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  3. - janeiro II

História Find You - - janeiro II


Escrita por: thankskidrwhl

Capítulo 3 - - janeiro II


Sadie havia comandado o jornal da escola, e se candidatado à turma de Jornalismo em todas as faculdades que havia prestado. Amava os livros de Gillian Flynn, e da Jennifer Egan, e Percy Jackson.

Mas havia sido uma péssima leitora de fanfic.

Até havia tentado, quando as histórias escritas por beliebers estavam em seu auge, em 2013, e uma versão fictícia de Justina assaltava bancos em Atlanta. Mas além disso, havia sido uma péssima escritora de fanfic também. Se um dia havia tentado, nem se lembrava qual era a ideia original.

Agora, sentia dificuldades de escrever outra coisa: a própria vida.

Não gostava de pensar na péssima mentirosa que ela havia sido nos últimos dias, ou nas vezes que havia chorado. Estava colocando um pé na frente do outro, e eram tantas coisas para lidar, que quando menos percebia, o dia havia acabado. E então outro começava. E lá estava ela. No hospital novamente.

- Não precisa me olhar como se eu fosse uma agente supersecreta do TMZ. - Sadie diz, sem tirar o olhar da pequena tela que há dentro do elevador, enquanto sente o olhar de Ryan queimar o lado esquerdo de seu corpo, quase botando fogo em seu cabelo loiro.

- Eu não estou te olhando assim. - Ryan rebate, desviando o olhar. Ele, de fato, estava.

- Hm. - Sadie resmunga, como resposta. Ela sabia que ele estava mentindo. Ele sabia que ele estava mentindo.

Por um momento, o único som que se pode ouvir entre eles é o farfalhar do plástico que envolve o buquê que Ryan segura. Ele estava levando flores para Justin. Sadie havia reparado desde o momento em que entrou no elevador, enquanto saía do andar da pediatria.

- O Scooter deixou você fazer isso com frequência então... - Ryan comenta, ainda não dando muito credibilidade à loira ao seu lado, mesmo eles tendo se visto mais de duas três vezes na última semana. Mas a desconfiança ainda estava lá. Justin era um de seus melhores amigos então... Era meio que autoexplicativo.

- Sim. - Sadie responde, enquanto esfrega uma mão na outra. Ela sente a ponta dos dedos quase congelarem. Ainda faltavam cerca de 8 semanas para o inverno acabar, e a cidade dos anjos não passava dos 18 graus há dias. 

- Então você vem, frequenta o hospital, visita-o e vai embora?

- Scooter não te contou? - Karter pergunta, surpresa que Scooter ou Pattie não tenham dito a ele sobre Rosie. Ela o observa. Ele parecia intacto, se não fosse pelo curativo que ainda cobria parte da sua sobrancelha esquerda.

- Não contou o que? - Ryan questiona, mas não obtém resposta, já que Sadie está ocupada demais suspirando. - Olha, Sadie. Não quero que você ache que estou de implicância com você, mas...

- Justin está numa situação delicada assim como todos vocês e coisas do tipo. Tudo que vocês não precisam é de uma desconhecida frequentando o quarto e levando informações daqui de dentro para lá fora etc. Sim, eu sei. - A loira o interrompe, num tédio profundo. Ela já sabia de tudo aquilo, e toda aquela repetição de informações estava começando a irritar. Todo mundo dizia a ela a mesma coisa. E ela levava a sério. Porque as pessoas não a levavam a sério, quando dizia que estava ali por Justin e nada mais do que isso? Karter suspira. - Eu já sei de tudo isso. Fica tranquilo, Ryan. Relaxa a postura. Você não é funcionário da Team Bieber.

Ambos saem do elevador, com Sadie um passo à frente.

Ryan poderia muito bem ficar furioso com as palavras da garota mais nova, mas ele não estava. Ele queria que ela levasse em conta que ele era um dos melhores amigos de Justin desde sempre, praticamente. Mas não queria impor isso a ela. Na verdade, ele mal conseguia; algo sempre o puxava para trás. Talvez fosse o fato de que algo dentro dele estivesse plenamente convencido com algo que ela dizia: ela era uma belieber. Logo, ela nunca faria mal a Justin e não havia motivo para preocupações.

- Eu sei que não sou. - O loiro suspira, passando a mão na nuca, encontrando a melhor forma de dizer as próximas palavras. - Mas eu sou um dos melhores amigos de Justin.

Os dois param em frente à porta do quarto de hospital, e se encaram por um momento.

- E isso não é novidade para mim. - Sadie começa, tentando não demonstrar sua irritação, tentar substituir ao menos parte dela, colocando um pouco de tédio no lugar. - Eu sei disso. Eu sei de... Tudo. Vocês são amigos desde pequenos porque você roubou a camisa número 6, uma vez. E 6 é o número dele. Você está no clipe de Somebody to Love e de One Time, e você e Justin aparecem juntos em um dos clipes da Madison Beer. Você gravou o clipe de Playtime. Eu sei exatamente quem você é.

- Eu não sei quem você é. – Ryan explica, olhando no fundo dos olhos dela.

- Claro, até porque todas as vezes que nos vimos na última semana, você estava ocupado demais sendo debochado para cima de mim. – Touché? - E eu entendo. Você não é obrigado a gostar de mim. Mas isso pouco muda a minha vida.

Ryan não responde, impassível, tentando levar as palavras de Sadie em consideração.

Sadie não espera por uma resposta, ela apenas revira os olhos e bate na porta do quarto de Justin, abrindo-a e colocando a cabeça para dentro do quarto.

- Oi. - Ela chama a atenção de Allison e Scooter. - Posso entrar? Ryan está aqui também.

- Oi. Entrem. - Scooter diz, se levantando do sofá.

Ele e Allison pareciam estar discutindo algo sério, pois a cara de Allison não estava nada boa. Em vez de sentada ao lado de Scooter no sofá, ela estava de pé, de braços cruzados.

- Atrapalhamos algo? - Ryan questiona, fechando a porta atrás de si.

- Não, só... Estávamos debatendo coisas. Temos muitas decisões a serem feitas.

- Hm... - Ryan diz, e antes que um silêncio constrangedor preencha a sala, Scooter apresenta Sadie à Allison.

- Allison, essa é a garota na qual eu te falei. Sadie Karter. Sadie, essa é a Allison, mas você já deve saber.

- É, eu sei. - Sadie responde, deixando escapar um riso. Em seguida, ela cumprimenta a mulher mais velha à sua frente. - Prazer, Allison.

