Meus tênis esmagavam a terra úmida da floresta enquanto eu corria por entre as árvores, desviando de galhos e tentando me localizar da melhor maneira possível.
Onde eu esconderia uma bandeira?
O som de passos se misturaram aos meus alguns metros a frente, saquei minha espada enquanto parava de correr e me escondia atrás de galhos de uma árvore, uma gota de orvalho escorreu das folhas para o meu rosto.
--O que temos mesmo de fazer?- um garoto com pele escura e alto perguntou para o ruivo atrás dele.
O primeiro tinha uma lança nas mãos e era forte e troncudo, o outro era magro e tinha duas espadas na bainha.
Três lâminas contra uma. Não estou em boa situação...
--Apenas atrasar a equipe vermelha, Lucio - o ruivo falou sem paciência, como se já houvesse cansado de explicar.
Meus dedos tocaram o apito pendurado em meu pescoço por impulso, seria esse o momento para pedir ajuda?
Segurei firme minha espada, já venci lutas em desvantagens maiores.
--Boa tarde - falei saindo de trás dos galhos e os dois garotos se viraram para mim.
Minhas entradas são tão ridículas quando as de Apolo, quem deseja boa tarde antes de uma luta?
Os dos garotos sacaram suas armas, o negro deveria ter mais do que dezoito anos e o ruivo entre os dezesseis e dezessete.
--Filha de Caos?- perguntou o ruivo.
Eu gosto do meu pai, mas é realmente necessário que eu volte a afirmar sua paternidade a cada instante?
--Presente - respondi --E você dois?
--Sou Luan, filho de Nice - falou o ruivo --E esse é meu meio-irmão, Lucio.
--Ela gosta de nomes parecidos,- observou o outro --Ajuda a ela se lembrar...
--Áhh, prazer em conhece-los,- falei --Ou não, já que vamos lutar, não é?
Lucio me atacou primeiro com sua lança e eu pulei para o lado, fazendo um pequeno corte em sua pele com minha espada. Luan me atacou em seguida com suas duas espadas, uma eu desviei mas a outra raspou em meu ombro, arrancando um filete de sangue.
Os dois irmãos me atacaram ao mesmo tempo e eu me abaixei, abrindo um corte profundo na barriga do filho mais velho de Nice e ele titubeou para trás.
As espadas enfeitiçados machucavam de mentira, ao fim do jogo os ferimentos desapareceriam e eles não doíam tanto quanto um verdadeiro, talvez por não passar de uma ilusão.
Mesmo assim sentir um pouco de pena de Lucio quando o empurrei com minha perna e o acertei no joelho, acabando com sua possibilidade de continuar na luta.
Ele caiu sentado em uma polça de lama e eu me virei para o ruivo, que me atacou com mais fúrias com suas duas espadas e eu desviei.
O acertei na mão direita e ele largou uma espada, mas a sua direita quase me acertou no estômago.
Pulei para trás e a lâmina de sua espada se encontrou com uma minha, ficamos alguns segundo com as lâminas cruzas em uma quase quebra de braço até eu chuta-lo entre as pernas. Ele gemeu e pulou para trás.
--Golpe baixo - ele reclamou.
--Literalmente falando - completei e ele voltou a me atacar, mas dessa vez o desarmei e cravei minha espada em sua barriga.
--Me desculpem - falei quando a puxei de volta e ele caiu de joelhos --Vocês dois, mas quem tá na chuva é para se molhar...
Deixei os dois filhos de Nice caídos com seus ferimentos de mentira e voltei a correr a procura da bandeira.
Por entre as árvores vi um brilho azul e a bandeira do time adversário surgiu na minha frente, sem guardas, sem armadilhas visíveis...
Isso só podia ser uma armadilha, mas não havia opção a não ser arriscar.
Com passos lentos me aproximei da bandeira azul, mas quando meus dedos roçaram em seu mastro ela se dissipou no ar.
