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História Fim da minha Amargura? - Uma mão para ela


Escrita por: Serin_Chevraski

Notas do Autor


Eeee mais um cap para vocês :3
Estou ficando sem inspiração ;-; alguém me salve >;-;> Mas estou tentando o meu melhor *^*
Boa leitura <3

Capítulo 5 - Uma mão para ela


"Elizabeth" era assim que a moça desconhecida se chamava...

As orbes verdes do capitão a encararam com um mistério no olhar. O olho azul de Elizabeth também o encarou um tanto enigmática. Mas logo Meliodas se levantou da cadeira, sorriu e falou para seus companheiros:

- Levantem, bando de bêbados, vamos embora.

- Huum? -eles gruniram. Realmente, aparentavam tão bêbados que pareciam estar sonhando acordados.

- Sem essa de "Huum" -ralhou o loiro- Vamos embora.

Eles concordaram lentos com a cabeça e se levantaram cambaleantes. O capitão jogou um saco de moedas na mesa e deu um último sorriso para Elizabeth, se virando para a porta. 

- Muito obrigado pela sua visita -sorriu o dono do bar, satisfeito pegando o saco de moedas muito feliz.

Elizabeth paralisou, estava certo isso? Essa chance, essa misteriosa coincidência de encontrar a raiz do seu ódio sair assim?

Ódio?

Ela era uma Deusa, sentimentos tão superficiais não deveriam existir, sentimentos tão corrompidos não deveriam nem mesmo ser imaginados por uma Deusa. Então o que era aquilo que se remexia desde que ela se lembrava dos rostos dos dois demônios que ela viu na noite em que matou a sua melhor amiga?

Humana, ela agora era meia humana... Sentimentos estavam se despertando. O sentimento mais frívolo e natural que existe em todo o ser humano estava preenchendo-a. O ódio e o medo.

O ódio daqueles que tiraram tudo dela e o medo da verdade do quanto ela era inferior à eles.

Sua mão trêmula se ergueu desejando que os dez mandamentos não fossem embora. Mas o resto do seu corpo não obedecia e apenas admirava os dez saindo do bar um por um.

Elizabeth foi chutada cruelmente pelo dono do bar, ela caiu ao chão e deu um pequeno grito assustado. E veio um repreendimento:

- O que está fazendo parada aí? Vá trabalhar, lixo! Atenda os outros clientes!

Com um tanto de esforço, se apoiou no chão para levantar-se. Sentiu as outras escravas encararam ela com medo, com pena.

Estava tudo bem deixar os dez mandamentos irem embora assim? Uma chama de desejo de vingança brilhava em seu peito, mesmo sabendo que sua mente dizia que do lado de até mesmo apenas um dos dez mandamentos ela não passasse de um inseto... Ela queria vingança.

Foi nesse momento em que um grande barulho ocorreu afora junto a um tremor. Muitas das escravas gritaram assustadas. Os clientes perderam o equilibrio mesmo sentados de tanto que a terra tremulava. O dono também caiu no chão. Não só isso como o teto começou a se desmoronar e as paredes viravam pó.

- M... Mas o que é isso? -o dono do bar berrava no meio dos gritos que começavam a ficar apavorados.

Um grande pedaço caiu no dono do bar e Elizabeth que já estava deitada sentiu seu corpo formigar implorando por segurança. Ela se rastejou por baixo de uma das mesas de madeira e se encolheu.

Não demorou muito para que todo o bar fosse destruído, o segundo andar apenas dobrou o número de entulhos do que seria se a construção fosse apenas térreo. E é claro, Elizabeth ficou inconsciente.

Não demorou muito para ela abrir os olhos e ter dificuldade de respirar. De alguma forma milagrosa a mesa a ajudou, tinha quebrado duas das quatro pernas de madeira deixando seu teto provisório torto, mas tinham menos entulhos esmagando a moça do que normalmente teria em geral.

Com um esforço grandioso e determinação, ela foi escavando os entulhos. Sim, de dentro para fora, como um morto saindo de sua cova. Seus dedos começaram a sangrar, suas unhas pareceram descolar, mesmo assim ela persistiu, sua mão começando a se rasgar, tentando a criar um caminho para que seu corpo dolorido pudesse se esgueirar. Mal conseguia respirar, seu estômago e pernas doíam pois tinham sido esmagados um pouco.