- Então você é a garota na qual Scooter não consegue parar de falar sobre. Eu estava curiosa para te conhecer. - Allison comenta, e ambas as mulheres se sentam no sofá pequeno que há no quarto de Justin. Scooter e Ryan caminham até o outro lado do quarto, e embarcam numa conversa só deles, na qual pouco interessa Sadie e Allison.

- Aposto que Scooter contou o quão inesperado isso foi para todos nós. - Sadie diz, ao sentar-se ao lado de Allison.

- Para ser sincera contigo, eu não acreditei muito na história toda, de cara. Ela parecia louca demais, improvável demais. Não estamos te chamando de mentirosa, é só que...

- É improvável, mesmo. Eu compreendo. Às vezes, ainda não parece real. - A belieber comenta, observando Justin. Allison se vira levemente, para observá-lo também, e então suspira.

- Obrigada por nos entender. Você sabe como ele é importante para nós e toda essa situação é delicada.

- Sim, eu sei. - Sadie responde, e por um momento ela não tira os olhos de Justin. - Eu só... Quero estar por perto. O que eu sei que não é nada fácil para vocês, mas gostaria que entendessem e realmente acreditassem quando digo que não é fácil para mim. Porque eu vejo o outro lado, sabe? Eu vejo as beliebers dizendo, comentando, e elas já perceberam que algo está errado, Allison. Ele sumiu, ele está aqui para nós, mas ele sumiu para elas. Elas estão começando a ficar assustadas e eu sei a verdade, mas sei também que não posso dizer nada. E... Ele significa o mundo para nós.

- É o preço que você tem a pagar. - Allison responde, sendo sincera.

- Por quanto tempo?

- Para ser sincera, não sei. Estava conversando com Scooter justamente sobre isso antes de vocês chegarem. Já faz uma semana. Justin nunca some dessa forma. Quando some, todos sabem que é porque algo vai acontecer, porque há algo para ser revelado... A gente precisa fazer algo. Mas não sabemos o que. Não podemos expô-lo de forma invasiva, mas não podemos deixar o lado de fora no escuro, se não pode ser pior depois.

Ambas ficam em silêncio, cada uma tentando encontrar uma forma de solucionar tudo aquilo.

- O que o fandom está dizendo? - Allison pergunta, em certo ponto.

- Todos estão... Apreensivos. Justin raramente some dessa forma, até porque não há um paparazzi nessa cidade que dê descanso a ele. Mas, tecnicamente, até agora não há motivo para preocupações mais... Profundas. Já rolaram vários memes com o rosto de Justin colado em desenhos de cartazes de desaparecidos com a frase "você viu esse homem?". Ninguém sabe da gravidade da situação, Allison.

- Você tem alguma sugestão? - Kaye pergunta, pegando Sadie de surpresa. Não era nada comum para Sadie estar naquela posição, muito menos dar suas opiniões sobre o que deveria ser feito.

- Hm... Está me perguntando o que eu acho que vocês deveriam fazer?

- Sim.

Sadie pensa por um momento, se questionando se Allison não está brincando com a cara dela.

- Scooter. - Allison o chama, tirando a atenção do homem de sua conversa com Ryan. Scooter caminha até elas, e Sadie observa Ryan depositar o buquê de flores que ainda segurava numa mesinha de cabeceira, que há ao lado da cama de Justin, e observá-lo por um momento. - Okay, eu tenho uma ideia.

- Estou ouvindo. - Scooter responde, puxando uma das cadeiras para perto do sofá.

- Já faz uma semana. Nós não sabemos por quanto tempo ficaremos nessa, e precisamos cuidar de Justin. Mas não vamos conseguir fazer isso da forma correta se trabalho e burocracia continuarem no meio... E eu acredito que esconder a situação de tudo e todos não é a melhor coisa.

- Hm, eu não concordo com isso. - Ele rebate, direto.

- Scooter, qual é... - Allison começa, e é possível quase ouvir um tom de descrença em sua voz. - É o Justin. Nosso Justin. Vimos ele crescer! É o nosso menino! Não é um estranho. Sadie é uma belieber e está aqui. Acho que... Eu não quero tirar conclusões precipitadas, e Sadie, não quero que você ache que estou me aproveitando de você...

- O que quer dizer? - Ryan questiona. Ele ainda está parado ao lado da cama de Justin, ao lado do melhor amigo.

Kaye faz uma pausa. É quase visível engrenagens em seu cérebro, funcionando a todo vapor.

- Acho que... Devemos tirar vantagem da posição que Sadie tem. Ela está aqui, e ela pode nos ajudar agora, mais do que ninguém. Ela sabe o que as beliebers estão falando!

- Kaye... - Braun começa, mas é ignorado.

- Você tem uma visão que nós não temos. Acabou de me dizer que as beliebers estão preocupadas. E todos sabemos que o fandom de Justin é um dos maiores nas redes sociais. Se eles fizerem barulho demais, vão acabar chamando atenção de tabloides de fofoca; Hollywood Life, TMZ... Tudo que menos precisamos é esses dois atrás de Justin. Não é o melhor momento. Se queremos preservar Justin e a posição dele, precisamos estar um passo à frente.

- Como que nós vamos fazer isso, Allison?! Precisamos escondê-lo e preservar o estado de saúde dele e estar um passo à frente de todos? Não é possível... - Braun indaga. Scooter parece um rato acuado, procurando uma saída. Ao mesmo tempo, ele está aceitando o que der na telha... Desde que isso não abra uma brecha.

- É sim... - Sadie diz, talvez mais cedo do que gostaria. Porém, na sua cabeça, ela quase tem uma teoria. - Quer dizer... Eu conheço aquele fandom. Eu faço parte dele há 7 anos, e acho que Allison está certa. Se as beliebers perceberem que algo está errado, vão começar a procurar. E se os sites de fofoca começarem a procurar também, vai ser mais rápido ainda se eles levantarem suspeitas. Mas se vocês saírem na frente e derem uma explicação, mesmo que vaga... O que, para sincera, eu odeio, mas é o necessário no momento, talvez as buscas deles não irão tão longe.

- Sinceramente, não vejo como isso pode dar certo. - Scooter diz, e ninguém o responde por um momento, então ele continua. - Desculpa, mas eu não vejo como isso pode dar certo! Não podemos despertar a curiosidade deles. E se dissermos algo, é isso o que estaremos fazendo.

