palavras longínquas; beijo, escarlate, entalhe, nevoas, púrpura, carmesim, lágrimas. Jongin divertia-se com isso, fitava os olhos negros e incrivelmente brilhantes que fervilhavam com medo de perde-lo e sorria com uma ternura inimaginável e serena, mesmo que sua face sempre acabasse por retorcer-se em desgosto pelo olho esquerdo e cego de seu irmão. Era horrendo e o sujava, porém, o suportava com fáceis demonstrações de amor, mesmo tendo a suma certeza de que tal imperfeição deveria ser repudiada por tomar parte de um rosto tão belo e magnifico.

A verdade era que Luhan estava pasmo, amedrontado e receoso com os pedidos que seu irmão lhe fazia e, preso entre a cruz e a espada, ficara encurralado entre as requisições e as carícias de seu amante, de seu irmão. 


Notas Finais




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