História Fetiche - O dia seguinte

Fiz algo que nunca tinha feito antes com os caras que eu ficava, dormi na cama dele! Geralmente cato minhas coisas eu vou embora assim que eles caem no sono mas dessa vez quem caiu no sono fui eu, juro que aquela cama estava tão gostosa quanto seu dono. Ainda era cedo quando acordei, ele estava tão lindo que tive que conter a vontade de tomar seus lábios uma vez mais...

Já que estava acordada resolvi fazer um café, assim quando ele acordasse eu teria uma desculpa pra passar mais um tempo com ele, claro que não tenho certeza se vou ser bem recebida em sua cozinha mas eu sou assim mesmo, ajo sempre por impulso.

Já tinha passado o café e estava esquentando o pão quando ele acordou, estava tão lindo só de bermuda e com o cabelo desarrumado; só que algo em sua expressão não se encaixava no contexto, era como se estivesse incomodado com alguma coisa.

-Bom dia, belo adormecido! Falei em tom de brincadeira, tentando quebrar aquele silêncio constrangedor.

-O que você tá fazendo na minha cozinha? Ele perguntou em tom brusco.

-Fiz o café e estou fritando o pão na manteiga, quer? Respondi como se minha presença ali fosse normal.

-Eu não como manteiga. Ele disse como se eu tivesse perguntado algo absurdo.

-Então porque tem manteiga na sua geladeira?

-Minha ex-mulher comia... Ele falou reticente, tá legal, entendi tudo!

-Desculpa, estava mesmo de saída. Falei como se estivesse prestes a sair.

Na verdade foi bem estranho, não o fato dele estar incomodado por eu estar ali, afinal não tinha esse direito; eram os sentimentos incômodos que tomavam conta de mim, me fazendo um bolo na garganta e dando uma vontade irracional de chorar!

-Espera, não vai ainda...

-Tá tudo bem Thomas, eu já entendi tudo! Eu estou invadindo o seu espaço quando não passei de uma ficada fácil, como se eu pudesse ser outra coisa... Droga, o que tá acontecendo comigo?

-Não fala assim, senta e toma o café, já que ele tá pronto mesmo.

-Não quero incomodar, desculpe qualquer coisa. Falei, já com a intenção de sair correndo antes de desabar na frente dele.

-Pára com isso! Desculpa se eu fui meio brusco, é que eu acordo de mau humor, não é nada com você.

-Verdade mesmo? Perguntei esperançosa, uma alegria absurda me invadiu, devo estar doida!

-Verdade mesmo... Eu estou numa dieta, me alcança o queijo branco? Está num pote azul.

Ele falou naturalmente e a tensão se desfez, tomamos o café e conversamos como velhos amigos: Falei de como minha mãe se mandou e minha mágoa por ela não ter me levado, sobre meu pai ser um velho bêbado que dorme o dia inteiro, o tempo passou bem rápido.

-Agora eu tenho mesmo que ir, já ocupei de mais o seu tempo, você tem que trabalhar, né?

-Olha só que legal, hoje é minha folga!

-Que bom, boa folga então... Falei pensando em me despedir.

-Espera, quer uma carona pro colégio ou algo assim?

-Meu colégio foi ocupado por um bando de desocupados.

-Que chato, como eles pretendem melhorar as coisas invadindo os lugares?

-Sei lá, gente doida...

-Pois é; seu pai não vai ficar bravo por você não ter dormido em casa? 

-Ele não tá nem aí pra mim, desde que eu não apareça grávida...

-Então temos um problema, não usamos nada ontem. Ele falou num tom preocupado.

-Tá tudo bem, eu tomo injeções e meus exames estão em dia e os seus?

-Exames, que exames?

-Exame de HIV, sou doadora, por isso faço os exames, você faz?

-Fiz há uns meses, tá tudo em dia sim.

-Que bom, então sem problemas, não é?

-Sem problemas... Olha só, já que a gente tá sem fazer nada podemos nos divertir um pouco mais.

-E o que você tem em mente?

-Você me deve um boquete. Ele disse como se fosse algo normal.

-Não devo nada! Falei o provocando.

-Bom, então eu tô te pedindo formalmente, quero um boquete! 

Minutos depois estávamos em seu quarto de novo e ele delirava enquanto eu proporcionava o melhor boquete que ele já provara em sua vida, ao que ele retribuiu com maestria! Uma vez mais eu me desfazia em seus braços, não via como a vida poderia ser melhor que isso.