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História Find You - - janeiro III;


Escrita por: thankskidrwhl

Capítulo 4 - - janeiro III;


- No que você está pensando? – Melissa pergunta, enquanto ela e Sadie estão sentadas na grama, na parte de trás do colégio, e conseguem ver os meninos da escola treinarem para um jogo de lacrosse, a uns bons metros delas.

- Em Justin. – Sadie responde e olha para a melhor amiga.

É 24 de Janeiro, uma terça-feira quente, está muito sol e não há uma nuvem no céu. O dia está lindo para estar em qualquer lugar da cidade; menos um hospital. Já tem mais de duas semanas que Scooter postou a nota.

- O que você acha que está acontecendo? – Melissa questiona, dando certa atenção para o seu almoço.

- Eu não sei... – A loira ao seu lado diz, e está mentindo. Sadie sabia muito bem o que estava acontecendo: nada. Quer dizer, nada no hospital. Na internet, as pessoas só estavam parando de fazer teorias e postar sobre Justin agora; isso num âmbito geral. O fandom das beliebers ainda falava sobre Justin sem parar, o dia inteiro, todos os dias da semana.

- Eles não deram mais nenhuma notícia? Tipo, nada? – A melhor amiga de Sadie pergunta. Melissa tem dificuldade de olhar para Sadie, por causa do sol forte, que já começa a arder a pele das duas. Sadie provavelmente ficaria com as bochechas vermelhas.

- Postaram uma nota tem uns dias, cancelando a turnê e avisando que iriam ressarcir todos os fãs que compraram o ingresso. Mas nada sobre Justin.

- Olha, Sadie... – Mel começa a frase, fazendo com que Sadie olha para ela, interessada no que a amiga está disposta a dizer. – Eu acho que tem coisa aí. Acho que eles não estão contando tudo.

Sadie encara a amiga por um segundo, sem saber o que responder, então a morena continua.

- Ele só disse que Justin está coma, tipo? Não que seja algo simples, não é nada simples... – Ela explica, enquanto abre uma garrafinha de suco. – Mas foi vago demais.

- Talvez eles estejam com medo. – Sadie supôs.

- Medo de quê?

- Eu não sei. De falar demais e as pessoas se acharem no direito de invadir demais. Óbvio, ele está internado, hospitalizado, mas tem algumas pessoas que ainda assim poderiam invadir esse perímetro. – Assim como ela havia invadido.

Melissa para por um momento, e depois olha para Sadie, fazendo uma suposição.

- Será que ele está no Cedars?

- É um dos melhores hospitais da cidade. – Sadie aponta.

- A Kim Kardashian teve a North lá. E tipo, todo mundo soube. Você acha que se ele estivesse lá, todo mundo saberia?

- Talvez. Mas aposto que o Scooter faria de tudo para esconder. Não é tipo, só um escândalo. É o estado de saúde dele.

- Você tá certa. – Melissa diz, e depois elas começam a juntar a bagunça que fizeram naquele pequeno espaço do gramado. O sinal da escola tocaria em 5 minutos. – Se eu ficar sabendo de algo eu te aviso.

- Okay. Obrigada, Mel.

- - -

- Você quer carona? Veio de carro? – Melissa pergunta à Sadie, enquanto a garota loira guarda o seu material escolar no armário.

- Meu padrasto me deixou aqui, mais cedo. Vou querer sim. – Sadie se explica, enquanto termina de arrumar os livros. A garota sente o celular vibrar no bolso de trás da calça jeans, mas decide olhar só depois. – Quando é a sua prova final de filosofia?

- Hm, na quinta, acho. Não tenho certeza. Vou mandar mensagens no grupo da sala para saber, depois. – Melissa diz, e faz cara de tédio.

- Eu preciso de dois décimos, se não fecho com o GPA 3.6. – Sadie explica, e fecha o armário. As duas amigas agora andam pelo corredor, em direção à saída da escola. É pouco depois das três da tarde, o turno de Melissa no hospital começaria em menos de uma hora. Mas o hospital ficava a cerca de meia hora de carro, então as duas conseguiriam chegar lá com alguns minutos de folga.

