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História Fera da meia-noite - Act II: Gasoline


Escrita por: theoden

Notas do Autor


— Em primeiro lugar: me perdoem pela demora! Eu queria poder dar uma boa explicação, mas a verdade é que não tem uma. De um dia para o outro a minha vida foi parar dentro de um liquidificador em potência máxima. Tive muitos trabalhos para fazer, a escola exigiu muito de mim nas últimas semanas. Essa semana foi de provas, mas, finalmente, consegui atualizar para vocês e acredito que agora a vida deve dar outra sossegada.
— Em segundo lugar: muito obrigada pelos favoritos e comentários! Estou muito feliz pelos favs e pelos comentários, vocês são uns fofos. É bom saber que estou curtindo a história.
— Bella Thorne como Ashley.
— Boa leitura, hunters!

Capítulo 2 - Act II: Gasoline


Ato II: Gasolina.

Phoenix, Arizona | Atualidade.

Dean Winchester perguntava a si mesmo o motivo de todos os quadros daquele hotel barato e desagradável serem tão mórbidos. Eram pinturas antigas; imagens de mulheres trajadas com vestidos bregas e homens com perucas brancas cheias de trancinhas. Isso é coisa de maricas, ele afirmava mentalmente, Sammy deve ter gostado. Não precisou de muito tempo para lançar um olhar sarcástico acompanhado de um risinho ao irmão que estava sentado sobre a cadeira frágil de madeira – ela parecia quebrar a qualquer instante. Sam Winchester folheava as páginas amareladas de um livro quando notou o olhar do irmão sobre si, não deu muito atenção, Dean era sempre o mesmo. Previsível.

 — Achou alguma coisa? — interrogou o mais velho, desvencilhando o sorriso.

— Não, Dean. É mais difícil do que parece.

Havia algo que atraía os irmãos mais do que revistas pornôs atraíam Dean; pessoas mortas. Mortes bizarras sem nenhum motivo aparente, pessoas que alegam ter visto fantasmas ou terem sido possuídas por demônios. Os Winchesters estavam familiarizados com esse tipo de caso, mas, dessa vez, as mortes súbitas que afligiam o povo de Phoenix não eram mortes comuns. Eram desconexas, sem ligação ou razão alguma. Não era comum.

Já fazia um bom tempo que não encontravam casos comuns.

Sam, com um movimento abrupto, fechou o livro de capa espessa e o bateu na mesa. A poeira se ergueu camuflando-se com o ar pesado, os irmãos trocaram olhares curiosos. Sabiam exatamente o que se passava na mente de cada um naquele momento, mas nenhum deles pretendia dizer em voz alta o que pensavam.

— Eu sinto falta do bunker, cara — disse Dean. — Esse lugar cheira a gambá e rato morto. Acho que devemos ir embora. Esse caso está um grande fiasco. Nós, como Batman e Robin, devemos retirar nossos traseiros daqui e direcioná-los a algum caso possível de ser resolvido. Alguns gasparzinhos ou alguns olhos pretos. Qualquer coisa.

— Vamos simplesmente deixar as pessoas morrerem?

Dean refletiu por alguns instantes. Salvar pessoas, caçar coisas, o negócio da família. A frase ecoou em sua mente como um lembrete. No fundo, sabia que não poderia deixar as pessoas simplesmente morrerem. Não desejava que elas morressem e não precisava refletir muito sobre o lembrete enviado por sua mente. Sabia o que deveria fazer.

— Precisamos chamar o Castiel.

— Castiel? Na última vez que ele tentou ser um caçador...

— Corta essa! Precisamos da ajuda do anjo ou podemos deixar as pessoas morrerem.

As luzes piscaram quando o farfalhar de asas anulou o som que vinha da telha; como se alguém ou algo andasse em sua superfície. Castiel aparecera imediatamente, assim que seu nome fora mencionado. Sempre pronto para sangrar pelos Winchesters. Trajado por um sobretudo caramelo e acompanhado por um rosto inexpressivo, o anjo disse:

— Não sei o que quis insinuar com isso, Sam, mas eu perdoo você.

— Obrigado, eu acho — o mais novo arqueou as sobrancelhas.

Dean os olhou com indiferença, revirando os olhos logo em seguida.

— Precisamos de sua ajuda, Cass.

— Há uma energia estranha aqui — o anjo olhou para o telhado e para cada canto do quarto.

