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História Filho da Lua - Aquele que contraria o mar


Escrita por: WHYVVMIN

Notas do Autor


bom dia/boa tarde/boa noite. Tudo bem com vocês, peixinhos?
o capítulo custou pra sair, eu tive um bloqueio com essa fanfic, e já estava entrando em desespero com ela aoskaoks mas eu tenho a melhor amiga de todas, Bianca eu te amo mt sério msm
A fanfic (assim como todas as outras que estão em andamento no meu perfil) vão ser atualizadas a cada quinze dias. Criei um cronograma onde dá pra eu estudar e escrever sem me atolar em plot. então marquem aí, de quinze em quinze dias eu chego com att.
Espero que vocês gostem do capítulo, eu ainda tô achando ele muito pequenininho, mas vida que segue /chorando
BOA LEITURA PEIXININHOS!

Capítulo 2 - Aquele que contraria o mar


O mar estava agitado e com isso o rapaz de cabelos loiros sabia que seria mais um dia regado a chuvas fortes e rajadas de ar violentas. O céu nublado denunciava a tempestade que estava por vir, e muitos dos pecadores que ousaram embarcar em seus pequenos barcos voltavam em meio as ondas brutas.

Taehyung estava encostado a janela da varanda, encarando aquela paisagem admirável que se formava bem à frente dos seus olhos; o céu nublado e escuro, as nuvens carregadas impossibilitando que qualquer brecha de luz as ultrapasse. O mar tornava-se violento, e podia visualizar as ondas altas que se chocavam contra as rochas, espalhando a água salgada para todos os lados. Para sua tranquilidade, o velho Kim havia desistido de embarcar naquela manhã de terça – os anos como pescador lhe certificavam a não confiar nas moças bonitas que informavam o tempo; embora a culpa nem fosse delas, afinal.

O jovem Kim bocejava em meio a preguiça dos dias frios, sentindo os pelos de seu corpo eriçassem pelo contato da cerâmica gélida contra seus pés – já havia contado exatas quatro broncas de Junsu, o obrigando a calçar os pés entre puxões de orelha. As aulas pela manhã haviam acabado e o loiro se preparava para mais um dia de trabalho na pequena loja de conveniência. Gostava de passear pelas prateleiras e em dias chuvosos – como aquele – se espreitava pelo balcão e lia algumas revistas em quadrinho.

Os olhos pequenos observavam a água cristalina a alguns metros de distância da casa em que vivia. Ainda estava intrigado com o canto que ouvira a poucos dias antes de dormir – não aceitava que fosse coisa da sua cabeça, e tentava a todo custo desvendar o mistério por trás da voz bonita que lhe acalmara. Depois da tempestade de noites atrás, não ouvira mais o canto fascinante que lhe pôs para dormir, e negava-se a acreditar que estivesse sonhando.

Desistiu de encarar o mar, logo a chuva começaria a cair e ficaria difícil sair pelas ruas. Vestiu seu moletom preto e colocou o capuz – finalmente calçando os pés com o all star surrado, recebendo um joinha do pai preocupado. Ajeitou a calça jeans no corpo e saiu em disparada a caminho da pequena loja. A cidade de Busan estava sendo regada por uma fina garoa, o vento forte ocasionava em alguns guarda-chuvas quebrados e o Kim continha a vontade de rir – não conseguia se conter, e caso estivesse com Hoseok as coisas ficariam mais escandalosas.

A cidade em que vivia era pacata e nada abundante em relação a população – o que a tornava como ponto de lazer durante as férias, já que muitos turistas iam visitar as praias bonitas dali. O inverno era tranquilo – por mais que algumas tempestades ocasionassem alguns deslizes aqui e ali – e durante tal estação ficava difícil manter a pesca – o mar era traiçoeiro durante os períodos chuvosos, e navegar com as ondas agitadas era um trabalho árduo. Taehyung adorava morar ali. Seu pai estava feliz e tinha a companhia inseparável de Jung Hoseok, seu melhor amigo.

Chegou a pequena loja dando algumas palmadinhas na calça escura e tratou de dispensar o moletom que usava, jogando-o atrás do caixa – lugar onde ficaria pelas próximas seis horas. Acenou para o velho Jeon – que descansava numa cadeira de balanço velha e que soltava alguns ruídos duvidosos – e tratou de organizar o balcão empoeirado. Conhecia o dono do local desde muito pequeno, e no começo o ajudava por pura diversão – o estoque de sardinhas reposto era sinal que ganharia algumas revistas ou cards de jogos no final.