- Nós não queremos o TMZ procurando por Justin. Da mesma forma que não queremos os fãs em frente ao hospital. Se nós dissermos o que está acontecendo, mesmo que não tudo, conseguimos explicar o que aconteceu e nos prevenirmos de que o TMZ procure onde não deve procurar.

- O nome de Justin não está no sistema do hospital.

- E você vai deixar que eles chequem todos os nomes, até encontrarem um nome falso e sentirem que estão certo na previsão deles? Scooter! - Allison exclama. Scooter não diz nada. - O TMZ, o Hollywood Life, quem mais for: eles têm dinheiro, mas nós também temos. Precisamos nos adiantar.

Scooter não a responde. Por incrível que pareça, é Ryan quem se manifesta. Ainda ao lado da cama de Justin, o loiro tem os braços cruzados e assume uma expressão séria.

- Scooter, por mais que eu não queira admitir... – Butler diz, olhando para Sadie por um momento, deixando bem claro que o problema dele era unicamente com ela. – Elas estão certas. Dezenas de pessoas desconhecidas com câmeras na mão ficam do lado de fora da casa dele. Você acha mesmo que não pagariam alguém para entrar no hospital só para verificarem se ele está aqui? A Sadie chegou aqui por engano. Imagina o que uma pessoa consegue fazer de propósito. - O loiro caminha até o sofá onde Allison e Sadie estão, mas como não há mais espaço para ele ali, ele apenas senta-se no braço do sofá, ao lado esquerdo de Sadie.

Okay, agora o próprio Ryan tinha um ponto.

Scooter pensa por um momento. Ele sabia que os outros da sala queriam proteger Justin tanto quanto ele, e eles estavam certos. Mas Braun não queria fazer nada daquilo. Ele queria dizer foda-se a todo mundo e esconder Justin do resto do planeta.

- Okay, vocês podem estar certos. Mas não é só eu quem devo concordar com isso. Eu respondo pela carreira de Justin quando ele não pode responder. Mas os pais dele respondem por sua vida. Vamos ter que saber o que a Pattie e o Jeremy acham melhor.

- Eles vão dizer não. - Allison diz, bufando. Ela já conta a briga como perdida.

- Acho mais fácil a tia Pattie dizer não. O Jeremy eu já não sei. - Ryan comenta.

- Eu acho que Patrícia vai concordar. - Sadie diz, dando de ombros. Agora, ela tem os três olhando para ela, então ela dá de ombros e continua. - Quando eu estive pela primeira vez com ela, ela estava muito abalada. Durante a semana ela foi melhorando, todos nós vimos, mas não é dúvida para ninguém que ela ainda está. E... Ela está preocupada, sabe? Que Justin não saia dessa, ela está aterrorizada com essa ideia. Eu acredito que ela vai fazer de tudo para protegê-lo, e se isso significa dar um passo à frente e como forma de preservá-lo, não acho que ela vá dizer não.

A sala fica em silêncio por um momento - não totalmente, pois os barulhos das máquinas estão sempre lá para lembrar a eles da realidade -  e então Allison se manifesta.

- Onde ela está? Onde eles estão? - Allison questiona, enquanto Scooter puxa o celular do bolso da calça que usa.

- Foram para casa. Ela passou a noite aqui. Jeremy a levou. Disse que ia aproveitar para fazer isso enquanto eu estivesse aqui, para Justin não ficar sozinho e para ela não ter que ir sozinha.

- Ele volta? - Ryan questiona.

- Acho que não tão cedo. Eu disse para ele ficar tranquilo, é domingo, eu iria ficar aqui trabalhando. Tenho umas coisas da Ariana pra resolver...

- Você contou para ela? - Allison questiona, referindo-se a situação de Justin.

- Para Ariana? Não. Ninguém sabe de nada. Ela, ou Tori, quem quer que seja...

- Okay. - Allison diz, finalizando aquele assunto e pulando para um próximo. Ela sentia que eles haviam debatido vários assuntos, mas nenhum deles havia tido um ponto final. - Eu preciso ir, mas antes que eu vá, preciso saber quais os próximos passos serão dados e quero sugerir algo.

Scooter olha para ela um pouco confuso, e Sadie e Ryan apenas assistem a situação.

- Caso os pais de Justin concordem, como vamos dar essa notícia?

- Eu não sei... Eu devo fazer um pronunciamento, coisas do tipo? Eu... - Scooter corta a frase ali, passando as mãos no rosto. Era óbvio que todos ali estavam exigindo muito uns dos outros, e aquilo era mais difícil do que o esperado. Ninguém havia passado por uma situação daquelas antes. Não era algo que acontecia todos os dias. - Não faço ideia, ok? Justin está inconsciente ao nosso lado, eu não sei como dizer isso para a fã-base.

- Não precisa de muito. - Sadie diz. - Vocês nem querem fazer isso, mas todos sabemos que precisam. Use as redes sociais. Poste uma nota no Instagram. Está feito. Fazer algo muito elaborado, com certeza, não é a nossa prioridade agora.

- Ela está certa. - Ryan murmura. - Isso realmente não deve ser a nossa preocupação agora.

- Uma nota no Instagram? Eu não sei se essa é a forma certa de fazer isso...

- E você tem o que em mente? Uma festa? Um pronunciamento com direito a repórteres, paparazzis e smokings? É claro que não. - Butler responde, então revira os olhos.

- É. Se no Instagram alguém perguntar, você não tem a obrigação de responder. É uma rede social. - Allison diz.

- Okay, uma nota no Instagram. O que mais? - Braun vira-se para a Allison.

- Quero ela como parte do time. - Allison aponta para Sadie, que é pega de surpresa.

- O quê? Eu... - Sadie começa, já sentindo as bochechas queimarem, mas é interrompida.

- Você tem algo que não temos. A visão de dentro do fandom. Nós precisamos disso. Mais do que nunca.

- Qualquer um de vocês pode ter a visão do fandom. É só abrir no Twitter. - Sadie rebate, mas Scooter não leva sua resposta muito à sério. Ele sempre está convencido que Allison têm um ponto.

- Mas é diferente. Somos empresários, somos amigos de Justin. Nós vemos as coisas do lado de fora, daqui de cima. De onde a SB Projects nos dá visão, é totalmente diferente. Você está entre elas. E agora, você tem a visão daqui de dentro. Entre todos nós, você é a única um passo à frente. - Allison explica para Sadie, e depois se vira para Scooter. - Nós precisamos dela. Nunca, em toda carreira do Justin, nós precisamos tanto saber o que o fandom e a mídia estão falando. Se nós vamos escondê-lo, se queremos ao máximo preservá-lo de olhares curiosos, precisamos ter esse passo a mais.