Foi quando ela sentiu um solavanco quando empurrou sua mão com tudo para cima, sem sentir mais tijolos quebrados e sim a superfície, logo seu braço foi com tudo e ela se apoiou para sair. Sentiu o alívio de encher os pulmões de ar, mas logo estremeceu por sentir cada ferida que lhe latejava.

Ela gemeu, sentada e inofensiva. Arfava, se fosse encontrada, certamente poderia ser morta facilmente por até mesmo o mais fraco das criaturas existentes ali. Mas sua mente ficou em branco quando seu olho azul se ergueu e viu o céu avermelhado. 

O pôr-do-sol constava a toda a cidade tão destruída quanto o bar. Apenas alguns prédios pela metade poderia ser vistas em pé, talvez uma ou duas paredes de algumas instalações também se encontrassem pelo cenário. Mas o que mais chamava a atenção não eram os corpos espalhados pelo chão tanto mortos ou inconscientes, ou as criaturas que tiveram a sorte de se erguerem vivas que nem Elizabeth.

Todos olhavam para a mesma coisa.

As colossais Deusas que sorriam lá do alto para nós... Não... Para os dez mandamentos.

Elas trajavam roupas de batalha. O normal era elas aparecerem invocados por humanos-recipientes para o mundo e assim batalharem, mas também poderia acontecer aquilo... Em troca de algo poderoso poder abrir um portal e assim um esquadrão de batalha passarem...

Elas batalhavam ferozes contra os dez mandamentos.

Os dez demônios não pareciam mais os bobos bêbados de antes. Eles sorriam com suas tatuagens negras vibrantes e olhos negros. As trevas se tornando matérias em forma de armas mortais, que deslizavam pelo corpo das Deusas e assim as sangrando.

Aquelas Deusas eram diferentes de Elizabeth. Elas tinham matéria, não eram Deusas que a existência era tão superficial que poderiam desaparecer com o sopro de um vento. Elas eram de carne, eram de sangue, eram de poder. Eram o que a Deusa no corpo de Elizabeth deveria ter sido se não nascesse fraca e falha.

Embora todos batalhassem de forma assustadora e medonha espalhando mais destruição pela troca de espadas e poderes, quem Elizabeth não conseguia parar de encarar era Meliodas. 

Os olhos dele estavam negros, onde aqueles verdes tão vívidos não existiam mais, nem mesmo dava sinal que um dia aquela cor existiu alí. Um sorriso insano marcava em seu rosto junto com uma tatuagem negra que ela não havia percebido antes quando dançou para ele e lhe olhara firmemente.

Meliodas saltava preciso e direto, sem falhas. Até a mais invencível Deusa parecia nada quando ele passava sua lâmina nela. O sangue jorrava feito uma fonte que passou a pintar os cabelos loiros de vermelho. As Deusas eram orgulhosas e não gritavam quando eram derrotadas, mas encaravam surpresas.

Então aquele era o capitão dos dez mandamentos... Com uma força e olhos firmes que eram merecedores do título fazia um exemplo para os outros mandamentos. Era como se os outros nove olhassem para o capitão e pudessem lhes crescer uma confiança de continuar a batalhar contra aquelas colossais. Meliodas brandia uma faca negra e com isso uma impressionante força chegava a cortar em grandes fatias os seus inimigos.

Os corpos das Deusas caiam no chão esmagando mais sobreviventes da cidade, elas eram muitas, mas os dez demônios saiam com um ou dois ferimentos de cada batalha e pareciam ter mais força para ir para a próxima. Mas é claro, não eram apenas os dez lutando contra as Deusas. Eles haviam erguido da terra os demônios vermelhos e cinzas, seus servos. Esses sim, eram facilmente despedaçados pelas guerreiras gigantescas, mas seu número era grande e muito incômoda para elas e as atrapalhava formidavelmente.

Elizabeth estremeceu ao ver os demônios vermelhos, tão iguais às que caçaram as pessoas da vila. Mas estes servos tinham ordens diferentes... O propósito deles dessa vez era a guerra contra as Deusas, então eles nem olharam para os outros seres que estavam espalhados e machucados ao redor de toda a cidade recém destruída.