Ouvir um riso atrás de mim, mas quando me virei os raios de sol já não atravessavam por entre as folhas e a escuridão ao meu redor era tão expressa que quase era palpável.
--Quem está aí?- sussurrei sentindo um arrepio gelado percorrer minha espinha e o corte em meu ombro latejou.
"Irmãzinha," uma brisa fria varreu as folhas caídas e emaranhou meus cabelos me fazendo tremer. "Irmãzinha."
--Quem está aí?- perguntei com a voz mais firme --Apareça agora.
Ouvir um riso gelado e sem humor, mas não conseguia identificar de onde vinha. Parecia vir de todos os lados, da escuridão que me cercava.
Sentir meu corpo fraco, como se toda minha energia estivesse sendo sugada, minhas pernas fraquejaram e eu cambaleei para trás, caindo de mal jeito sobre um pé.
"Os titãs são só o início, tola meio-sangue." A voz falou e eu sentir meu coração doer, como se um punho se fechasse ao seu redor e tentasse arranca-lo do meio dos pulmões. "Eles são apenas peões no jogo cósmico..."
Todo meu corpo começou a tremer e a queimar, minha pele parecia prestes a se soltar dos músculos e a dor era insuportável.
--Por que está fazendo isso comigo?!- gritei --Eu nem te conheço...
"Você sabe como é ser traído por todos que você ama?! Quando seu próprio pai te dar as costas e sua esposa se alia aos seus piores inimigos?" Sua voz retumbava em fúria pela floresta e a dor a cada momento se tornava pior, eu sentia minha consciência ligada a um tênue fio que a qualquer momento se partiria e minha alma seria atirada em um abismo escuro. "E agora você é a queridinha do papai, não é? Se não posso atingi-lo, me satisfarei com você e toda a humanidade."
--Você não vai conseguir...- sussurrei sentindo toda a força sendo extraída do meu corpo, parecia que minha essência estava sendo sugada --Você está preso no Tártaro.
O riso obscuro voltou a soar, fazendo tremer o chão e agitar as sombras como se formasse um buraco negro.
No olho do furacão de sombras flutuava um garoto, as sombras fluiam de sua pele quase o cobrindo por completo, ele tinha as mãos levantas e os olhos brilhavam em um roxo fantasmagórico.
"Os titãs estão no controle do Olimpo, querida. Estão no controle do mundo inferior e Tártaro não tem interesse em me prender... É só uma questão de tempo para eu finalmente deixar minha prisão."
--Mesmo que você me mate, outros te impediram de destruir o que meu pai criou... - eu falei tentando soar decidida, mas eu parecia prestes a ter uma parada cardíaca, meu corpo tremia suando frio e meu pé fraturado latejava.
"Que tentem"
Um pequeno sol nasceu no meio da floresta, derrubando o garoto envolto em sombras no chão. Demorei um pouco para reconhecer que o garoto estava no meio das trevas era James, o filho de Érebo com quem duelei mais cedo.
Ele se levantou rapidamente e levantou as mãos, as ondas de escuridão se agitaram ao seu comando e tentaram engolir a bola de luz que só crescia cada vez mais.
O brilho era tão forte que minha visão ficou turva, eu não conseguia perceber tudo o que acontecia ao meu redor e me sentia pior a cada momento.
Mas quando a luz diminuiu conseguir ver o filho de Erebo fugindo pela floresta e um silhueta banhada por luz à minha frente.
--Apolo?
--Ah, por favor - respondeu com desdém uma voz que claramente não pertencia a Apolo --Você está bem?- o garoto loiro perguntou se abaixando próximo a mim.
Os seus olhos eram de um azul claro e límpidos como vidro, ele deveria ter uns dezessete anos e vestia a camisa do acampamento grego.
--Aquela luz... Veio de você?- perguntei com minha voz falhando e me arrastei para trás para manter distância.
