Cena 01 - Rua - Noite.
Clarita desce do carro após estacionar em frente a sua casa e abre o portão.
- Eu não estou acreditando, O Augusto e a Heleninha? Eu acho que a sorte está do meu lado, vou ter a chance de matar dois coelhos com um tiro só! - Disse Clarita com um sorriso malévolo.
Ela tenta dançar como se tivesse um companheiro e sem música, mas Joana aparece.
- Dona Clarita? - Perguntou a empregada ainda na porta.
- Que susto criatura! - Disse Clarita ao virar para a mulher.
- A senhora estava dançando sozinha? - Questionou Joana.
- QUEM ESTAVA DANÇANDO? VÁ LIMPAR A PRIVADA CRIATURA! - Disse Clarita em um tom severo.
- Mas eu limpei tudo! - Respondeu Joana.
- Limpe de novo e não fale mais uma palavra, sua voz me causa dores de cabeça! - Disse Clarita entrando no carro que guardou em seguida.
Cena 02 - Casa do Prefeito - Quarto de Hóspedes - Noite.
Irineu flagra o filho Lucas colocando a menina que encontra na cama.
- Fico louco? Quem é esta menina? - Perguntou Irineu ao filho completamente surpreso.
Enquanto a menina desconhecida gemia, Lucas respondia ao pai com gestos.
- AHHHH! AHHH! - Gemeu a menina.
- Você só pode estar ficando louco, trazendo pessoas desconhecidas pra casa. Eu sei que quis ajudar, mas não sabemos quem é a moça! - Disse Irineu.
Lucas responde novamente fazendo gestos e Heleninha entra no quarto.
- Essa cidade é um horror à noite, precisa é de animação! - Disse a primeira-dama sem perceber a garota.
- Onde estava? - Perguntou Irineu fitando a mulher.
- Eu fui rezar! - Respondeu Heleninha mostrando e beijando seu terço.
Cena 03 - Pensão da Dona Eulália - Dia.
Charles está sentado no sofá da pensando e acompanhado de Dona Eulália, os dois conversam.
- TV é coisa do capeta, quem assiste isso, está condenado, condenado! - Afirmou Dona Eulália convicta.
- Mas que pensamento é esse, dona Eulália? - Questionou Charles.
- Penso no bem do nosso povo, penso nos bons costumes! - Respondeu a dona da pensão.
- A TV é pra ser apreciada... Pra se divertir! - Disse Charles em tom poético.
- Isso não é divertimento, é coisa de satanás! - Respondeu Dona Eulália horrorizada.
- Cruz, credo, Dona Eulália! - Disse Charles surpreso com a atitude da mulher.
- Agora me deixe fazer o feijão ou ninguém come aqui nessa birosca, pare de falar neste assunto pecaminoso, já abolimos a maldita TV há sete anos! - Contou Dona Eulália. Suas lembranças vêm à tona. Moradores jogam seus televisores nas ruas. - ABAIXO, ABAIXO, ABAIXO A VULGARIDADE! TV, TV, TV É SACANAGEM! - Gritava Dona Eulália no meio da multidão.
- Sacanagem! - Gritou uma mulher.
- É UM SACRILÉGIO! - Continuou Dona Eulália com seu protesto.
- FOGO NOS TELEVISÕES! - Gritou um homem ateando fogo no aparelho.
- FOGOOOOOOOOOOOO! - Gritou Dona Eulália. Ela abriu os olhos e percebeu a aproximação de Charles, então se afastou.
- Como? - Perguntou Charles preocupado com a reação da mulher.
- Acho que isso foi um pesadelo! - Respondeu Dona Eulália arregalando os olhos.
Cena 04 - Casa do Prefeito - Sala - Dia.
Heleninha penteia seus cabelos, ela ouve uma batida na porta, então, decide abrir e fica diante de Clarita.
- Dona Clarita? - Perguntou a primeira-dama surpresa.
- Acho que precisamos conversar, com licença! - Disse Clarita já entrando.
- Não estou entendendo! - Respondeu Heleninha ao fechar a porta. - O que temos para conversar? Fiquei curiosa.
- Muita calma nessa hora! Ontem eu vi você lá na rua das casas amarelas, curioso que nunca passo por lá, mas eu não sei o que deu em mim... - Relatou Clarita passando o dedo sobre a poeira da mesa.
- O que? - Questionou Heleninha.
- Eu vi você e o Augusto aos beijos, que casal lindo! - Debochou Clarita com risos.
- Quanto quer para ficar calada? - Perguntou a mulher do prefeito.
- Não quero o seu dinheiro, eu quero lhe ajudar! - Respondeu Clarita estendendo as mãos.
- Me ajudar? - Perguntou a primeira-dama.
- Como deve saber... Kate minha sobrinha está noiva do Augusto. Bem, eu não sou a favor desta união. Augusto não é pra ela e eu estou aqui pra te ajudar! - Afirmou Clarita decidida.
- Como pretende me ajudar? - Perguntou Heleninha demonstrando interesse.
Cena 05 - Igreja - Dia.
Kate e Augusto entram na igreja e os dois são recebidos pelo Padre Manoel.
