História Felicidade - .prólogo.

Você estava atrasado para uma das milhares de reuniões que lhe tomavam todo o dia mas, mesmo assim, insistiu em me deixar na escola onde trabalho.

Saímos apressados demais e tivemos que voltar do final de nossa rua, pois você havia esquecido de trocar os sapatos e eu acabei descobrindo que estava com a camisa as avessas, saímos rindo de nossa própria desatenção.

Novamente no carro, eu acabei por ligar o rádio e assim que os primeiros acordes ecoaram pelos autofalantes, você sorriu, e eu soube o que viria a seguir.

Você adorava cantar, -e cantava muito bem diga-se de passagem- sempre que tinhamos oportunidade nós nos arriscavamos em um dueto improvisado. Sua voz, mais uniforme e suave, ficava mais evidente em relação a minha, que era desregular e desafinada, mas você não se importava e eu muito menos.

Nossos corpos mexiam-se desajeitados acompanhando o ritmo e seus dedos batucavam no volante, seguindo as batidas da música que, agora, chegava ao fim, para então, ser seguida por uma outra que eu não conhecia, mas que lhe fez sorrir automaticamente, assim, eu apenas relaxei no banco do passageiro e lhe observei cantoralar aquela calma melodia, aproveitando aquele momento de paz que só você podia me proporcionar. Você tinha o dom de deixar tudo mais leve, Minhyun.

- Por quê me olhas assim, garoto? - Perguntou-me desviando o olhar da estrada para me observar, eu apenas neguei, lhe afirmando que não era nada e você sorriu.

Quando pegamos a via expressa você se concentrou na estrada. O trânsito nesse horário era sempre turbulento e já haviam ocorridos diversos acidentes no trecho em que estavamos por isso, contentei-me em cantarolar baixo.

Um pequeno feixe de luz solar iluminava a lateral de seu rosto e acabei por me perder na beleza daquele momento. Eu sempre te achei o homem mais bonito que já conheci, Minhyun. Sua beleza me desconcertava e me tirava todo o foco; dessa forma, não foi surpresa eu não ter notado que havia algo errado.

Não vi quando o sinal abriu e você mudou a macha, mas vi quando a coloração de seu rosto sumiu e seus olhos se fecharam, por poucos segundos. Eu ao menos tive tempo de ampara-lo, pois quando dei por mim nosso carro já havia ido de encontro a mureta da estrada, à ultrapassando, e caindo no rio.

Quando me vi cercado pela água e notei que você estava desacordado, só pude ter certeza de uma única coisa: a felicidade havia acabado.