--Não vou te machucar, Lara... Se ainda não notou, eu acabei de te salvar - ele falou com escárnio --E sim, a luz veio de mim. Sou filho de Éter, deus do céu Superior e da luz.
Ele deu ênfase no "superior" e colocou sua mão sobre mim, um feche de luz dourada saindo dela.
Eu me encolhida com a repentina claridade.
--Quieta, estou tentando dar um jeito nisso - ele reclamou, a luz que saía dele aos poucos me fez parar de suar frio e tremer, mas ainda me sentia exausta. --Pronto, mal agradecida.
Ele se levantou e me fito mal-humorado.
--Você não vai conseguir voltar sozinha, não é?- ele perguntou e eu tentei me sentar, mais meus ossos pareciam gelatina e eu mal sair do lugar --Aff, agora terei de ser babá..
--Não preciso de sua ajuda - falei, deitada debilmente no chão.
--Forças para se mexer você não tem - ele falou voltando a se abaixar próximo a mim --Mas para reclamar tem de sobra...
O filho de Éter me carregou sobre um ombro, como se eu fosse um saco de farinha, ignorando meus protestos.
--Ei! Não preciso de seus favores, tá legal? Me deixe aqui, alguém vai acabar me achando.
--Também não vou com sua cara - ele falou sem diminuir os passos --Mas infelizmente você é importante para a missão.
--Que missão?- perguntei e ele me ignorou abertamente.
--Como as trevas não tem afetaram?- perguntei, enquanto ele andava a passos rápidos pela floresta --A propósito, você poderia me deixar em lugar sem muita gente? Não quero se vista carregada como um fardo.
--Pois é isso que você é, um fardo.
Gentil como um cavalo.
--Pois saiba que o fardo aqui ficou três meses em uma missão considerada impossível, enquanto você fazia o quê? Flutuava em seu céu Superior?
--Sabia que não é muito esperto provocar quem está te ajudando?- ele perguntou --Eu poderia te deixar aqui na floresta, James iria adorar terminar seu serviço.
--Era ele mesmo quem estava fazendo aquilo?- perguntei e ele acentiu impaciente.
Logo emergimos por entre as árvores no local onde começou o caça a bandeira.
Nosso grupo havia ganhado e vários semi-deuses carregavam Percy, festejando.
--Não conte a ninguém que sou filho de um deus primordial - ele mandou --Ou arranjará outro inimigo.
--Hãn?
Nico quando no viu arregalou os olhos e correu em minha direção.
--Cooper, você está bem?- ele perguntou se abaixando ao meu lado quando o filho de Éter me deixou deitada na grama.
--Estou, só estou esgotada...- falei e dei um sorriso fraco para ele --Como foi o jogo?
--Foi... Bem - ele falou olhando com estranheza para o filho de Éter --E você, quem é?
--Ethan - ele falou --A encontrei praticamente desmaiada no meio da floresta.
--Ahh...- Nico mumurrou --Obrigado por traze-la.
Ethan acentiu e se afastou de nós, andando em direção a uma garota parecida com ele, com os cabelos também claros e olhos dourados em vez de azuis.
Será que Éter tinha outro filho no acampamento?!
--O que aconteceu?- Nico insistiu --Ninguém desmaia por nada, Lara.
--Eu não sei bem...- mumurrei e prendi a respiração ao ver James emergir por entre as árvores, ele tinha a expressão perturbada e seus olhos turquesa se moviam agitadamente pela multidão, até que pararam em mim.
O filho de Erebo andou em minha direção e eu sentir meu corpo tremer, Nico me observava confuso.
--Aquilo... Aquilo que aconteceu na floresta - James começou a falar e eu o interrompi.
--Não aconteceu nada, James - falei irritadiça --Agora, se afaste de mim antes que eu lembre de ter acontecido algo.
Ele me encarou surpreso por alguns segundos, depois se virou e se afastou de mim a passos rápidos.
