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História Filhos da Anarquia. - Capítulo 2


Escrita por: ElleLedger

Notas do Autor


Notas da autora: Quem me conhece sabe que odeio atrasar história e que sempre que o faço, tenho um bom motivo. Voltando a história, eu demorei para escrever esse capítulo porque eu queria melhorá-lo, mas não fazia ideia de como.
No fim o que eu escrevi no papel era uma coisa totalmente abstrata e diferente do que saiu no capítulo. A música do capítulo é Wings da Bird.

Capítulo 2 - Capítulo 2


Fanfic / Fanfiction Filhos da Anarquia. - Capítulo 2

    Eu finalmente ia pular daquela janela, não ia? Não, aquilo era pouco e chamava muita atenção. Eu sabia a onde a lâmina estava, a gaveta parecia me atrair para lá e eu obedeci sem oferecer resistência nenhuma.
    Um corte.
    Dois cortes.
    Três, quatro, cinco...

    O sangue escorreu dos meus braços para a ponta dos dedos e pingou no chão.
    Eu estava magoada? Estava. Triste? Também. Devastada? Com certeza.
    Acabei por sorrir sem humor, aquele seria um suicídio em conjunto, não seria?
    Brandon um garoto cujo a vida apenas o machucou, tinha finalmente tido seu descanso merecido, ele havia se enforcado no teto de seu quarto e quem era eu pra julgar aquilo errado?
    "Vadia patética " foi disso que minha madrasta havia me chamado de manhã e foi o que se seguiu na escola, mas não evitei de fugir daquele inferno ao saber que meu único amigo tinha ido sem me dizer tchau. Sorri de novo sem humor ao lembrar a voz dele dizendo que odiava despedidas e em seguida deixei que o mundo fosse se apagando e deixasse minha mente leve.

                       💀

    Sangue demais. Droga Troye, eu espero que você não tenha visto tarde demais.
    Mal entrei e todos me olhavam, pedi ajuda e a colocaram na maca, a levando rapidamente pelos corredores. Minha roupa manchada de sangue denunciava o estado grave em que ela realmente estava.

— Alô?
— Henrique, como foi?
— Troye... Você sabe que não controlamos bem essa merda que aconteceu com a gente e sabe minha opinião, de que não devíamos os usar para salvar pessoas.
— Caralho Henrique, ela morreu?
— Ainda não sei.
— Como assim? - Meu irmão pareceu fraco ao telefone.
— Olha, parecia tarde, mas ela ainda tinha pulsação. Estou no hospital com ela e coberto de sangue da garota.
— Tudo bem, fique aí e depois a traga para cá - eu já ia desligar. — Por favor Henrique, tenha paciência com ela.

    Revirei os olhos, ele não estava me pedindo aquilo e bufei ao desligar o telefone. Sem chances.
    Horas depois, ela foi liberada e me disseram que eu devia interná-la em uma clínica, agradeci e entrei no quarto.

— Quem é você?
— Se vista, não temos muito tempo.
— Meu padrasto vai vir me buscar.
— Olha, eu não tenho tempo, mas estou aqui pra te salvar, então por favor obedece e vai vestir a porra da roupa.

                        *

    Eu não ia mesmo obedecer, eu nem conhecia aquele garoto, por que raios ele achava que podia algo?

— Seu padrasto combinou com os amigos de te abusar e depois deixar eles abusarem de você. Cheguei no apartamento e achei que fosse tarde com aquele sangue todo, mas então percebi que não e te trouxe para cá - a porta fez sinal de que ia ser aberta e ele me pediu silêncio.

     Ele havia trancado, me levantei correndo e me vesti, ouvindo a voz do meu padrasto por trás da porta.

— Inacreditável, tem um carro da polícia aí, se ele fizer escândalo, eles podem subir e piorar tudo.
— Eu posso ir com ele.
— Ele vai te matar, olha bem pra mim... Eu não tenho porque mentir pra você! - O garoto me estendeu a mão e olhou nos meus olhos.

    Os olhos dele eram profundos e de algum jeito, mesmo não fazendo ideia de quem ele era, a sensação era de que o conhecia há muito tempo. Suspirei.

— Tudo bem - segurei a mão dele.
— Fique aqui e pelo amor de Deus, não saia.

    Ele me levou ao banheiro e me mandou fechar a porta, então ele abriu a porta do quarto de vagar e meu padrasto entrou com tudo.

                      💀

— Cadê aquela garota?
— Não importa - ele me olhou.
— E você é o que? Namorado dela? - balancei a cabeça negativamente. - Está comendo ela, não está?
— Se eu estivesse ou não o problema seria meu e dela - o sorriso no rosto daquele homem era repugnante.
— Se me deixar levá-la, também vai poder fode-la - fechei minhas mãos em punhos.
— Você é doente.

    Segundos depois o corpo dele estava batendo contra a porta, meus punhos acertando seu rosto sem muito tempo de um para o outro, eu simplesmente queria apagar qualquer vestígio daquele sorriso.

