1. Spirit Fanfics >
  2. Filha dos Dragões >
  3. Antes dos Dragões

História Filha dos Dragões - Antes dos Dragões


Escrita por: RicardoCalmon

Capítulo 35 - Antes dos Dragões


KALEL apareceu na última hora. Estavam todos prontos para partir em direção ao castelo em prol da obtenção da queda do reino e a ascensão de Silky.

Todos os rebeldes olhavam atentamente para os dragões Dia e Noite, estavam confiantes com a presença deles. Os primeiros rebeldes marcharam seguindo Mira, Ayú e Caleb que agora não precisavam esconder quem eles realmente eram.

— Onde esteve, Kalel? — Silky perguntou preocupada com o sumiço dele o dia todo desde o fora que ele havia tomado. Ela sabia que poderia ter algo em relação a isso, mas preferia não dar essa certeza.

— Treinando. — Kalel respondeu com o sorriso de sempre que para surpresa de Silky não parecia estar magoado com nada.

— Vamos. Vá com Dia e eu vou em Noite. — Silky deu de ombros pela reação alegre e normal de Kalel passando as ordens.

— Sim, princesa. — Kalel sorriu para Silky e ela retribuiu simpaticamente.

Dia e Noite voaram e foram a frente. Olhando do alto, o começo da noite chegando e os vários rebeldes montados em seus cavalos espalhados entre as poucas árvores no campo. O tempo estava nublando no horizonte e a noite viria com uma forte chuva.

Durante o percurso até as proximidades do castelo Dia e Noite iam e voltava para manter o ritmo dos rebeldes a cavalo. Entre idas e vindas, Kalel e Dia se aproximaram de Silky.

— Sabe o que vai acontecer aqui, não é princesa? — Kalel perguntou com a voz fraca, como se tivesse medo de ofender.

— Sim. — Silky lembrou de Jurth, o homem que ela tirou a vida e cena tensa. — Como foi em Jurth.

— Só que centenas de vezes mais.

Ao imaginar centenas de corpos no chão por causa de uma guerra, uma palpitação forte veio ao peito de Silky que colocou a mão sobre ele de imediato como se tentasse amenizar a dor que sentiu. Ela não queria aquilo, nunca tinha pensado naquilo, mas tanta coisa tinha acontecido e o pior de tudo era saber que aquilo, por mais ruim que fosse, poderia garantir a liberdade dos pales.

Silky olhou Kalel, olhos assustados com o que tinha acabado de ouvir, mas persistentes ao seu comportamento sério e destinado. Olhou ao horizonte, as primeiras luzes da cidade de Palestra. Silky olhou para Kalel e ele assentiu com um movimento de cabeça. Está próximo de começar.

♘ ♕ ♞

Ariel acordou assustado, ainda sentia dor nas costas e além dela agora uma febre era sua companheira.

Abriu os olhos e se viu em meio a uma estrada cercada por árvores tão verdes que pareciam não ter fim. O verde era de grande contraste com a estrada de barro marrom. Ao olhar para os lados viu a carruagem no qual ele estava, a porta estava aberta e Ylle parecia procurar algo dentro dela. Do outro lado, o soldado que havia ajudado ele estava limpando a lâmina de sua espada e logo a colocou na bainha.

— Olha quem acordou. — Disse o soldado caminhando até Ariel com um cantil de água.

— Ariel? — Ylle se virou para ele. — Você está queimando de febre rapaz. Esse seu machucado só está piorando.

— Obrigado. Devo tudo a vocês, inclusive essa merda. — Ariel apontou para as costas.

— Ficar bravo não vai resolver nada. — Ylle retrucou. — Me fale onde está Silky.

— Eu não sei.

— Como assim você não sabe?

— Que ótimo, Ylle. Agora estamos ferrados de vez. Eu sabia que ia dar merda. — O soldado respondeu se virando e passando a mão no rosto preocupado.

— Eu não sei. A gente se separou, ''tá'' bem? Eu não faço a miníma ideia de onde ela está, mas tenho certeza que mais cedo ou mais tarde ela vai aparecer no castelo.

Ariel arfava de dor, as costas latejavam e a febre parecia aumentar seu cansaço. Ainda sentado encostado na árvore ele olhou para Ylle encarando-o.

