História Festa Na Casa Do Sehun - Festa Na Casa Do Sehun

Eu estava no segundo ano. Todo mundo sabe que as pessoas querem que você diga o que vai fazer depois que acabar o Ensino Médio, e esperam que você realmente faça alguma coisa.

 Alguns já tinham seus empregos ou  faziam cursinhos. Mas eu era como sempre fui. 
Eu não fazia ideia de porque estava ali nem o que eu ia fazer depois. Eu só sabia que tinha que ir bem nas provas e terminar os estudos, ou minha vida ficaria uma droga porque eu não teria um bom emprego e teria que viver com meus pais pra sempre.

 Nas terças e quintas eu ajudava na cantina da escola e ganhava uns trocados. Isso ajudava a pegar a pagar uma condução pra ir a algum lugar quando meus pais implicavam.
Entre meus poucos amigos eu era bem popular. Gostavam de achar que eu era inteligente, só porque eu era cara de pau o suficiente para fazer coisas que eles não faziam. Isso não era inteligência era uma necessidade muitas vezes. 

 Cabulavamos aula para ir para casa do Chen, as vezes, dançar e beber.

Eu achava um saco. Mas muitas vezes era melhor que ir pra aula.

Ele sempre colocava sua música favorita bem alto quando ia dançar, e era legal ver ele dançando. Ele realmente ficava alegre com a bebida e sorria muito.

Eu pensava que era idiota se arrumar todo para dançar em casa. Se fosse pra sair.
As vezes eu estava chegando, e já no elevador eu poderia ouvir as primeiras batidas de "Heart Attack". Isso queria dizer que Chen estava dançando feliz sua música predileta.
Mas nem sempre ele estava feliz.
Os pais dele tinham o deixado com o irmão morando sozinhos em um apartamento na cidade. Os pais de Chen, cobravam atitudes adultas deles, mas onde estavam os adultos? 
Quer dizer educar por telefone não é como ter pais de verdade é?

 Então, as vezes Chen, deixava todos na sala e ia para o quarto chorar. Eu nunca fui bom em consolar as pessoas, e sempre tive um modo grosseiro de falar, então ficava sentado no sofá, ouvindo música e achando bom estar em uma sala quente e não na aula. Enquanto os outros o consolavam. O que, o fazia sair do quarto para o banheiro e vice e versa, várias vezes. Sem que eu entendesse nada.

 Lay levava um baralho de cartas ciganas, para ler o futuro das pessoas. Ele deve ter dito o meu umas vinte vezes, mas eu não acreditava e não o levava a sério. Mas com o Chen ele sempre acertava. E isso fazia Chen ficar meio viciado nesse lance de consultar o futuro. 

 O Suho ia a quase todas as festas, acho que ele não estava nem aí para escola, eu nunca o via por lá. Mas nas festas, eu o via sempre! Ele ficava falando por horas. Eu não ouvia uma palavra por causa da música alta, e também porque eu não estava nem aí, mas concordava sorrindo. E quando a expressão dele era negativa eu fazia uma cara ruim. Para que ele pensasse que também achei ruim. Quando não dava certo, eu apenas ria alto. Sempre funcionava.

 Nunca me vesti bem para ir a escola, não tinhamos dinheiro para isso. E em uma festa de verdade eu nunca tinha ido. Também não bebia, fiz isso uma vez e passei tão mal que jurei nunca mais fazer.

 Descobri uma coisa, depois que seus amigos já beberam se você fingir que bebe eles acreditam. Então era o que eu fazia. Fingia.

  A rotina era mesma. As vezes ir para aula. As vezes ir para casa do Chen. E esperar o ano passar como passou o último. 

 Certa vez trabalhando na cantina um gato pegou o lanche e me agradeceu me lascando um beijo que foi tão chupado que  cortou meu lábio inferior. Eu não me queixei ele era lindo. Mas depois de engolir metade do meu rosto e meu lábio, ele sentou-se com os amigos e pôs o braço por cima de uma garota. Eu nunca entendi, se aquilo foi mesmo um: – Obrigado pelo lanche. Também não sou bom em interpretações.

— Ei Soo?

– Hã?

— Tá sabendo? Vai ter um festão na casa do Sehun na sexta. Você vai né? – Perguntou Chen, debruçado no balcão da cantina da escola, enquanto eu terminava de limpar os pratos.

– Você sabe que eu não tenho permissão dos meus pais para sair a noite. É por isso que vou as suas festas, porque são no horário da aula.

— É por isso? Achei que você ia porque é divertido. – merda, caguei tudo! 

