História Férias em Família - One-Shot

Lá estava ele... deitado na cama enquanto respirava fundo. Estava cansado? Não. Doente? Não. Apenas tinha um peso a mais em cima do seu corpo. Abriu os olhos se acostumando com a claridade que entrava pela cortina escura do quarto. Olhou um pouco para o lado e sorriu. Lá estava ela. Com o rosto enfiado na curva do seu pescoço, ressonando como uma criança. Seus cabelos longos e azuis espalhados pelo travesseiro logo abaixo e seus braços finos estavam em volta do pescoço dele. Sorriu olhando sua esposa, Juvia. Ela tinha adquirido o costume de dormir com o rosto enfiado na curva do pescoço dele. "Gosto do cheiro do Natsu-sama..." Dizia ela sempre que ele perguntava. Escutou uns barulhos vindos do andar de baixo...

"A essa hora da manhã..." -murmurou com sono. Não queria se levantar, mas era preciso-

"..." -Natsu tentou se levantar mas Juvia apertou mais ainda os braços ao redor dele- "Hm..." -Juvia murmurou alguma coisa-

Natsu sorriu divertido. Quando isso acontecia, ela só afrouxava o nó quando acordava e, considerando o horário em que eles tinham ido dormir na noite anterior, provavelmente ela só acordaria umas duas depois. Ela estava cansada demais. Não era pra menos já que a noite anterior tinha sido extremamente "movimentada". Se é que me entendem. Passaram horas se divertindo, mas a brincadeira acabou cansando Juvia demais. Ela dormiu na primeira oportunidade que teve. Não, vocês não estão entendendo... Ela realmente apagou depois de ter "cansado" umas cinco vezes. Ou seriam sete? Na verdade, Natsu tinha parado de contar quando ela passou da oitava. Seu instinto sadista lhe mandava continuar mas a azulada não aguentava mais. Escutou os barulhos mais uma vez e quase que ao mesmo tempo, Juvia se agarrou mais a ele.

"Nem... pense em... sair" -ela falava pausadamente. Provavelmente por causa do sono- "Fique aqui com a Juvia" -falou na terceira pessoa-

Juvia conseguia controlar muito bem o seu hábito de falar na terceira pessoa mas, sempre que dormia, estava grogue de sono ou assustada, acabava perdendo o controle e falando desse jeito. Não que Natsu se importasse com isso. Na verdade ele ainda continuava a achar fofo o modo como ela falava na terceira pessoa, e ver ela falando normalmente lhe deixava com um "ar" mais maduro. Era perfeita do jeito que fosse. Nem precisava pensar muito para chegar a essa conclusão. Ela se levantou devagar. Ainda parecia cansada. Ela estava vestindo um uniforme de empregada, junto com umas orelhas e cauda de gato, com um sininho acoplado a algo que parecia ser uma coleira em seu pescoço. Eu disse que a noite tinha sido divertida. Ao se levantar, o sininho tocou.

"Bom dia..." -ela falou e em seguida deu uma fungada no pescoço dele. Realmente adorava sentir seu cheiro- "Natsu-sama"

"Bom dia" -Natsu respondeu e ouviu o barulho de novo- "Ah... Acho melhor você trocar essa roupa. Se eles entrarem aqui e virem você assim, vai ser difícil de explicar" -ele sorriu. Juvia acenou e desceu da cama-

"Acordaram cedo de novo?" -Juvia falava enquanto se despia- "Como conseguem?"

"Vai ver eles não conseguiram dormir. Sabe..." -Natsu se espreguiçou sorrindo feito um pervertido- "Por causa dos seus barulhinhos noturnos" -ele falou e Juvia sorriu divertida. Ela vestiu uma roupa mais adequada. Um short curto e uma camisa de Natsu que ela usava como pijama-

"Acho muito difícil..." -ela sorriu e subiu em cima da cama mais uma vez e se sentou em cima do corpo dele, com uma perna de cada lado do corpo dele- "As escritas a prova de som da Levy-san são perfeitas. Eles não conseguem escutar nada que vem daqui de dentro" -ela apoiou as mãos no peitoral definido dele e em seguida se abaixou, fazendo seus seios enormes serem pressionados contra ele- "Para nossa sorte..." -ela sorriu e em seguida o beijou-