- Acredito em você, mas tenho medo dela não ser a pessoa mais apta. - Scooter diz, fazendo Sadie arregalar os olhos. Antes que alguém diga algo, ele continua. - Não quero dizer que você é incompetente ou algo do tipo, mas você tem o quê? 18 anos. É um trabalho e tanto. Tenho medo de que seja demais para você, que é uma adolescente e ainda está na escola. Sem falar, que nós já estamos pedindo para que você guarde esse segredo até da sua família. Não acha que é demais?

- Você tem 18 anos? - A morena ao lado de Sadie questiona.

- Faço 19 em maio. - Karter explica.

- E está no fandom desde...

- 2010.

- Quase metade da vida dessa garota foi sendo fã do Justin! - Allison exclama.

- Ela é uma criança. - Scooter rebate.

- Eu não sou uma criança. – Sadie reclama, mas nenhum dos dois prestam atenção, apenas Ryan, que ri.

- Essa criança está mais apta a lidar com essa situação do que nós. - Allison se explica. - Scooter, você sabe disso. Você é empresário de mais não sei quantos artistas. O Justin é o mais famoso deles. Ela está aqui. Nós precisamos de ajuda se não problemas podem começar a aparecer. Precisamos disso.

- Teríamos que falar com os pais dela. - Scooter diz, depois de alguns segundos de silêncio. - Mais pessoas teriam que saber.

- Não preciso ser contratada, nem de um salário ou coisas do tipo. Eu só quero ficar perto dele. - Sadie explica. - Eu ajudo. Não tem problemas para mim. A escola está acabando. E se tudo der certo como nós queremos que dê, isso não vai durar muito tempo.

Sadie estava sendo positiva, otimista, qualquer sinônimo possível. Mas todos ali sabiam que aquilo não dependia deles. A situação de Justin poderia durar meses, poderia durar anos, os pais dele poderiam decidir desligar as máquinas. Mas ela continuava sendo otimista.

- Eu preciso ir. Me dê uma resposta. - Allison diz, olhando para Scooter, que por um momento olha para ela com os olhos cheios de culpa, mas então ele se rende.

- Okay. - Ele suspira, e Allison se levanta do sofá, juntando suas coisas. - E Sadie, sinceramente...

Todos esperam que Braun termine a frase. Sadie espera por um "não pode contar para ninguém" ou "isso não vai dar certo", e Allison não está muito longe disto. Já Ryan tem suas próprias suposições, mas nada que ele fosse compartilhar com todos ali.

- Sei que tenho sido relutante com tudo isso, desde que você chegou aqui, na semana passada. Mas eu disse a você que Allison tem uma intuição melhor que a minha.

Sadie sorri, e algo dentro de si realmente fica feliz com aquilo. Desde a semana passada, quando esteve naquele quarto pela primeira vez, ela quase se sentiu como uma intrusa. De certa forma, ela era. Conquistar a confiança de todos era algo que ela devia conseguir se quisesse ficar perto de Justin e mostrar que poderia ser uma boa amiga para todos, alguém útil.

Ela se deu bem com Pattie desde o primeiro momento; ambas tinham alguém que amava em uma situação de vida ou morte e queriam proteger essa pessoa a qualquer custao (Sadie, no caso, tinha duas). Jeremy era distante, e ela sentia que ele não parecia se importar muito com a sua presença ali; o pai de Justin passava a maior parte do tempo calado, os olhos pesados, como alguém que tinha medo de não poder recuperar o tempo perdido, e todos sabiam que ele havia sido um pai distante até pouco tempo antes do estrelato de Justin.

Quanto a Scooter, Allison ou os amigos de Justin, as coisas eram diferentes. Todos eles amavam Justin, mas o vínculo que Justin possuía com cada um divergia a forma que o resto olhava para Sadie. Para Allison e Scooter, Sadie poderia representar o triunfo ou o desastre de uma era que durava 10 anos. A carreira de Justin, tudo que ele havia conquistado, a forma como ela fragilizava a proteção que a vida dava a ele como uma "pessoa qualquer". Uma gestão bem-feita poderia significar a proteção de Justin, assim como uma malfeita poderia significar a ruína dele; paparazzis onde não deviam estar, mentiras contadas entre a elite de Hollywood, a repercussão que uma vírgula no lugar errado poderia causar.

Já quando se tratava de Ryan, ou até mesmo Charles e Christian, que não estavam ali no momento mas representavam os amigos que Justin tinha há pelo menos 10 anos, a coisa era mais diferente ainda. Eles viam o que Justin era entre o bom filho e a estrela do pop, a fresta que havia entre um e outro. Os pais de Justin poderiam aprová-la em tê-la por perto, assim como os empresários, pois Sadie representava algo entre a vida pessoal de Justin e seu lado profissional, mas isso não significava que os amigos de Justin iriam gostar dela. Mas não podemos nos esquecer que ela não precisava das aprovações de qualquer um deles para estar ali.

Allison caminha até Justin, e deixa um beijo na testa dele. É mais longo que o normal, e ela passa a mão no cabelo loiro escuro de Justin, murmurando algo que nenhum dos outros três conseguem ouvir.

- Eu estou indo embora. Meu marido está com as crianças, você sabe... - A mulher explica, mas está olhando para Justin, então nenhum dos outros na sala conseguem ter certeza se ela está falando com eles ou com Justin.

- Como está a Elle? - Braun pergunta, e Sadie percebe que os dois agentes de Justin possuem crianças com menos de seis meses em casa - Levi Braun tinha menos de dois meses, e a filha mais nova de Allison estava prestes a completar cinco meses. Quando não estavam em casa, estavam no hospital ou na SB Projects cuidando do que exigia a presença deles na agência. Era uma jornada tripla. 

- Odeia lentilha e estamos tentando chegar num acordo onde ela dorme 8 horas corridas por noite, mas ela ainda está relutante. - Braun assente, balança a cabeça como se estivesse pensando no que ainda enfrentaria pela frente com Levi. Ele já tinha um filho, assim como Allison, mas os primeiros meses sempre são difíceis. - Me ligue caso qualquer coisa acontecer. Se Justin respirar errado, se ele bater o coração em falso, se o médico dizer qualquer coisa importante, me ligue. - Kaye diz, e abraça Scooter, se despedindo. Depois, ela vira para Ryan e Sadie. - Vocês dois, se cuidem, e cuidem dele.