O loiro bufou, mas decidiu acompanhar os olhos de Castiel pelo lugar. Com seu rosto inerte feito um alvo posto na parede, ele media cada mínimo detalhe do cômodo como se procurasse por algum detalhe específico. Ao não encontrar nada de esquisito além dos quadros empoeirados, desistiu de procurar, encontrando uma resposta ideal:

— Deve ser o que sobrou do sanduíche de atum do Sam na privada.

Castiel pareceu não compreender o que Dean queria dizer com aquilo, portanto, apenas se concentrou em ser prestativo para os Winchesters; embora continuasse com o sentimento de que algo estava errado.

— Precisam de ajuda com o caso? — questionou.

Não precisou de resposta, Sam abriu o notebook por cima da mesa e abriu um arquivo de vídeo: “AssassinatosPhoenix.wmv”. Dean e Castiel sentaram-se nas cadeiras ao lado do mais novo enquanto ouviam as respectivas rangerem ao sentarem. Dean murmurou alguns palavrões, estava farto daquele lugar tão velho.

Interrompeu seus múrmuros quando o vídeo começou. Uma tela totalmente preta deu início a gravação e, logo em seguida, havia uma atendente de uma loja luxuosa de joias atendendo um homem barbado. Ele se direciona até os colares, onde encontra um colar com uma pedra vermelha. Provavelmente um Rubi. Após comprá-la o homem se retira da loja e a tela novamente é tomada por uma escuridão. A mulher, junto com todos os clientes que estavam na loja, aparece morta. Sangue para todo lado, foram esquartejados e decapitados. Completamente mortos.

— Isso se repetiu mais vezes — explicou Sam, fechando o notebook. — Após a morte de Marie, a última atendente, contrataram uma nova mulher para o cargo. Três dias após a estreia em seu novo emprego, ela aparece esquartejada assim como todos os clientes. Os policiais entrevistaram Paul, o último homem a comprar com Marie antes de todo o banho de sangue acontecer, ele disse que a joia era para sua namorada e que não viu ou ouviu algo antes de sair da loja.

— Fantasma? — perguntou Cass.

— Não — Dean se pronunciou. — Vasculhamos a loja. Limpo. Nenhuma morte trágica sequer alguém espetou o dedo naquele lugar. Tentamos encontrar algum demônio pela cidade, mas nada. A loja está impossibilitada de ser reaberta.

— Estão com medo de contratarem mais alguém para a morte.           

Castiel distorceu seu rosto em uma expressão de dúvida, retirou o notebook das mãos de Sam e colocou o vídeo para ser reproduzido mais uma vez. Antes que chegasse ao final da reprodução, pausou o vídeo no momento exato em que a mulher entrega o colar com o rubi para o homem. Era um colar inegavelmente bonito.

— Eu já vi isso antes — ele girou o notebook para que os irmãos enxergassem melhor. — Castiel tinha uma expressão indeterminada no rosto. Parecia assustado, até mesmo descrente. — Vi em uma pessoa há alguns séculos.

— Castiel não temos tempo para suas histórias em japonês — disse Dean com escárnio.

— Não. Isso é mais sério do que vocês pensam.

— Onde você viu isso, Cass? — dessa vez, Sam foi quem perguntou.

Therese — ele pronunciou o nome como se estivesse sendo vigiado; a sussurrou para que apenas os dois ouvissem. Os irmãos, esperando uma explicação coerente, se entreolharam. Castiel se adiantou com as explicações:

— Encontrei-a pela primeira vez em 1524, ela era uma espécie diferente das que nós temos hoje em dia. Nephilins. Mas isso não importa. Esse colar é a chave de uma maldição, uma maldição que Therese carregava. Na realidade, impede que a pessoa se transforme em uma besta totalmente descontrolada. Therese está presa no Vale dos Ossos Secos, não pode ser ela. Alguém deve estar atrás do colar, e isso só pode significar problemas. Grandes problemas.

Aparentemente os dois irmãos haviam concordando e acreditado com a história de Castiel. Era até explicativa para o caso, mas desejam perguntar mais sobre a história. Queriam ter mais informações? Que diabos era o Vale dos Ossos Secos? Contudo, nada perguntaram, apenas respiraram fundo tendo em mente o que fariam a seguir.

— Bem, então vamos encontrar Paul e sua namorada.