--Lara, - Nico me chamou, tinha a testa enrugada de preocupação --Você vai me contar o que aconteceu?
--Vou - eu sussurrei sentindo meu corpo fraco demais e minha cabeça latejando --Só não aqui...
--Quer que eu te carregue?- ele perguntou --Não consigo viajar pelas sombras agora, usei demais meus poderes.
--Acho que já consigo andar - falei me sentando, minha cabeça latejava a cada movimento. Ele me ajudou a levantar e apoiei meu braço bom em seu ombro, meu tornozelo doeu.
--Você está bem, Lara?- perguntou Annabeth e eu acenti.
--Estou sim, só abusei demais dos poderes - tentei sorrir, apesar das pancadas na cabeça --As armadilhas deram certo?
--Deram sim, Harley é um gênio!- ela comentou procurando algo nos bolsos de sua calça --Aqui, não ando sem uma barrinha de ambrosia.
Ela me deu um quadrado pequeno da comida dos deuses e eu agradeci, a filha de Atena foi se juntar a Percy e os outros integrantes da nossa equipe que festejavam.
--Você sente que gosto quando come ambrosia?- Nico me perguntou enquanto andávamos pela floresta, ele ainda me apoiava mas a dor em minha cabeça já diminuía.
--Do bolo de cenoura da minha mãe - respondi me sentindo um tanto melancólica --Bolo de cenoura com calda de chocolate. E você?
--Mc Donalds - ele respondeu e eu rir --Especialmente do Mc lanche feliz.
--Para um filho de Hades seria mais correto comer um Mc triste - ele me deu língua e eu fiz uma careta quando coloquei meu pé machucado rápido demais no chão.
--Você é muito teimosa!- ele exclamou e me pegou no colo, um braço seu me apoiava nas costas e o outro em baixo dos meus joelhos --Está com o pé machucado e insiste em andar!
--Já fui muito carregada hoje, - reclamei --E você está cansado, posso andar.
Ignorando meus protestos, ele me levou carregada até o posto médico que montaram próximo à floresta e me colocou deitada em uma maca.
--Wil daqui a pouco deve esta chegando - falou Nico --Os curandeiros filhos de Apolo ficaram de plantão apesar de não esperarem feridos, eu deveria ter avisado que minha namorada não queria perder o seu costume de sempre se machucar.
Ele ligou a luz da enfermaria e se sentou em uma cadeira plástica ao lado da maca, o sol estava se pondo em um céu coberto de diversos tons de vermelho, rosa e laranja.
--Di Ângelo - o filho de Apolo o cumprimentou com um sorriso entrando na enfermaria, então seus olhos me alcançaram na maca e seu sorriso morreu --Trouxe a namoradinha?
--Ela está ferida - Nico falou se mexendo desconfortável na cadeira --Parece que deu um jeito no tornozelo...
Wil vestiu um jaleco branco por cima de sua roupa de campista e lavou as mãos.
Ele tocou em meu pé e eu gemi.
--Acho que só a ambrosia já é o bastante - falei tentando segurar a dor.
--Vou ter que engessar - ele falou o inspecionando --Ambrosia alivia a dor e fecha cortes, mas não conserta ossos.
--Tudo bem...- falei e o filho de Apolo foi até um armário pegar as coisas necessárias para engessar meu pé --Quanto tempo vou ficar com o gesso?
--Não deve chegar a três dias, a ambrosia agiliza o processo.
Quando o loiro terminou de engessar meu pé, ele me deu recomendações sobre descansar e constantemente lançava olhares afiados para Nico, tinha algo que eu não sabia ali...
--Pode ir - falou ele --Daqui a dois dias volte aqui para eu ver se já posso tirar o gesso.
--Tá bom - eu acenti me levantando e Nico ofereceu a mão para me ajudar, Wil observava cada movimento nosso cheio de uma estranha mágoa --Obrigada, Wil.