Allison abraça Ryan primeiro e depois abraça Sadie, soltando um "obrigada" baixinho no meio daquilo.

Depois que Allison sai do quarto, Scooter se vira para Sadie.

- Ela gosta de você.

- Então você deve me odiar. - A loira responde, sorrindo.

- Eu não te odeio. - Scooter diz, sincero. - Eu gosto de você mais do que você pensa. Eu só...

O resto não vem, e Sadie entende. É difícil admitir que está morrendo de medo.

O homem mais velho suspira, então checa algo no celular.

- Preciso fazer uma ligação, é provável que eu demore. Vocês ficam bem aqui? - Ele questiona Sadie e Ryan, que concordam. Em seguida, Sadie e Ryan ficam sozinhos no cômodo.

- Você é quase uma agente supersecreta agora. Mas não do TMZ. E sim da Team Bieber. - Ryan comenta, escorrendo para o lado dela no sofá. Sadie assume o lugar que Allison estava, e pega o celular em sua pequena bolsa.

- Isso vai fazer você parar de me olhar que nem uma estranha? - Ela questiona, sem tirar os olhos do smartphone. - Porque era isso o que você estava fazendo no elevador.

- Ainda é estranho ter você aqui. Eu mal te conheço. Eu sinto muito se isso te incomoda. - Ryan responde, e ele está sendo honesto. O garoto mantém os olhos em Sadie, que checa suas mensagens, vendo que havia duas mensagens da mãe.

Anthony está indo para casa. Quer uma carona?

Onde você está?????

Yep.

Sadie não queria deixar de responder a mãe, porém ela sabia que havia coisas que não poderiam ser ditas agora.

- Não me incomoda. - Sadie diz, ao bloquear a tela do celular e deixá-lo de lado. – Foi o que eu te disse lá fora. Eu meio... Que não tô nem aí. Quer dizer, seria muito legal se você fosse legal comigo porque há essa certa... Admiração que todo o fandom tem pelos amigos do Justin, os antigos amigos do Justin, que seria você, Charles e Christian. Há essa sensação de que vocês são os reais amigos de Justin, aqueles que realmente se importam. Mas quando se trata da situação que estamos agora... Não é você quem dita as regras.

- Então você está dizendo que não está nem aí para o que eu penso pelo simples fato que eu não tenho poder nenhum para decidir a sua presença nesse quarto de hospital? - Ryan questiona. Uma de suas sobrancelhas está arqueada, e algo dentro de si está levemente incrédulo com a audácia das palavras de Sadie.

- Não dessa forma grosseira. - Sadie revira os olhos. - O que eu falei não é mentira, é? Você consegue bater no peito e me expulsar do quarto? Não. Mas não é obrigado a gostar de mim.

- Está dizendo isso mas eu te conheço há menos de duas semanas. - Ryan rebate. Ele não está errado.

- E quantas vezes foi agradável?

- Quantas vezes eu fui desagradável?

- Eu só estou querendo dizer que... Eu não sou nada de ruim que você imagina. E eu poderia ser sua amiga. Mas se, e apenas se, você fosse uma pessoa mais agradável, lógico.

- Eu sou desagradável? - Ryan questiona, colocando uma das mãos no peito, como se estivesse ofendido.

- Você não é desagradável. Você é um ótimo amigo, eu sei disso. Pelo menos para Justin, você é. Porém, quando se trata de mim, parece que há sempre uma sensação de implicância no ar, e eu não entendo o motivo. Parece que eu matei o seu hamster ou algo do tipo. Você há sempre... Uma resposta afiada na ponta da língua, para mim.

- Porque se importa? Mas acabou de dizer que não está nem aí para mim porque eu não tenho poder nenhum para decidir a sua presença aqui.

- Eu não menti. - Sadie dá de ombros. – Mas é... Cansativo. Não quero ver você como alguém na qual eu não posso confiar ou contar. Muito pelo contrário. Todas as pessoas que já pisaram nessa sala, poderiam confiar em mim de olhos fechados. Por que com você seria diferente?

Ryan não responde, como se estivesse levando em consideração as palavras dela, mesmo que em contragosto. Os dois ficam em silêncio por um momento, apenas as máquinas e o respirador de Justin fazem barulho.

- Os outros meninos já sabem? – Ela questiona, e Ryan olha para ela.

- Outros meninos?

- É, o Chaz e o Christian.

- Uhum. O Chaz veio durante a semana, mas não pode ficar vindo sempre, por causa do trabalho. O Christian e a Caitlin vem na terça, acho.

- Ah...

O assunto morre ali, mas Ryan ainda está incomodado com as palavras dela. Ele não quer que ela ache que ele é uma pessoa ruim. Mas em certos momentos, simplesmente não consegue evitar certas atitudes que podem ser vistas como ríspidas. Não é por mal, é apenas... Por Justin.

- Não quero que você ache que esse é o meu... Natural. - Ryan diz, dando de ombros, retomando o assunto inesperadamente. - Mas eu me preocupo. Justin é um dos meus melhores amigos e ele já passou por muito. E eu ainda não te conheço, sabe?

- Mm-hmm. - Sadie resmunga.

- Eu sou uma pessoa... Legal. – Ele diz, por mais que a expressão em seu rosto diga o contrário.

- Está tentando me convencer de que você é uma pessoa legal por eu estar com uma péssima impressão por você estar desconfiado de mim porque não sabe se eu sou uma pessoa legal?

Ele leva mais tempo para responder, como se estivesse tentando entender o que ela havia dito.

- Sim.

- Ah, claro.

Assim que ela responde, ele se levanta do sofá, indo em direção à porta.

- Aonde você vai?

- Não é da sua conta. - Ele rebate, abrindo a porta, e virando-se para a loira antes de sair. – Mas é a sua chance de me provar que você gosta mesmo do meu melhor amigo e não vai matar ele asfixiado.

A expressão no rosto dela é de quase descrença.

- Você é ridículo.

E então ele bate a porta. Pela primeira vez em uma semana, era apenas ela e Justin.

O quarto nunca havia ficado tão frio, tão silencioso, tão pesado. Sadie olhou para Justin, deitado silenciosamente no leito de hospital. A loira ficou alguns segundos olhando para ele. Não dava para fingir que ele não estava ali e continuar mexendo no celular até Ryan voltar com alguma implicância na ponta da língua.

Em seguida, ela se levantou do sofá, e caminhou eu direção à cama de Justin, a mais ou menos um metro de distância.

