1. Spirit Fanfics >
  2. Filhos da Guerra >
  3. Epílogo - Ano Zero

História Filhos da Guerra - Epílogo - Ano Zero


Escrita por: Hawk03

Notas do Autor


Esse é o fim de Filhos da Guerra. Obrigada a quem acompanhou essa fic. Vocês são incríveis! Foi a primeira fic de anime que eu fiz e espero que o resultado tenha agradado a todos.

O epílogo será semelhante ao prólogo: apresentar a história dos personagens, sendo que dessa vez será o desfecho de cada um deles após o término definitivo da Segunda Guerra Mundial, que se deu com a rendição do Japão no dia 02 de setembro de 1945. Mas dessa vez, terá Gilbert, Roderich e Luciano, já que eles também se tornaram filhos da guerra como os 8 protagonistas da história.

Esse epílogo vai servir também para fechar finais que ficaram em aberto, como os de Alfred, Arthur, Kiku, Yao, Mei e Roderich.

Hora da despedida...

Capítulo 16 - Epílogo - Ano Zero


Fanfic / Fanfiction Filhos da Guerra - Epílogo - Ano Zero

"Homens mais velhos declaram guerra. Mas é preciso lutar e jovens são os que morrem. E é a juventude, que deve herdar a miséria, o sofrimento e os triunfos que são o rescaldo da guerra."

(Herbert Clark Hoover)

 

 

 

 

 

 

 

10 de outubro de 1945 - 1 mês e 8 dias depois do fim da Segunda Guerra Mundial

 

Ludwig e Feliciano

Ainda estavam em Bolzano. Ludwig vivia sob a identidade falsa de Ludovico Gamberoni, um simples professor de matemática. Depois de 6 anos de guerra, pôde voltar a exercer seu ofício, em uma escola para refugiados alemães. Desde que desertou da Wehrmacht, teve que se virar como agricultor, algo no qual Feliciano lhe ajudava. O italiano continuou nessa vida mesmo depois do conflito. Não sentia mais vontade de pintar quadros e ainda tinha que cuidar das suas adoradas crianças, que ele e o alemão conseguiram tirar do orfanato de Florença com um pouco de dificuldades. Além disso, tinha Lovino. Só no pós-guerra que o castanho e o loiro foram buscar o rapaz em Roma, junto de Antonio. Aos poucos o espanhol, junto de Ludwig e Feliciano, foi tirando o outro italiano do estado de depressão no qual se encontrava após ter ficado cego. 

Tiveram que reformar a casa devido ao número de pessoas que nela passou a morar depois que aquele horror da guerra se dissipou. Gilbert havia ido embora buscar Roderich e desde então, estava vivendo em Salzburg com ele. Não foi muito difícil se acostumarem com a ausência do albino, que ia visitá-los sempre que podia. Ludwig por um lado achava aquilo melhor, porque poderia estar com Feliciano sem o irmão fazer piadinhas e pegar no seu pé.

Aquela era a vida simples e feliz que nenhum deles imaginou quando se encontraram pela primeira vez.

x-x-x-x-x

 

 

Alfred e Arthur

- Se sente melhor agora, git? - Arthur estava cansado. Mesmo com suas limitações, nunca imaginou que iria fazer sexo novamente, apesar do medo. Depois de se tornar um "inválido", sentia pânico.

- Artie... só de estar contigo... me sinto melhor. E graças a Deus que tudo isso acabou. - Alfred havia chegado há uma semana da zona de ocupação americana na Alemanha e se sentia feliz por finalmente estar com aquele sobrancelhudo. Perdeu as contas de quantas vezes havia sonhado em reencontrar o jovem. A guerra quase destruiu o seu estado de espírito, que somente o loiro conseguia manter.

Quando a guerra acabou, Alfred teve que ficar por mais tempo na Alemanha até que a bagunça fosse arrumada. Ainda houve tentativas de conflito com alguns soldados da Wehrmacht que não aceitaram o fim do confronto. O americano só conseguia sentir pena daqueles pobres homens, que foram usados como marionetes de um teatro fracassado o tempo todo e não haviam percebido. Tudo o que ele mais queria era poder voltar para os braços de Arthur, que precisaria dele mais do que nunca. Foi logo para Londres ao ser finalmente dispensado. E ao ver o menor, preso em uma cadeira de rodas, chorou. Ele estava vivo, mas nunca mais poderia andar novamente.