Não recebia um salário e muito menos tinha todos os direitos de um trabalhador, mas gostava da espelunca e ajudava o senhor de idade a não morrer com dor nas costas. Passou o alvejante no móvel sujo e organizou algumas coisas ali – como as notas amassadas que Jungkook tinha mania de jogar quando chegava atrasado do colégio. O filho do velho barbudo era muito compromissado com a vida escolar, não tendo tempo para ajudar o pai nos afazeres do estabelecimento, então Taehyung se encarregava disso.

A chuva batia forte contra os vidros da porta de entrada, e a TV chiava a todo instante, mas o Kim não deu muita importância aquilo. Como não teria movimento – com a chuva forte as pessoas mal saíam de suas casas – o Kim passaria a tarde limpando o local e jogando conversa fora com o senhor de idade.

Enquanto dividia um saco de batatas com o patrão, esperava pacientemente a página do google carregar com sua pesquisa. Ainda estava intrigado com a voz melodiosa que ouvira outro dia – e não tivera coragem de compartilhar tal fato com ninguém. Hoseok iria fazer pesquisas absurdas na biblioteca da escola. Seu pai citaria mil e uma lendas envolvidas com o canto da noite, e tudo o que menos queria era ouvir o falatório do mais velho. Desistindo da internet móvel, acabou bloqueando o aparelho e guardando sua curiosidade para quando chegasse em casa – onde passaria horas pesquisando sobre o assunto, tentando achar alguma explicação lógica.

“Jeon”. – Chamou o patrão – que encarava a televisão pequena com afinco, como se pudesse consertá-la com o olhar – e logo teve a atenção do idoso para si. Ofereceu a latinha de cerveja que sustentava entre os dedos, sendo aceita de prontidão, e puxou um pequeno banco de plástico para sentar-se ao lado do homem mais velho. O chiado que provinha do aparelho passou a lhe dar certa agonia, então logo se levantou, tentando ajustar a antena desgastada.

“Você parece desconfortável, Tae. Aconteceu alguma coisa?”. – A voz rouca pelo desuso soou baixa, e logo o patrão bebericava do álcool gélido – e azedo – para esquentar a garganta seca. Taehyung ponderou em falar sobre o que lhe afligia, pois não sabia o que esperar do patrão – Junhoe era maravilhado pelas lendas do mar, mas não as levava ao pé da letra.

Levou alguns segundos até que conseguisse recolocar os fios da TV, onde já se era transmitida as imagens com qualidade. O mais velho entre os dois pareceu satisfeito com o trabalho do jovem, e fez um sinal positivo com os dedos, agradecendo silenciosamente pela atenção do loiro.

“É que tive um sonho estranho”. – Após sentar-se novamente, encarou os próprios dedos – analisando as marcas dos cabos que havia pego anteriormente. Tinha de admitir que sua falta de paciência era algo chato até para si mesmo. Ouviu a tosse seca do outro, balançando a cabeça em negação – provavelmente seu patrão havia fumado mais cedo.

“Que tipo de sonho?”. – Curioso como era, tratou de desviar a atenção do aparelho televisivo para encarar o jovem a seu lado. Taehyung batucou os dedos nos joelhos e encarou seu chefe – não era de tão mal assim se abrir em relação a determinado assunto, visto que não queria o fazer com seu pai, e também com Hoseok.

“Eu não estava conseguindo dormir esses dias, e só consegui pegar no sono quando ouvi alguém cantar”. – Meio tímido, encarou o homem pensativo a seu lado. Jeon bebia a cerveja de forma calma – como se fosse um café – e encarava o Kim com o cenho franzido. Em seus anos de vida já havia ouvido várias histórias – principalmente dos mais jovens – então estava ali para escutá-lo. – “O mais estranho é que a voz me desejou uma boa noite de sono, e me chamou de filho de Afrodite”.

Os olhos espertos – porém cansados – do homem lhe encararam mais uma vez, agora arregalados. Viver em uma cidade cheia de pescadores lhe acarretara em uma extensa lista de sonhos e visões – todos naquela cidade já haviam visto ou ouvido algo diferente, e o velho bem sabia que isso podia ser a mente fértil por ouvi tantas lendas. Mas conhecia Taehyung desde pequeno, e o rapaz nunca foi de acreditar nas estórias contadas ali – era sério demais, mesmo para a idade que tinha. Depositou a latinha – já pela metade – ao lado da cadeira que repousava, cruzando as pernas, já envolto na narrativa do loiro.