As Deusas tombavam ao chão lambuzando de sangue e a moça quase foi esmagada por uma, porém conseguiu se esquivar bem. Poucas Deusas continuavam em pé, elas não tinham medo, continuaram com vigor mesmo estarem claramente perdendo.

- Você... Humana... -Elizabeth escutou uma fraca voz vinda por trás.

Ao se virar, viu a Deusa que acabara de cair. Os olhos dourados da Deusa estavam perdendo brilho, com a boca saindo sangue, a parte da cintura para baixo havia sido arrancado e desintegrado pelas mãos de um dos dez mandamentos. Um dos braços estava desaparecido, o outro bem ensanguentado e erguia o dedo para Elizabeth.

- Você... Me empreste a sua força... -a Deusa murmurou- Só mais um pouco... Mais um pouco e tenho certeza que conseguirei derrotar aquele demônio infortúnio.

Elizabeth apenas encarou friamente.

- Rápido humana...

- Você está pedindo este... ESTE corpo emprestado para uma luta contra aqueles demônios aonde tantas de vocês não consegue derrotar? -estava com seu coração cristalizado, a pequena Deusa nunca tinha sido assim, sempre fora amável, então porque estava falando assim com uma "igual"?- Não... Você sabe que não adianta nada... Que as vocês que vieram são muito fracas e subestimaram o poder dos dez mandamentos... E você apenas não quer aceitar, não quer que a sua vidinha estúpida tão cheia de orgulho acabe tão humilhada não é?

Elizabeth sorriu cruel ao ver a surpresa maior nos olhos da Deusa colossal.

- Que a verdade de que você é fraca contra esses demônios. Por isso quer esse corpo. Mas para a sua informação, este corpo -enfatizou- É muito mais importante que os seus sentimentos.

- C... Como você ousa? -a deusa gaguejou- Uma reles humana como você... Está indo contra uma Deusa!? Co... Como isso foi acontecer? Humanos deveriam nos revenciar, deveriam nos respeitar... Ponha-se no seu lugar humana! Estamos nessa guerra absurda contra esses demônios para proteger a sua terra! 

- Não minta -falou dentre os dentes- Vocês estão sempre a favor de vocês mesmas.

A Deusa percebendo que tinha de se apressar, murmurou com poucas forças:

- Humana, eu te darei uma força suprema. Te concederei qualquer desejo, então me deixe possuí-la -e estendeu a mão para Elizabeth.

Elizabeth olhou para a gigantesca mão ensanguentada, piscou duas vezes e tocou na gigantesca mão. Sorriu.

- Não sou humana -foi a sua resposta. Um vento soprou e a franja dela se ergueu revelando o olho dourado direito.

- Mas o quê!? -se surpreendeu a Deusa quase morta- Impossível! Uma híbrida... Uma híbrida! Isso é completamente impossível! O poder de uma Deusa é totalmente incompatível com um humano! Como podem se sincronizar assim?

E com isso Elizabeth se enfureceu.

- Mesmo sabendo que corpos humanos não são compatíveis com o poder imenso das Deusas você ousa implorar por elas? Você ousa sacrificar uma pessoa sem considerar o quanto essa pessoa é importante à alguém? Simplesmente pelo seu egoismo?

- Eu não compreendo... -murmurava a Deusa. Então sentiu, sentiu o que estava errado- Este seu corpo... Esse corpo que você possuiu não é normal... Como... Como o conseguiu?

- Mas o que... Você está dizendo? -pela primeira vez Elizabeth se sentiu confusa. O que aquela Deusa estava balbuciando?

E a Deusa colossal, não mais parecia desesperada ou imploradora... Não, ela sorriu.

- Então esse dia chegou... Parece que algumas coisas interessantes irão acontecer por aqui e isso certamente vai mudar essa guerra -fez, enigmática- Você será muito bem usada, guerreira entre as Deusas.

Elizabeth encarou a face da Deusa que falecia aos poucos, tentando decifrar aquelas palavras, mas não conseguiu compreender muito bem. Sentiu-se enojada por ser considerada uma das Deusas.

Então apenas se virou de costas, se virou de costas para o seu "povo".

