Era vespertino, cerca de dezessete horas e trinta e seis minutos da tarde; a cor laranja tomava todo o céu de Magnólia. Ela nem acreditava que havia conseguido permanecer um ano e meio longe da cidade ao qual tinha sido criada desde pequena. Sem mencionar na distancia em que estivera de seus irmãos, a saudade era enorme. Mas, agora ela se encontrava ali, parada de frente a porta principal da casa que dividia com os irmãos. Ela não poderia estar mais feliz.
Era claro que a sua volta traria discórdias, as lembranças de um passado arrependido novamente voltariam a surgir e com elas discussões e brigas, que foram deixadas para trás quando resolvera seguir a vida longe de todos, longe da dimensão mágica.
Mesmo que tais conflitos voltassem a surgir por conta de sua presença, ela não estava nem a ai, não deixaria de voltar para o seu lar por conta de intrigas. Ela estava mais do que decidida e não iria fugir como fizera antes. Mesmo que precisasse olhar cara a cara o rosado por quem ainda continuava a nutrir sentimentos.
Ela sabia que para ter o perdão do mesmo ela precisaria lhe explicar toda a verdade, correndo o risco de ainda sim ele não acreditar em suas palavras. O que ela não podia fazer era deixar as coisas como estavam. Era culpada sim, se a situação estava como estava agora era por conta dela. Mas estava arrependida e o queria de volta, e jurava que o teria.
Suspirou, mal chegou à cidade e já se encontrava perdida em seus sentimentos antigos, aqueles que custara manter guardado a sete chaves por todo o tempo que estivera longe. Ela precisava se manter firme, não poderia os deixar vir a tona novamente, o amor machuca quando não correspondido e mais do que qualquer outra coisa certa, ela sabia que esse seria o caso dela. Querendo ou não, Natsu estaria a odiando agora.
Voltou sua atenção para a pequena campainha na parede ao lado da porta. Por um momento hesitou em tocá-la, não avisara sua irmã sobre sua chegada. Quando falou com a albina mais velha pelo telefone havia a garantido que voltaria dentro de dois meses, porém a ansiedade fora tamanha que resolvera voltar para Magnólia três semanas antes do previsto.
Chamou. Reuniu toda sua coragem momentânea e apertou o pequeno botão. Segundos depois a porta branca, de madeira trabalhada em desenhos, fora aberta. Em sua frente o homem másculo com feição sonolenta esbugalhou os olhos ao perceber sua presença.
– Mira – chamou pela albina mais velha que se encontrava na cozinha preparando algo de comer.
– Hm? – respondeu a mais velha sem aparecer por ali. – O que foi Elfan? – indagou ainda concentrada na massa que batia em mãos.
– Você não falou que a Lis voltaria daqui a dois meses? – questionou. Os olhos não deixando nem por um minuto a imagem de sua irmã mais nova parada em frente à porta.
– Falei... Na verdade daqui a três semanas a nossa caçula estará de volta em nossa casa. – respondeu alegre.
– Então me explica o porquê de ela estar parada em frente a nossa porta! – pediu.
– Ela quem Elfman? – perguntou largando o pote com a massa em cima do balcão branco com pedra de mármore preta.
– A lisanna, Mirajane! – falou um tom mais alto.
– Pare de brincar idiota, a Lis avisaria se viesse antes... – disse enquanto se aproximava de onde o irmão estava. –... OH você está mesmo aqui! Deus! – a surpresa foi grande ao ver a menor em sua frente. Oh Deus ela nem havia avisado ao grupo de amigos que Lisanna estava voltando.
– Oi Mira-nee – cumprimentou tímida.
– Anda idiota o que ainda ta fazendo que não a deixou entrar! – reclamou com o irmão este que pareceu acordar do mundo da lua. Sorriso aumentou nos lábios da albina, sua irmã pequena estava de volta ao lar.
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Estava tarde e Minerva iria matá-la quando chegasse em casa. Mas também a culpa por estar chegando tarde era toda de um ser rosado. Se o mesmo não tivesse a implorado para ter ficado mais um pouco e, não tivesse usado Happy como arma, teria chegado no horário certo, estipulado pela morena. O problema era que havia se atrasado de novo; Minerva tinha deixado claro que a queria em casa às dezessete horas em ponto, e olha só por obra de um gato azul e uma carinha fofa, estava atrasada duas horas. É eu estou fudida.
– Por que está emburrada? – perguntou achando graça da cara emburrada da loira ao seu lado.
– Como se não soubesse! – acusou. – Orra Natsu Minerva vai me matar! – confessou chorosa
– Escuta Luce, ela não vai achar ruim que você tenha se atrasado algumas horas... – foi interrompido pela loira.
–Você não a conhece rosado.
Natsu soltou um pequeno suspiro ao meu lado, parando de olhar para a via e voltando o olhar em minha direção. Uma de suas mãos pegou a minha e a segurou forte, voltou a olhar a pista por breves segundos antes de me olhar novamente.
– Estamos juntos ela tem que entender que você passara algumas horas a mais em minha companhia. – o olhei surpresa, o sorriso malicioso brincando em seus lábios.
– M-mas... Não saia dizendo coisas com duplos sentidos seu idiota! – falei corada.
– Hahahaha – o rosado gargalhava agora prestando atenção novamente na via. – Você precisava ver a sua cara loira! – puxava o ar por conta da risada. – Oh você fica tão bonita corada.
Com sua fala corei ainda mais. Aproveitei que o paspalho havia soltado minha mão e as segurei rente ao coração. Ele estava acelerado.
– Por que a mamãe está vermelha? – a voz infantil soou pelo interior do carro.
Natsu e eu olhamos para a parte de trás do automóvel. Happy que antes dormia agora estava acordado me olhando curioso.
No meio tempo em que se passou desde o momento em que o encontramos a cerca de um mês e alguns dias eu o havia adotado como mãe. O pequeno ser azul e o Dragneel amaram a idéia.
– Eu não estou vermelha, azulzinho!
– Ela está sim Happy não a deixe te enganar. – Natsu falou com uma falsa seriedade recebendo prontamente um aceno do pequeno gatinho.
Olhei para o rosado mortalmente, de resposta o mesmo sorriu brincalhão me mostrando a língua logo depois.
Hunpf.
Maldito demônio rosa.
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