“Você tem certeza disso?”. – Tentou reconfirmar, sabendo que a resposta seria ‘sim’. Taehyung nunca inventava algo; só acreditava naquilo que conseguia ver, ou que tivesse provas concretas que já existiu. O mais novo pareceu acanhado com a pergunta, e tratou de se levantar, caminhando apressado pelos corredores vazios da loja

“Talvez eu esteja ficando louco”. – Gritou já afastado do homem, rindo um tanto nervoso pelo momento de pressão. Não se sentia confortável para conversar sobre tal, talvez nunca conseguisse explicar – em sua mente, tentava agarra-se a hipótese de que estava delirando, ou em meio a um sono conturbado.

Sempre se considerou lógico demais, não seria agora que acreditaria em contos e lendas. “Só acredito vendo” era um lema que se adequava bastante a personalidade cética e exigente do loiro. Com pensamentos distantes e uma dor de cabeça latejante, o Kim mal percebera que o expediente chegara ao fim, tendo só que arrumar algumas coisas e ajudar o velho Jeon a fechar a loja.

A chuva ainda caía com força, e sem guarda-chuva algum, teve de correr até em casa – tremendo de frio e medo, visto que alguns relâmpagos já cortavam os céus, anunciando os raios que estavam por vir. As ruas estavam praticamente vazias – alguns corajosos ainda podiam ser vistos transitando pelo acostamento, encolhidos embaixo de guarda-chuva e corpo tremendo pelo vento frio. O barulho do mar revoltado podia ser ouvido de longe, e a maré estava tão alta que seria possível derrubar algumas casas caso engrossasse um pouco mais.

O loiro abraçou o próprio corpo, tentando conter os nervos que tremiam em meio as gotas gélidas que ensopavam suas roupas. Pela velocidade que corria, acabou chegando rápido – mas completamente molhado. O jeans grudava em seu corpo e o moletom iria direto para a máquina de lavar. Abriu a porta com um pouco de dificuldade, e logo estava dentro de casa – molhando parcialmente a sala, sabendo que levaria uma bronca depois.

Após fechar bem a porta, retirou os sapatos e o moletom, praticamente correndo até o quarto. Seu pai já estava dormindo – sabia o quão cansado Junsu era, então não cobrava a presença do progenitor. Adentrou o banheiro com pressa e jogou todas as peças de roupa no chão, ligando o chuveiro e embarcando num banho quente e demorado – rezava para não pegar um resfriado, pois ouviria sermões consecutivos do velho Kim.

Enquanto sentia a água quente chocar-se contra a pele fria, o loiro pensava na voz bonita que vinha assolando sua mente nos últimos dias. Tinha total ciência em estar parecendo obcecado pelo assunto, mas não gostava de ter dúvidas em relação a nada, por isso a busca interminável por respostas. Após devidamente banhado, caminhou em direção a dispensa com a roupa molhada e as jogou dentro da máquina, pegando um pano para secar a lambança que deixara na sala.

Os sons das ondas violentas adentravam seus ouvidos, e a água forte acertava o telhado de casa. O que mais odiava nas tempestades era a ventania – sempre pensava ter algo se movendo ou alguém tentando invadir sua casa, ficava um pouco paranoico durante noites assim. Após secar os cômodos, caminhou em direção ao próprio quarto, onde vestiria uma roupa decente antes de embarcar no mundo das pesquisas.

Procurou algo confortável em seu guarda-roupa, jogando a toalha molhada sobre os cabelos e tratando de se proteger do frio. Separou os fones de ouvido enquanto ligava o computador, já pronto para digitar as perguntas mais absurdas e recorrer a ajuda de internautas – tão ou mais insanos que si. Após devidamente coberto por um conjunto moletom, sentou-se em frente ao computador, desejando internamente achar alguma resposta – ou se auto diagnosticaria como louco.

Começou com perguntas genuínas – como ouvir sons enquanto dorme; vozes na própria cabeça em momentos de inconsciência e até mesmo se era possível reproduzir uma voz em momentos de pânico para se acalmar. Maioria das perguntas não tinha respostas, ou o site de buscas lhe arrastava para links que não lhe ajudavam – eram ignorantes na internet. Bufou irritado ao ser encaminhado para mais um site aleatório, mais uma vez não obtendo resposta alguma.

Bagunçou os cabelos úmidos e jogou a toalha molhada no chão – não se preocupando com o tecido encharcado. Os fones de ouvido reproduziam faixas aleatórias – sinfonias e sons da natureza, especificamente, para que pudesse se acalmar em meio aos barulhos que a tempestade reproduzia. Ao fechar mais uma aba de pesquisa, um raio cortou o céu – um clarão preencheu todo o quarto, e o barulho fez com que saltasse da cadeira.

