“Você é o problema que eu quero ter.” As palavras do Bruno ecoavam em minha mente, eu sabia que eu deveria responder algo a ele, mas o que responder?
-Querer nem sempre é poder... –Eu deixei as palavras soltas no ar e o silêncio ensurdecedor tomou conta da sala.
Bruno encarou o teto por um tempo, eu queria saber o que se passava pela mente dele naquele momento. Talvez eu me tornar psicóloga tenha um pouco haver com isso, a minha fascinação pelo o que os outros pensam.
-Desafio aceito! –Ele disse olhando-me nos olhos novamente.
-Desafio? –Eu perguntei sem entender.
-Saiba que se eu quero, eu posso Juliana! –Ele sorriu pra mim.
-Não seja tão confiante assim. –Eu disse sorrindo novamente para ele.
-A minha psicóloga está me dizendo para mim desconfiar da minha capacidade? –Ele perguntou.
-Não sou um bom exemplo de psicóloga. –Eu disse.
-Concordo plenamente! –Falou Bella adentrando o apartamento.
-Isabella você é minha melhor amiga! – Eu a repreendi.
-Por isso mesmo eu posso dizer! –Ela riu ao se jogar no sofá.
-Já disse que te amo Belinha? –Bruno perguntou.
-Belinha é nome de cachorro! –Ela disse tacando uma almofada nele.
-Vem aqui minha cachorrinha! –Ele disse bagunçando o cabelo dela.
-Tô começando a te dar razão pra odiar esse cara! –Ela disse e eu ri. –Falando nisso, se você o odeia, o que ele a fazendo aqui?
-Ela me ama só não quer admitir. –Bruno disse apertando minha bochecha. –Mas estou aqui porque perdi minhas chaves.
-Estou apenas retribuindo um favor. –Eu disse me defendendo.
Eu expliquei para ela a situação com o Rodrigo, desde a boate até a troca de socos com o Bruno. Ficamos ali nos alfinetando por um tempo, até que o sono bateu, obrigando a mim e a Bella a irmos para o quarto.
Amanheceu e logo eu estava de pé. Fui ao banheiro para fazer minhas higienes matinais, quando sai do banho a Bella ainda estava dormindo, dei um jeito de acorda-la. Enquanto ela tomava banho procurei algo para vestir.
No caminho para a cozinha passei pela sala, Bruno estava sentado no sofá do lado da pilha de cobertores que ele havia dobrado. A imagem me fez lembrar instantaneamente da minha mãe e as ordens dela de como deveríamos nos comportar quando íamos visitar alguém.
-Bom dia flor do dia! –Eu disse fazendo-o notar minha presença.
-Bom dia feiosa! –Ele disse ao olhar em minha direção, e eu mostrei-lhe o dedo.
-Dormiu bem? –Perguntei.
-Dormi muito bem! –Respondeu-me sorrindo.
-Que pena! –Eu sorri de volta e ele revirou os olhos. –Está com fome?
-Morrendo, mas antes preciso ir ao banheiro... –Ele disse.
-No final do corredor, terceira porta á esquerda. –Dei as coordenadas da localização do banheiro de visitas. –Tem escovas de dente novas na segunda gaveta.
-Já volto, muito obrigada.
Fui para a cozinha preparar o café da manhã. Enquanto cantarolava uma musica qualquer cuidei de montar uma mesa apresentável, com tudo o que eu tinha na geladeira, o que não era muito.
-Quando é só pra mim não tem tudo isso! –Bella diz ao juntar-se a mim na mesa.
-Ela me ama mais do que te ama. –Bruno disse ao adentrar a cozinha.
-Eu ainda te odeio! –Eu disse revirado os olhos para ele. –A diferença é que eu sei das preferências da Bella desde que eu me entendo por gente, então o eu já sei o que devo preparar.
-Eu prefiro a opção de que você me ama mais. –Ele respondeu.
-Come isso e cala a boca. –Eu disse enfiando-lhe uma bisnaguinha boca á dentro.