— Vocês se parecem.... — Ariel comentou com dificuldade. — A pele clara, os olhos.... Não sabe o quanto fiquei feliz de poder falar com você dela. Ficarei mais feliz quando você a encontrar.

— E você? — Ylle perguntou.

— Eu? — Ariel olhou descrente para os lados. — Melhor eu não vê-la. Digamos que fiz coisas ruins que ela não vai aceitar.... Quero dizer... Ela não aceitou.

Ariel fechou os olhos após terminar de falar se lembrando de Silky e a dor no peito passou a incomodar mais do que a dor nas costas. Tal situação fez ele rir de si mesmo.

Ylle sentou ao lado de Ariel cruzando as pernas.

— Sabe porquê Silky cresceu entre dragões, Ariel?

Ariel ficou sério com a pergunta. Era uma novidade que ele não sabia, nem Silky sabia porque até onde ele sabia ela havia sido deixada para trás ainda criança. Respondendo a pergunta de Ylle, Ariel apenas fez que ''não'' com a cabeça.

— Eu também fiz errado em não ter ido buscar ela. Ou simplesmente ter deixado ela lá.

— Mas ao contrário de você, ela quer te ver. — Ariel sorriu. — Se ela me ver ela vai me matar.

— Mas ela quer me ver depois que eu a abandonei, não é mesmo?

— Você deve ter tido um bom motivo e ela vai querer ouvir isso de você.

— Exatamente meu jovem. Eu tive um motivo para isso e vou falar com ela. Eu não sei o que você fez para ela, mas você não me parece querer o mal dela. Até se arriscou para me encontrar e me falar dela. Seja lá o que você fez, você também teve um motivo.

A vida de Ariel correu diante dos seus olhos com o que Ylle havia falado. Sim, ele teve um motivo para fazer tudo que fez e seu medo de magoar Silky com tudo aquilo contra os da raça dela impediram que ele pudesse falar com ela.

— Eu tive.... — Ariel sussurrou ainda encarando Ylle.

— Eu era guardião da rainha Elloash, que também era minha irmã. Elloash era uma pale, mas o pai de Silky não. Ele era um humano, uma pessoa de bom coração e ele se apaixonou por minha irmã e quis casar com ela, mas muitas pessoas não gostaram disso. A união de um humano e um pale não foi bem-vista e um clima meio tenso entre as duas raças ficou iminente.

Não só Ariel, mas como o soldado agora prestava atenção nas palavras de Ylle.

— O rei Fardon queria mostrar que as raças podiam conviver em perfeita harmonia e assim se casou com minha irmã. Ele sempre fez um bom trabalho e tratou todos igualmente. Quando Elloash ficou grávida, todos esperavam um filho homem e humano e ameaças começaram a serem feitas contra o rei caso isso não acontecesse. Aquele clima de desentendimento só piorava entre as duas raças e quando Silky nasceu, uma linda criancinha pale com a cara da mãe o rei não soube o que fazer.

Ariel engoliu seco. Nunca tinha imaginado que tinha sido assim o império antes da escravidão. Sentiu um remorso pelos pais de Silky e já estava mal sem saber o que Ylle ainda falaria.

— Aos poucos o rei foi entrando em depressão sem saber o que fazer, como agir. Elloash tinha os dias mais difíceis de sua vida tomando a frente da situação, mas passou a não ser bem-vista pela maioria das pessoas do reino, ou seja, os humanos. Até os cinco anos de idade Silky viveu presa escondida de todos, ninguém poderia saber que o filho do rei era menina. A desculpa era que tinha morrido no parto, para amenizar a pressão popular contra. A coitada não teve muitos contatos na sua infância, sua mãe estava tão atarefada que mal podia vê-la, seu pai estava doente e mal saia do quarto. Eu fui seu guardião e criador. Cuidei dela o tempo que foi preciso até descobrir que de alguma forma descobriram a existência dela. Mercenários já estavam contratados para matá-la como se ela fosse culpada de toda a ignorância dessa gente.

Cada palavra entrava na cabeça de Ariel e ele se sentia ainda mal por ela. Tantas coisas ruins que ela havia passado e nunca soube. Sua vida toda foi uma aventura e ela nem sabia.