 

Uma curta viagem de dez minutos fora necessária para chegar até a casa de Paul. Castiel ofereceu ‘suas asas’ para transportá-los diretamente para o lugar, mas Dean não concordou. Odiava pegar carona com o anjo; causava-lhe fortes náuseas. No caminho, Cass explicou melhor sobre o colar e Therese. História bacana, Dean pensara.

Os três tiveram a visão abrangida pela casa branca onde morava Paul. Um forte som vinha de dentro da residência, como se uma festa estivesse sendo dada. Em frente á porta, o chão onde seus pés se apoiavam pareciam tremer.

— Preparem-se — disse Castiel com sua espada angelical em mãos. — Seja quem for, não irá entregar o medalhão com facilidade e com certeza não está para brincadeiras. Eu me esqueci de mencionar, mas não toquem no rubi de maneira alguma ou poderão ser esquartejados e decapitados. Até mesmo comidos vivos.

— O quê? — os irmãos interrogaram ao mesmo tempo, mas não obtiveram resposta alguma, Castiel já havia pressionado o pequeno botão da campainha (que provavelmente não fora ouvido lá dentro com todo aquele barulho).

Tocou-a mais duas vezes.

Os Winchesters estavam com as armas apontadas para a porta quando uma garota ruiva de aproximadamente dezenove anos abriu-a. Ela tinha o rosto completamente cheio de ferimentos, contusões profundas e ensanguentadas. Seu semblante era sonso. Parecia drogada. Os irmãos abaixaram as armas e deixaram que seus narizes inalassem o cheiro forte de gasolina que vinha de dentro da casa. Era insuportável e parecia queimar.

— Paul está? — perguntou Castiel como se não percebesse a situação da garota.

Dean fitou a garota, procurando algum traço demoníaco, mas não encontrou nada. Pensou em banhá-la com água benta, mas a ideia se desfez ao pensar em como poderia fazer seus ferimentos arderem. Não era tão mal assim, afinal de contas. Ela deu um giro; como se quisesse mostrar a roupa que usava – que, por sinal, estava toda rasgada.  

— Sou Ashley — disse a menina soltando uma gargalhada incessante logo em seguida.

— Foi assim que você se sentiu quando cheirou orégano, Sam? — interrogou Dean, sorrindo para o irmão que parecia não ter apreciado a piadinha naquele momento. Na verdade, não importa em que momento fosse, nunca apreciava as piadinhas sempre tão direcionadas a si que o irmão soltava com alta frequência.

— Ashley, Paul está? — o rosto de Castiel permanecia sério.

A ruiva não respondeu, apenas soltou mais um riso e abriu caminho para que passassem. Dean e Sam ergueram as armas novamente e adentraram a casa logo atrás do anjo.

Gasolina. Esse era o cheiro que predominava o ambiente além do gelo seco. O lugar era envolto por uma luz negra e todas as pessoas que estavam lá dentro – eram muitas – tinham seus corpos pintados com tinta florescente. Para Castiel, era complicado entender o que estava acontecendo ali. Sabia, de fato, o que era uma festa, mas não conseguia entender a precisão daquilo ou por que a pessoa que conseguiu obter o antigo medalhão de Therese estaria ali, dando uma festa.

Todos do ambiente pareciam não dar a mínima para a presença de três homens armados ali. Foi dessa maneira que Dean percebeu que algo estava muitíssimo errado com eles; estavam hipnotizados. Mas, sua real surpresa ocorreu ao observar a criatura no centro da sala, deitada sobre almofadas vermelhas.

Era um animal enorme. Suas presas afiadas eram expostas conforme ele bocejava de maneira súbita e seus pelos pretos eram incrivelmente sedosos, muito semelhantes ao de um tigre ou um puma preto. Era aterrorizante ver o animal deitado no meio da sala como se fosse absolutamente comum, mas, ao mesmo tempo, era fascinante. Talvez seja dócil, pensou Dean antes de destravar a arma, eu espero que seja.

Havia um detalhe em especial no animal. Um detalhe que impediu Dean em apertar o gatilho de imediato. O tigre, ou seja lá o que fosse, tinha em seu pescoço um medalhão com um rubi vermelho em seu centro.

— O medalhão, Castiel, está no pescoço do tigre!

