História Fernando - Capítulo 8

- Letícia. – Ouvi Fernando sussurrar com a voz rouca. – Letícia. – Insistiu. Eu bocejei e com dificuldade abri meus olhos.

- Já chegamos? – Perguntei.

- Sim, o tempo de voo do México até LA é só duas horas. – Falou ele calmamente levantando-se e me estendendo a mão para me ajudar.

- Então por que a gente veio hoje? – Reclamei.

- Porque precisamos arrumar um hotel de ultima hora para descansar e nos organizar. – Falou enquanto me guiava para que saíssemos do avião.

- Eu quero dormi. – Falei me apoiando nele.

- É eu percebi. – Respondeu me envolvendo em seus braços.

Pegamos um taxi e pedimos para que nos indicasse alguns hotéis próximos ao lugar onde encontraríamos com o pessoal da HBO. Entramos em mais de cinco hotéis e nenhum deles tinham vagas, os quartos vazio já estavam reservados e mesmo dizendo que iríamos embora no dia seguinte eles não cederam.

- Acho mais fácil a gente dormir na rua. – Falei já cansada de andar, já era quase meia noite.

- A gente vai achar um lugar, não se preocupe. Olha, naquele hotel ainda não entramos. – Disse Fernando apontando para um grande prédio.

- Ta maluco? Deve ser um absurdo!

- Se a gente conseguir esse contrato não precisamos nos preocupar com o dinheiro. Vamos, não custa nada perguntar.

- Ok. – Falei já me rendendo. A frente do hotel era extremamente luxuosa, mas por dentro me senti em um palácio. Eu não conseguia parar de analisar todo lugar e ao notar que Fernando estava rindo, me lembrei de fechar a boca.

- Boa noite. – Disse a recepcionista.

- Boa noite. Queríamos dois de seus quartos. – Falou Fernando.

- Só um minuto. – Pediu a mulher enquanto digitava algumas coisas no computador, eu e Fernando a olhávamos de forma esperançosa. – Infelizmente não temos dois quartos disponíveis. – Falou, e no mesmo instante eu e Fernando bufamos. – Mas temos um. – Completou. Fernando me olhou e deu um sorriso de lado.

- Você se importa? – Perguntou. Sim, eu me importava, porque sabia muito bem o efeito que Fernando tinha sobre mim. E não sabia se conseguiria me controlar.

- Não, esta... Tudo bem. – Falei hesitante.

- Vamos ficar com ele. – Respondeu Fernando. A moça pegou o nossos dados e fez todo o processo para concretizar a hospedagem. Quando terminou ela nos entregou as chaves e um rapaz nos acompanhou até o quarto levando as malas.

Assim como a portaria o quarto era deslumbrante e maior que a minha casa inteira.

- Gostou? – Perguntou Fernando.

- Se eu gostei? Aqui é incrível, corre o risco de eu nunca mais querer ir embora.

- Mas você vai, eu não saio daqui sem você. – Falou Fernando.

- Eu vou pensar. – Respondi.

Ele riu e sacudiu a cabeça.

- Vai querer comer alguma coisa? – Perguntou.

- Eu adoraria um hambúrguer.

- Você leu os meus pensamentos. Eu vou lá comprar, quer vim comigo ou prefere ficar aqui descansando?

- Pode ir sozinho, vou tomar um banho.

- Tudo bem. – Respondeu ele vindo em minha direção e me dando um beijo no rosto. – Eu volto logo. – Falou já caminhando em direção à porta.

Assim que Fernando saiu eu fui até o banheiro, tomei um banho quente e demorado. Mesmo a viagem não sendo longa eu estava extremamente cansada e sentia o meu corpo pesado. Assim que terminei vesti meu pijama e me deitei esperando Fernando chegar com a comida, até que ouvi meu celular tocar, era Gabriela.

- Onde você esta? Pensei que iria jantar aqui hoje. – Perguntou ela assim que eu atendi.

- Boa noite para você também. – Falei. – Não deu para ir porque tive que fazer uma viagem de ultima hora para LA.

- O que? – Gritou Gabriela. – Como isso aconteceu?

- A conceitos recebeu um convite para fazer a abertura de uma nova série da HBO e viemos tentar fechar esse contrato.

- Viemos? Com quem você esta? – Ela perguntou.

- Com o Fernando. – Respondi.

- E ele esta ai agora?

- Não, ele saiu para comprar comida.