                        *

     Eu assisti a tudo chocada, aquele garoto estava batendo sem parar, teria batido no já inconsciente como um animal, se eu não o tivesse puxado com muito esforço e por um momento a raiva no rosto dele, quase me fez encolher, mas apenas respirei fundo e peguei sua mão.
    Saímos pela porta e corremos pelo corredor, não tínhamos muito tempo antes que ele acordasse, o outro corredor estava molhado e eu devo ter caído umas três vezes, antes que o garoto me desse a mão e me puxasse. Segui em direção ao elevador, mas ele me puxou e descemos as escadas o mais depressa possível, por fim chegamos a saída, mas andamos com calma e então saímos correndo pela saída lateral.
     Paramos de correr apenas um quarteirão depois, exaustos, eu mais que ele e me perguntei se por acaso ele era acostumado a fugir.

— Quer alguma coisa?
— Não - respirei fundo novamente.
— Vou comprar água e já volto.
— Sua mão - apontei notando as gotas de sangue que caíam.
— Droga. Vamos.

    Por fim eu acabei comprando a água, com ele me observando de longe, tinha machucado a mão ao bater, seus dedos estavam roxos e havia alguns espaços em que a pele rasgada da mão estava sangrando. Eu nem sabia que aquilo era possível.
    Ele me ofereceu um pouco, eu peguei a garrafa aberta e suas mãos com rapidez, jogando a água nelas.

— Ai droga, o que você está fazendo? - o tom dele era de uma irritação contida.
— Limpando isso, está horrível.

    Ele começou a rir e eu o olhei seria por uns segundos.

— Eu estou acostumado - arregalei os olhos. — Não dá forma que está pensando, mas já tive que brigar muito na vida. Relaxa.

    Dei de ombros, aquilo parecia doer, mas pelo menos estava mais limpo. Então ouvimos a viatura.

— Consegue correr?
— Acho que sim.

    Voltamos a correr, primeiro pela rua e depois através de um estacionamento, estava ficando sem fôlego, mas ele avisou que não estávamos muito longe.
    Logo o garoto abriu o carro e entrou, parei por um segundo na porta, eu ia mesmo entrar em um carro com ele? Eu já havia corrido até aqui e ia sim, abri a porta do carona com rapidez e ele saiu cantando pneu.
     Acho que dormi durante o trajeto, porque me sentei rapidamente no banco e ele me olhou, antes de por os olhos na estrada de novo.

— Você dormiu, pelo menos não roncou.
— Eu não ronco - revirei os olhos e ele riu.
— Vamos ter que parar em algum lugar para você comer alguma coisa.
— Não estou com fome.
— Você está a seis horas sem comer, com fome ou não, você vai comer.

     Suspirei, não era uma boa discutir agora e eu também tinha meus próprios motivos para querer parar.
     No fim, estava escurecendo quando chegamos a uma lanchonete beira de estrada e ele pediu uma porção de batatas, comecei a comer em silêncio, ele havia sentado em minha frente com uma xícara de café e um cigarro nos lábios que logo fez questão de acender.

— Apaga isso.
— Por que? - Ele me olhou sério.
— Porque isso faz mal.
— Se mutilar também.
— Cada um se mata como pode - respondi com um sorriso falso.

    Ele me mostrou o cigarro, olhou nos meus olhos e levou o mesmo aos lábios, tragando uma quantidade incrível, depois soltou a fumaça aos poucos e eu revirei os olhos.

— Qual seu nome?
— Henrique e o seu é Eilyn.
— Como sabe o meu nome?
— Meu irmão me disse, ele viu você.
— Como tem certeza disso? - Ele me olhou como se eu fosse idiota.
— Porque é isso que fazemos, já salvamos outros dez adolescentes assim.
— Outros como eu?
— Não exatamente, cada um tem uma história e a maioria vai embora depois.
— Por que seu irmão sabia de mim?
— É o dom dele, cada um tem um.
— Cada um?
— Sim, eu e meus irmãos.
— Quais são os dons?
— Você faz perguntas demais - Ele revirou os olhos.

     Deixei pra lá e me levantei, precisava dar um jeito naquilo e logo.

— Pronto - avisei Henrique ao terminar o curativo improvisado em suas mãos.

    Ele não respondeu nada, apenas pagou e se dirigiu pro carro, o segui em silêncio. É tarde e não tem carros, mas ele dirige como se quisesse receber uma multa, quando finalmente me dou conta que o carro está parando, olho em volta tentando me localizar. Mas não há nada, nem de um lado e nem do outro, não naquela escuridão total pelo menos. Ao forçar meus olhos, consigo ver uma mansão grande e antiga em nossa frente, a fachada é bem gasta e parece toda feita de madeira. Há janelas enormes e me lembram filmes de terror, Henrique sai do carro e o sigo depois de alguns segundos.

— Todos estão dormindo, vou levá-la para seu quarto.

    Entramos pela porta enorme e pesada, o espaço ali dentro não tem nenhuma luz além da lua que entra pelas janelas, subimos as escadas largas de madeira.

— Corredor a esquerda, meninas. Seu quarto é o último, do lado esquerdo - ele avisou e sumiu pelo corredor direito.

    Meu quarto é no fim do corredor, que estranhamente termina com uma enorme janela, a porta é branca e simples, a luz do quarto funciona e suspiro aliviada, olho em volta. Paredes brancas, piso branco, teto branco, parece um quarto de hospital.  A uma cama com lençol, acolchoado e travesseiros pretos de solteiro. Me jogo nela, buscando apenas o sono.


Notas Finais


Espero que gostem e perdoem a demora.


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