Juvia agarrou os cabelos dele na primeira oportunidade que teve. Pediu passagem com a língua, que fora imediatamente concedida. Natsu aproveitava para passar suas mãos por todo o corpo da azulada. Juvia sentia os pelos do seu corpo se eriçarem com os toques do seu marido e soltou até uma risadinha quando sentiu ele apertar com força o seu traseiro. Pensaram em aproveitar ainda mais o tempo que tinham mas a porta do quarto foi aberta com violência. Lá estavam eles... O garotinho de cabelos rosa e a menina de cabelos azuis. Cópias perfeitas dos pais. Juvia interrompeu o beijo assim que escutou o barulho da porta se abrindo.

"O que estão fazendo a essa hora da manhã?" -ela perguntou quando os viu-

"Mamãe, papai, levantem" -o garoto puxava o braço do pai- "A gente tem que sair"

"Isso, isso... Vamos logo" -dessa vez foi a garota-

Kalina e Nero Dragneel. Com seus cinco anos cada um, tinham invadido o quarto dos pais. Estavam alvoroçados. Tamanha era sua empolgação que eles estavam perdendo o controle da pouca magia que tinham dentro de si. Escorria água por entre os dedos dos pés de Nero sempre que ele andava, já Kalina, soltava pela boca incríveis chamas azuis sempre que falava. Era uma cena bem engraçada de se ver. Natsu se sentou na cama e Juvia continuou sentada em cima dele.

"Ah... Não crianças" -Juvia murmurou fingindo estar triste- "Deixem o papai e a mamãe ficarem em casa um pouquinho. Temos o mês inteiro de férias" -ela abraçou Natsu mas Kalina subiu na cama e entrou bem no meio dos dois-

"Mamãe... Você prometeu" -ela inflou as bochechas-

"É... a tia ruiva vai ficar brava com vocês se não forem" -dessa vez foi Nero quem falou-

"SIM..." -Natsu, que estava calado, se levantou empolgado- "Vamos... Eu tenho que zoar com aquele otário. Aquele loiro vai me pagar por ter me zoado quando você estava grávida" -ele falou como uma criança que estava preparando uma travessura-

Ele falou e Juvia saiu do colo dele. Em seguida, ela pegou Kalina no braço. Estavam de férias em sua casa de praia na Malásia. Lembram? Tinham se hospedado nessa casa quando estavam em missão e por fim, quando terminaram a missão, eles compraram a casa e agora, uma vez no ano, eles passavam um mês do ano ali de férias. Mas dessa vez eles não estavam ali para tirar umas férias apenas. Happy também poderia vir mas ele finalmente tinha conseguido se acertar com a Charles e agora deveria estar viajando com a Wendy. Até estavam mas um certo alguém tinha pedido ajuda a Natsu e, como era perto dali, Natsu resolveu ajudar com prazer.

"Vamos crianças..." -Natsu sorriu e se levantou da cama- "Vão se arrumar, por que vamos sair"

"ISSO" -gritaram os dois. Juvia pôs sua filha no chão e eles saíram correndo-

Natsu sorriu e em seguida foi em direção ao banheiro, sendo seguido por Juvia. Não fizeram nada "estranho" ali dentro por que seus filhos poderiam aparecer a qualquer momento então, resolveram se comportar por um tempo. Depois de se arrumar, tomaram o café da manhã e saíram. Natsu e Juvia andavam de mãos dadas enquanto seguravam as mãos dos filhos. Os pequenos, principalmente Nero, estavam muito ansiosos para entrar no mar, mas ficou combinado que eles só iriam para a água depois que ajudassem o tal amigo de Natsu. Natsu sorriu ao ver Juvia com um chapéu enorme na cabeça. Ela não gostava do sol forte, preferia chuva mas, mudar o tempo de uma hora para a outra sendo que ainda tinham uns poucos turistas na praia. Isso seria exagerado em vários sentidos. Se a praia estivesse deserta, não haveria problema em fazer aquilo. Kalina estava vestida com uma saia rosa igual as que a mãe usava, sendo menor, obviamente. E usava também uma blusa branca com mangas que desciam até o cotovelo. Nero estava usando uma bermuda cinza, com uma blusa verde. Natsu e Juvia estavam vestidos do seu jeito habitual.