As lágrimas já escorriam livremente por seu rosto, molhando as bochechas avermelhadas – Taehyung sentia tudo a seu redor girar, ficando tonto pelas inúmeras voltas que dava em sua própria cabeça. Seus pulmões não conseguiam inalar todo o oxigênio e o pânico lhe abateu ao não conseguir respirar. A visão turva denunciava o ataque de pânico, e tudo o que o Kim queria fazer era gritar por ajuda, mas sua garganta parecia travada naquele momento. As mãos tremulas alcançaram a mesa de suporte ao computador, e teve que se escorar na madeira frágil para não cair – suas pernas não conseguiam sustentar o peso de seu corpo.

Com lágrimas nos olhos e o coração quase saindo pela boca, Taehyung vasculhava algo em sua mente que pudesse o acalmar – o rosto de sua mãe, os bons momentos com o pai ou até mesmo as pirraças que cometia com Hoseok. Quando estava prestes a desmaiar, ouviu o canto de noites atrás. A voz baixa e doce invadira seus tímpanos com leveza – uma sinfonia tão mansa e bonita como a anterior; dessa vez um pouco mais convidativa.

Taehyung encarou a máquina de computação a sua frente, notando que os fones de ouvido haviam sido abandonados pelo susto anterior, e a voz que ouvia não era reproduzida pelo mesmo. Fechou os olhos, já sentindo o ar voltar a preencher seus pulmões, e o coração bater ritmado – sem o pânico que lhe assolava a segundos atrás. A canção soava distante e ao mesmo tempo parecia ouvir o canto do seu lado – o dono da voz invadira sua mente. Afetado pelas circunstâncias, mal se dera conta quando começou a caminhar em direção a porta, pegando as chaves de casa.

Suas pernas não respondiam aos comandos de sua própria mente e o tom harmonioso continuava a lhe acalmar – sentia certa dormência. Abriu a porta de casa, sentindo um frio imediato pela ventania, e os pingos de chuva lhe encharcaram em segundos. Fechou a peça de madeira, caminhando sem rumo em direção ao mar – de onde o som parecia mais alto a cada nova passada. Sua visão estava borrada pelas gotas de água, e tentar secá-las com a manga do moletom era inútil, mas não desistira de caminhar até o que parecia seu destino. Seus dentes batiam uns contra os outros perante o frio, e talvez morresse de hipotermia, mas assim que pisou sobre a areia molhada da praia, confirmou que era ali de onde a voz bonita vinha.

Seus dedos abarrotaram de terra e não demorou muito para que a água fria do mar lhe alcançasse. O vento forte balançava as árvores de um lado para o outro, e seu corpo pendia para os lados – estava desestabilizado, e sem controle algum de sua própria anatomia. Suas passadas tornaram-se mais rápidas e nem ao menos sabia o que estava procurando – agora a água do mar já lhe cobria a cintura. Estava absorto e alheio as próprias ações, a maré alta e as ondas fortes já o arrastavam para mais fundo – podia sentia a água morna entre os dedos e estava maravilhado.

Apenas despertou do encanto momentâneo quando outro raio ecoou pelos céus, caindo sobre uma árvore na orla. Virou-se desesperado em direção ao barulho, notando o quão afastado da terra estava – a água revolta já o revestia até o pescoço, e novamente o pânico lhe dominou. O barulho da chuva misturado a ventania estava o deixando nervoso, e pelo medo tentava correr em direção a areia novamente. Suas pernas tremiam; a cada novo passo parecia que estava mais fundo. Taehyung prendeu a respiração e tentou mergulhar, nadando contra a forte correnteza – mas fora em vão. Ao se dar conta, os pés já não alcançavam mais a areia do chão, e a água lhe arrastava com mais força para o fundo.

Tentava lembrar de todas as técnicas de nadador que havia aprendido quando mais novo, mas o pânico crescente só lhe corroía e atrasava seus atos. Tentava buscar a superfície de volta, chorando em meio as braçadas – já havia engolido água demais, e a força da maré sempre lhe arrastando para baixo o deixava ainda mais nervoso. Estava tremendo e em meio a uma crise de pânico. Sempre que tentava gritar acabava engolindo mais água, e as esperanças iam embora junto com as forças de seus membros.