- Letícia toma cuidado... Você esta viajando com esse homem e ainda nem sabe o que aconteceu com a esposa dele ou se ele esta envolvido...

- Na verdade eu já sei o que aconteceu com a Márcia. – Interrompi.

- Sério?

- Sim, ela não esta desaparecida e nem morta. Márcia apenas se cansou e abandonou os filhos e o marido.

- O que? Eu... Eu nunca imaginaria isso.

- Nem eu.

Expliquei para ela como tudo aconteceu e o fato de que Fernando nunca desistiu de procura-la.

- Após você me dizer isso eu não consigo imaginar que ele possa estar envolvido no que aconteceu com o Rodolfo. – Falou Gabriela.

- Essa duvida esta me matando, e para piorar as coisas você tinha razão. Eu posso mesmo estar gostando do Fernando.

- Então por que você não acaba com isso?

- O que quer dizer? – Perguntei, eu realmente não havia entendido onde ela queria chegar.

- Pergunta para ele e pronto.

- Você esta brincando não é? Como eu vou chegar para o Fernando e perguntar se ele matou meu marido?

- Não desse jeito...

- De que jeito?

- Bem, primeiramente o Fernando nem se quer sabe que você já foi casada. Conte a ele isso e fale sobre o Rodolfo, sobre o que aconteceu com ele, mostre uma foto... Se Fernando for mesmo o culpado ele reagirá de uma forma que você perceberá. Então vai poder cair fora antes que esses sentimentos se tornem mais fortes, mas se a reação dele não for suspeita você poderá se entregar por completo a esse relacionamento que tem tudo para ser maravilhoso. – Disse Gabriela. E ela tinha razão, eu não queria e não podia prolongar mais aquilo porque sabia que se o fizesse um de nos sairia machucado.

- Tem razão. Eu vou fazer isso. – Falei e ouvi a porta abri. – O Fernando chegou, depois eu te ligo. Manda um beijo para o Otávio. – Completei.

- Boa sorte. – Sussurrou Gabriela.

- Obrigada, tchau. – Falei desligando logo em seguida.

- Sua comadre? – Perguntou Fernando colocando os sanduiches em cima da mesinha que ficava no centro do quarto.

- Sim. – Respondi caminhando em direção a ele. – De que você trouxe?

- Big burger alguma coisa, pela imagem parecia ser bem gostoso. – Falou puxando duas cadeiras para que a gente se sentasse. – Adorei o pijama. – Disse Fernando em meio a um sorriso safado que automaticamente fez o meu rosto corar.

- Obrigada. – Respondi timidamente. Comemos o hambúrguer que por sinal estava delicioso, ou eu é quem estava com muita fome. Conversamos sobre onde poderíamos ir antes que a reunião começasse e até ensaiamos o nosso inglês e as coisas que diríamos na reunião. Fernando ligou para os filhos, Rebeca permanecia contente por causa do silicone e Victor estava um pouco deprimido por ter brigado com o namorado. Fernando o aconselhou a se encontrar com o Gustavo e tentar resolver as coisas. Já estava muito tarde e o sono havia chegado novamente.

- Eu vou dormir. – Avisei a Fernando em meio a um bocejo.

- Eu também. – Ele respondeu. Fernando pegou alguns cobertores e forrou o chão.

- O que esta fazendo? – Perguntei enquanto me deitava.

- Arrumando a minha cama. – Disse ele.

- Deixa de besteira, você pode dormir comigo. Anda deita aqui. – Falei batendo no travesseiro ao meu lado.

- Já que você insistiu. Eu faço esse sacrifício. – Brincou ele deitando-se ao meu lado. – Boa noite, Lety.

- Boa noite. – Respondi.

...

Eu não sei o que aconteceu no meio da noite, mas quando acordei estava abraçada a Fernando. Suspirei ao perceber isso, não queria e nem pretendia sair dos braços dele tão cedo. Estiquei meus braços e peguei no celular em cima do criadinho para ver as horas e o tempo que podíamos continuar ali até dar a hora de fazer o que havíamos planejado antes da reunião. Mas quando acendi a tela do celular me assustei, faltavam apenas dez minutos para o meio dia. A ultima vez que eu havia dormindo tanto eu era um bebê.

- Fernando acorda. – Falei sacudindo-o.

- Por que? Ainda esta cedo. – Resmungou ele.

- Cedo? Já é quase meio dia! Nosso passeio foi para o brejo e se não nos apreçarmos vamos perder a reunião.

