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História Felix culpa - Explicações


Escrita por: nayameh

Notas do Autor


Mais um capítulo, espero que gostem... hah...

Capítulo 2 - Explicações


O grito que eu dei foi ouvido pela vizinhança inteira.

Eu fui para traz com tudo, e meu corpo escapou da cama e se chocou com o chão. Diante da minha reação exagerada ele não se mexeu. Aquele loiro de olhos grandes e sorriso amigável continuava ali, parado e nu, com a bandeja em mãos. Procurei o objeto mais próximo para me defender e acabei lhe ameaçando com uma caneta. "Ótima arma, BamBam. Bem amedrontador".

- Quem diabos é você? - Eu tremia e gaguejava e parecia patético, como sempre.

- Olha, antes de você me machucar rabiscando a minha cara toda - Ele sorria de maneira cômica - É melhor você se acalmar e ligar para a sua irmã. Sério, ela parecia alterada.

- O que você fez com a Baby?! Quem é você, porra?!

- Eu não fiz nada. Ela que ouviu parte do nosso plano e endoidou. Só não entendi que parte a fez endoidar. Ela sabe que você é gay?

Engoli seco. Esse estranho me conhece. Esse completo estranho sabe da minha orientação sexual, e age como se isso fosse completamente normal! O que está acontecendo? O que eu fiz?

- Olha cara, você não parece mal, mas eu estou sem memória alguma, me sentindo um lixo, conversando com alguém pelado que eu nunca vi na vida! - Tentei soar calmo, mas no fim minha voz novamente saia descontrolada. Respirei fundo. - Por favor, me explica... por favor...

Ele pareceu entender. Sua cabeça ia para cima e para baixo, e sua expressão estava triste. Ele se aproximou e eu recuei, mas seu objetivo parecia apenas depositar a bandeja na beirada da cama. Eu agia como um animal assustado. Me sentia um, para ser sincero. O homem se sentou com cautela, e fez um gesto para que eu me acalmasse. Tentei.

- Vou contar o que eu sei, ok?

Assenti. Era melhor do que nada.

- Ontem foi o noivado da sua irmã. Festa privada, pelo que percebi. Só você, alguns primos e tios. - Enquanto ele falava as imagens retornavam em minha mente. Era verdade. - Você disse para que todos bebessem. Pelo que vi ela namorou por dez anos e alguma promessa estava rolando, algo do tipo.

"Hoje eu vou cumprir minha promessa, não é todo dia que milagres acontecem!" Novamente a frase retornou a minha memória. Eu prometi pagar bebidas quando Baby finalmente noivasse com Ten, todos pareciam contentes.

- Continue.

- Bem, pelo que percebi em algum momento da festa alguém preparou uns slides. O noivo, acho. Ideia cafona. - O loiro já estava comendo as torradas que trouxe. Ele parecia à vontade; quase uma daquelas senhoras fofoqueiras das redondezas. - Era para mostrar o começo do namoro. Os dois se conhecendo, crescendo e conquistando coisas juntos, estas besteiras de apaixonados...

Assenti. Eu não conseguia me lembrar, mas esta atitude parecia típica do Ten. Bem plausível até agora.

- E...?

- E que, em uma dessas fotos você estava junto. Você e aquela girafa. Quantos metros ele tem, hein?!

1,86, quase disse involuntariamente. Meu estômago decidiu embrulhar outra vez. Uma mera menção à Kim Yugyeom e meu corpo decide me castigar.

Respirei fundo.

- Bem, você ficou estranho depois dessa foto. Acho que alguém fez algum comentário, sei lá. Você começou a tomar um drinque após o outro.

- E dai eu fiquei louco e fiz uma cena, certo?

- É... pelo menos foi o que sua irmã me contou. Ela não foi com você até a casa do seu ex então eu não sei do resto. Só sei que você voltou pra cá uma hora depois todo acabado e choroso.

Nessa hora eu já pouco me importava com a caneta, a comida ou com o rapaz ao meu lado. Tudo se tornou irrelevante. Eu me recordava da situação, da vergonha. Eu havia pego o meu carro, dirigido totalmente bêbado. Eu havia batido na droga do portão da casa dele e gritado seu nome com o rosto em lágrimas. Eu implorei para que ele saísse no portão para conversarmos, e ele o fez, e eu implorei por uma segunda chance enquanto tentava me lembrar como se pronunciava a palavra "chance" em coreano e mesclava todas as línguas que sei. Ele gritava e me mandava embora, enquanto o seu novo namorado o apoiava atrás pensando em como eu era patético.

