(Dias de hoje / 3 dias após a viagem da Akemi)
Acordei zonzo, o telefone não parava de tocar e já estava me irritando quando atendi.
- Sabe que horas são? – perguntei rouco.
- Eu pergunto a você!!! Sabe que horas são? – perguntou Lysandre irritado.
- O que é?
- Está mais do que atrasado.
- Pra?
- Meu deus. Pra audição. No colégio.
- Ah, isso. Me dê 40 minutos e eu estarei ai.
- 30. - e desligou.
Levantei e fui ao banheiro. Um banho gelado iria me acordar de vez. Terminei o banho (que não ajudou muito) e fui colocar alguma roupa. Nem vi o que estava vestindo. Me olhei no espelho e...
- Nossa Castiel, você está péssimo! – falei pra mim.
Fui ver como o Dragon estava. Ele andou doente, mas estava melhorando. E deixei comida nova e agua limpa pra ele.
- Mais tarde veremos umas gatinhas, amigão. – e sai. Meu carro estava mal estacionado. Eu não havia chegado muito bem ontem.
Peguei rápido a rua da cafeteria. Mandei uma mensagem antes de sair para a moça dali, e meu café estava me esperando.
- Obrigado Hannah, coloca na conta. – pisquei e voltei a dirigir. Eu tinha que parrar com o café.
Pegando a rua da escola, olhei pelo retrovisor e vi algo que chamou a minha atenção. Cabelos, longos, cacheados e azuis. Será? *Buzina*
- Desculpe!! – parei o carro, pra não causar nada e olhei pela janela. Já tinha sumido. Será que ela voltou? Impossível. Devo estar imaginando. Voltei a dirigir e cheguei à escola. Estacionei e fui para o auditório. Além do mais, ela já deve ter mudado a cor dos cabelos. Ela não é você Castiel, que não cansa desta droga deste vermelho.
- 50 minutos, Castiel! – Lysandre me recebeu assim.
- Não tão atrasado. Só dez minutos. – desconversei. – Humm... Vem cá, sabe se a Ela voltou?
- Ela? – ele estava distraído anotando algo. – Quem?
- Você sabe quem. – revirei os olhos.
- Hm, não.
- Não o que? Não sabe quem é ou se voltou? – indaguei.
- Não sei se voltou. – resmungou e voltou à atenção para as fichas. – Vou começar a chamar.
- Tá. – resmunguei.
E entrou o primeiro, até que ele tocava bem, mas cantando... era uma tragédia.
Ah, o que estávamos fazendo? Eu e o Lysandre, acabamos estudando música depois da escola, e abrimos uma gravadora. E era isso que estávamos fazendo... procurando uma nova “estrela”.
- Ela está atrasada. – Lys resmungou.
- Quem? – perguntei, curioso.
- A nova professora de artes gerais da escola. Eu não sei quem é. A diretora me informou hoje.
- Humm...
Foi quando ouvimos as portas de trás se abrirem, antes do próximo candidato. E dessa vez eu não estava engando. Era realmente ela. Estava quase igual desde a ultima vez que a vi, mudanças sutis pelo corpo, curvas definidas, olhar confiante e um sorriso sem graça.
Quando me viu, paralisou. Mas foi por pouco tempo, sua reação mudou para descontração. Continuou sorrindo sem graça.
- Desculpem, eu não achava esta sala.
- Tudo bem. – respondeu Lys, sorrindo. – Estamos no segundo.
- Ainda bem. – ela falou suave. E veio se sentar ao lado do Lysandre. – Como foi o primeiro?
- Um desastre! – comentei.
- Nossa, imagino.
- Próximo!!! – chamou Lys.
O resto da manhã passou rápido. Somente três alunos passaram pela voz, cinco pela bateria, dois no baixo, três na guitarra e nenhum no piano. E eu não prestava muita atenção naquilo, não conseguia me concentrar com ela ali. Ainda era inacreditável que ela tinha voltado. Eu podia conseguir uma nova chance, e eu não iria desperdiçar. Eu estava empolgado, mas não queria transparecer. Ela estava tão linda. Bem mais inteligente, e eu ainda não acredito que ela estudou as artes gerais. Eu não queria fazer mais nada, a não ser observa-la. Suas caras e bocas, suas caretas. Ela estava ali, de novo. E meu coração empoeirado se encheu de esperança.
- Que bom que voltou. – falou Lys, abraçando-a. – Não fique tanto tempo fora menina. As pessoas sentem sua falta.
Ela riu sem graça.
- Desculpe. – foi tudo que disse. E mudou de assunto. – Então, o que vai ser dos classificados?
- Terão uma chance de estudar e aprender mais com os melhores da cidade. – respondi, sorrindo.
- Continua convencido. – ela riu.
- E você continua linda. – soltei, e ela corou e desviou o olhar.
- Hum... é melhor eu ir. Levar esse relatório para a diretora. Vocês vem? – Falou Lys.
- Não, não. Tenho que ir. – ela respondeu rápido.
- Tenho algo importante para fazer. – comentei. Lysandre assentiu se despediu e foi-se. – Hum... Há quanto tempo está na cidade? – perguntei olhando curioso.
- Cheguei ontem. – comentou, enquanto ia para saída. Eu a acompanhei.
- Pretende ficar muito tempo, professora? – coloquei o braço pelos ombros dela e a puxei de leve. Mesmo de cabeça baixa, eu a vi corar bastante, e ri.
- Um pouco... – respondeu vagamente.
Eu a soltei. Lembrei daquele tempo, quando eu descobri que ela gostava de mim, e como eu descobri. Fiquei tenso. Nervoso. E o que aconteceu depois... como tudo acabou. Eu não podia fazer de novo, não deixaria que magoasse ela.
- Está tudo bem? – ela voltou para me olhar, soando preocupada. – Está passando mal? Você tá branco. – disse nervosa.
Eu dei dois passos e a puxei para um abraço. Ela se assustou no inicio, mas depois correspondeu.
- Desculpe. – sussurrei rouco. – Desculpe como tudo acabou.
- Tudo bem. Eu fiquei bem... a culpa não foi sua. Foi daquela puta. – eu me separei para olhar o seu rosto. Seus olhos estavam demonstrando raiva, mas eu sentia que ela não estava bem... eu sempre ia sentir.
- Você soube? – perguntei. E ela assentiu vagamente.
- Vamos conversar em algum outro lugar. Isso aqui ainda é uma escola. E não seria legal os alunos verem a professora nova se abraçando por tanto tempo com o produtor. – ela riu, e eu confirmei.
Soltei ela e fomos andando. Meus deus, eu havia me tornando louco por aquela mulher.
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