História Fifteen Dates - Um

Restaurante Spazzio, quinta feira, 20hrs.

 A trilha sonora do lugar era típica. O tilintar dos talheres contra os pratos, as diversas vozes de conversas distintas, a música ambiente e os passos apressados dos funcionários. Era um estabelecimento popular naquela região, pela atmosfera agradável que possuía e, claro, pela comida. O cenário perfeito para encontros.

Junto com a proximidade do fim de semana, o movimento do local aumentava. Sehun trabalhava turnos dobrados durante esses dias, estava juntando dinheiro para comprar uma moto e largar a vida sofrida de andar em ônibus lotado. O emprego de garçom era o melhor que tinha conseguido após o ensino médio, era deveras cansativo, mas também era o que pagava o aluguel do pequeno apartamento que dividia com seu melhor amigo, Jongin.

É, isso não era o que ele tinha em mente quando planejava o que fazer na vida adulta. Não que o sonho infantil de dominar o mundo fosse dar certo de alguma forma, mas ele poderia estar pelo menos na faculdade. Mas para se estar na faculdade é preciso saber o que quer da vida e Sehun não era lá uma pessoa decidida.

Sehun não era nem de longe um cara observador, seguia sua rotina no trabalho quase que roboticamente: saudar o cliente; perguntar o pedido; voltar para a cozinha; trazer o pedido e esperar o cliente pedir a conta. Tudo com um sorriso amistoso no rosto. Mesmo que o prato quente tenha queimado sua mão, o pulso esteja latejando por conta do peso da bandeja, ou até mesmo que um ônibus tenha passado numa poça d’água e o molhado na esquina do restaurante, encharcando os desconfortáveis sapatos sociais que o uniforme exigia.

Ele tinha mesas pré-designadas para servir, ocasionalmente pegando umas a mais, e mesmo com a quantidade de pessoas que passavam no restaurante todos os dias, não conseguiu ignorar um certo rapaz que frequentava o local religiosamente todas as quintas feiras, sentando-se na mesa 09, jamais repetindo a mesma companhia.

Nas duas primeiras semanas passou despercebido, no máximo Sehun notou os cabelos vermelhos do rapaz. Com um mês ele o encarou com estranheza ao ir anotar o pedido como de costume e se deparar com os cabelos - agora negros - do outro serem acariciados por uma loira, sendo que na quinta passada podia jurar que o viu de mãos dadas com um homem.

E de fato, havia visto. A moça da recepção lhe confirmou durante as clássicas fofocas do intervalo. A partir daí assumiu aquela mesa todas as quintas feiras, observando as companhias do rapaz que tempos depois, devido ao uso do cartão de crédito para pagar as refeições, descobriu se chamar Do Kyungsoo.

Como se estivesse numa série criminal, Sehun tentava desvendar o que estava por trás do “curioso caso do baixinho das quintas feiras” como Jongin havia apelidado ao saber do hábito do cliente.

— E se ele for um agente do fbi metido numa investigação super importante? – o amigo sugeriu animado.

— Jongin-ah, você está ficando paranóico ou fez maratona de 007? – Krystal indagou entre risos. — Venham meninos, eu fiz o jantar. – os chamou para a cozinha.

— Ai, você é minha heroína, mulher! Eu achei que ia ter que me submeter às gororobas do Jongin de novo. – fingiu estar emocionado e recebeu tapas na nuca de seu amigo. — Mas voltando ao cara do restaurante, que tipo de investigação ele estaria fazendo se todas as vezes que ele vai lá parece um encontro?

— Ah eu sei lá. – Jongin murmurou. — Ele pode estar querendo descobrir o que é o amor.

— De agente secreto à filosofo, como que eu aguento essas tuas brisas, cara? – Sehun gargalhou. — De qualquer jeito, Kyungsoo é uma incógnita que me agoniza por não fazer sentido.

— Você não vai deixar isso pra lá como uma pessoa normal faria, né? – Krystal indagou enquanto sentava a mesa, apoiando as mãos no rosto para encarar Sehun.

— Ainda bem que você me conhece. – respondeu e ela não conteve o revirar de olhos numa expressão entediada.

— Bem, como a gente sabe que você não vai sossegar... – Jongin suspirou. - Lá vamos nós.