- Eu preciso de um ponto inteiro. Eu aposto que aquele cara tem implicância comigo. Depois que ele ficou sabendo que nós somos muito próximas, ele só sabe falar "a sua amiga Karter tem notas melhores que as suas, srta. Sanchez", tipo sim Sr. Peyton, ela é um gênio, mas infelizmente eu não sou.

- Ah, qual é. – Sadie empurra a melhor amiga com o ombro, de leve. – Nem me venha com essa. Você aplicou para a FIT.

- Eles não vão me aceitar. – Melissa assume, e Sadie revira os olhos. A morena já vinha com aquele discurso sobre "Instituto Tecnológico de Moda" há umas boas semanas.

- Você tem notas incríveis, tem cartas de recomendação, e o que mais fizemos no ano passado foram matérias extracurriculares para sermos aceitas. Não me vem com essa. – Sadie diz, enquanto as duas passam pelos portões da escola, em direção ao estacionamento.

- É o FIT! Sabe quem estudou lá? O Michael Kors.

- Sim! E sabe quem vai estudará lá? Você! Eles têm uma taxa de aceitação de mais de 50%!

Melissa suspira, e as duas caminham lado a lado, ficando em silêncio por mais alguns segundos.

- Eu não sei o que vai ser de mim se eu não passar. Meus pais estão no meu pé desde... Sei lá. O começo do Ensino Médio. Eu venho acumulando esse estresse há quase 4 anos. E se eu não passar, se eu não fizer Moda, eu ainda vou ter que olhar na cara deles e ficar: "Okay, eu não passei no curso que eu queria e vocês provavelmente estão morrendo de felicidade agora." E aí vou ter que me render a direito. - Mel exclama, destravando o carro com o controle, enquanto elas ainda estão à alguns metros dele.

- Seus pais não pensam assim... Eles... Não odeiam o curso. Eles só querem o melhor para você.

- Fazer moda não é o melhor para mim só porque viemos da América do Sul e conseguimos atravessar a fronteira?

Sadie não responde nada. Ele entende os pais de Melissa, mas entende também a melhor amiga. Ela não deveria estar condenada a fazer Medicina, Direito ou Engenharia só porque os pais haviam conseguido atravessar a fronteira.

- Eu não posso "não passar." – Melissa explica, enquanto coloca o cinto de segurança. Ela solta um suspiro antes de se virar para Sadie. – Para quais você aplicou?

- Eu não sei. Perdi a conta depois da 12ª. – Karter confessa, enquanto prende o cinto e abre a janela do seu lado.

- Ivy League?

- Acho que todas. Duas daqui da Califórnia. Duke. Notre Dame. Duas em Seattle. Uma em São Francisco. NYU. Boston.

- Você vai passar em pelo menos metade. Você sabe disso. – Mel diz, enquanto liga o carro e tira ele da vaga.

- Pra ser sincera, se eu passar em um terço tá bom. Considerando que talvez eu não vá. Talvez ficar na Califórnia seja o melhor. Se a UCLA, a Estadual, ou São Francisco me aceitarem, é provável que eu fique.

- Por causa da Rosie? – Melissa questiona.

- Sim. – Sadie responde. Ela quer dizer "também".

- Já conversou sobre isso com a sua mãe?

- Já. Ela diz que eu preciso ir para fora, conhecer novos horizontes, ver novos rostos. Fica dizendo que o mundo não se resume à Los Angeles. Mas ela não me pressiona tanto.

- Ela não está mentindo. – A morena comenta. Ela está ocupada verificando a via de duas mãos que passa pela saída do estacionamento da escola.

- Mas não deixa de ser meio irônico. Quando chegarmos no hospital, vamos estar a 30min. de distância do letreiro de Hollywood. A Academia está aqui. Os famosos estão aqui. O mundo inteiro olha para cá.

- Você nem liga para isso. – Melissa diz, e ri. Sadie a acompanha, pois sabe que está certa. - Você quer ver o mundo mais do que tudo. Você sempre disse "já parou para pensar em quantos lugares legais existem por aí e a gente nem faz ideia?" Você vai acabar indo embora uma hora ou outra... Não acredito que você esteja fadada a continuar em Los Angeles.

- Talvez. – Sadie concorda.