Dean rolou os olhos pela sala até achar por fim Castiel. O anjo estava paralisado, sua espada agora se encontrava no chão. Não poderia ter certeza do que aquilo significava, mas não poderia ser de modo algum algo bom.

Por outro lado, Sam continuava com a mira retilínea na cabeça do tigre, mas parecia tão extasiado quanto Castiel. O mais velho viu-se preso em uma encruzilhada. Em um relance, todas as pessoas que ali estavam voltaram sua atenção para os três, no centro da festa. Foram despertados do transe, agora estavam sóbrios e atentos a eles.

— O que pensam que estão fazendo? — perguntou um homem moreno.

Ninguém o respondeu, estavam aflitos demais para se preocuparem com a questão do homem. Um rugido estremeceu a casa, a música sumira magicamente. Todos haviam levado suas mãos ao ouvido, até mesmo Dean e Sam embora não soltassem as armas. O tigre andou passos a frente, ficando mais próximo deles.

Por conta da aproximação, Dean percebeu que o pelo do animal tinha uma tonalidade distinta. Vermelho. Um líquido viscoso cobria seu corpo. Era sangue. Bem provável que fosse das pessoas ali; dos cadáveres que estavam empilhados em um canto afastado da sala. Era sádico. Sua mente começou a girar.

— Dean! — chamou-o Sam, mas sem nenhum motivo além de dizê-lo que estavam encrencados. O tigre começou a se locomover pela sala, andava em círculos, vez ou outra passava ao lado dos Winchesters e de Castiel, quase se encostando a seus corpos. Não sabiam se deviam atirar agora, mas, com Castiel paralisado, estavam perdidos.

Coberto de sangue, o animal se direcionou a frente dos três, ao ponto de todos conseguirem observá-lo com perfeição. Tudo que se seguiu foi imensamente estranho. O tigre tinha os olhos brilhando em uma cor ardente. Um vermelho alaranjado exatamente como o do rubi que ornava o medalhão.  A última coisa que esperavam hoje era um tigre.

O animal se pôs em pé pelas duas patas. O queixo dos Winchester caiu e com Castiel não foi diferente – apesar de parecer menos surpreso e mais alanceado; o anjo estava mais para nocauteado.

Suas patas, de uma maneira indescritível, se afinaram até chegarem ao tamanho de braços e pernas humanas. Os pelos negros desapareceram dando lugar a pele nívea coberta por sangue. Sua face animal se contorceu para cima e para baixo até se tornar um rosto invejável e angelical. Era uma mulher. Estava completamente despida, mas, nem mesmo Dean, teve muito tempo para observá-la, Ashley, a garota ruiva que os atendeu, cobriu-a com um roupão preto de seda. Os cabelos loiros da mulher caiam perfeitamente sobre seus ombros.

— Olá, queridos — ela disse, por fim. Uma voz suave, mas ao mesmo tempo cordial e sedutora. — Estávamos esperando vocês para a festa. Fico feliz que você tenha vindo, Castiel. Temos assuntos pendentes a serem tratados.

— Eu sinto muito — o anjo se pronunciou pela primeira vez.

— Poupe-me de ouvir sua voz, Castiel.

— Quem é ela, Cass? — perguntou Dean, a mão firme segurando a arma.

— Não fomos adequadamente apresentados, não é mesmo? — a mulher de cabelos loiros caminhou para perto dos irmãos, um sorriso caloroso nos lábios. — Eu observei vocês durante alguns dias. Os tão famosos Winchesters. Estavam, de alguma forma, me caçando. Mas já lhes aviso, não tenho nem uma ligação com as mortes. Tola fora a mulher que tocou nessa belezinha aqui — ela pressionou o medalhão, que brilhou com seu toque. — Ela foi amaldiçoada, como eu.

A mulher soava tão perturbadora com suas palavras que estava começando a deixar Dean intimidado e um pouco incomodado. Sam, por outro lado, estava curioso. Reuniu forças, limpou a garganta e por fim perguntou:

— Quem é você?

— Meu nome é Therese, mas vocês podem me chamar de Tessie ou como a fera da meia-noite.


Notas Finais


⇢ Trilha Sonora da Therese: Zella Day – East of Eden (link: https://www.youtube.com/watch?v=bex9bA7oQwA) - Leiam a tradução dessa música, ela é muito Tessie <3
⇢ A opinião de vocês é super importante, então comentem ela aqui!
⇢ Beijo e até a próximo, meus amores!


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