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História Fênix Negra - Compaixão


Escrita por: FireboltViolet0

Capítulo 22 - Compaixão




Assim que Rayane recobrou os sentidos, sentiu sua testa estranhamente úmida e pesada.

Gemendo, abriu os olhos lentamente. Aos poucos, o rosto vincado de preocupação de Nora entrou e foco.

- Ah… graças aos céus…

- O que… - se retraiu, atordoada.

Esquecendo-se momentaneamente do ferimento, Blink guinchou de dor, ao retrair acidentalmente a perna lacerada.

- Cuidado! - ofegou Nora, baixando um pano umedecido em sua mão; evidentemente, o que havia causado aquela sensação estranha em sua cabeça – precisa descansar ainda… você… ficou muito febril…

Ainda letárgica, a jovem ergueu o olhar, focalizando as silhuetas de Hermione e Renato ao longe, a vários metros de onde elas estavam. Uma discreta fogueira havia sido acesa, lançando uma luz curiosamente azulada sobre a escuridão noturna, que já despontava sobre a pedreira.

- Perdi alguma coisa? - tentou dar uma risadinha brincalhona, mas sua voz saiu estrangulada de fraqueza e tensão.

Tampouco havia muito humor nos olhos inquietos de Stuart.

- Tirando um litro e meio de sangue? - disse amargamente – acho que não. Eles estiveram debatendo sobre as próximas etapas da viagem este tempo todo.

Era evidente que as pautas tratadas pro Cavallone e Weasley não eram minimamente interessantes para Nora, e Rayane imaginava o por que. Contanto que pudesse salvar sua família, ao fim de tudo aquilo, pouco se importava com o que eles decidiriam.

- Disseram algo sobre… isso? - indagou, receosa. Temia que seu pequeno acidente tivesse aborrecido em muito seus algozes.

- Não – a voz de Nora parecia estranhamente contida – apenas sobre o que fazer depois que você se recuperar.

A garota se acomodou melhor sobre a pedra em que se apoiava, vincando a testa.

- Nora… - segurou a mão dela – está… tudo bem?

Os olhos esverdeados de Nora rutilaram em meio à penumbra. Parecia reprimir as lágrimas.

- Ray… - seu tom ficou repentinamente embargado, e Rayane sentiu a mão que segurava estremecer de encontro aos seus dedos – eu jurei… que eles iam te deixar morrer... fiquei... com tanto medo…

Comovida com a preocupação dela, Blink ofegou, abrindo um pequeno sorriso. Sentiu seu peito esquentar de modo agradável - uma quentura tranquilizante, que se espalhou no interior de seu corpo, aparentando reduzir seu sofrimento.

- Ei… eu estou bem.. - disse – eles… prometeram que não nos fariam mal, não é?

- Eles prometeram não nos matar – Nora retrucou friamente – não disseram nada sobre nos deixar morrer.

- Eu sei que é difícil… entender – a moça suspirou – mas… eles não seriam tão desalmados, Nora. Eu acho que… no fundo… eles realmente se importam. Ainda… há algo bom… nela.

Franziu o cenho, observando Weasley olhar distraidamente na direção delas.

Havia algum tipo de vazio na expressão de Hermione.

Não havia mais aquele brilho no olhar. Eram olhos sem vida, frios como gelo, mesmo quando demonstravam qualquer mínima emoção. Ela toda era, agora, uma ostra vazia, cujo interior havia sido cruelmente arrancado, no momento em que lhe extraíram sua pérola mais valiosa.

Algo havia se quebrado dentro dela. E nada jamais poderia consertá-la.

Ainda assim, Rayane se apegava ao raso sinal de altruísmo que Hermione havia demonstrado. Se ela havia sido capaz de demonstrar compaixão, era por que ainda havia bondade em seu interior.

- Eu não imagino… como os dois devem ter sofrido – concordou Stuart – mas… Rayane… eu nem posso pensar… - baixou a cabeça, angustiada - em te perder. Não agora.

- Você é mesmo uma amiga incrível, Nora…

Surpresa, viu-a abalançar a cabeça. Parecia quase paranoica.

- Você não entende… - sua risada baixa transbordava aflição  - eu realmente… não posso… no começo, era só um companheirismo, não é? Mas então você me contou sua história… foi meu único apoio na época mais difícil de minha vida… e agora, por causa de dois psicopatas, eu poderia ter perdido… tudo. Tudo que se tornou mais importante na minha vida. Minha família…

Rayane a encarou, perplexa, quando Nora acariciou-lhe o rosto.

- E você… Ray.

Pega de surpresa, Rayane estremeceu.

Jamais havia imaginado que Nora a via daquela forma. Mais do que uma amiga. Mais do que qualquer coisa que já podia ter imaginado.

Podia julgá-la? Depois que Mariah a havia deixado, de forma tão repentina, podia ver com mais clareza o quanto Stuart também havia se tornado parte insubstituível de sua vida.

E aquela confissão emocionada, juntamente de sua condição vulnerável, aparentaram atingir seu coração como um tiro desgovernado.

O impulso falou mais alto dentro de Nora, que inclinou-se sobre Rayane, acolhendo seu rosto carinhosamente entre os dedos.

Sentindo o coração saltar contra as costelas, hipnotizada de espanto, a garota fechou os olhos, sentindo o delicado afago.

- Nora…

Estremeceu, ao sentir a boca dela colando-se carinhosamente contra a sua.

Por puro reflexo, suas mãos enlaçaram o pescoço de Nora, que aproximou-se um pouco mais, abraçando-a, certificando-se de que não se debruçaria sobre o tornozelo ferido da garota.

Tão rápido quanto havia acontecido, o beijo foi interrompido.

Arfando levemente, ainda abraçando a cintura de Rayane, Nora vincou a testa, abrindo um sorriso trêmulo.

- Ray… eu…

- Não – cortou-a – por favor… não diga nada… que estrague isso.

Nora não aparentou esperar ser correspondida, dada a exclamação enternecida que escapou de seus lábios.

Distraídas, não haviam percebido que Renato havia se aproximado.

Rayane corou intensamente, finalmente percebendo que o que havia acontecido não havia passado batido por Cavallone. 

E, embora sua expressão se encontrasse petulante, algo lhe dizia que ele reprimia o riso.

- Como está a perna, Blink?

Aproveitando a deixa, Nora levantou-se, enrubescida, não se demorando a ir em direção à tina de água próxima a fogueira, como quem voltaria a encharcar o pano.

Ainda com os batimentos acelerados, a jovem resfolegou.

- Está… melhor – respondeu, constrangida.

Por um momento, achou que Renato troçaria dela.

No entanto, o rapaz ajoelhou-se levemente, ficando na altura dela.

- Se eu fosse você, não me envergonharia, Blink – falou – por que agora, quando tudo isso acabar, você finalmente terá alguém para quem voltar.

Renato voltou a se reerguer, dando as costas, e enfim se reuniu com os demais ao redor da fogueira.




































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