- O que? – Falou Fernando assustado dando um pulo na cama. – Ta brincando não é? – Perguntou ele.

- Não. – Falei entregando a ele o meu celular. Ele o olhou e arregalou os olhos ao ver a hora.

- Mas eu preciso de um banho! Eu nem tomei ontem depois que chegamos. – Falou ele.

- Ai que porquinho. – Brinquei. – Se você se apressar ainda dá tempo, a HBO fica só uns 5 minutos de carro.

- Ok. – Falou Fernando saindo da cama e indo em direção ao banheiro. – Agora temos que torcer para ter comida na reunião. – Completou ele antes de entrar.

...

Enquanto Fernando tomava banho eu vesti um vestido simples, porém que demonstrava certa “profissionalidade” fiz uma leve maquiagem e ajeitei meus cabelos em um coque. Fernando já saiu pronto do banheiro, ele vestia um terno azul marinho o qual eu ainda não havia visto antes. Infelizmente não tínhamos tempo de tomar café, mas Fernando arrumou algumas frutas para que comecemos no meio do caminho. Um funcionário do hotel chamou um taxi para a gente e em menos de cinco minutos ele chegou. Ao chegarmos ao local da reunião fomos direcionados para uma enorme sala com portas de vidro, lá dois homens e duas mulheres estavam sentados em volta de uma grande mesa, assim que nos viram eles se levantaram ao mesmo tempo.

- Olá, meu nome é Hanna. Eu sou a representante da HBO. – Falou uma mulher alta e ruiva apertando nossas mãos. – Esse é Steve, o produtor da série que queremos que vocês façam a abertura. – Disse a mulher nos apresentando a um homem mais velho e careca. – Essa é a Mary, a criadora da série. – Mary era baixinha e bem jovem, provavelmente tinha a minha idade ou até menos. – E esse é John, um dos nossos investidores. – Disse Hanna apresentando o outro homem. Assim que cumprimentamos todos foi à vez de Fernando falar.

- Eu sou Fernando Mendiola, presidente da Conceitos e essa é Letícia, minha assistente.

Depois disso a reunião começou, eles falaram um pouco da série para nos e disseram às coisas que eles haviam pensado para a abertura. Eu e Fernando deixamos claro tudo o que a Conceito seria capaz de fazer com base no que fosse desejado por eles, os quais ficaram contentes em ouvir nossas ideias. Fernando falava sobre a empresa com uma enorme paixão, a qual me deixava admirada.

Mostramos a eles alguns dos comerciais mais famosos feitos pela nossa empresa e eles aparentemente estavam gostando do que viam e ouviam. Depois de um tempo eles nos pediram um minuto para que conversassem a sós. Eu e Fernando nos sentamos na sala de espera apreensivos. Fernando estava inquieto e se mexia na cadeira o tempo todo, eu segurei sua mão e ele a apertou na tentativa de acalmar-se. Em menos de cinco minutos Hanna fez sinal para que entrássemos na sala novamente.

- Fernando, Letícia. – Começou Hanna. – Já conversamos com outras três empresas publicitárias antes da de vocês. Todas nos mostraram materiais com os quais ficamos bastante satisfeitos, mas... – Ela fez uma pequena pausa a qual naquele momento parecia eterna, Fernando a encarava atento ainda segurando em minha mão, fazendo com que eu percebesse que as dele estavam suando. – A de vocês foi a que mais nos agradou. Será um prazer fechar esse contrato com a Conceitos.

Fernando me olhou e sorriu. Um sorriso lindo que estampava não apenas sua felicidade por termos conseguido, mas também gratidão, alivio e orgulho.

Infelizmente eles não nos ofereceram nada de comer e ficamos com fome até terminarmos de assinar e revisar os papéis o que acabou demorando mais do que o esperado. Já se passavam das 16h quando terminamos e o nosso voo era às 17h, não chegaríamos a tempo e optamos por cancela-lo. Fernando ligou para Omar e ele arrumou outro para gente na manhã do dia seguinte.

Eu e Fernando comemos um café da tarde caprichado em uma adorável padaria próxima ao hotel. Mesmo indo embora só no dia seguinte eu e ele não animamos tentar fazer os passeios que havíamos combinado. Estávamos cansados e tudo que queríamos era passar esse resto do dia no quarto do hotel. Assim que chegamos fui ao banheiro e tomei um banho, logo em seguida foi à vez de Fernando. Quando ele terminou, ele tirou um vinho do frigobar e nos serviu.