Começou a tossir quando entrou água pelo nariz, e a ânsia de vômito já o deixava tonto. Sua cabeça girava novamente, e o seu corpo estava mole. Em uma última tentativa desesperadora, tentou mergulhar por baixo das ondas, indo junto com a água – as chances de sucesso eram quase nulas, mas só lhe restava isso. Não percebeu o quão fundo estava, a água escura impossibilitava-o de ver muita coisa, então apenas sentiu o impacto quando sua cabeça acertara uma rocha grande. A força com que se chocou logo lhe causara tontura, e a resistência em seu corpo já não existia mais.

Deixou-se apagar, já desgastado de tanto lutar contra a força do mar, e logo seu corpo afundava lentamente. Fechou os olhos e respirou fundo, tentando achar algum tipo de oxigênio ali – o que só fez com que engolisse ainda mais água. O Kim sentia seu corpo tombar para os lados, sendo arrastado com brutalidade, e sua consciência lhe abandonar aos poucos. Ouviu a voz bonita soar dentro de sua cabeça, o fazendo relaxar por poucos segundos antes de desmaiar.

Não muito longe dali o dono da voz nadava apressado em direção ao corpo inerte de Taehyung. A cauda ágil cortava as águas revoltas e tentava fazer com que se acalmassem – cantando ainda mais alto, mesmo que estivesse preocupado. Olhou mais uma vez, vendo a cabeleira loira não muito distante, e usou de toda sua velocidade para chegar até o rapaz.

Os braços fortes passaram em torno da cintura do mais novo, o arrastando até a superfície. O jovem estava desacordado e escorria sangue da lateral de sua cabeça – evidenciando o que o outro previu, uma pancada forte nas rochas. Abraçou o corpo magro como pôde, usando a cauda esverdeada para cortar as águas e os membros superiores agarrando o maior com força.

Chegou com agilidade até a terra, depositando o corpo pesado do loiro sobre a mesma. Arrastou-se para perto do mais novo, massageando o peito do rapaz – em busca de tirar toda a água dos pulmões inchados. Taehyung cuspia a água salgada aos poucos, mas continuava desacordado e sangrando. O homem peixe recorreu a respiração boca a boca – desesperado para que o outro acordasse de uma vez por todas. A boca vermelha encostou-se a do loiro e sugou o ar com força, sentindo o rapaz desesperado por ar. Quando o corpo alheio correspondeu aos estímulos o ruivo sorriu aliviado, ainda massageando o peitoral alheio para que os pulmões esvaziassem logo.

Em espasmos violentos, o resgatado virou-se de lado, colocando para fora tudo que havia engolido anteriormente. Seu corpo estava fraco e sentia a cabeça latejar em um ponto específico, mas contrariando aos comandos de seu corpo, acabou sentando-se na areia molhada, colocando a mão sobre o peito e respirando de forma desregular. Estava desnorteado e sem senso de direção, mal sabia o lugar em que se encontrava. Abriu os olhos assustado ao sentir uma mão contra seu ombro, o sacudindo de leve.

Encarou o rosto do seu possível salvador – era um rapaz de cabelos ruivos como fogo, as bochechas cheinhas e adoravelmente coradas, e os olhos redondos curiosos e analíticos. Estava prestes a agradecê-lo quando encarou o outro por completo, arregalando os olhos pelo susto. O tronco do ruivo era malhado e seus braços muito fortes, a diferença dos demais garotos da cidade era a cauda comprida que ele possuía no lugar das pernas. Tinha barbatanas nos antebraços também, e ao redor dos olhos escamas na cor azul – ou talvez fosse verde, não saberia identificar.

Taehyung o encarava assustado e abismado ao mesmo tempo, tendo total atenção do homem a seu lado. Estava começando a entrar em pânico mais uma vez e sua cabeça doía como o inferno. Pousou as mãos sobre os fios loiros, massageando a testa que ainda sangrava.

“Eu morri ou estou tendo alucinações?”. – Perguntou mais para si mesmo do que para o acompanhante – este que soltara uma risadinha, desfazendo a expressão preocupada. Encarou o dono da cauda mais uma vez, desacreditado no que via – comprovando mentalmente que estava louco.

“Nenhuma das opções, Taehy!”. – A voz do ruivo chamara sua atenção – era tão mansa e melodiosa como a que escutara anteriormente. Seus olhos arregalados fitaram o rosto redondinho – só percebendo as orelhas pontiagudas depois de certo tempo de análise. – “Acho que não tivemos um bom começo. Meu nome é Park Jimin, e eu sou um tritão”. 


Notas Finais


Conheçam meu menino peixe, Park Jimin o nome. Espero que tenham gostado, pq foi difícil de fazer, tipo >MUITO< difícil.
Vou responder os comentários do capítulo anterior, prometo!
Um beijo pra vocês, e até o próximo!


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