- Jornalismo?

- Jornalismo.

- Isso é ótimo. Pelo menos sua mãe não tem com o que se preocupar.

- Ah, qual é, Sanchez! Você tem jeito para a coisa. E sabe disso!

- Minha mãe está preocupada com a possibilidade de eu não conseguir... Me alimentar, caso eu faça moda.

- Há muitas opções dentro da área de moda, não é como se você não fosse conseguir um emprego.

- É... Vamos ver.

O assunto morre ali, e Sadie acaba se distraindo com algumas mensagens de texto, de Ryan e da mãe dela. 

Você vem?

Sim. Daqui a pouco tô aí? 

- É a sua mãe? – Mel pergunta, virando numa esquina. Elas estavam a menos de 10min. do hospital.

Tem frango na geladeira se vc quiser comer. 

<3

- Sim. Eu falei que estou chegando. – Mentira.

- Como a sua irmã está?

- Está bem. As últimas semanas foram tranquilas. - Sadie explica, deixando o celular de lado. - Mas eu venho sentindo-a meio triste. Eu acho que é por causa do cabelo. E porque ela não vai mais para a escola. Ela perdeu todos os amigos que tinha, mal mantém contato com as outras crianças do hospital. É uma merda.

- Por que por causa do cabelo? - Melissa desvia o olhar da rua por milésimos de segundos periodicamente, apenas para mostrar que está prestando atenção no que a melhor amiga diz. 

- Terminou de cair tem uns 10 dias. E ela sempre foi mais vaidosa do que eu. Não que eu não me cuide, é só que... Ela sempre se importou mais.

- Vocês já pensaram em perucas?

- Mamãe perguntou se a Rosie queria. São meio caras, mas a gente daria um jeito. Mas a Rosie disse que não quer.

- Eu sinto muito, Sadie...

- Tudo bem... – Sadie suspira e olha pela janela. O assunto de Rosie sempre acabava pesando mais do que o resto. E a cabeça dela estava cheia de preocupações. E por mais que não confessasse para si mesma, ela sabia que estava passando por todos os assuntos sozinhas, mesmo que houvesse uma dúzia de pessoas à sua volta. – Tudo isso vai passar. Daqui um ano... Tudo vai estar bem de novo.

- Já parou pra pensar que daqui um ano podemos estar em lugares completamente diferentes? – Sadie houve a melhor amiga dizer, mas não responde, então Melissa continua. – Podemos estar na mesma cidade ou em extremos do país. Eu aqui e você em Nova York ou vice-versa.

- A gente deveria ter aplicado para fora do país. – Sadie comenta, mas não tem muita certeza do que estava dizendo. Ir fazer faculdade em um lugar fora da América significava precisar de um dinheiro que ela não dispunha.

- Londres?

- Sei lá. Tanto faz. Um lugar que mostrasse para nós em como nós somos pequenos.

- Eu não me sinto pequena. – Melissa diz, e eu seu tom de voz indica uma certa confiança. Ela mantém as mãos firmes no volante, dirigindo, a postura quase perfeita.

Sadie, que até então mantinha seu olhar no lado de fora, observando a paisagem, sorri e se vira para a melhor amiga, que conversa e se mantém concentrada na direção.

- Você é 11 centímetros mais alta que eu. Impossível você se sentir pequena. – Melissa sorri, e revira os olhos, mas ela não entra naquele ponto em questão.

- Não, eu falo sério... Eu me sinto... Grande. Eu me sinto no controle da situação, não importa o que aconteça. – Mel diz, e para o carro por um momento, no semáforo vermelho. – Você não se sente assim?

Sadie olha para a melhor amiga, e não diz nada. Ela mantém uma expressão facial que indica um "...não." que Melissa não precisa ouvir para saber que ele existe.

Karter estava sendo sincera. Ela não se sentia assim, em nenhum momento. Estivesse ela no trânsito, na escola, em casa ou no hospital. Ela nunca se sentia assim, e isso já acontecia há um bom tempo. Era como se ela sempre estivesse esperando por um telefonema de qualquer pessoa, avisando que as coisas tinham dado errado e que ela tinha perdido algo. Mais precisamente, alguém.