- A nossa vitoria de hoje. – Disse brindando enquanto se sentava na cama ao meu lado.

- Aquela série parece ótima, eu espero que eles mandem convite para a premiere.

- Eu também. Já estou louco para saber quem será o elenco.

- Já imaginou se a nossa abertura for indicada ao Emmy? – Falei animada.

- Vai ser maravilhoso! A Conceitos já tem Leão de Ouro, ter um Emmy também seria mais que perfeito.

- Agora é só torcer para que isso aconteça. – Falei o olhando. Fernando me olhou de volta com ternura e deu um sorriso frouxo. – Podemos conversar? – Perguntei. Aquela parecia ser a hora perfeita para fazer o que Gabriela havia sugerido, eu não aguentava mais sentir essa incerteza e esse medo que me impediam de iniciar de verdade essa relação.

- Claro. – Falou ele se ajeitando na cama.

- Ontem eu disse que você não sabia muita coisa sobre mim. Eu... Quero que você saiba. – Falei. Fernando me olhou como se pedisse para que eu continuasse. – Eu vou fazer um resumo da minha vida tudo bem? Mas não se preocupe, não vai ser grande vou dizer só as coisas importantes...

- Eu poderia passar a noite toda ouvindo você falar. – Disse Fernando me interrompendo. Eu apenas sorri timidamente assentindo. – Além disso não pode ser tão grande porque você não tem nem trinta anos. – Falou em meio a uma risada.

- Sim, tem razão, mas acredite, eu já passei por muito. – Falei e vi que isso fez com que Fernando ficasse um pouco mais sério. – Como eu contei antes, meus pais morreram quando eu tinha seis anos, desde então eu fui criada pelos meus avós, os quais eu perdi aos 18. Depois que eles faleceram, eu me mudei para cá e entrei para a faculdade, arrumei um emprego e mesmo com dificuldade consegui conciliar meu estudo com ele. Conheci um rapaz quando estava na faculdade, começamos a namorar e assim que me formei a gente se casou.

- Se casou? Você se casou? – Perguntou Fernando em um tom de voz baixo, porém bastante surpreso.

- Sim, eu estava tão apaixonada. O Rodolfo, meu marido, era ótimo. Éramos melhores amigos, e nos dávamos muito bem. Tudo estava dando certo, estávamos prestes a comemorar um ano de casados, até que... – Senti que as lagrimas começaram a chegar e respirei fundo na tentativa de manda-las para longe.

- Até que? – Perguntou Fernando, aparentemente o nome de Rodolfo não era conhecido para ele.

- Combinamos de jantar no nosso restaurante favorito para comemorarmos, mas ele nunca apareceu. – Continuei, e não pude mais me conter, as lagrimas já escorriam. – Ele foi assassinado após ter reagido a um assalto. – Falei e o olhei, Fernando estava triste, mas não aparentava achar essa história conhecida.

- Eu sinto muito. – Falou me puxando para um abraço. Eu correspondi e fiquei um tempo em silêncio apenas sentindo o contato do nosso corpo. Sabia que havia mais uma coisa que eu deveria fazer para ter certeza que Fernando não conhecia Rodolfo e não estava envolvido no que aconteceu. Levantei-me de seus braços e puxei a minha bolsa, de lá tirei uma foto minha ao lado de Rodolfo.

- Esse era ele. – Falei entregando-o. Ele pegou a foto e sorriu com ternura.

- Vocês formavam um lindo casal. – Falou. Definitivamente Fernando não o conhecia, ele estava comovido por minha história, caso tivesse envolvimento seria notável certo desconforto, mas eu não via nada disso. Fernando não havia sumido com a esposa e também não havia matado o meu marido. Ele não era um monstro, mas sim um homem maravilhoso que havia criado os filhos sozinhos e comandava a empresa de seu pai com o maior amor do mundo. Ele não julgava, não questionava, Fernando era um homem que amava e respeitava a todos, e eu estava completamente apaixonada por ele. Sim, apaixonada. Sempre julguei a paixão rápida que aparecia nos filmes, como em Titanic, mas dessa vez estava vivendo essa paixão. Eu conhecia Fernando há alguns dias, mas sentia como se estivemos juntos a vida inteira. A companhia dele me fazia bem, eu adorava seu senso de humor, tínhamos gostos e manias parecidas, Fernando não me completava, mas ele fazia com que eu me sentisse suficiente.