- Minha filha! Veio se confessar? - Perguntou o Padre abrindo um simpático sorriso.
- Hoje não Padre! Eu vim marcar a data do meu casamento com Augusto! - Respondeu Kate.
- Mas tão rápido? Não acredito que está... - O padre tentou afirmar algo, mas...
- Não, eu não estou esperando nada! - Respondeu Kate antes que o padre terminasse.
- Nos amamos, Padre! Não queremos perder mais tempo! - Disse Augusto com uma aparência feliz.
- Os jovens de hoje, são tão apressados! - Comentou o Padre.
- Acho que não podemos perder tempo! - Disse Kate olhando para o noivo.
- Você está certa minha filha! - Afirmou o Padre sorrindo.
Cena 06 - Pensão - Corredor - Dia.
Odete abriu a porta de seu quarto e se deparou com a presença de Dona Eulália. Ela entregou um envelope com dinheiro a dona da pensão.
- Eu to pagando, mas isso é um roubo, este quarto não vale 10% da fortuna que a Senhora recebe! - Disse Odete insatisfeita.
- Não está gostando? Retire-se, não é obrigada a ficar! Eu apenas vivo disso, da minha pensão e cobro o preço justo. Não gostou é só cair fora! - Disse Dona Eulália ignorando a reclamação da cliente.
- Com licença! - Respondeu Odete fechando a porta do quarto.
- Petulante, vou aumentar o aluguel no próximo mês! - Disse Dona Eulália cheirando as notas.
- Falando sozinha? - Perguntou Fábio ao sair de seu quarto todo arrumado.
- Pra onde você todo galanteador e cheiroso? - Questionou a mãe do rapaz.
- Tenho que sair mamãe, ninguém vive sem se divertir! - Respondeu Fábio ajeitando o cabelo lambido.
- Pois vai tirar a roupa cara e ir pra cozinha, não nasci pra criar vagabundo! - Ordenou Dona Eulália.
- Mãe? - Disse Fábio decepcionado.
- GIZELINHA! Pense na GIZELINHA! Foi pra capital estudar e trabalhar e você deveria fazer o mesmo, vai trabalhar na pensão com sua mamãe! - Respondeu a mulher para o filho.
Cena 07 - Casa do Prefeito - Quarto - Tarde.
Lucas entra no quarto de hóspedes e observa a menina que socorreu. Ela desperta e abre os olhos.
- Quem sois vois? O que to fazendo aqui? Que cama é essa? - Perguntou a menina. -SOCOOOOOOOOOOOOORRRO! - Gritou ela.
O filho do prefeito faz sinal pra tentar se comunicar com ela e a menina lhe ataca no pescoço.
Cena 08 - Igreja - Tarde.
Kate e Augusto se despedem na saída da igreja. Heleninha espera a sobrinha de Clarita se afastar e puxa o rapaz de volta para dentro.
- Vem comigo! - Pediu a primeira-dama.
- HELENINHA! - Disse Augusto impaciente.
- Vai casar com ela? É isso? - Questionou a mulher.
- Você sabe que sim! - Respondeu Augusto.
– E se ela descobrir sobre nós? - Perguntou Heleninha.
– O que está dizendo? Não está pensando em contar nada, não é? - Perguntou Augusto pegando no braço de sua amante.
- Você sabe que não, mas não pode se casar com ela, lembre-se que ela nunca te perdoaria! Não pode continuar com esta farsa, fuja comigo! - Respondeu Heleninha revelando sua real intenção.
- Eu não vou fugir! - Afirmou Augusto.
- Tudo bem, eu estarei esperando! - Afirmou Heleninha ignorando a resposta do rapaz.
Cena 09 - Mansão de Kate - Sala - Tarde.
Kate abre a porta e entra em sua casa. Clarita desce as escadas e fica diante da sobrinha.
- Foi marcar o casamento com o filho da delegada? - Questionou Clarita.
- Pode guardar o veneno! - Pediu Kate.
- Querida, eu só fiz uma pergunta. Lavei minhas mãos, você já é bem grandinha pra fazer as próprias escolhas, mas eu quero o seu bem! - Disse Clarita sorrindo.
- Está certa! Eu sei fazer minhas próprias escolhas! - Respondeu Kate fitando sua tia.
- Posso ao menos lhe fazer uma pergunta? - Clarita sentou.
- Faça! - Respondeu Kate subindo as escadas.
- Tem certeza que Augusto é fiel? - Questionou Clarita fitando a sobrinha.
- O que disse? - Perguntou Kate.
Cena 10 - Casa do Prefeito - Quarto - Tarde.
A menina solta o pescoço de Lucas e abre uma das janelas do quarto.
- Homem branco não me prende, eu fujo, eu fujo! - Disse a menina tentando fugir.
- NÃOOOOOOOOOOO! - Gritou Lucas ao se recuperar. Ele viu a menina pendurada na janela.
- SOCOOOOOORRRO! - Gritou a menina que se jogou e caiu por cima de Charles.
- Meu Deus! - Disse Lucas se aproximando da janela.
Continua...
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