História Final Perfeito - Certeza

O vento circulava sussurrando entre as poucas pessoas nas ruas, não havia som de pássaros, nem folhas soltas sendo arrastadas pelo vento uivante, era diferente de todas às vezes, era diferente de quando tudo começou.

Os cabelos negros caiam leves e emoldurados pelos ombros de Rukia, seus olhos, agora completamente violetas, mas não deixando para trás os traços que os tornavam azuis, pequenas linhas arrastadas sobre a pupila, o rosto sempre pálido adquirindo um tom rosado e leve, seu pequeno e discreto sorriso divertido a deixava contagiante e bela, Rukia exalava uma aura calma, porém com traços de sua personalidade extrovertida e geniosa.

Ichigo caminhava ao lado da Shinigami, seus braços quase dobrados deixando as mãos para dentro da calça jeans, os cabelo crescidos novamente na altura do queixo, o olhar denso e forte em um tom claro de ouro e avelã.

- Não acha estranho?

A voz de Rukia soou calma porém nostálgica para Ichigo, porém ele não soube o que exatamente sua amiga queria perguntar, o contexto da pergunta implícito.

- Não sou vidente Rukia, ao que exatamente se refere? 

Rukia estancou no lugar, logo assumindo uma feição de raiva e deboche.

- Me respeita moleque, sou mais velha!

Em um movimento rápido Rukia se pós na ponta dos pés e desferiu um tapa estalado na cabeça de Ichigo.

- Porque sempre tem que apelar para á agressão baixinha?!

- Porque sua cabeça é como uma televisão Ichigo! Uma televisão MUITO velha!  Quando fica fora de sinal temos que apelar para tapas e socos!

O Kurosaki não gostou nem um pouco da comparação da Kuchiki, sua cabeça latejava em um dos pontos e sua cara era fechada e carrancuda. Porém, logo ele percebeu que estava parado de frente para á Shinigami, os dois se encaravam emburrados, Rukia mantinha um biquinho enquanto Ichigo tinha a expressão fechada.

Segundos...

Foi o que durou para os dois se desfazerem da feição apertada, agora Rukia sorria largamente fazendo seus olhos se tornarem duas linhas finas e encantadoras, enquanto Ichigo sorria calmo e contagiado pela alegria de Rukia. Admitia internamente para si mesmo, que antigamente não se atreveria á sorrir, não depois de ser insultado e estapeado por Rukia no meio da rua, mas hoje, era como se Rukia tivesse algum controle sobre suas ações, influencia em seu mundo, ela era como o ponto de equilíbrio.

 - Voltando ao assunto inicial... Você não acha tudo isso estranho? Digo, há alguns anos atrás estávamos no meio de uma guerra crucial onde não cabia á nós nada além de levantar a espada e lutar, e agora estamos caminhando por uma rua de uma cidade pequena, como se todas as dores do passado tivessem sido apagadas.

Se eu não empunhar á espada, não posso te proteger

Mas se eu empunhar á espada não posso te abraçar.

- Você pensa de mais Taichou-chan.

Rukia sorriu travesso para Ichigo, evidenciando não se importar de que o amigo á chama-se por seu novo posto.

- Acho que queria que todas as dores fossem apagadas, carregadas pela chuva.

Ichigo se pôs á andar, e Rukia logo apressou o passo para alcança-lo.

- Hei! Não me deixe falando sozi...

Rukia foi brutalmente interrompida.

- Eu discordo.

Ichigo mantinha seus olhos fechados, a expressão calma e sorridente enquanto sua cabeça se inclinava em direção ao céu, deixando os raios de sol da manhã aquecerem seu rosto.

- Eu não quero que as dores do passado sejam apagadas... Porque foram minhas dores que me levaram até você de certa forma. E se têm uma coisa que eu realmente não quero que aconteça, é que a chuva leve você de mim.

Ichigo não parou de caminhar durante nenhum segundo, manteve o passo firme, porém Rukia parou surpresa e atordoada, sentia algo apertando seu peito, seu coração estava acelerado e um frio se apossou de seu nariz o fazendo arrepiar... Não era frio, não era um espirro, era uma vontade que agora ela via que á muito não sentia.

Duas gotas quentes escorregaram de seus olhos, suas mãos se apertando em frente ao seu peito, e seus dentes mordendo o lábio inferior enquanto protestava com sigo mesma para não se deixar chorar.

- Oe! Porque está chorando?!