A garota prendia a respiração, como se o que estava fazendo fosse errado, mas ela sabia que isso não fazia nenhum sentido. Era apenas Justin, e ela já havia estado naquele quarto quase meia dúzia de vezes desde o primeiro dia do ano.

Deveria ela se sentar na cama? Deveria continuar onde estava? A situação era dolorosamente desconfortável. Ela sabia que tinha muito a dizer, mas não sabia se conseguiria se expressar corretamente. Sentiu o quarto mais frio que o normal, e deu um passo em direção à cama, disposta a arrumar o cobertor. Puxou o tecido até o tórax de Justin, e hesitou por um segundo ao ver os fios de cabelo desarrumados, mas prosseguiu e os ajeitou, colocando no lugar.

Era doloroso olhar para o rosto dele. Era doloroso pensar que era o mesmo garoto do hairflip. Era doloroso relembrar os últimos 7 anos. Era doloroso estar ali. Mais do que Sadie jamais conseguira imaginar. Em certos instantes, ela poderia se esquecer de sua presença, ao focar em algo que alguém está dizendo. E sempre seria doloroso olhar para o leito de hospital e relembrar.

Observou o rosto dele e não disse nada. Havia, por milhares de vezes, imaginado o primeiro encontro dos dois – o que ela iria dizer, como iria agir, como seria encontrá-lo depois de tantos anos de fandom. Mas agora... Não conseguia dizer nada.

Pensou em segurar a mão dele. Seria uma invasão de espaço pessoal? Nos últimos 9 meses, ele havia performado com a Purpose Tour e segurado a mão de milhares de fãs. Ele não se importaria, importaria? Não segurou a mão dele. Apenas se sentou ali, observando-o e esperou. Esperou e esperou. Mas nada veio.

Instantes depois, Ryan abriu a porta, com um isopor em mãos, contendo dois copos de café. Ele olhou para Sadie, forçando uma expressão séria. A loira revirou os olhos.

- Você não matou meu melhor amigo asfixiado, matou?

- Vai à merda, Ryan. - A loira disse, olhando para Justin novamente, passando a mão em seu braço, como uma forma de carinho, e então voltou a se sentar no sofá.

Ryan fechou a porta e caminhou até ela, oferecendo um dos copos de café.

- O que é isso? - Sadie questiona, olhando para o copo de papel com o logo do hospital.

- É a minha... Bandeirinha branca. - Ele explica, e ela franze a testa, levemente surpresa com a ação dele.- Não significa que eu vou parar de implicar com você. Mas quer dizer que eu não te odeio como você acredita.

- Muito obrigada. Eu aceito, o que é um perigo, pois se eu morrer envenenada, Justin é a única testemunha, e eu não acho que ele esteja em condições de entregar o melhor amigo para as autoridades.

Dessa vez, é Ryan que revira os olhos, deixando o isopor de lado, e segurando apenas o copo. Sadie se ajeita no sofá, de lado, de forma que, se esticasse as pernas, elas iriam parar no colo de Ryan, mas ela mantém as pernas dobradas. Ela tira a tampinha e olha dentro do copo.

- Não tem veneno no seu café.

- É isso o que vamos testar agora. - Karter brinca. Não era totalmente um café, e sim um cappuccino com caramelo. Sadie quase se surpreendeu de tão bom que estava. - Como sabia que não sou intolerante a lactose?

Ryan dá de ombros, ele não olha para ela, mantém os olhos fixos na janela do quarto.

- Eu estava torcendo para você ser e eu não precisar colocar veneno. - Ele debocha, olhando para a garota ao seu lado e rindo.

Sadie ri, e xinga-o mentalmente. Ambos ficam em silêncio por um momento, até Ryan acabar com ele.

- O que estava fazendo na pediatria?

- O quê? - Sadie questiona, mas não porque ela não ouviu. É aquele tipo de "o que" que as pessoas dizem, como se não tivessem ouvido a pergunta, mas na verdade ela só não estava prestando atenção.

- Você. Na hora que entrou no elevador, estávamos no andar da pediatria.

- Para quem não liga, você é bem curioso. - Sadie brinca, ela logicamente está fazendo piada, e ele também assume um meio sorriso no rosto, mas está falando sério.

- Eu nunca disse que não ligava. Quem disse foi você.

- Minha irmã está internada aqui. Eu não venho só ao hospital para ver Justin.

- Ela sofreu um acidente também?

- Ela é doente. Está internada já tem uns meses. Estamos esperando-a se curar para voltar para casa.

- Ah... - Ryan diz, assumindo o peso das palavras. Ele havia estado um pé atrás com Sadie um tempo todo, sem pensar no fato de que; ela havia invadido o quarto de Justin sem querer porque já estava no hospital, porque ela já tinha segundo motivos para estar ali. - Eu sinto muito. Eu não sabia.

- Eu sempre acho que Scooter já contou para todo mundo. - Sadie comenta.

- Por quê?

- Sei lá. - Sadie diz, bebendo do cappuccino. - Talvez costume de Ensino Médio. Quando Rosie ficou doente, todo mundo soube. Os professores comentam entre si, começam a dizer que sentem muito pela sua irmã no meio da aula. Você vira assunto por um momento.

- Você está finalizando o Ensino Médio... - Ryan diz, deixando a frase no ar.

- Yep. Abril.

- Planos para depois? - Ele questiona.

- Eu achei que tinha. Mas não tenho mais certeza.

- Por quê? Acha que não vai ser aceita pelas universidades? Você parece aquele tipo de pessoa que você não dá nada até ela começar a abrir a boca. - Ele aponta, e Sadie franze a testa, tipo um "sério?". - Era para ser um elogio.

- Você é péssimo nisso. E ainda quer que eu acredite que não me odeia.

- Vamos lá, Karter. Não leve para o coração.

- Não, não é nada disso, é só que... - Ela balança a cabeça, e as palmas das mãos se voltam para o alto, como se ela quisesse mostrar algo. - Olhe para onde nós estamos. Eu nunca nem imaginei que poderia vir a ter uma conversa dessas com você um dia, ou que você seria tão implicante comigo. Eu realmente achei que isso ficaria a cargo do Chaz. - Sadie explica, e ambos riem por um segundo.

- Ah, para... - Ryan diz, terminando seu café, mas ela não embarca naquele ponto em específico. A unha cria dobrinhas no copo de papel, e ela cogita por um momento se deve continuar ou não.