Para Arthur, foi difícil se acostumar com sua nova condição. Seus irmãos Peter e Scott haviam voltado para Londres assim que souberam do retorno do mais velho. Eles ajudaram com a adaptação e o sobrancelhudo foi se acostumando com o fato de que era um homem que necessitava de cuidados especiais. Chorava todas as noites, suplicando para ver Alfred mais uma vez. Como tinha que voltar à sua vida de antes, com ou sem o funcionamento das pernas, ele e Scott decidiram reabrir a livraria de sua falecida mãe, onde agora o americano ajudava. Aquela paz durou por pouco tempo, uma vez que o loiro de óculos nunca se desvinculou das forças militares, especialmente do U.S Army, de onde ele estava fazendo parte desde a Campanha da Itália.

Alfred F. Jones quase morreu na Guerra da Coreia em 1951 e decidiu se afastar de vez do exército norte-americano. Viveu o resto de seus dias junto de Arthur. Não queria mais chegar perto de uma arma em sua vida.

x-x-x-x-x

 

 

Luciano

Depois de ter voltado para casa como herói, Luciano foi logo esquecido como tal depois da queda de Getúlio Vargas. Não passou nem duas semanas no Rio de Janeiro e voltou a trabalhar como carteiro em Natal, coisa que ele era antes da guerra. O moreno se aproveitava de seu ofício para mandar cartas para Amelia. A moça ainda trabalhava como enfermeira em um hospital, na cidade de Newark. Luciano ainda pensava em como ela estava e sempre pedia notícias de Alfred, na medida do possível.

Foi para os Estados Unidos quando recebeu uma carta de Amelia lhe convidando para morar com ela. Em Natal, o rapaz sentia dificuldades em se readaptar e também não aguentava mais o ostracismo que consumia não somente a ele, mas aos pracinhas da FEB que retornaram ao Brasil. O reconhecimento nunca havia chegado até eles e esse foi um dos motivos pelo qual Luciano escolheu tentar recomeçar ao lado da americana.

Até o dia em que Amelia Jones perdeu uma batalha para o câncer, 30 anos depois. Deixou-o com dois filhos e um único neto.

x-x-x-x-x

 

 

Ivan

Depositaram as flores no túmulo onde Ivan enterrou Katyusha em Leningrado, que agora estava mais arrumado e possuía uma inscrição de "AQUI JAZ UMA HEROÍNA" em sua lápide. O russo cumpriu a promessa de buscar Natalya e a tirou de Krasnoslobodsk. Junto com Elizabeta e Lili, os dois irmãos foram viver em Sebastopol. O loiro queria que a húngara e a menina, a quem agora criava como filha, conhecessem suas irmãs. Com Natalya foi um pouco difícil no início. A garota sentia ciúmes dele com a castanha e custou a aceitá-la, uma vez que Ivan anunciou que Elizabeta e Lili agora eram da família. Ela só se acostumou graças à insistência da judia em querer ser amiga dela. O mais alto então notou que ambas possuíam gênio forte e temperamento explosivo. Passado o sufoco inicial, o ex-partizan então levou a todas para Leningrado. Era a hora das duas estrangeiras conhecerem Yekaterina e Natalya reencontrar a irmã.

- Irmã... como está no lugar onde você mora? Lá é frio? Tem sopa quente? Yekaterina... por que não avisou quando iria partir? Eu sinto sua falta, droga! Você e o nosso irmão me deixaram sozinha... nunca mais faça isso de novo! - Natalya chorava enquanto colocava um lindo ramalhete aos pés do túmulo de Katyusha. Sempre gostava de chamar a mais velha de Yekaterina, o seu verdadeiro nome. Pegou um pequeno objeto da bolsa que carregava consigo e dela tirou um delicado pente. Deixou-o junto daquelas flores. - Era com isso que você costumava pentear seus cabelos. Você é mesmo esquecida, сестра.

Elizabeta via o quanto aquela cena era tocante. Desejava poder fazer o mesmo por todos os seus amigos mortos em Auschwitz. Saiu de seus devaneios quando sentiu a mão de Ivan tocando em seu ombro, indicando que era a sua vez de "conversar" com Katyusha.