Ichigo logo deu falta da amiga que andava há poucos segundos ao seu lado, virando para trás, viu uma das cenas que se prenderia para sempre em sua cabeça: A capitão da 13º Divisão do gotei, chorando e sorrindo ao mesmo tempo, uma contradição de sentimentos e uma explosão de vivacidade nítida em seus olhos violetas.

Seu copo agiu por impulso, não percebeu quando, talvez quando o cheiro floral se tornou mais forte e presente no ar á sua volta, seus joelhos estavam encostados no chão, enquanto envolvia a pequena mulher em seus braços.

- Você enlouqueceu Rukia?! Porque diabos está chorando?!

A chuva arrasta o sol negro para baixo

Um soluço e uma risada, sentiu ela tremer e vacilar em seus braços, a preocupação se agitando e abalando seu mundo interior, vê-la chorar era como se a lua fosse arrastada para baixo com a chuva e levasse o sol negro com sigo. 

- Eu... Eu sempre me perguntei se você não se arrependia! Se arrependia de tudo o que fiz pra você, á milhões de fatos e destinos no universo Ichigo, em todos em que eu não apareço em sua vida eles terminam como menos sangue, com menos dor, porém em todos que eu estou, alguma coisa te puxa para destruição, um efeito que parece só ser causado pela minha presença!

Mas a chuva secou pela lua branca

Ichigo suspirou, odiava quando ela agia como se fosse á culpada de tudo, mas o melhor era que ela era “Sim” culpada de tudo... De tudo de bom e novo que aconteceu em sua vida, as tragédias aconteceriam mais cedo ou mais tarde, porém Rukia trouxe vida e alegria junto com sua presença estonteante. Às vezes em noites olhando pela janela de seu quarto, nos 17 meses que passou longe dela, ele desejou ter morrido em varias ocasiões, porque assim, ele poderia vê-la mais uma vez, toca-la mais uma vez, e dizer o que escondia uma única vez.

As pessoas só conseguem manter a esperança, 

porquê seus olhos são incapazes de enxergar á morte.

- Você foi o melhor efeito borboleta que aconteceu na minha vida baixinha. Rukia, você chegou destruindo todas as barreiras que eu pus ao meu redor, você nunca invadiu o meu destino, eu deixei você entrar e permanecer nele, e espero que você nunca mais vá embora, porque eu prefiro as noites em que você brilha pra mim.

O abraço apertou, Rukia se sentia grata em ser comparada como á lua na vida de Ichigo.

- Você é meu melhor sol Ichigo.

- Espera... Como assim o melhor? Eu sou o único Sol que você conhece Kuchiki Rukia!

É verdade, nada mais pode mudar o meu mundo.

A brincadeira fez outra risada doce sair da boca de Rukia, o abraço foi desfeito, e na cabeça de ambos uma ideia sutil passou se concretizando.

“Eles eram os únicos que poderiam mudar cada destino imposto pelo universo”

Se o coração for uma coisa que você falar que não muda, isso é uma força.

Era amizade, e nunca deixaria de ser, mas assim como ciclo da vida, as cosias evoluíam, os seres humanos evoluíam, os Shinigames evoluíam, e até á cadeia inexplicável dos sentimentos evoluía.

Amizade, Lealdade, Carinho, Paixão e por fim amor... Porque amor era gratidão era verdadeiro, inocente e forte.

Ichigo continuava abaixado diante de Rukia, um sufoco tomando seu coração, algo dizendo “vá em frente!” e algo li alertando que aquilo seria o ponto de equilíbrio em seus sentimentos.

“O sol negro e a Lua branca”

“E o eclipse se fez”

Os lábios de Ichigo se juntaram aos de Rukia, não houve hesitação, não houve erros, era certo e isso era claro a cada dia que se passava, a cada vez que o sol ia embora e a lua voltava.

Rukia|

Não houve tempo para contradições, era á minha escolha, os lábios de Ichigo eram quentes, e me faziam perder o raciocínio, mas eu não precisava pensar, eu sentia que era bom, e kami, como era bom! Os lábios de Ichigo se emolduravam aos meus, suas mão seguravam minha clavícula, e circulava minha cintura, meus braços apertaram seus ombros o puxando para perto, mais perto, eu precisava sentir, sentir o calor que se apossava do meu coração e corpo, e meu corpo era alma, e minha alma era dele.