"Natsu-sama, você lembrou de trazer?" -Juvia perguntou erguendo Nero para que ele não caísse em uma poça d'água-

"Claro que sim" -Natsu suspirou- "Acho que ela morreria se a gente não levasse. Estou até com um pouco de pena dele e sei muito bem pelo que ele está passando"

Juvia sorriu um pouco constrangida. Realmente... Natsu sabia muito bem o que era aquilo. Continuaram a andar. Juvia estava empolgada. Aquele lugar continuava tão belo quanto se lembrava. Andaram por um tempo, até que chegaram a um casa no final da orla da praia. A casa ficava num ponto incrível e de lá era possível ver tudo o que tinha por ali. Juvia olhou tudo e viu um barranco muito alto. Aquilo lhe trazia lembranças...

"Olhem ali crianças..." -Juvia falou olhando para o barranco- "Seu pai pulou dali de cima por que estava com ciumes de um loirinho surfista. Muito fofo"

"Uoooou" -os dois falaram olhando o barranco enorme- "Aquilo é muito alto"

"É... Ele ainda montou em cima de um tubarão" -Juvia lembrou-

"Papai fazia muitas loucuras pela mamãe" -Nero sorriu- "Como quando pegou a barbatana do tubarão"

"Nem me lembre daquilo" -Natsu sorriu com uma expressão casada lembrando dos dias que passou sem dormir. Eles começaram a sorrir mas de repente alguém chegou abrindo a porta da casa com uma velocidade absurda. Pra vocês terem uma noção do desespero do indivíduo, Natsu nem precisou bater na porta para ele a abrir-

"NATSU, MEU IRMÃO" -o cara se jogou aos pés de Natsu. Kalina se assustou com aquilo e largou a mão do pai e foi para perto da mãe- "DIGA QUE TROUXE. POR FAVOR"

"Haaa trouxa..." -Natsu sorriu apontando pra ele- "Eu falei que ia sofrer" -ele gargalhou. Aquele que estava aos pés dele era ninguém menos que seu antigo amigo Will. Ele tinha olheiras enormes abaixo dos olhos e estava com uma aparência péssima. Natsu tirou a mochila das costas e a abriu, tirando uma vasilha de dentro- "Tá aqui..."

"Escamas de basilisco" -ele abriu olhando o conteúdo- "Eu te amo, cara" -ele correu pra dentro de casa-

"Se a Clarisse ouvir isso, você está frito" -Natsu sorriu e eles entraram-

Estavam lá para visitar mas, em primeiro lugar, para levar as escamas de basilisco para Will. Sua esposa, Clarisse, estava grávida e estava tendo desejos iguais ou mais bizarros do que os de Juvia. Ela tinha chegado ao extremo de ter pedido ensopado de Escamas de Basilisco. É claro que esse animal não existia fora dos reinos de Magnolia e Alvarez. A solução tinha sido pedir para que Natsu trouxesse. Tinha sido bem fácil de encontrar, era uma cobra verde de quase 70 metros de comprimento que vivia na fronteira de Magnolia e Crocus. Mas tirar as escamas daquele bicho é que realmente tinha sido difícil. É óbvio que ele não daria as escamas de bom grado. Natsu e Juvia tiveram que lutar pra conseguir... Não que algo insignificante como aquilo fosse representar algum desafio para eles. Desde que Natsu e Juvia tinham ficado juntos, poucos inimigos ou monstros tinham conseguido enfrentar eles de igual para igual. Assim que entraram, tiraram as sandálias que calçavam.

"Yooo Clarisse" -Juvia falou trazendo uma caixa para ela. Era um grande conjunto de mamadeiras azuis- "Dando trabalho ao Will-san?"

"Tia ruiva..." -Nero e Kalina abraçaram Clarisse- "Que saudade"

"Também tive saudades de vocês, clones dos pais" -ela as vezes os chamava assim-

"Cadê o Natsu-sama? Ele estava aqui agorinha" -Juvia olhou pela sala, para ver se o encontrava-

"Foi até assim cozinha pra ajudar o tio loiro" -Kalina falou se sentando perto de Clarisse- "Ele disse que tem que preparar com cuidado ou não vai ficar bom"

"Clair..." -esse foi o apelido que Juvia tinha dado a ela- "O que tem feito com o Will-san? Ele parece muito acabado. O anda acontecendo com você?"