— É claro que é divertido, eu estou trabalhando Chen, você me confundiu e eu me expressei mau, sabe que não sou bom com palavras. – E também não era bom em consolar as pessoas lembram?

— Ah. Sei. Bom, você vai ou não a festa na casa do Sehun? É uma mansão, será uma festa de verdade.

— Lógico que não! Minha vida é assim Chen. Sou preso pelos meus pais e faço tudo que eles querem. Você não entende isso porque seus pais te abandonaram com seu irmão mais novo. – Porra! Agora fodi de vez com isso que eu disse.

— Nossa Soo! Também não precisa falar assim. Ôh, se quiser ir, tá aqui o endereço, ou passa no meu apartamento e vamos juntos. – Falou ele com uma expressão triste um olhar escurecido, deixando um pedaço de papel no balcão da cantina. 

— Ta, eu vou pegar o endereço e veja estou pondo no bolso. Contente?

— Na verdade eu fico sim Soo. Porque eu sei que você vai e sua vida vai mudar muito depois desta festa.

— Sério? – Até parece, que isso é possível, como mágica, um sopro de vida nasceu em mim na esperança de Chen dizer qualquer coisa que fizesse o mínimo de sentido para uma breve e infeliz esperança de ser verdade.

— Sério! Você vai ir e sua vida vai mudar muito. Só coisas boas vão acontecer.

— E por que você diz isso Chen?

— Não fui eu. Lay viu nas cartas.

— Porra do caralho mesmo Chen! É sério? O pau no cú do Lay, te disse essa merda e você vem com essa porra de notícia!  –Tenho que ter um pau bem grande mesmo pra socar em todo mundo. Que cacete Chen, acreditar nas merdas que aquele viado diz. – É foda meu! É foda!

— Chen, eu tenho que terminar aqui. Tô com o endereço... tá no bolso... a gente se fala depois. – Eu não sei nem que porra de dia da semana é hoje. Ah, é terça. Só sei porque trabalho aqui nas terças e quintas. Minha vida é tão inútil, calendário pra que? 

— Então até depois Soo. Ah. Lay viu você bem gato na festa, todo estilosão. – Vai se foder Chen eu não tenho cú pra cagar vou ir a uma festa e ainda estiloso? Tá bom. – Murmurei para eu mesmo puto da vida.

 A noite eu em meu sofá. Isso mesmo eu dormia em um sofá, não sofá cama, um sofá mesmo. Onde eu só podia dormir depois que a última pessoa resolvesse deixar a sala. Isso na melhor hipótese, porque quando minha avó, pegava no sono assistindo novela, e dormia sentada no meu sofá e eu poderia cantar gritando esteticamente "Let out the beast", com todas as Exo-l's no ouvido dela, que ela não acordaria. Então tudo que me restava era o bom e velho chão assoalhado e a trilha sonora que estava na minha todas as noites, "Girl x Friend". Sim, só na minha mente porque eu não tinha um som com fone como todo mundo, e não podia dormir com o celular. Eu fingia que os roncos da minha avó eram as pessoas gritando comigo ao fundo da canção, enquanto eu imaginava minha vida com minha trilha favorita, e Girl x Friend ficava tocando sem parar na minha cabeça.

  Mas como eu dizia, deitado em um belo chão assoalhado eu tirei tempo para pensar e sonhar com a tal "festa do Sehun", e logo depois pegar em sono profundo. E quando acordei?

   Subi as escadas do prédio de Chen correndo porque o elevador parecia demorar demais para mim. Fui até o sétimo andar e cheguei sem ar nos pulmões.

— Soo? Que isso? Perguntou Chen olhando para o elevador. — Que foi? O elevador tá quebrado? Calma! Respira.

— Não. O, elevador, esta, bom, Chen, passei o dia esperando, a hora da aula noturna pra vir aqui te contar que eu- u.– Comecei a tossir sem parar em um engasgo seco.

— Calma Soo, espera só um minuto. Aqui, bebe esta água e respire ai você me conta. Nossa você tá diferente...exclamou ele admirado.

— Chen, eu vim até aqui pra dizer que eu tive um sonho. Junto com os roncos da minha avó comecei a ouvir batidas da minha música favorita, e eu estava na festa. Na festa da casa do Sehun. A que você me falou.

— Então, você vai?

— É, eu acho que eu vou. Ao menos vou tentar fugir dos meus pais. – Nós, nos abraçamos e sorrimos ainda agachados no chão da porta de entrada do apartamento, com o copo d'àgua e uma sensação de liberdade. 

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