E ela o fez, junto de seu salvador. Depois disso, voltaram para Sebastopol. Aquela foi a última vez que pisaram em Leningrado.

x-x-x-x-x

 

 

Francis

Estava no parque junto de Pierre Jean. O menino dormia tranquilamente em seus braços, protegido. Francis ainda ensaiava as mais diversas maneiras de contar sobre o suicídio de Jeanne, quando ele tivesse idade o suficiente para saber o que aconteceu de verdade com sua mãe. Jeanne D'Arc Meslin se matou 1 mês após o nascimento de Pierre, deixando o bebê sob os cuidados do poeta. Sua vida mudou novamente quando se viu pai de uma criança que nunca chegaria a conhecer seus progenitores. A primeira coisa que fez foi parar de fumar. As noites sem dormir e os cuidados em excesso ao bebê fizeram Francis ver que ele tinha jeito para isso. Algo que Phillipe e Gabrielle achavam estranho. 

Quando o pequeno Pierre acordou, o loiro se levantou da grama e foi para a casa de Gabrielle. Precisava ir ver o andamento de seu livro e com o menino ali, seria meio complicado. Sua publicação iria contar todas as suas histórias e pontos de vista sobre uma Paris tomada. Queria que aquele bebê em seus braços soubesse de tudo o que sua mãe passou para ver aquele país livre novamente. Suspirou. Deixou Pierre sob os cuidados de Gabrielle Chantal antes de ir. Pretendia passar no Père-Lachaise para visitar Jeanne e contar a ela como seu pequenino estava. 

Essa era mais uma novidade em sua nova rotina. Porque era a primeira vez que ia visitar o túmulo da mulher.

x-x-x-x-x

 

 

Roderich e Gilbert

O moreno havia sido um dos poucos prisioneiros de Dachau que escaparam ilesos da epidemia de tifo. Ele e mais 4 tinham se refugiado na casa onde Wolfgang ficava. Aquele mesmo Wolfgang Dietrich que foi morto pelos americanos durante a libertação do campo. Agora, Roderich era um dos responsáveis por ajudar a transformar Dachau em um campo de refugiados, como ele próprio era. Havia perdido as esperanças de poder reencontrar Gilbert ou até mesmo Elizabeta, já que ouvira as notícias sobre a liquidação de judeus húngaros naquele lugar para onde a mulher foi mandada. Tudo o que mais queria era poder ir embora da Alemanha e tentar recomeçar sua vida na Áustria. Os traumas pelos quais passou em Dachau permaneceriam por um longo tempo em suas lembranças e achava que ir embora dali só amenizaria um pouco todas as coisas horríveis que viveu.

Estava andando pelo campo com mais dois sobreviventes e refugiados quando uma oficial americana que era responsável por ajudar na organização administrativa de Dachau o chamou. Ela havia lhe dito que um tal de "Gilberto Gamberoni" tinha vindo lhe buscar. O nome não lhe era tão estranho e por isso perguntou para a moça como o tal homem era. Ela só descreveu os cabelos brancos e olhos vermelhos do mesmo, o que fez o austríaco se tocar de que o tal estranho só poderia ser Gilbert. Foi até à entrada do campo, onde o albino o esperava. O alemão não conseguiu se conter e abraçou o judeu. Porém, tinha pressa e ainda teriam que pegar um trem para Bolzano no mesmo dia. Saíram daquele lugar ruim e foram direto para a estação. Durante a viagem, muito pôde ser esclarecido entre ambos. Deixaram para matar as saudades somente quando chegaram em solo italiano.

Eles agora viviam entre Bolzano e Salzburg, cidade natal de Roderich. Lá, Gilbert podia exercer livremente sua profissão como médico enquanto seu amante voltava a dar aulas de piano. O albino esperava poder curar o moreno de seus traumas e afastar seus fantasmas, do mesmo jeito que Feliciano fizera com Ludwig na Itália. Sabia que seria uma tarefa árdua, mas não iria mais deixar Roderich Edelstein sofrer novamente.

x-x-x-x-x

 

 

Kiku, Mei e Yao

O esperavam no porto. A guerra já havia acabado, mas Kiku ainda sentia um pouco de tristeza. Sua cidade natal, Hiroshima, tinha sido atingida por aquela bomba. Agora, só tinha Mei e Shigeru como família. Junto dela e do menino, esperavam o tal irmão chinês. Mei estava um pouco apreensiva. Um pouco antes do final da guerra, escreveu para Yao, contando toda a verdade. Sobre Kiku, a fuga do pai de ambos para a América, sua gravidez e a ida para Taipei. Ao contrário do que estava imaginando, que ele reagiria de maneira violenta, se surpreendeu quando ele mandou a resposta, somente com um simples "eu também tenho algo a dizer, mas o trarei até Taiwan". 