"Não sei... Eu choro por nada e as vezes fico com vontade de comer um coisas impossíveis" -ela falava. Juvia sabia pelo que ela estava passando mas era divertido ouvir isso dela- "Tem bolos, carvão, tijolo, comidas estranhas. Mas o pior é quando o Will não consegue me acalmar. Isso me faz desabar em choro"

"Sei bem como é... Natsu-sama sofreu bastante comigo" -ela falou pondo o dedo indicador sobre os lábios enquanto pensava- "Era até divertido ver ele correndo para todo o lado enqunto eu chorava. Até que ver eles sofrer assim era legal. Faz a dor do parto valer a pena"

"Não é?" -elas começaram a sorrir. Um pouco afastados delas estavam Kalina e Nero-

"Assustadoras..." -falaram juntos-

Um pouco afastados dali, na cozinha, Natsu estava em frente ao fogão enquanto mexia uma panela. Will estava sentado à mesa enquanto espera a Natsu terminar. Natsu estava sorrindo enquanto conversava com o amigo.

"Ei cara... Você parece um zumbi. Tem dormido direito?" -Natsu sorriu perguntando isso pela vigésima quarta vez. Sério... Will tinha contado-

"Acho que vou te explodir, cara" -ele falou. Suas olheiras estavam enormes. Segundos depois, Natsu terminou de fazer o ensopado- "Prontinho..."

"Mano... Não sei nem como te agradecer" -Natsu teve a impressão de ver uma lágrima escorrer pelo rosto de Will- "Finalmente vou ficar livres desse inferno" -ele disse indo em direção a sala-

"Confie em mim quando digo, cara... o verdadeiro inferno só começou agora" -Natsu o seguiu-

Sorriu vendo a expressão preocupada de Will ao entregar o ensopado para a esposa. Porém, riu mais ainda ao ver a expressão de alegria de Clarisse ao finalmente poder comer o ensopado depois de uma semana de muitas lágrimas pela madrugada. Juvia olhou para aquilo impressionada enquanto se perguntava algo como "Eu realmente era assim quando estava grávida?"... Depois disso, eles aproveitaram para finalmente pôr o papo em dia. Conversaram bastante e até aproveitaram para almoçarem juntos. Mas depois tiveram que sair por que já estava quase passando das seis da noite. Tinham passado o dia todo lá.

"Bem pessoal... Temos que ir agora" -Natsu falou- "Ah... Clarisse, pegue leve com o Will" -Natsu olhou para o loiro que bocejava no sofá- "Ele não vai aguentar muito mais. Mas se posso sugerir algo, pode pedir a ele um sushi de barbatana de tubarão. Esse é bom" -ele falou com um sorriso sacana-

"Acho que vou realmente te explodir" -ele falou e Kalina segurou a bermuda do pai-

"Você é mau, papai" -ela falou e Natsu a pegou no braço-

"Nada disso... sua mãe é que é" -se defendeu-

"Eu não..." -Juvia sorriu- "Sim... antes que eu me esqueça, estamos morando aqui pertinho então se quiserem, podemos passar por aqui de novo"

"Claro..." -a ruiva respondeu- "Vamos fazer um almoço especial esse domingo. Apareçam por aqui"

"Hai... Hai..." -Juvia respondeu e em seguida foi em direção a saída-

Saíram. Já tinha passado das seis da noite e estava tudo escuro. Poucas pessoas andavam pela orla da praia, e essas poucas pessoas era as que estavam voltando pra suas casas. Natsu e Juvia começaram a andar. Seus filhos estavam andando enquanto seguravam as mãos deles até que perceberam que seus pais estavam indo em direção a água. Não entenderam o por que mas, não ficaram muito empolgados. Tinham se divertido na casa de Clarisse, mas não era à mesma coisa. Eles queriam brincar na água, brincar com a areia. Até mesmo ficar sentados em baixo de um guarda sol. Não fazia sentido ir a praia de noite. A menos que fosse pegar um barco para ir até o parque de diversões da ilha vizinha e isso não tinha a noite. Vendo a expressão confusa dos filhos, Natsu falou...