Inclinei á cabeça para o lado dando o espaço necessário para que Ichigo encaixa-se com perfeição sua boca á minha, a sensação de borboletas no estomago se desfez dando lugar á uma sensação nova, forte, e arfante, era atraente e me envolvia em uma onda de alegria e satisfação, mergulhei os dedos nos fios finos e macios, a textura me fazendo delirar e o sabor de morango fixando meu paladar, algo lento e macio se passou entre meus lábios, e ansiosa os abri, deixando que ichigo toma-se conta da minha língua, uma possessão branda e clara, a lascívia em seu aperto ao meu corpo, e uma vontade de gritar extasiada me preenchia.

Eu estava feliz, muito feliz, porém era algo mais, nenhuma palavra conseguiria descrever corretamente, mas uma palavra humana chegava perto daquele momento.

Eu estava realizada... 

Experimentando e amando cada momento do que parecia só um novo laço se formando, era vermelho, era como uma fita de cetim, e senti ela se enrolando em meu dedo mindinho leve e macia, era o meu Akai Ito.

A lua que esconde a noite.

Ichigo|

Meus braços a prendiam, não era o medo como das outras vezes, o medo que antigamente me fazia querer apertá-la em meus braços, para que ela não se desfizesse em partículas, para que ela não voa-se para longe.

Dessa vez era necessidade, e a ansiedade, agonia e loucura. Rukia era o delírio, a minha malicia e perca de inocência. Seus lábios pequenos e rosados, leves e com o entorpecente sabor de vivacidade, de cereja marcante. Seu corpo apertado ao meu, a sensação de lascívia redundante se apossando de mim, eu á queria, e á queria somente para mim, a lua era de todos, mas Rukia era “Minha” lua!

Ela tombou a cabeça para o lado, me dando livre acesso ao seus lábios adocicados e  saborosos, minhas mãos que estava presente em seu rosto á puxando mais, ela estava tão perto, e mesmo assim não era o suficiente, e percebi que jamais seria o suficiente, Rukia era á necessidade do meu novo roteiro, do meu novo destino, era a peça que estava sempre completando tudo em minha vida, enchendo de sua beleza,  tudo era extremamente delicado com Rukia, delicado e fantasioso, era a sensação que me fazia gemer baixo entre os lábios dela.

Eu sabia, eu estava completo.

Eu queria mais...

Não, eu precisava de mais.

Passei vagarosamente e tortuosamente a língua sobre seus lábios ela concedeu passagem, logo pude sentir o sabor nítido de Rukia, era de longe o sabor que eu sonhei que seria, era perfeito, pelo simples fato de ser Rukia ali com migo, ser Rukia ao meu lado, me estendendo á mão, me levantando e agora, me deixando ser o homem á beija-la. 

Minha mão desceu de seu rosto, e segurou em seu quadril com ajuda da outra, em um movimento único e como se Rukia fosse uma pena de anjo, a levantei rápido e me levantando junto, ela me apertou em seus braços pendurando em meu pescoço enquanto eu a segurava á mim com os braços em seu largo quadril.

Era novo, e seria sempre novo, a sensação sempre me surpreenderia, não importa quantas vezes eu prova-se do meu amor por Rukia, sempre seria inovado, evoluindo e expandindo. Senti algo tão caio quanto á pele de rukia, se enrolar sorrateiro em meu dedo mindinho, sorri entre o meu beijo com Rukia, aquela sensação única, era o meu Akai Ito.

Dessa vez, eu serei aquele

Que lhe dará forças.

Ichigo Off|

“O eclipse se desfez” 

Ofegantes e explodindo fagulhas ferozes por dentro, era assim que Rukia e ichigo se sentiam.

- Hoje... Eu tenho á plena certeza de que minhas convicções nunca estiveram mais corretas Rukia.

Rukia se mantinha suspensa pelos braços de Ichigo, seu rosto ruborizado e seus lábios vermelhos entreabertos em busca de ar, alguns fios negros se espalhavam graciosos por seu rosto alvo como a neve.

- Que convicções Ichigo? 

- É amor, foi paixão, e sempre será amizade.

Rukia se permitiu sorrir, ela sabia que á amizade significava companheirismo, e o companheirismo era uma das bases do amor.

- Sempre será amizade, foi paixão, e é amor!

Ichigo a apertou contra si mais uma vez, agora olhando no fundo dos olhos de Rukia... Era bagunçado, complicado, e lindo, e acima de tudo era perfeito.

O final perfeito, o final certo.

Hoje Ichigo sabia que sempre foi o certo.

A morte e o morango.

De mãos dadas, a vista sobre a rua a noite, amanhã vamos mostrar, de mãos dadas esse coração de luzes, a eterna chama que nunca se apagará.