- Eu realmente gosto de você e assim como eu sei sua história com a Márcia queria que você soubesse a minha com o Rodolfo, assim podemos continuar, o que quer que seja isso de forma honesta e limpa. – Expliquei.

- Isso. – Começou ele. – Pode ser o que você quiser, eu gosto de você Letícia, e mesmo nos conhecendo há pouco tempo você me faz sentir coisas que eu não sentia há anos. Eu não sei explicar, mas do seu lado eu me sinto bem, eu me sinto... Feliz. É feliz, você me faz feliz Letícia. E é por isso que eu quero estar com você.

- Eu também. – Falei me aproximando. Olhei nos olhos de Fernando e o beijei, eu não tinha mais duvidas, eu queria aquilo e torcia para que Fernando quisesse tanto quanto eu. Aproximei-me mais dele e sentei-me no seu colo. Fernando segurava a minha cintura com força, eu acariciava e bagunçava seus cabelos sem quebrar o beijo, que por sinal estava maravilhoso. Fui finalizando aquele beijo com selinhos e o transferi para o seu pescoço, assim como eu Fernando estava ofegante, e pude sentir que eu não era a única a querer, ele também queria aquilo. Segurei na barra da sua blusa e comecei a levanta-la ele me ajudou e assim que ela foi totalmente tirada voltei a beijar seu pescoço.

- Tem certeza disso? – Perguntou ele sussurrando em meu ouvido, fazendo-me arrepiar, como não ter certeza depois disso? – Você disse que não queria ir rápido demais... – Completou.

- Eu mudei de ideia. – Respondi olhando em seus olhos e ele me lançou um sorriso safado invertendo nossas posições logo em seguida

Fernando ficou por cima e voltou a me beijar. Nossos beijos ficavam cada vez mais quentes, e como eu não era muito experiente deixei que ele nos guiasse. Ele puxou minha camisola para cima e olhou meu corpo descaradamente, o que me fez corar envergonhada. Sim, eu estava com vergonha, mas isso não diminuía o meu desejo.

Cravei minhas unhas em suas costas enquanto ele beijava o meu pescoço. Resolvi tomar uma atitude e abaixei sua bermuda, ele sorriu ao ver isso e terminou de se livrar dela. Fernando me deu um beijo na testa e olhou em meus olhos enquanto suas mãos estavam nas alças do meu sutiã.

- Posso? – Perguntou. Eu apenas assenti, minha garganta estava queimando assim como todo o meu corpo e quando ele tirou o sutiã as coisas só pioraram, eu o desejava de uma forma que provavelmente nunca havia desejado ninguém antes, nem mesmo o Rodolfo. Com qualquer outro eu não estaria apressando as coisas dessa forma, mas Fernando fazia com que toda espera fosse eterna. Eu podia me arrepender no dia seguinte, mas naquele momento aquilo era o que eu mais queria. Ele tirou o meu sutiã e acariciou os meus seios, as coisas que Rebeca havia o feito dizer passaram por minha cabeça naquela hora, é, ele gostava deles.

A única peça que cobria-nos eram nossas peças intimas, mas Fernando não parecia apreçado em tira-las, ao contrario de mim. Ele beijava e acariciava todo meu corpo, eu estava extremamente ofegante e meu corpo se arrepiava sempre que sentia sua mão deslizar para um lugar diferente. Eu não aguentava mais. Eu precisava dele. Uma coragem que eu nem se quer sabia que tinha surgiu dentro de mim impulsionada pelo desejo e me fez livrar-se de sua cueca, ele me olhou surpreso e sorriu. Logo em seguida senti suas mãos no cós da minha calcinha puxando-a.

Ele esticou o braço até a sua carteira que estava na mesinha e fez sinal que eu esperasse. De lá ele tirou uma camisinha e abriu. Olhei para o teto, não importava o tamanho do meu desejo, eu continuava envergonhada e de certa forma desconfortável. Assim que ele terminou voltou a se deitar por cima de mim e acariciou minhas coxas enquanto me beijava novamente. Abri lentamente minhas pernas como um aviso, ele entendeu e se posicionou entre elas. Fechei os olhos e senti Fernando entrar lentamente dentro de mim. Soltei um gemido rouco e apertei suas costas. Ele parou e me olhou como se estivesse certificando de que estava tudo bem, eu o beijei na tentativa de cofirmar isso e então ele começou a se movimentar.