"Estão com sono, crianças?" -ele perguntou. Juvia parecia ter entendido. Mesmo sem entender eles acenaram que não. Natsu percebeu que eles estavam meio cabisbaixos- "Algum problema?" -Natsu perguntou-

"Bem... É que..." -Nero parecia estar se complicando pra falar- "...vocês disseram que iriam brincar com a gente depois que a gente visitasse a tia ruiva"

"E vamos. Por que acha que estamos vindo pra cá?" -Juvia sorriu e passou a mão na cabeça do filho-

"Mas vamos pegar uma gripe por causa do frio" -Kalina falou- "Não somos tão resistentes a frieza"

"Não vamos nos molhar" -Natsu falou apontando para um pontinho luminoso no horizonte- "Vamos pra lá. Querem ir para o parque, não é?"

"Como a gente vai? De barco?" -Kalina perguntou-

"Nadando?" -Nero também. Os pais sorriram- "É muito longe"

"Não mesmo..." -Juvia sorriu, tirou o chapéu de sua cabeça e entregou ao filho- "Vamos voando"

Ao falar isso os pequenos sentiram um arrepio. E não era pra menos, estavam acostumados com o poder mágico gigantesco dos pais, ou até mesmo por terem o sangue deles correndo nas veias, não desmaiavam quando sentiam a pressão do poder deles, como a maioria dos membros da guilda. Mas eles estavam impressionados. Mesmo que algumas vezes sentissem o poder dos pais, não sabiam que eles eram tão fortes assim. Muito menos que seu pai tinha aquelas asas de demônio e sua mãe tinha os olhos tão luminosos assim. Kalina olhou para o seu pai e viu que chão parecia rachar abaixo dos pés dele. Sempre imaginou que, sempre que algum membro da guilda o chamava de "demônio" era algum tipo de brincadeira. Não achava que seu pai fosse um demônio de verdade. No momento em que ela o viu, tão calmo, tão incrível, tão poderoso, ela pensou consigo mesma... "Um dia quero ser como ele"

"Vamos?" -ele perguntou e os filhos acenaram. Natsu pôs a sua filha nos braços como se fosse uma noiva e Juvia colocou Nero ele suas costas- "Se segure. Okay? Fique agarrada a mim o máximo que puder" -Natsu falou afagando os cabelos azuis da filha. Ela acenou que sim e abraçou o pai com força-

"Você também" -Juvia falou para Nero-

Nesse momento, uma certa quantidade de magia. Na verdade, algo que mais parecia ser água, começou a se enrolar pelo corpo de Nero. A água tinha formado algo parecido com uma corda azul ao redor da cintura dele. Com Natsu e Kalina tinha acontecido a mesma coisa, só que eram cordas pretas. Juvia foi para o lado de Natsu e segundos depois começaram a voar. Kalina começou a gritar com a velocidade em que o pai tinha dado o impulso. Tinha se assustado. Estava agarrada ao pai de olhos fechados.

"Não precisa ter medo, boba" -Natsu sorriu- "Abra os olhos. Não vou te deixar cair"

Natsu sabia que ela tinha medo de altura, e sabia também que isso poderia vir a se tornar um problema para ela por que, basicamente, Lina-chan tinha herdado a magia do pai. Se desenvolvesse bem, poderia até se transformar em um demônio também. Mas demônios tem asas, eles voam, Natsu queria ajudar sua filha a perder o medo de altura. Ela relutou por um momento mas em seguida abriu os olhos. Estavam passando a alta velocidade por cima do mar. O vento forte se chocava contra eles mas ela estava tão abraçada ao pai que nem sentia a ventania.

"Não parece tão assustador, não é?" -ele sorriu e Kalina enfiou a curva no pescoço do pai. Ainda estava assustada demais pra isso-

Natsu sorriu. Depois de uns poucos minutos de vôo, eles finalmente chegaram a ilha em questão. Ficava bem longe da que eles estavam morando e praticamente não se via nada a não ser uma ponte que levava a uma outra ilha ali perto. Natsu ficou impressionado. Não só ele mas sua família inteira. Aquilo conseguia ser movimentado demais pra uma ilha, lembrando que era um parque de diversões também. Mas ainda assim tinha muita gente. Pousaram em terra firme. Kalina ainda estava agarrada ao pai, mas Natsu estava feliz. Na última vez que tinha estado em um lugar alto com ela, a azulada tinha chorado. Dessa vez ela só ficou assustada, isso já era uma evolução enorme. Nero tinha ficado de olhos abertos a viagem inteira e agora estava começando a implicar com a irmã.

