História Feliz pesadelo - Doce ilusão

[★] Narrador ON[★]

Era uma fria noite de inverno...

Sob um pequeno balanço, em um pequeno parquinho destinado a crianças, se encontrava um garoto. Seus olhos eram tão escarlates quando sangue e sua pele tão pálida quanto a neve, enquanto seus cabelos tinham o tom do mais puro e saudável trigo. Por algum motivo, seus olhos fitavam o imenso céu que o cercava, que por sinal estava repleto de estrelas. Mesmo com toda a quantidade de estrelas, o ambiente no qual ele se encontrava era tão escuro quanto se estivesse na mais negra das noites.  Pequenos flocos de neve caiam calmamente do céu, abaixando a temperatura drasticamente, mas o garoto nem dava atenção a isso e seu corpo nem mesmo reagia ao frio. Ele começou a cantarolar baixinho uma agradável melodia sem letra quando uma frase escapou de seus lábios

-Quero ser o maior de todos...

Disse o garoto baixinho. Sua voz tinha um tom calmo e gentil com uma pitada de tristeza e solidão. Sua voz cessou quando ele notou que havia alguém ali junto a ele em meio as sombras, o ouvindo. Ele não podia dizer se era homem ou mulher, pelo menos, não usando a visão. Ele sentia um doce cheiro...um cheiro diferente. Um que impregnou cada parte de seu cérebro sem ele que ele pudesse impedir. Antes que notasse, ele estava de pé, e foi andando na direção da escura figura na escuridão, que ele notou dar uma pequena recuada, o que o fez parar no meio do caminho e ficar a contemplando. A julgar pela baixa estatura, os cabelos longos e as medidas do corpo, além do cheiro adocicado, imaginou se tratar de uma garota. Mas por que uma garota estaria no escuro, no meio nada, com uma temperatura ambiental próxima do zero, o olhando sem se pronunciar? A cada questionamento que fazia a si mesmo mentalmente sentia mais curiosidade em relação ao que acreditava ser uma garota. Ele voltou a andar na direção dela, em passos muito mais lentos do que os anteriores, tentando passar um sentimento de confiança e de que seria amigável, já que a garota aparentava poder fugir a qualquer segundo. De fato, foi o que ela tentou fazer quando eles estavam a apenas alguns passos, mas o garoto segurou seu pulso de modo gentil, mas firme, e fez o encarar apenas a alguns centímetros. Assim ficaram por um tempo, olhando um no olhos do outros, quando um som irritante começou a zumbir nos ouvidos do garoto. Era seu despertador. Ele despertou em sua cama exatamente as 06:00 da manhã, um pouco irritado por não ter visto o desfecho de seu sonho.

[★] Usui ON [★]

Despertei com o som do despertador a clamar por mim. Disferi um forte soco no mesmo, sem me levantar da cama, o que fez com que o som parasse. Bocejei, e olhei para o despertador no qual eu havia descontado minha raiva. Ele marcava exatas seis da manhã, por isso resolvi me levantar. Eu iria ter aula em meu novo colégio em cerca de uma hora e dez minutos, e não pretendia me atrasar. Após me levantar, fui direto ao banheiro e tomei uma ducha quente. Depois escovei meus dentes, desci as escadas para então chegar a cozinha e preparar meu café da manhã. Cantarolando baixinho qualquer bobagem que tivesse me vindo a cabeça peguei ingredientes na geladeira e nos armários: Algumas laranjas, ovos, Bacon, Torradas. Fiz um suco forte de laranja, Fritei os ovos junto com o bacon e coloquei junto das torradas.

-Eu amo Bacon –Exclamei alegremente com um sorriso infantil no rosto enquanto comia minha refeição calmamente-

Algum tempo depois, terminei e lavei a louça para então sair de casa. Quando avistei o prédio de meu novo colégio, senti um estranho frio percorrer minha espinha para então chegar ao meu estomago e ficar por lá. Mesmo me sentindo mal, não parei, e a sensação foi aumentando a cada passo que eu dava, como se algo estivesse me dizendo para não me aproximar mais. Acabei adentrando os portões, que por sinal, estavam repletos de pessoas que conversavam animadamente. Não dei muita importância e continuei a caminhar, adentrando a estrutura do colégio em si procurando por minha sala, 1-Y. Notei que o sinal tocou, então entrei em um mini desespero repentino, correndo feito louco pra baixo e pra cima na escola procurando minha classe. Ao encontrar, abro a porta respirando pesado, e coloco a mão nos joelhos para tentar retomar meu fôlego, todos ficam me olhando de maneira estranha, já que eu era o único novato e havia chegado daquele modo logo no meu primeiro dia. Então, cansada de esperar, a professora se pronunciou:

-Por favor, tome um lugar, senhor Pendragon. Acho que atrás da senhorita Uchiha seria ideal para você, fila da esquerda, última carteira. –Diz ela em um tom repreensivo e sério-

-Sim senhora... -Respondo eu já com meu fôlego de volta-

Andei até o lugar no qual me foi escolhido normalmente, até dar de cara com a garota que sentiria em minha frente. Ela possuía cabelos e olhos vermelhos, e um ar que me fazia sentir estranho. Ao ver ela, o frio que eu sentia em minha barriga aumentou ainda mais, e eu senti uma forte dor de cabeça e uma fraqueza repentina. Apoiei-me na cadeira dela, acidentalmente deixando meu rosto próximo ao seu pescoço de modo que ela sentisse minha respiração quente na nuca. Senti uma presença assassina atrás de mim, vinda de um garoto, então me sentei sem dizer nada, pelo menos, no começo.

