História Fifty shades of Starr - Quem é Richard?

13 de setembro de 1961

Path, minha colega de classe era extremamente atraentes: seus olhos eram grandes e azuis; jeito angelical e descontraído. Era a menina mais cobiçada pelo os garotos, popular por onde passava, arrancando suspiros de meninos sob efeito de amor platônico. Eu era totalmente o oposto. Tímida e desajeitada, havia acabado de chegar em Liverpool. De alguma forma eu queria me aproximar da linda garota, pois apesar de tudo, ela ainda parecia ser uma menina simpática. 

Um certo dia, eu cheguei atrasada para aula. A professora de Biologia estava passando um trabalho em dupla e Path era a única que sobrava, estava sem par. Apesar das investidas dos meninos para formarem dupla com ela, Path estava totalmente desinteressada neles, mas talvez estivesse acostumada a ser bajulada frequentemente. Consequentemente, acabei me juntando à ela, por ordens da professora e por minha vontade própria, mas tentei ao máximo não demonstrar isto. 

— Olá! Qual o seu nome mesmo? — Path disse sorridente ao me ver próxima de sua mesa. — Te vejo sempre aqui na classe, você é sempre tão distante dos outros. Aposto que é novata, não é? — Ela perguntou, visivelmente interessada. 

— Meu nome é Beatrice, e você têm razão, não gosto muito de me relacionar com colegas de classe.  Mudei para Liverpool há pouco tempo — Eu disse parecendo não ligar muito para o interesse suspeito da menina. — Nem vou peguntar seu nome, pois já sei que é Path. 

— Como você sabe? — Perguntou, arqueando ambas sobrancelhas. 

— Ah, me parece que alguém é uma espécie de superestrela na escola, sabe — Dei uma risada fraca, me sentando na cadeira ao seu lado. — Todos os meninos sempre falam o seu nome, e eu acabei decorando. 

— Os meninos — ela falou, dando de ombros. — Não ligo muito para eles. 

— Você deve adorar ser tão bajulada — disse com uma expressão séria. 

— Na verdade, não gosto nada disso — jogou os cabelos pretos e ondulados para trás. — Ser os centro das atenções, consequentemente faz com que as pessoas pensem coisas erradas sobre mim. Muitas vezes que tenho nariz em pé, ou sou extremamente metida, e eu odeio isso, baby — ela disse sarcástica. Brevemente reconheci uma falha imitação do Elvis Presley, então soltei uma leve risada, concordando com a cabeça. 

Continuamos conversando sobre tantos diversos assuntos, que nem percebemos o sinal tocando, avisando-nos a hora do intervalo. Todos os outros alunos desceram, mas continuamos na sala. 

[. . .] Alguns minutos depois

— Você não se acha atraente? É sério? — Path me perguntou, olhando-me fixamente.

— Olha bem para meu jeito, Path — eu falei, me levantando rapidamente da cadeira e dando uma volta. — Sou gordinha, meu cabelo vivo bagunçado e nunca arranquei suspiros dos meninos. Não sou como você com esse corpo maravilhoso, cabelos sedosos e olhos chamativos. 

— Eu te acho bem atraente. Aliás, até demais — ela disse, se aproximando-se e olhando profundamente nos meus olhos, ficando assim por alguns segundos. No momento senti arrepios por toda extensão do meu corpo.

Não sabia como reagir àquela situação, afinal, ela era uma menina. E por que diabos uma menina estava me despertando vontades? O que é isso? Tinha um nome? Minhas mãos soavam frio com a proximidade extrema. Caso algo acontecesse, eu não saberia como reagir corretamente. Havia beijado pouquíssimos garotos em toda minha vida, quem dirá uma garota. O que as pessoas iriam pensar sobre isso? 

Resolvi cortar o clima estranho, dando três passos para trás. 

— Acho melhor descermos, Path. Todos já desceram — disfarcei o nervosismo, secando minhas mãos no pano da saia. — Você sabe como a escola é rígida, imagine se nos pegam aqui em horário de intervalo. Talvez sejam capazes de nos expulsarem — disse soltando um riso discreto, e uma parte de mim queria evidentemente fugir daquela situação. Porém, outra parte de mim queria ficar ali e beijá-la, sendo essa a sensação mais estranha que já senti. 

— Ah, você está certa — ela disse após alguns segundos. — Mas e o nosso trabalho? Ficamos tão concentradas na conversa que esquecemos totalmente dele. É para ser entregue semana que vem — murmurou realmente preocupada, talvez esquecendo o que havia acabado de acontecer entre nós. Na verdade, o que tinha acabado de não acontecer. 

— Talvez possamos ficar aqui depois das aulas para terminá-lo. 

— Acabei de ter uma ideia! — Falou alto, mudando sua expressão preocupada para uma de sorriso largo e malicioso. — Que tal terminamos lá em casa amanhã de tarde? É sábado, e é o único dia que eu posso receber visitas, já que o chato do Richard vai estar em casa. — Juntei as sobrancelhas numa expressão confusa, logo ela fez questão de me explicar a situação. — Meus pais estão viajando, então não gostam que eu receba visitas quando estou sozinha.

— Quem é Richard?

— Meu irmão mais velho. Feio, mas não morde, então não precisa preocupar-se quando chegar lá. — disse enquanto juntava seus cadernos e livros que estavam em cima da mesa. — É só jogar um biscoito por baixo da porta antes de entrar, que logo ele fica calmo. 

— Você não deveria falar assim do seu irmão — Eu falei, fingindo estar brava. — Mas, voltando ao convite, eu aceito sim. Às três da tarde está bom para vocês? 

— Está sim, Trice — sorri quando ela proferiu o apelido. — Ficarei em casa o dia inteiro, então venho aqui no portão da escola te buscar. Combinado? 

— Combinado. 
[ . . . ] 

Quando finalmente me deitei, só conseguia pensar no dia seguinte. Não sei que diabos estava acontecendo comigo, mas definitivamente não era nada normal. Mas o que eu poderia fazer se só conseguia pensar nela nua? Eu tentava não fazer isso, mas era inevitável. 
Depois de muita luta consegui dormir. O dia já estava amanhecendo e eu nem havia percebido.