--Disponha,- falou ele sem deixar de encarar Nico --É só para isso que serve os filhos de Apolo, não é?
--Nós já vamos - Nico falou novamente e forçou um sorriso para mim e para Wil --Obrigado por ter a atendido agora, Wil. Tchau.
O filho de Apolo ficou nos observando em silêncio enquanto eu marcava para fora do quarto, mas antes que chegasse na porta Nico voltou a me carregar e dessa vez eu não reclamei, não adiantava discutir com esse filho de Hades.
--O que aconteceu agora, em?- eu perguntei quando estávamos longe o bastante da enfermaria, o céu já estava completamente escuro e não havia mais nenhum semi-deus da floresta --O que há entre você e Wil?
--Temos que conversar sobre isso agora?- Nico perguntou sem diminuir o ritmo dos passos --Você precisa descansar e eu também...
--Eu só vou descansar depois de saber - insistir e ele suspirou.
--Você é bem mandona, em?
A floresta a noite parecia um bosque macabro de filme de suspense, o escuro fazia as folhas parecerem negras e sombras se erguiam por todo o caminho, como se fosse sentinelas observando na escuridão.
A lua quase cheia flutuava por entre finas nuvens e estrelas, espalhando um brilho prateado pelas copas das árvores e na pele de Nico di Ângelo, quase como se aquela luz fluísse dele.
A faixa de floresta acabou próximo ao lago de canoagem, suas águas brilhavam como se fossem repletas de magia e era pontilhada pelo reflexo das estrelas daquela noite fria.
Nico me carregou até o cais e nos sentamos na beirada, com nossos pés quase tocando a água do rio.
--Você me trouxe aqui de propósito?- perguntei levantando meu olhar para ele, que observava o lago com o olhar perdido --Tentando amolecer meu coração?
--Por que esse lugar amoleceria seu coração?
--Não lembra que viemos aqui antes da missão?- ele acentiu e sorriu de canto
--Naquele tempo eu já estava me apaixonando por você - ele assumiu --Eu não entendia muito bem o que sentia, mas já sentia essa força invisível que sempre me atrae para perto de você.
--Está mudando de assunto...
--Desculpe - ele deu um meio sorriso --Vou direto ai ponto.
Um vento frio passou pela floresta balançando a copa das árvores e alcançou o lago criando pequenas ondas nas sua superfície. Não sentir frio como sentiria em outro momento, meu corpo ainda estava meio entorpecido pela ambrosia.
--Após a guerra contra Gaia... eu, Jason e Wil nos tornamos muito amigos - ele falou girando seu anel de caveira no dedo --Jason nem sempre estava com a gente pois tinha Piper e Leo, mas eu e Wil andávamos juntos o tempo todo. Eu nunca me interessei por ninguém nesse acampamento e ele parecia que também não... Até que um dia ele confundiu as coisas e tentou me beijar.
--Te beijar?- repetir e ele acentiu.
Fiquei em silêncio observando meu namorado fitar os próprios pés e não pude evitar sentir o ciúmes me corroendo por dentro, mas forte do que o poder de Érebo sugando minha alma.
--Você deu a entender que nunca havia beijado ninguém, a não ser eu...- mumurrei --Por que mentiu para mim?
--Eu não mentir, Lara - ele falou --Nós não chegamos a nos beijar, eu me afastei e nós brigamos. Ele disse que eu gostava dele e só não queria admitir, que eu tinha vergonha.
--E você gosta?- perguntei com minha voz saindo fraca e baixa --Você é gay?
--Não - ele falou e riu baixo --Como eu poderia ser gay se sou louco por você?
--Bissexual, então?
--Não sou, Cooper - ele falou se sentando mais próximo de mim, tocou meu rosto mas eu me encolhi me afastando --Está chateada comigo?
--Você deveria ter me contado - falei em voz baixa, completamente consciente dos poucos centímetros que afastavam nossos corpos --Odeio que me escondam coisas...