Chega no porto de Taipei o navio que trazia vários membros do Kuomintang e mais algumas pessoas, possivelmente fugitivos da guerra civil chinesa que estourou logo após a expulsão dos japoneses e Mei enfim viu Yao. Com ele, estava um jovem alto, que não parecia ser chinês. No cais, o chinês viu a sua irmã junto de um homem cujo povo ele chegou a odiar cegamente por causa do que os japoneses causaram aos chineses. Agradeceu aos céus por Yongsoo ter entrado em sua vida. O coreano foi quem o fez ver que a guerra estava cobrando o preço por tudo o que ele fazia, que nada mais era que a quase extinção de sua humanidade. 

- Quem é ele? - a pergunta de Mei o despertou de seus devaneios. Se o rapaz fosse aquele mesmo sanguinário do Kuomintang, teria espancado a irmã. O novo Yao via o quanto sua irmã conseguia ser feliz em tempos sombrios, que já tinham acabado.

- Yongsoo. Ele se tornou uma pessoa sem a qual eu estaria perdido... ou até mesmo morto. Esse aqui, junto do menino... é o tal Kiku de quem você falou? - apontara para o japonês, que estava com o pequeno de 2 anos nos braços. 

- Sim. - um leve rubor tomou conta de sua face. - Bem... vamos até a minha casa. Lá posso te apresentar de maneira apropriada ao Kiku e ao Shigeru. E você vai me contar um pouco mais desse moço aí do seu lado. - seguiram até à casa onde a moça residia com o marido. Kiku e Mei haviam se casado pouco antes de Shigeru nascer.

O chinês se sentia melhor ao ver que a única família que lhe restou estava bem. Enquanto olhava para os céus de Taiwan, imaginava como o mundo estava agora. Sem derramamento de sangue, sem sofrimentos...

Mas ainda tinha consigo, marcas que o tempo demoraria a apagar.

Não somente em Yao, mas em Alfred, Arthur, Ivan, Francis, Ludwig, Feliciano, Kiku, Luciano, Roderich e Gilbert. Aqueles que tinham se tornado os filhos da guerra que ceifou mais de 50 milhões de vidas e mudou um planeta inteiro, mostrando o quanto a ganância e a loucura de algumas pessoas podia fazer. Seja por causa da raça, da religião ou até mesmo de suas ideologias. 

Cada um tentou levar a vida como podia, já que 1945 era para eles o Ano Zero. O ano que viria mostrar porque 1942 foi tão significativo em suas jovens vidas que o conflito acabou marcando para sempre. E aprender com as cicatrizes, lembranças, traumas e até mesmo os breves momentos de felicidade em meio ao horror.

Algo que eles carregariam para lembrar do que a humanidade foi capaz, pelos motivos mais errados.

Só bastaria que eles agora olhassem para o céu. E pedissem para que a paz estivesse presente.

 

 

 

 


"Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada"

(Rosa de Hiroshima - Vinícius de Morais)         

 

 

FIM
 

 

 

 

 

 

 




 


Notas Finais


Tinha que fazer logo esse epílogo. Como eu comecei a trabalhar e minha mãe se apoderou do notebook, demorei a terminar isso aqui. E graças a isso, acabei atrasando o cronograma das outras fics que eu tenho em andamento...

Mas...

Quero mais uma vez agradecer a vocês que acompanharam Filhos da Guerra até o fim. Na verdade, essa fic seria apenas sobre Stalingrado. Mudei de ideia ao me lembrar de Generations War, uma microssérie alemã. E foi nela que eu me inspirei pra escrever essa fic ^^ Muitas das histórias foram surgindo lentamente e então, Filhos da Guerra nasceu. E sim, encerro ela com a sensação de dever cumprido, já que essa foi minha primeira fic com um anime/mangá, uma vez que eu comecei escrevendo fics com o Super Junior, minha boyband coreana favorita.




Gostou? Odiou? Comente!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...