-Desculpe... –Eu disse em um tom baixo e ressentido depois de um certo tempo-

-Não se preocupe com isso! –Disse ela pouco depois de mim, em um tom gentil, o que me fez perder o medo que eu tinha de que ela ficasse brava- -Como você chama? –Perguntou logo após sua primeira frase-

-Eu sou o Usui. Usui Pendragon. E enquanto a você? –Digo com um leve sorriso em meus lábios enquanto fito a garota em minha frente-

-Me chamo SeeU uchiha. Qualquer coisa, pode falar comigo. –Disse ela em um tom animado-

-Com certeza irei! –Digo acenando que sim com a cabeça-

Logo passei a prestar atenção na primeira aula, mas a partir da segunda fiquei olhando para fora pela janela, observando as pessoas que passavam e as pétalas de uma cerejeira Sakura que caiam delicadamente. Acabei adormecendo e acordando apenas com o sinal do intervalo, bocejando para então me levantar, o resto da sala já havia saído, me deixando sozinho lá. Peguei meu lanche, um sanduiche de peito de peru, da mochila e deixei a classe, indo almoçar embaixo da arvore que eu havia observado. No meio do caminho, alguém se chocou contra mim, me levando ao chão. Fechei os olhos devido impacto e quando os abri, dei de cara com uma garota um ou dois anos mais nova que eu. Ela tinha longos cabelos negros e olhos azuis que pareciam brilhar, sua pele era pálida. Ficamos nos encarando por um tempo, até ela se levantar sem jeito e me estender a mão.

-Desculpe... –Disse ela quando aceitei sua mão, levantando-me com sua ajuda-

-Tudo bem! Não estamos machucados, afinal. –Eu disse com um sorriso gentil estampado em meus lábios, colocando a mão no topo de sua cabeça. Ela parecia ter ficado emburrada com isso, cruzando os braços e fazendo um leve bico para depois sair correndo mais uma vez.

Quando ela foi embora, notei que havia deixado cair um pequeno bloco de anotações, que estava assinado como ´´Ana Uchiha´´ atrás da capa. Reconheci seu sobrenome, pensando em minha colega de classe uma vez mais, sentindo várias pontadas no estomago devido isso. Coloquei a mão sobre ela e foi em direção a árvore, sentando-me em sua base para então passar a comer. Comi tranquilamente meu sanduiche, e adormeci mais uma vez. Fui acordado por SeeU, que estava rindo de mim.

-Você faz outra coisa além de dormir? –Disse ela com um sorriso sarcástico no rosto-

-Também sou derrubado por parentes seus. –Digo rindo um pouco, lhe entregando o caderno de anotações que eu havia encontrado-

-Ana? É a minha irmã desastrada. Você perdeu as aulas, o intervalo já acabou faz um bom tempo...Por sorte, eu disse que você havia passado mal e que tinha ido pra casa. De nada. –Disse ela, se sentando ao meu lado para continuarmos a conversa-

-Todas as garotas da sua família são tão bonitas? –Eu Disse com um sorriso brincalhão estampado no rosto-

-Está cantando eu ou a minha irmã? – Disse ela apertando meu nariz entre os dedos-

-Digamos que as duas. –Disse eu com uma voz engraçada devido ao meu nariz estar sendo bloqueado pelos dedos da garota- Já te falaram que você tem uma testa enorme?

-Já te falaram que você é um careca? –Disse ela rebatendo meu comentário, um pouco alterada, mas ainda brincando-

-Não...Já te falar...esse cheiro...que cheiro é esse..? –Digo ao sentir um cheiro familiar nas proximidades-

-Cheiro? Não estou sentido nada. –Disse ela me olhando de forma estranha-

-Sim...é um cheiro doce...Um cheiro familiar....

Ana aparece, e SeeU se levanta, juntando-se a ela e acenando para mim enquanto vai andando em direção a saída.

-Te vejo amanhã, careca! –Diz ela enquanto acena se afastando cada vez mais-

-Não se esqueça de trazer sua testa! –Respondo rindo um pouco quando ela some de minha visão-

Logo que as garotas foram embora, levantei-me e fui para casa andando com as mãos nos bolsos, cantarolando baixinho uma música aleatória que me veio a cabeça enquanto pensava nas garotas que havia conhecido.