E daí eu vomitei na minha própria calça e ele ainda me emprestou as suas. Essa droga de jeans nem é meu.

- Eu... eu...

- Eu sei cara, é foda... - Ele tocou meus ombros meio sem jeito. Parecia querer me confortar, mas a torrada em sua boca matava um pouco o tom acolhedor. Respirei fundo.

- E onde exatamente você entra nessa história? Você não estava na festa. Não parece ser um dos amigos da minha irmã.

Ele fez uma expressão indecifrável. Meio como se tivesse medo de dizer.

- Dai temos que voltar um pouco. Rewind, como um amigo meu gosta de dizer. Você conhece a Markson's stuff?

Vasculhei entre as lembranças confusas da minha mente, mas nada pareceu familiar. Neguei educadamente.

- Bem, é um negócio que eu e meu... hmm... amigo - Ele faz grandes aspas com os dedos. - Montamos há um tempo na China. Trabalhamos como faz-tudo e fazemos tudo mesmo. Somos bem famosos por lá.

Eu não fazia ideia de onde ele queria chegar, mas concordei.

- Bem, o negócio é que uma emissora Coreana nos chamou para apresentar num programa. Estender o serviço por toda a Ásia, e eu topei. Mark não é muito bom com o público então eu vim sozinho. Mas... a coisa era meio que uma gozação com a gente. Nosso negócio é sério!

Ele ainda estava nu. Era difícil concordar sobre algo sério com alguém nu te contando. Vez ou outra o meu olhar descia... esse cara tinha um bom corpo...

- Tá me escutando?

- Ah? Claro! - Subi o olhar e assenti.

- Então. Eles começaram a zuar, e eu fiz o merchan da coisa de um modo sério. Quando acabou o programa me arrependi achando que só Coreanos engraçadinhos nos ligariam, mas quem ligou era um cara contratando o nosso primeiro serviço aqui.

- Poxa, que bom. Valeu a pena então. Quem te ligou?

Ele me olhou com as sobrancelhas franzidas.

- Você.

Eu engasguei. Comecei a tossir descontroladamente enquanto agitava os braços pedindo ajuda. O loiro pegou o copo de suco e me ofereceu. Bebi tudo de uma vez só. Meus olhos lacrimejavam.

- EU O QUÊ?!

- É. Você meio que ligou para mim depois de beber muito, mas antes de pagar o mico pro seu ex. Começou dizendo uns troços xenofóbicos e depois chorou pedindo desculpas falando que também não era Coreano. Eu quase achei que fosse um trote.

Apoiei as mãos na cabeça. Essa noite não tinha fim? Foi algo que durou 89 horas? Quanto mais eu fiz? Adotei uma criança da África?!

- O problema mesmo eu ainda nem te contei...

- Ai meus Deus, tem mais?! Eu adotei mesmo uma criança?!

- Quê? Calma, cara. Não pira. - Ele me chacoalhou de leve. Fixei meus olhos nos dele e, por algum motivo, agradeci por estar de lentes azuis nesse momento. - Eu meio que... talvez... tenha te influenciado levemente... à falar com o seu... ex?

...

- Ok, reações silenciosas são as piores. Mark sempre tem dessas. Respira.

- Você o quê?

- Você me ligou chorando! E do jeito que dizia parecia que tudo era um mal entendido e vocês se amavam! - Eu via tudo vermelho. Meu sangue fervia. - Você disse até onde ele morava! Eu sugeri ligar para ele. Não ir lá. Ligar!

- É culpa sua!

- Eu sei! E me senti mal quando você desligou e disse que ia até lá. Eu fui te buscar!

- Sai daqui.

- Eu te trouxe. Eu dirigi seu carro e...

- SOME DAQUI! SOME DA MINHA CASA! - Gritei com todas as minhas forças. Tudo doeu; garganta, cabeça, orgulho. Escondi o rosto antes que as lágrimas aparecessem.

Eu estava acabado. Eu me retraí, me transformei em um casulo para apagar tudo ao redor. Há quanto tempo eu não chorava? A última vez foi no término. A primeira, na morte do meu pai. Nesse momento me senti como se tivesse voltado nessas duas situações. Eu voltei a ser fraco e sozinho. Principalmente sozinho.

Quando levantei o rosto, percebi que ele não estava mais ali. O homem nu havia sumido.

Baby havia sumido.

Yugyeom havia sumido.

Meu pai havia sumido.



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