— Teberon tinha uma dívida comigo. — Ylle prosseguiu e notou que Ariel precisaria saber quem era Teberon. — Teberon é um dos dragões anciões deste mundo, um dos quatro. Em determinadas épocas os dragões te um ritual de iniciação e eleitos por outros como o futuro dragão ancião e isso quando eles ainda são filhotes. Houve um massacre durante esse ritual, muitos humanos e pales os caçavam na época e interferiram nesse ritual e Teberon ficou sozinho e eu o salvei enquanto a luta acontecia. Cuidei dele escondido nas masmorras do castelo, mas ele já era um ancião então podia manipular os dons e conforme foi crescendo eu não tinha como manter ele comigo. Antes de nos separarmos ele copiou minha sabedoria e assim aprendeu a falar a nossa língua e me agradeceu por salvar ele. Disse que no dia que eu precisasse de algo, que eu o procurasse. Bem... — Ylle respirou fundo. — Silky estava jurada de morte e eu não podia permitir isso. Sem consultar seus pais eu simplesmente a levei até Teberon e pedi que cuidasse dela, como eu cuidei dele. Que ensinasse ela a ser como uma mulher deveria ser e que a protegesse de todo e qualquer mal até um dia poder voltar para casa.

— Dia e Noite.... — Ariel disse sorrindo emocionado ao ligar as coisas.

— O que? — Ylle perguntou confuso.

— Dia e Noite são os dragões que acompanham ela. Dia é como uma verdadeira mãe para ela, ela fala nossa língua e ensinou tudo que ela deveria saber. Noite é seu guardião, isso explica o ciúme que ele tem daquela garota.

Ariel lembrou de todas as investidas de Noite para cima de Ariel quando ele se aproximava dela. Ficou emocionado com a história de Silky e queria mais do que nunca vê-la de novo. Abraçar ela e poder confortar ela, mesmo sem ela saber porquê. Ylle tinha a abandonado, mas ela perdoaria isso, porque talvez não o perdoasse se conversasse com ela.

Uma lágrima de emoção brotou em seus olhos, queri estar perto dela. A saudade de estar perto dela apertou no peito e ele se esqueceu totalmente da febre e da dor nas costas.

— Sério isso? — Ylle parecia não acreditar, mas sabia do que Teberon era capaz. — Não importa. Pelo visto Teberon cuidou dela como eu pedi, porém eu nunca pude voltar porque virei refém de Marcus depois que ele e mais um exército de rebeldes tomaram o reino.

— Mas porque você era tão livre assim dentro do castelo? Você me autorizou a entrar, andava entre os soldados e até mandava neles.

— Ariel.... Eu vivi como escravo pessoal por mais de 10 anos. Cansei de somente sofrer, então fiz coisas além de meus princípios para ganhar a confiança dele, que por sinal eu destruí quando saímos do castelo com você acreditando que você sabia onde Silky estava. — Ylle disse rindo. Não tinha mais o que fazer além daquilo.

— Então voltamos ao zero. — Ariel respondeu, mas nem deu muita ideia. Estava perdido nos pensamento em Silky, em poder vê-la.

— Se ela vem para o castelo, vamos ficar escondidos aqui perto. Não deve ser tão difícil ver dragões grandes por aqui. — Sugeriu o soldado que tinha ouvido toda a conversa.

— Melhor do que não ter o que fazer, Saron. — Ylle concordou com o soldado e se levantou. — Vamos sair daqui, Ariel.

— Não. Não consigo ir muito longe. Quanto menos esforço eu fizer melhor. Eu vou ficar por aqui.... — Ariel dizia com dificuldades. — Tentem encontrar algo para minha febre ou meu machucado que eu ficarei bem.

— Então vamos sumir com essa carruagem, Ylle. — Sugeriu o soldado e Ylle concordou.

Trotaram o cavalo para sair correndo puxando a carruagem em disparada para longe vazia. Ylle e Saron seguiram um dos lados da estrada em direção as proximidades do castelo com a promessa de buscar ajuda para Ariel ou ver talvez ver Silky. Eles sabiam que podia demorar até dias, mas mal sabiam que estavam tão perto.

— Ylle! — Ariel gritou com dificuldade e se levantou. — Se a ver, fala que quero vê-la, quero poder conversar com ela e contar tudo que fiz da maneira correta. Não quero que dê errado de novo.

— Falarei. — Ylle assentiu e logo saíram de vista enquanto Ariel entrou por uma trilha para mais dentro da floresta na esperança de encontrar água e ervas para se tratar.


Notas Finais


Pessoal, me desculpem não postar antes. Faculdade rs


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...