Era como se nossos corpos soados dançassem em sintonia perfeita, eu o tinha tão próximo a mim, mas ainda assim queria mais. Nossos gemidos ecoavam por aquele grande quarto, meu corpo estava queimando e extremamente sensível a cada toque dele. Fernando começou a se movimentar mais rápido e outras sensações maravilhosas tomaram conta de mim. Rapidamente alcancei o meu auge e logo em seguida foi à vez dele. Ficamos parados da mesma forma por um tempo apenas recuperando o fôlego, logo em seguida Fernando me beijou e jogou-se para o lado da cama me abraçando. Eu queria dizer alguma coisa, mas não sabia o que e ao mesmo tempo estava muito exausta para pronunciar qualquer palavra, então optei por aconchegar-me em seus braços e dormir.

...

Não queria correr o risco de perder o voo, por isso no dia anterior coloquei o despertador para tocar, mas quando ele tocou minha vontade era de quebrar o celular. Desliguei-o rapidamente porque não suportava mais aquele barulho, me espreguicei e olhei para o meu lado, Fernando dormia tranquilamente. Tão lindinho. Um flashback da noite anterior se passou pela minha cabeça e eu não pude evitar não sorrir.

- Fernando. – Sussurrei em seu ouvido dando um beijo próximo a sua orelha. – Precisamos nos levantar. – Continuei.

Ele resmungou algo inaudível, e mexeu descobrindo-se, só então pude notar que ainda estávamos nus. E ao mesmo tempo não pude desviar meu olhar do corpo de Fernando, e que corpo! Na noite anterior devido a minha timidez eu não havia reparado bem, mas agora sob a luz do dia, eu estava impressionada.

Puxei o lençol e me cobri caminhando até o banheiro para tomar o meu banho.

- Eu vou tomar um banho, vê se levanta logo porque dessa vez não saio daqui sem tomar café. – Avisei, e novamente obtive um resmungo inaudível como resposta.

...

Tomamos café no hotel e logo em seguida pegamos um táxi até o aeroporto. Fernando estava ainda mais carinhoso comigo, sempre pegava na minha mão e me dava beijos surpresas e eu não podia negar que estava amando tudo aquilo. Não falamos nada sobre a noite anterior e percebi que não era necessário, a forma como ele me tratava já dizia exatamente tudo.

O transito estava um caos e isso fez com que chegássemos em cima da hora ao aeroporto, com isso não esperamos muito pelo voo. Diferente da ida dessa vez eu não dormi, não estava cansada, mais sim relaxada. Conversamos durante todo o voo e pude notar que algumas pessoas pareciam incomodadas com isso, mas não me importei. Eu estava feliz e estava com Fernando, e nada nem ninguém estragaria aquilo. Pelo menos era o que eu pensava, mas infelizmente estava errada.

- Por que você não vai jantar lá em casa? – Chamou Fernando enquanto esperávamos pelo táxi.

- Acho que já passamos muito tempo juntos. – Falei.

- E eu acho que não foi suficiente. – Rebateu ele. – Vamos, por favor. Eu faço o que você quiser para o jantar.

- Faz? – Perguntei.

- Eu mando a Rebeca e o Victor fazerem. – Corrigiu ele. Eu ri e assenti.

- Tudo bem, eu vou.

- Ótimo! – Falou ele satisfeito por ter conseguido o que queria.

Antes de chegarmos à casa de Fernando ele tentou ligar para os filhos, mas nenhum dos dois atendeu. Quando nos aproximamos da entrada da casa ouvimos alguns gritos da Rebeca, ela provavelmente estava em uma seria discussão com alguém.

- Você ouviu isso? – Perguntou Fernando enquanto tirava a chave da casa do seu bolso para destrancar a porta.

- Sim? Será que ela está brigando com o Victor?

- Eles não brigam assim desde que eram crianças. – Falou Fernando. Logo em seguida ele destrancou a porta e nós dois entramos. Rebeca estava em frente ao sofá gritando com uma bela mulher que estava sentada nele. Quando Fernando bateu os olhos na mulher sua expressão ficou séria e ele a encarava com o olhar vazio.

- O que você esta fazendo aqui? – Perguntou ele de forma ríspida e grosseira, eu nunca havia visto ele daquele jeito.

- O que eu estou fazendo aqui? – Falou a mulher levantando-se e aproximando do Fernando, o qual permaneceu imóvel e podia claramente vê-lo enrijecer o maxilar. – Esse é o jeito que você recebe sua esposa depois de tantos anos? –  Completou a mulher dando um beijo no canto da boca de Fernando, era ela, a Márcia.