-Duas crianças! –Bella disse rindo.
-Ciúmes! –Bruno afirmou.
-Vai sonhando, chegou agora e já que sentar na janela e dar tchauzinho... –Ela disse fazendo-me rir.
-Já ligou para o chaveiro? –Perguntei ao Bruno.
-Ele falou que chegará aqui só na horado almoço. –Ele respondeu.
-Eu vou ter que sair daqui a pouco. – Disse olhando o relógio em meu pulso. – Quero dizer, agora. Mas você pode deixar as minhas chaves na portaria!
-Sem problemas, muito obrigada pelo o que fez por mim! –Ele me respondeu.
-Eu é quem devo agradecer! –Eu respondi e em seguida nos despedimos dele indo em direção à porta.
[...]
O dia foi bem longo, depois de deixar Bella no aeroporto o taxi me levou até o consultório, hoje tive um numero consideravelmente alto, alguns mais complexos do que outros. A única coisa que eu queria era chegar em casa logo.
Quando o relógio mostrou a hora de eu ir embora, aconteceu um show pirotécnico dentro de mim. Meus fones tocavam The Lazy Song, e era exatamente a musica do momento, “A canção da preguiça”.
Cheguei à portaria do prédio e assim que me viu o Danilo entregou-me as minhas chaves que o Bruno havia deixado lá. Tirei meus sapatos no elevador mesmo. Ao entrar no apartamento um calafrio me correu a espinha quando eu escutei um barulho de coisas caindo na cozinha.
Corri até a cozinha e só pude gritar ao ver um vulto durante o meu percurso. Fiquei aliviada ao descobrir que a Silhueta era do Bruno, tive medo de ser um ladrão, ou sei lá um fantasma...
-Tá com medinho Jujuba? –Ele perguntou em meio às gargalhadas.
-Não tô vendo graça... –Eu disse rindo.
-Tá rindo por que então? –Ele perguntou. E eu apenas fiz careta para ele.
-Desculpa Ju, só quis fazer uma surpresa para lhe agradecer. –Ele disse encostando-se no balcão. –Espero que goste de massa!
-Você sabe que não precisava agradecer, agora eu fico até sem jeito, pois eu também tenho muito a te agradecer, porém não fiz nada para você. –Eu disse.
-Existem outras formas de agradecer! –Ele disse se aproximando de mim e olhando no fundo dos meus olhos.
-Você disse massa? Eu adoro massa! –Disse desviando o meu olhar do dele.
-Morar tanto tempo na Itália deve servir para alguma coisa, não é mesmo? –Ele disse e nós rimos.
O jantar foi bem descontraído, fora os instantes em que eu odeio o Bruno, ele é um amigo e tanto, além de ter mãos talentosas, na cozinha é claro. Conversamos por um bom tempo, sentados na sacada enquanto observávamos as luzes da cidade.
-Sei que vôlei não é a sua praia, mas o que acha de ir assistir um jogo meu qualquer dia desses? –Ele disse interrompendo um breve momento de silêncio.
-Posso fazer esse sacrifício. –Nós rimos. –Porém tenho uma condição.
-Qual? –Ele perguntou sério.
-Você vai comigo em um jogo do tricolor! –Eu disse.
-Futebol? Essa é a sua praia? –Ele riu. – Também posso fazer esse sacrifício por você!
-Então é só me dizer para quem eu devo torcer! – Eu disse e nós rimos.
-Para mim é claro! –Ele disse, me fazendo rir ainda mais.
Por um momento Bruno ficou apenas me olhando sem dizer nenhuma palavra. Aquilo estava me deixando agitada, então decidir quebrar o silêncio:
-O que foi?
-Você é linda, porém fica ainda mais quando sorri! – Ele respondeu e apertou a minha bochecha. –Preciso ir, mas eu não queria ir.
-Então fica! –Saiu da minha boca sem eu nem ao menos pensar.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.