- Quando a Rosie ficou doente, e eu pisei nesse hospital pela primeira vez, só depois eu fui perceber que eu não seria a mesma de antes. Eu achei que aquele era um dos momentos que muda você para sempre. Mas agora eu vejo que não era só aquele. Uma das pessoas que eu mais amo nesse planeta está ao meu lado, inconsciente. Por um momento, eu também tenho medo do futuro. Eu não sei o que guarda para mim. - Sadie fica pensativa por um momento, e Ryan a observa por alguns segundos. Ambos eram incrivelmente parecidos fisicamente, quase poderiam ser irmãos. Butler não deixa de acreditar que Justin a adoraria, mais do que tudo. Por um segundo, tudo que ele quis foi que Drew e Sadie pudessem ter a conversa que ele tinha com ela agora.

- Justin adoraria você. - Ele diz, sem pensar muito bem nas palavras que saem da sua boca. Sadie, que até então estava pouco concentrada em amassar a borda da tampa do copo com as unhas, levanta o olhar e os dois se encaram por um segundo. - É sério, eu não estou nem brincando. Acho que é por isso que algo dentro de mim insiste em implicar tanto contigo. Ele adoraria você dos pés à cabeça.

- Por que isso é um assunto tão de repente? - Ela questiona, e vê Ryan dar de ombros.

- Por que sim. Eu simplesmente sei que ele adoraria você. Ele implicaria contigo, faria piadas, mas também te protegeria mais do que tudo. Poderia ter sido eu, Sadie. - O melhor amigo de Justin explica, e Sadie sabe que ele está sendo sincero com ela. - Eu sei lá.. Poderia ser eu no lugar dele. E eu sei que ele teria amado você desde o primeiro instante.

Sadie não diz nada, ela apenas escuta. Pela primeira vez desde que conhecera Ryan, há uma semana, ela não tinha uma resposta pronta. Provável que fosse porque ela não estava esperando nada daquilo.

- Você teria entrado naquela porta sem querer e teria o visto sentado aqui, onde estamos agora. Eu estaria ali, naquela cama no lugar dele, e você ofereceria um apoio indescritível a ele. Diria que estava ali para tudo, e vocês seriam amigos. Mas logo as coisas mudariam de formato e ele precisaria ir embora. Mas vocês trocariam mensagens e...

- Justin nunca deixaria você...

- Não, eu sei... Mas ele teria as responsabilidades dele e...

- Ryan, ele nunca deixaria você. - Sadie diz, chamando a atenção do loiro. Ryan não diz nada, e olha para a garota ao seu lado. - Ele nunca deixaria você. Ele não deixou a Avalanna. Ele não deixaria você.

Ryan não responde a garota, e desvia o olhar. O garoto sente seus olhos encherem de lágrimas, e ele se esforça para não cair em prantos na frente de Sadie. Os dois ficam em silêncio mais uma vez, e a própria Sadie sente vontade de chorar.

- Você acha que nós vamos conseguir sair dessa? - Ryan questiona, secando as lágrimas e tentando se recompor. Seu rosto está vermelho, e ele está visivelmente abalado.

- Eu quero acreditar que sim. - Sadie responde, num fio de voz. Ela termina o seu café, e deixa o copo de papel de lado.

- Você quer acreditar?

- Eu tenho medo de acreditar fielmente que tudo isso irá acabar e aí... Não acabar. E caso uma hora eu precise me despedir dele, eu tenho medo... De isso acabar comigo. - Karter diz, dando um suspiro no final.

Ryan não tem certeza se há algo que ele possa dizer para aquela frase, mas o garoto nem precisa. O celular de Sadie vibra, e a garota checa, vendo uma mensagem do padrasto dizendo que está no estacionamento.

- Preciso ir. Você fica bem aqui? - Ela questiona, e os dois se levantam do sofá.

- Sim, hm... Scooter já deve estar voltando, daqui a pouco eu vou para casa também, e... Vou ficar bem. - Butler explica, olhando em volta.

- Okay. - Ryan não espera por aquilo, mas Sadie caminha até ele e o abraça. Ele retribui o abraço por um momento, então ela desvencilha de seus braços e caminha em direção à porta. - Se cuida, Butler.

Quando abre a porta, Sadie encontra Scooter, prestes a girar a maçaneta, como numa versão inversa do último domingo. Dessa vez, todo mundo se conhece. Pela primeira vez, não há implicâncias.

- Está tudo bem aqui? - Scooter pergunta. Sadie olha para ele, e então encara Ryan mais uma vez.

- Sim. - O loiro diz.

- Estou indo embora. - A garota mais nova se explica. - Eu mando mensagem quando for aparecer. Se cuidem. Caso alguma coisa aconteça, me liguem, por favor. Eu venho o mais rápido possível.

Sadie sai do quarto, e Scooter entra. Ryan assume a mesma posição de antes no estofado, e Scooter ocupa o lugar que Sadie costumava estar.

- Como as coisas estão?

- Bem. - Ryan explica, e balança a cabeça. - Ela é uma garota legal, mas eu não vou deixar que ela saiba disso. Acho que... Ela é mais forte do que estávamos esperando.

- Por que acha isso?

- Ela não se abre muito. Mas fala... Profundamente. Como se pensasse demais.

- Eu tenho medo do que se passa na cabeça dela. Do mesmo jeito que tenho medo do que se passa na cabeça da Pattie. - Scooter explica.

- Algum motivo específico? - O melhor amigo de Justin questiona, e vê Scooter dar de ombros.

- Se fosse a Yael nessa cama, ou um dos meus filhos, eu teria medo do que se passaria pela minha cabeça.

- - -

Sadie saiu do quarto de hospital e caminhou sozinha pelo corredor, em direção ao elevador.

Era final de tarde de um domingo, e ela havia passado a manhã inteira com Rosie, em seguida havia subido em direção ao quarto de Justin.

A essa hora do dia, a garota já se sentia levemente cansada, mas precisava ir para a casa e deixar tudo pronto pois amanhã de manhã, precisava ir para a escola. Dentro do elevador, não conseguiu deixar de pensar em como gostaria de desistir do ensino médio, mesmo que faltasse menos de 3 meses. Depois de 12 anos, a verdade é que ela não aguentava mais. Mas sabia que aquela jornada estava acabando, e logo ela deveria estar pronta para começar um novo capítulo em sua vida, que se resumia a faculdades, profissões, estudos e, quem sabe, um emprego. Sadie não se sentia preparada para nada disso.

