História Filhos dos Semideuses - Cap.4: Um monstro bem heróico

   Quando cheguei ao campo fiquei super nervosa, pois tinha receio que os outros gozassem comigo devido às minhas particularidades. Sim, caso não tenham reparado, eu sofro de Morphus Defectum, uma doença que faz com que a vítima possua partes de animais. Eu, por exemplo, possuo orelhas e cauda de lémure. Já sofri bastante devido a isso, pois os outros meninos e meninas nunca quiseram brincar comigo. Mas felizmente conheci um grupo de amigos fantástico que, apesar de serem mais velhos que eu, são bestiais.

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   Ao entrar no chalé de Hades (ou Plutão, que foi como me habituei a chamar) comecei logo a arrumar as coisas, para ir conhecer novas pessoas.
   Quando terminei, fui ao campo de basketball, onde estavam uns rapazes e raparigas bem bonitos (talvez filhos de Apolo ou Vénus) e outros a jogarem basketball (provavelmente filhos de Marte). Como me pareceram simpáticos, fui ter com eles.
   -Ei... Olá... Eu sou nova aqui, o meu nome é Zuri... - disse, antes de me interromperem.
   -Ei, monstrinho! Sabias que és horrorosa? - disse um dos filhos de Apolo.
   -Eu... Eu só queria que nos déssemos bem... - respondi, com lágrimas nos olhos.
   -E acho que estás a perder algum pêlo. - gozou um filho de Marte.
   Virei e sai a correr e a chorar até ao meu chalé, enquanto eles ficaram a rir atrás de mim.
   Quando cheguei ao chalé, atirei-me para a cama e desatei a chorar. Odeio o meu corpo, pensei eu, só queria ser normal e dar-me bem com os outros...
   Então ouvi alguém a bater à porta.
   -Quem é? -perguntei, enxugando as lágrimas.
   -Sou eu, o Tom.
   -Ah. Ainda bem que és tu. - disse eu, abrindo a porta.
   Eu sempre me senti atraída pelo Tom mas de certeza que ele não sente nada por mim. Quem é que quer namorar com um monstro como ela.
   -O que é que se passa, Zuri? - perguntou - Vi-te a correr até aqui a chorar.
   -É que... Não é nada.
   -Zuri... Podes desabafar comigo.
   -Eu fui ter com uns miúdos até ao campo de basketball e eles gozaram comigo.
   -O que é que eles disseram? - perguntou ele, já a irritar-se. Sim, o Tom é uma pessoa que se irrita facilmente.
   -Chamaram-me monstro... Mas não te preocupes Tom. A sério.
   Então ele olhou para mim e abraçou-me. Fiquei paralisada. O Tom. A abraçar-me. Era simplesmente o momento mais feliz da minha vida.
   -Zuri, não ligues ao que eles dizem, só tens de ser tu mesma e...
   Tom foi interrompido por um barulho gigantesco.

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   Eu e Tom olhámos um para o outro assustados. Fomos lá fora ver o que era e vimos uma criatura bem grande. O monstro tinha cabeça e corpo de leão, apesar de ter outras duas cabeças, uma de cabra e outra de dragão. Tinha uma cauda em forma de serpente e possuía asas, apesar de parecer não as usar.
   -Deuses! É uma quimera! - disse Tom, assustado.
   -Uma quê? - perguntei, assustada tanto com o monstro como com o nome.
   - Qui-me-ra. - soletrou ele - Mas não interessa, temos de matá-la.
   -Hmm... Sabes o seu ponto fraco? - perguntei.
   -Acho que não tem nenhum... Mas exprimenta o olho. - respondeu, confuso
   Ele acabou de responder e eu peguei de imediato no meu arco e uma flecha. Posicionei-me de maneira a atirar uma flecha e... Lancei. A flecha foi super rápida e acertou bem no olho do monstro. Este desfez-se em pó cinzento, que acabou por voar com o vento. Com isto, todos olharam para mim, de onde tinha vindo a flecha. Eu fiquei super envergonhada. Nunca tinha tido tanta gente a olhar para mim, sem ser a gozar ou a rir.