"Tente aprontar algo comigo Deusas, mas não permitirei que interrompam o que eu preciso fazer. Não permitirei que tentem me usar. Vocês não me deram nome, não me deram lar. Simplesmente me abandonaram para a sorte e me deixaram para encarar o desaparecimento sem levar em conta o quanto eu sofria. Apenas me trataram como o ar porque nasci fraca, uma falha".

- Nunca mais me chame de guerreira entre as Deusas, porque também não sou mais uma Deusa -murmurou.

Sim, ela era uma existência que tinha sentimentos humanos agora, e como uma humana, passou a sentir ódio, sentir raiva, sentir a mágoa contra as Deusas que um dia foram seu povo.

Quando ela viu, as Deusas pereceram e os dez mandamentos se reuniram numa roda bem no centro de aonde ocorreu a batalha. Elizabeth engoliu seco, mas sentiu que deveria ir alí. Então caminhou até os dez mandamentos.

- Ora, ora, uma ratinha está viva... E se não é a dançarina humana? -zombou um dos mandamentos parecendo um tanto cansado, sentado em cima de uma das montanhas de escombros.

- Huh, porque ela está se aproximando? -grasnou em mal humor outra dos dez mandamentos- Por acaso quer morrer?

- Talvez vai dançar para nós -riu um terceiro.

- Eu quero saber aonde vão -Elizabeth disse em bom tom. O que ela falaria para eles? Ainda não tinha traçado um plano em como usufruir sua vingança, mas como já estava tão perto dos dez, tinha que dizer algo.

- Hã? Isso não é da sua conta -respondeu o que estava de mal humor.

Elizabeth ignorou e passou o olhar para ver o capitão, afinal se algo era para ser resolvido quem teria de tomar as decisões seria ele. O rosto dele era sem expressão, tão tingido de sangue e com seus olhos negros... Não tinha como saber o que ele estava pensando. Mas reunindo todas as forças, a moça se dirigiu a ele.

- Senhor capitão, eu quero ir com o senhor -ela falou, mas no mesmo momento percebeu a feição surpresa dos outros nove, e junto com um ar de desaprovação, então se apressou- Eu sou uma escrava que acaba de perder o dono e o lar. Provavelmente seria vendida de novo e acabaria em algum lugar terrível...

- Está falando que se vir conosco te trataremos como uma princesa? -uma voz grasnou entre os nove mandamentos. O capitão continuava a encará-la, sem expressão. Elizabeth percebeu o erro que cometeu usando palavras que parecesse que desejava compaixão... Pedir compaixão para dos Dez Mandamentos? Era tão claro quando o sol que isso não aconteceria.

- Não! -ela exclamou, suando frio, se desse errado e escolhesse as palavras erradas certamente morreria- Eu estou dizendo que em vez de eu ir para um local desconhecido onde posso ter o tratamento pior que um porco prestes a ser abatido, peço para que eu lhes sirva! Embora eu seja uma humana, deve haver algo que eu possa fazer!

- Não seja estúpida -riu um dos demônios que em particular era muito parecido com o capitão- Não tem como nós, os Dez Mandamentos deixar uma escória humana ficar conosco.

- Hum... Mas ter alguém para nos servir como uma empregada pode ser legal... -comentou um dos dois demônios que Elizabeth tinha rancor pessoal.

- Você só pode estar brincando -contrariou.

Eles começaram a discutir entre eles e se calaram quando o capitão começou a caminhar. A moça começou a suar mais frio ainda, encarou o chão timidamente. Agora seria a decisão final.

Então viu a mão estendida do capitão baixinho.

- Bom, então acho que não tenho nada contra, então seja bem-vinda, Elizabeth -escutou a voz do loiro.

Ela encarou o rosto dele, tinha os verdes olhos e um sorriso peculiar e bem humorado. Sorriu e apertou a mão dele. Os outros nove ou não tiveram reação alguma como se não se importassem, ou suspiraram contrariados, ou apenas acharam que seria interessante.

Mas ela sabia de uma coisa. O primeiro passo está feito.

"Não tenho poderes grandiosos para me igualar numa luta contra qualquer um deles... Mas um dia vai haver alguma brecha. Alguma chance. E quando isso acontecer, eu estarei lá para envenenar essa ferida aberta que me mostrarem".


Notas Finais


Até a próxima XD
Quaisquer erro, me comuniquem para arrumar :3


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