A situação de Rosie a abalava e a situação de Justin a entristecia. Só ela sabia como doía dentro de si ver a irmã doente, presa à um hospital. Agora, ver Justin inconsciente com a possibilidade dele nunca mais acordar a fazia temer o que os próximos meses reservavam para ela. Sem falar que, a belieber havia passado a semana inteira remoendo a história de Justin dentro de si; não poder conversar sobre o assunto com Melissa ou a mãe pioravam a situação, já que as duas mulheres eram as melhores amigas de Sadie.

Após sair do elevador e passar pelo hall do hospital, Sadie fez o caminho até o estacionamento, onde sabia que o carro do padrasto estaria, já que ele tinha o costume de estacionar no mesmo lugar, a não ser que estivesse ocupado.

- Oi. - Ele disse, ao vê-la. Anthony estava encostado no carro, esperando pela enteada. Ele tinha o cabelo castanho claro, e olhos escuros, e era magro e alto; bem mais alto do que ela, e dessa forma, mais alto que Diana. Exceto pela cor dos olhos, Rosie havia puxado grande parte das características do pai; os olhos eram azuis, como os de Sadie, o de Diana, e da avó/mãe delas, Anne.

- Oi. Vamos? - Sadie disse, e deu a volta no carro, entrando no mesmo.

- Sua mãe está preocupada com você. - Anthony diz, quando saem do estacionamento do hospital. Pelo visto, mamãe ia passar a noite ali, de novo. - Ela diz que você está estranha.

- Eu estou bem. - Sadie diz, sem tirar o olhar do para-brisa.

- Você não parece bem, Sadie. Você sai do quarto, some. Aonde têm ido? - O padrasto da garota pergunta, mas ela não responde. Anthony apenas suspira. - Você... Conheceu alguém?

Sadie demora a responder. Ela não queria ficar mentindo, ela não queria ficar escondendo. Ao mesmo tempo, ela sabia que era necessário, e que quando ela pudesse contar tudo, ela contaria.

- Sim. - Ela responde, mas há um certo tom de dúvida em sua voz. Ela não estava mentindo, apenas omitindo.

- Hm. - Anthony faz, e parece pensar por um momento. A verdade é que Sadie e ele nunca haviam sido muito próximos. Quando Diana e Anthony se casaram novamente, Sadie estava prestes a se tornar uma pré-adolescente. Ela sabia o que era não ter um pai, e Anthony não pareceu, naquele momento, preocupado com a hipótese de registrar a garota com a sua filha. Na verdade, isso nem havia passado pela sua cabeça. Eles eram padrasto e enteada. Fim. Porém, isso não significava que eles tinham um relacionamento ruim. Anthony havia até ajudado Sadie a comprar o carro dela (simples e usado, considerando os carros brilhantes e 0km que havia no estacionamento da escola dela, mas eles não tinham dinheiro para tanto). - Você está fazendo coisas erradas?

- Se eu estivesse, eu não te contaria. - Sadie diz, e ri no final.

- "Se eu estivesse..." - Anthony repete a frase dela. - Então você não está. Ótimo, sua mãe não precisa ficar preocupada. Vou falar para ela.

Os dois acabam rindo com a facilidade que ele resolve o assunto.

- Você não está, né? - Anthony pergunta mais uma vez.

- Não! - Sadie exclama, mas ela está rindo.

- Drogas?

- Não.

- Sexo sem camisinha?

- No hospital?

- Agiotas?

- No hospital?! - Sadie questiona mais uma vez.

- Minha teoria é de que você conheceu alguém e está apaixonado por ele. - Anthony diz, fazendo uma curva.

- Não tô não. - Sadie explica.

- É bem clichê na verdade.

- - -

Scooter postou a nota, conforme o combinado, pouco depois da uma da manhã.

Sadie não sabia o porquê daquele horário; talvez fosse o momento em que Scooter havia ganhado coragem.

Ela acordou no meio da noite com uma mensagem do próprio.

Já viu?

O que?

Está no meu IG. 

A garota, ainda sonolenta, fechou o app de mensagens e abriu o Instagram, se acostumando gradualmente com a claridade emitida pela tela do celular no meio do quarto escuro.

O post de Scooter foi a primeira coisa que apareceu.

A foto escolhida era uma antiga, de Justin, provavelmente de 2007, com uma qualidade não tão boa. Ela era seguida por um texto.

"Conheço Justin há quase 10 anos. De origem humilde, do interior do Canadá, eu trouxe-o para Atlanta quase como num tiro no escuro: uma única chance, eu, ele, a mãe, um talento e um sonho. Apostei todas as minhas fichas nele porque via (e vejo até hoje) um potencial incrível no garoto que na época tinha 13 anos, no homem que hoje está prestes a completar 23. Talentoso, humilde, engraçado, impaciente, uma máquina errante. Sim, errante. Porque errou. Errou muito e aprendeu com os erros. Pediu perdão, transformou a aprendizagem em música, descobriu seu propósito, deu a volta por cima e aprendeu a inspirar seus fãs. Ganhou prêmio, perdeu prêmio e estamos com 4 indicações ao Grammy no momento. Errou, aprendeu mais. Ouviu coisa que não queria e aprendeu que, às vezes, é melhor fingir que não ouviu. Deu seu lado da história, pediu mais desculpas, falou sobre os erros, a fase turbulenta em 2013/2014, falou sobre fé, sobre relação com fã, sobre pessoas que passaram pela sua vida. Famoso muito jovem, consequências muito cedo. Mas hoje, sei que naquele corpo ainda habita um bom coração; um coração de ouro. Eu não queria fazer isso. Prolonguei o momento o máximo possível, mas enquanto ele não está aqui, devo isso a vocês, que nunca saíram do lado dele.
Na virada do ano, no Réveillon, na noite do dia 31 para o dia 1 de janeiro de 2017, Justin sofreu um acidente de carro. Um acidente grave, com 4 pessoas envolvidas e que não, não foi culpa dele. Mas infelizmente, ele é quem mais está sofrendo com isso. Justin encontra-se em coma há 8 dias. As famílias e os amigos estão por perto, rezando, na esperança de que ele se recupere logo. Repetindo, eu não queria dar essa notícia, mas vocês nunca deixaram Justin naquele que acreditavam ser o pior momento, então, estamos em eterna dívida com vocês. Vocês precisavam e mereciam saber. Não iremos divulgar a localização de Justin ou mais detalhes da situação por uma questão de respeito à saúde e privacidade dele, espero que entendam. Eu sinto muito. - SB."

 



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