Ele me encarou por alguns momentos, seus olhos lendo a minha alma sem vergonha alguma.
--Tem mais alguma coisa que está te incomodando...-ele afirmou.
--É besteira.
--Pode me falar.
Respirei fundo e me virei para ele, que me encarava atentamente.
--Áhh, Nico... Convenhamos que a competição é bem injusta!- eu exclamei --Wil é lindo, curandeiro, bom com arco, atlético, simpático e tal... E eu sou só uma idiota que apanha para campistas mais novos e não sabe controlar seus próprios poderes!
Nico começou a rir e eu fiquei o encarando seriamente, minha ficha aos poucos caindo sobre as besteiras que eu falei e eu sentir meu rosto ficando vermelho.
--Pare de rir, besta - reclamei --Isso não tem graça, não é legal rir da miséria alheia. Ainda mais quando não tenho nada para jogar em você.
--É impossível acreditar que eu tenha tanta sorte - ele sorriu para mim, colocando uma mecha do meu cabelos para trás da orelha, minha pele vibrando ao seu leve toque --Como eu posso algum dia te merecer, garota caótica?
--Eu...- minha voz falhou, surpresa --Só não me troque por nenhum filho gato de Apolo, por favor.
--Pode deixar - ele falou sorrindo e beijou a ponta do meu nariz --Eu quero só você, Cooper.
Sua boca fria pressionou a minha e suas mãos abraçaram minha cintura.
O contato de sua pele com a minha fazia meus coração palpitar enquanto meu corpo parecia ficar mais leve, como se a qualquer momento eu fosse flutuar.
No começo seus lábios roçaram nos meus, suaves como o deslizar das ondas sobre a areia, e gradativamente se tornou um beijo intenso.
Entrelacei meus dedos em seus cabelos da nuca e os puxei de leve enquanto colocava minhas pernas sobre as dele, sentir seu sorriso durante o beijo e suas mãos tocando minhas costas.
Nos afastamos sem fôlego e ele sorriu para mim, depositando um leve beijo no meu pescoço mas que já foi o bastante para passar uma descarga elétrica pelo meu corpo.
--Cooper, - ele falou com seus dedos entrelaçados nos meu --Você já pode me contar o que houve na floresta?
--Eu vou contar... Mas você terá de me prometer não fazer nenhuma besteira.
--Prometo - ele falou brincando com meus dedos.
Contei a Nico sobre meu duelo (não seria um trielo?) com os filhos de Nice, sobre a miragem da bandeira e o ataque de Érebo.
--E o que James tem haver?- ele insistiu --Eu ouvir o que ele disse.
--Quando uma luz começou a aparecer na floresta, afastando as sombras, eu notei que ele as controlava a escuridão.
--Espere, ele que estava tentando te matar?- ele perguntou --E você quer que eu faça nada?
--Isso mesmo - concordei --Não quero que você faça qualquer coisa a respeito .
--Por quê?
--Eu acho que... Talvez Érebo estivesse o controlando.
--Como você pode ter certeza?- Nico perguntou --Ele não parece gostar de você e Érebo está preso no Tártaro. Dizem que a prisão dele é a mais segura, fica tão fundo no Tártaro que nem um deus olimpianos pode alcançar-la.
--De qualquer jeito nós não temos certeza que foi ele - falei me virando para ele --E não quero acusar alguém injustamente.
--O que está planejando fazer?
--Vou esperar para ter certeza - falei e ele me lançou um olhar "esse é mesmo seu melhor plano?!", dei de ombros --Vamos precisar de paciência, mas só o tempo dirá a verdade. E eu vou questionar James assim que tiver uma chance.
--Não sozinha, tá bom? É arriscado demais...
--Nossa vida, em geral, é arriscada, Nikito - falei me levantando e estiquei a mão para ajuda-lo a fazer o mesmo --Vamos jantar?
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.