Ao ouvir aquelas palavras, não consegui ingeri-las e ao invés disso, elas vieram como um soco no meio do meu estomago. Olhei Caroline enquanto seus olhos perfuravam o meu peito. Era de fato, culpa minha? Senti tudo a minha volta girar lentamente.
Então, a primeira lágrima escorreu. Limpei-a rapidamente, mas logo em seguida veio outra, outra e outra. Dessa vez, toda a dor foi liberada. A perda da minha avó e agora, Bieber. Deixei, escorrer cada gota da dor que eu estava sentindo. Deixei escapar cada culpa que estava pesando sobre mim. Não tinha o que ser feito, apenas aceitar que o fato de Justin está no hospital e era sim, minha culpa. Encostei meu corpo sobre a mesa e Caroline saiu do quarto. E eu desabei.
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Após alguma hora inerte nos meus próprios pensamentos, decidi que era hora de tomar uma atitude e ir visitar Bieber no hospital. Meu rosto estava completamente vermelho e meus olhos inchados por conta da crise que tivera recentemente. Joguei uma água fria e pedi um Uber para ir ao hospital.
Era por volta das nove e quarenta da noite, provavelmente não era mais horário de visita, porém precisava saber se ele estava bem e/ou se havia alguém para ficar ao lado dele. O motorista tentava puxar assunto e eu não conseguia entender nenhuma palavra que ele falava:
- Ela tentou diversas vezes entrar nessa universidade, - disse num tom triste – mas nunca conseguiu...
Balancei a cabeça rapidamente para tentar focar no que estava me dizendo, mas ele não pareceu ter percebido que não havia entendido nada.
- Espero que tenha mais sorte na próxima vez.
- Ah sim, no próximo semestre ela tentará novamente! – Concordou alegremente – Bom, chegamos.
Olhei aquele hospital e um frio percorreu todo o meu corpo, fechei os olhos e respirei fundo contato até três. Precisava manter a calma e encarar o possível estado de Justin. Tentava a todo custo, colocas na minha cabeça que não era minha culpa. Não era como Caroline havia falado, foi um acidente.
Fui direto para a recepção e esperei a senhora desligar o telefone para pedir informação. O mais engraçado é que de fato, ela lembrava muito aqueles personagens de filme: lixava a unha, respondia com “uhum” e parecia não está dando a mínima para com o que acontecia ao seu redor. Me olho por cima e fingiu que eu não estava ali na sua frente:
- Senhor Murl, tenho certeza que sua esposa está sendo bem cuidada... – Disse calmamente – Uhum...entendo...sim...uhum. Até mais.
Ela desligou o telefone e me encarou. Nos encaramos por alguns segundos até perceber que ela queria saber o que eu estava fazendo ali:
- Ah...hum...preciso visitar um dos pacientes.
- Mocinha, o horário de visita já acabou. – Apontou para uma grande placa que continha a data e horários de visitas.
- Eu sei, mas preciso saber se o paciente está bem. O nome dele é Justin Drew Bieber.
- Bom, irei pesquisar aqui para saber se ele tem acompanhante, caso não tenha, você pode preencher esse formulário e passar a noite aqui. – Disse ajustando o óculos e virando- se ao computador.
Minha perna não ficava quieta de tão ansiosa e apreensiva que eu estava. Estava preenchendo o formulário quando ela informou que o estado dele era estável e não havia ninguém no quarto com ele. Dei a ela o papel preenchido e me dirigi ao quarto que Bieber estava.
Meus passos, batimentos e respiração estavam todos num ritmo: apressado e fortes. Mas estava aliviado, pois ele estava apenas em observação. Fui me aproximando do quarto e tentando manter a calma enquanto ouvia o barulho dos aparelhos e a respiração pesada de Justin.
Quando o vi, meu corpo entrou em estado de choque. Seu rosto estava completamente machucado com arranhões, roxos e pontos. Sua cabeça estava enfaixada e sua boca roxa. As mãos também haviam faixas e seus braços estavam com diversas hematomas. Coloquei minhas mãos na boca e abafei meu choro. Fiquei inerte na porta por pelo menos cinco segundos até cair na realidade. Fui me aproximando lentamente e toquei em um dos seus machucados. Não consegui acreditar, não queria acreditar que o estado de Bieber continha uma parcela de minha culpa. Acaricie lentamente seu rosto enquanto as lágrimas caiam. E por um momento, senti tanto medo de perder Bieber que não via a hora de abraçá-lo para simplesmente cair em seus braços e sentir o calor do seu corpo contra o meu.
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Meus olhos pesavam junto com meu corpo enquanto tentava abri-lo lentamente. Por um segundo, não reconheci onde estava, mas Justin rapidamente surgiu na minha mente, Levantei e o vi deitado, ainda dormindo. Me aproximei e toquei seu braço novamente. Num súbito movimento, Bieber abriu lentamente os olhos e tentou mante-lhos abertos, mas ele parecia esta confuso de onde estava e trincou os dentes, provavelmente sentindo dor. Meu coração bateu rápido e passei a mão sobre sua testa:
- Ei Justin, estou aqui.
Seus olhos encontraram os meus. Sorri. Ele não. Ao invés disso, ele abaixou a visão e fechou fortemente os olhos. Toquei novamente seu rosto, mas ele virou, como se quisesse se esquivar do meu toque. Senti um golpe no meu estomago e por um momento, aquilo doeu. Justin parecia não quer me ver e tudo se confirmou quando disse:
- Por favor, vá embora e nunca mais, me procure.
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Me afastei lentamente e o encarei. Aquele não era Justin. Não o Justin que eu conhecia, que fazia tudo por mim e que me fez ver naquele momento, que eu sempre o trocava. Abaixei os olhos e segurei as lágrimas. Ele não podia me ver chorando. Ainda havia orgulho dentro de mim.
- Você está bem Justin?
- Laura, por favor... – Disse enquanto tentava se ajeitar na cama e aquele momento o fez soltar uma respiração forte de dor – Isso, esse estado no qual você está me vendo, não se compara a dor que é sentir algo por você. Então, respeite o meu momento e vá embora. Eu não quero mais vê-la, eu não quero mais te-lá na minha vida. Pode parecer drama, mas você me dói de todas as formas possíveis.
- Me perdoe Justin... foi um acidente...foi tudo culpa minha...me perdoe.
- Isso não tem nada haver com você. Pare de se achar. – Disse quase gritando – Agora some, desaparece. Fingi que eu nunca existi.
Fui me afastando lentamente enquanto Justin, não teve nem a capacidade de me olhar. Sai em silêncio da sala e vi pelo vidro, quando ele fechavas os olhos e chorava,
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