"Medrosa..." -ele falou sorrindo- "Boba..."

"Fica quieto" -ela respondeu e Natsu bufou. Eles viviam implicando um com o outro- "Pelo menos eu parei de fazer xixi na cama"

"Eu não faço" -ele respondeu- "Fica saindo água dos meus pés"

"Mentira... bebezão" -ela provocou-

"Já chega crianças" -Juvia falou acalmando os dois- "Vieram se divertir ou ficar implicando um com o outro?"

"Desculpe mamãe" -falaram ao mesmo tempo-

"Agora vamos..." -Juvia falou empolgada- "Faz tempo que não vamos numa roda gigante. Não é, Natsu-sama?"

E eles foram. O parque era bem grande e cobria quase a ilha inteira. Não que a ilha fosse enorme nem nada do tipo, o parque era apenas grande. Bem iluminado, tinha aquelas barracas de doces, takoyakis, lulas fritas e outras dezenas de outros petiscos. Era repleto de brinquedos. Tinham carrinhos bate-bate, montanha russa, um carrossel enorme em forma de caracol. Sem contar também a roda gigante, tinham vários outros brinquedos. Foram em vários deles, bem... Não exatamente. Apenas Juvia e Nero foram. Kalina tinha herdado a magia do pai e com isso, seu enjôo em transportes também. Natsu estava tentando fazer sua filha suprimir aos poucos mas ela era nova demais para isso. Resumindo, ela não podia brincar na maioria dos brinquedos dali. Entretanto, Natsu não deixava isso ser um empecilho para que sua filha se divertisse.

"Mais pra cima" -Natsu sussurrava-

"Mais pra cima?" -ela perguntou e em seguida fez o que ele mandou- "E..." -"Click." Com esse som ela tinha acertado no ursinho que queria-

"AEEEEW" -eles comemoraram-

Kalina estava sentada em cima do balcão enquanto segurava uma pistola que atirava rolhas. Natsu estava atrás dela a ajudando a mirar e depois de quatro tentativas, ela finalmente tinha acertado o tiro. Tinha ganhado o ursinho. Natsu pegou e ergueu a sua filha no ar. Os dois comemoravam com tanta alegria que pareciam que eles tinha ganhado na loteria. As pessoas que estavam em volta riam daquela cena. Logo depois disso, eles deixaram aquela barraca e começaram a procurar por outras interessantes. Encontraram... Era uma barraca de arremesso. "Vamos lá... Derrube todas as latinhas, você tem três tentativas." Era o que estava escrito ali.

"Eu quero tentar. Papai, quero tentar" -Kalina puxava a mão do pai- "Quero tentar pegar aquele ursinho"

"Outro? Então vamos lá" -Natsu foi e, logo depois de pagar ao dono da barraca, ele deu três bolinhas de tênis a Kalina. Natsu a colocou sentada em cima do balcão-

"..." -a pequena suspirou enquanto encarava a pirâmide com seis latas e jogou a primeira bola. Acertou em cheio no meio dela, mas ainda continuavam duas em pé- "Ah..." -ela murmurou enquanto o dono da barraca arrumava as latas mais uma vez- "Eu consigo" -jogou uma segunda vez. Acertou na ponta esquerda da pirâmide. Ficou uma lata em pé- "De novo? Só tenho mais uma" -o homem arrumou as latas mas uma vez- "Vamos lá... pelo ursinho fofo" -ela jogou. Acertou em cheio mais uma vez. Dessa vez sim... Ou não. Parecia que a última latinha da esquerda iria cair mas do nada ela parou de balançar. Isso estava estranho-

"..." -Natsu encarou o homem enquanto ele colocava as latas de volta. Percebeu... em momento nenhum ele tocava naquela lata- "Ei... Não tem nada errado com aquela lata não?" -Natsu encarou ele-

"Deve ser impressão sua, meu senhor" -respondeu. Natsu percebeu seu tom de voz meio estranho-

"Ah... perdi" -Kalina falou meio tristinha. Parecia até que iria chorar- "Queria aquele urso"

"Eu sabia... Não dá pra derrubar"

"Verdade... todos nós já tentamos"

Com a sua audição aguçada, Natsu escutou alguns murmurando algo assim. Ninguém nunca conseguiu derrubar? Deveria ter alguma coisa por trás disso. E ele já sabia que tipo de trapaça era. Pagou mais três tentativas.

"Vou pegar o ursinho pra você" -ele acariciou os cabelos da filha e em seguida a tirou de cima do balcão- "Não chore. Tá bom?" -ele falou e ela acenou com a cabeça enquanto abraçava o ursinho que tinha ganhado minutos antes- "Ei palhaço... Me diga quais são as regras"

"Ah?" -ele pareceu não entender a pergunta mas respondeu mesmo assim- "Nenhuma em especial. Se derrubar as latas, ganha. Se não derrubar, perde"

"Perfeito..." -ele pegou uma bola e nesse momento, uma luz vermelha brilhou nela. Ele a arremessou. Parecia que ia errar mas no exato momento em que ela passou ao lado da pirâmide de latas, a bola liberou uma pequena explosão, jogando todas as latas para longe. Tinha derrubado tudo-

"Ei... Isso é contra as regras" -o homem parecia revoltado. Natsu sorriu sarcástico enquanto andava em direção às latas que tinham caído longe e pegou uma delas-

"Contra as regras é usar círculos mágicos de intensificação nas latas" -ele virou a lata para que todos pudessem ver. Tinha um círculo mágico roxo em baixo dela. O homem ficou pasmo- "Bem, mas isso não me interessa. Filha..." -ele a pegou no braço- "Você quer qual ursinho mesmo?" -ele perguntou e ela apontou para um que parecia um gato. Natsu estendeu a mão- "Anda... passa pra cá"

O trapaceiro não viu outra opção a não ser entregar o urso a ele. Natsu o entregou a sua filha. Soltou um sorriso ao ver como ela estava feliz ao ter o ursinho para si. Provavelmente dormiria a noite toda agarrada com ele.

"Ho... Não posso deixar vocês sozinhos por um minuto?" -Juvia estava um pouco longe deles enquanto segurava Nero no braço. Ele havia adormecido- "Pelo visto se divertiram bastante" -ela perguntou e ambos acenaram em concordância. Kalina bocejou-

"Finalmente está com sono?" -Natsu sorriu- "Agora sim podemos ir..."

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"Uaaaaaaa..." -Natsu se espreguiçou em cima da cama. Tinha acabado de tornar banho e estava vestindo só uma bermuda. Juvia já tinha tomado banho e estava lá o esperando- "Foi bem cheio o dia hoje" -ele abraçou Juvia, que enfiou o rosto na curva do pescoço dele- "Dormiram?" -ele perguntou... Embora eles estivessem dormindo a viagem inteira, eles tiveram que tomar banho e trocar de roupa antes de dormir. Mas tinham dormido sem problemas depois disso. Estavam cansados demais até para implicarem um com o outro-

"Eu só queria ter ido na roda gigante com você..." -Juvia fez bico- "Mas com os nossos filhos, não dava" -ela o abraçou-

"Vamos outro dia" -Natsu falou e Juvia se sentou em cima dele do jeito que sempre fazia. Uma perna de cada lado- "Temos o mês inteiro pela frente" -ele a puxou mais para perto, a beijando em seguida. Ficaram assim por uns segundos até que Juvia interrompeu o beijo-

"Sim... Temos sim. Mas, não reparou em nada?" -Juvia sorriu divertida. Natsu ficou calado- "Só o Nero e a Lina-chan se divertiram hoje..." -ela se abaixou fazendo com que seus seios fossem pressionados contra o peitoral dele. Ela estava com uma camisola bastante fina e por causa disso, era possível sentir até os bicos dos seios dela. Ela chegou perto do ouvido dele e sussurrou- "Por que não nos divertimos também?" -Juvia precisava pedir duas vezes? Claro que não-

"Oh meu amor..." -Natsu falou e num movimento rápido, girou em cima da cama fazendo com que Juvia ficasse por baixo- "...Você leu minha mente" -ele sorriu e em seguida a beijou. Pelo visto a noite iria ser muito longa-