- Tem alguma coisa que você precisa me contar? – Melissa diz, e Sadie desvia o olhar. A morena sabia que estava certa, e o silêncio da melhor amiga só serviu para acabar com quaisquer dúvidas que poderiam existir. – Sadie, o que tá acontecendo?

O carro volta a se mover, e Sadie continua em silêncio. As duas ficam naquilo por mais de um minuto, e Sadie já consegue ver o hospital ao longe. Sem trânsito, as duas haviam chegado ali rapidamente.

- Somos melhores amigas desde o Ensino Fundamental. O que está acontecendo que você não está me contando? Por que você não quer me contar?

- Não é que eu não quero te contar. Eu não posso. Não ainda.

- É sobre a sua família? É sobre Rosie? Os médicos disseram algo?

- Não, não tem nada a ver com Rosie.

- Então é sobre sua mãe e Anthony. – Melissa procura uma confirmação, mas Sadie nega.

- Não, eles estão bem. Está tudo bem em casa.

- Então sobre o que é? As faculdades? A escola? – A melhor amiga de Sadie insiste, mas Sadie não quer falar sobre aquilo agora. Ela mal se sente preparada para falar sobre aquilo agora. Fazer aquilo era quase como tirar um band-aid de uma ferida que não havia cicatrizado. Doía, e ela sabia que iria doer.

Melissa entra com o carro no estacionamento do hospital, deixando-o na parte de trás. Ela estaciona-o numa vaga próxima à entrada traseira, mas nenhuma das duas saem do carro quando ela tira a chave da ignição. As duas haviam passado os últimos minutos em silêncio, mas Sadie sabia que aquilo não podia durar muito.

- Eu quero te contar, mas... Eu não posso. – Sadie explica. – Não agora.

- O que você não pode me contar? Somos melhores amigas há anos, nós não escondemos nada uma da outra.

- Eu sei que não. E eu não queria estar escondendo isso de você. Mas não depende só de mim. Eu prometi que iria manter esse segredo sabendo que uma hora eu poderia contar a você. Mas essa hora não é agora. – Sadie diz, e abre a porta, saindo do carro. Melissa faz o mesmo.

- Isso está acabando com você! Você acha que eu não percebi? – Melissa questiona, enquanto Sadie e ela caminham rapidamente, em direção ao hospital. – Você não presta mais atenção em tudo que eu falo. Você não presta mais total atenção nas aulas. Está sempre... Fixada em algo dentro de você. E você não vê como, o que quer que isso seja, está acabando com você. Tem algo sugando toda a sua energia... No começo eu achei que era... Sei lá, momentâneo. Hormonal, eu também tenho dessas. Mas... Já dura semanas.

- Quando eu puder falar, eu vou falar! – Sadie para bruscamente no meio estacionamento. Não há mais ninguém em volta, apenas as duas melhores amigas. O sol de Los Angeles dá um tom dourado ao ambiente. – Só não vá atrás da minha mãe. Ela já tem preocupações demais.

Melissa Sanchez revira os olhos. Ela odeia aquela situação; de ter alguém escondendo algo dela, de ter que contar com algo que não sabe o que é.

- Me prometa, Sanchez. – A garota loira pede, e vê a amiga bufar, frustrada.

- Você vai me contar quando você puder? Não importa o que seja?

- Eu prometo. – Sadie garante.

- Então eu prometo também.

- - -

- Oi, querida. – Pattie diz, quando Sadie entra no quarto, e caminha até a mãe de Justin, abraçando-a. Patrícia está sentada em uma cadeira ao lado da cama de Justin. Ela pensava profundamente em toda a situação em que se encontrava antes de Sadie entrar no quarto.

- Oi. Não te vi aqui nas últimas vezes que vim. – Sadie comenta, e se senta no sofá. Apenas as duas estão no quarto. Por um momento, Sadie se questiona por que Pattie está ali sozinha.

- Ah, Scooter está tentando fazer com que eu fique menos tempo aqui. Ele diz que isso acaba comigo.

- Ele não está errado. – Sadie diz.

- É o meu filho, Sadie. – Patrícia diz, os olhos azuis na garota loira sentada no sofá, uma em cada lado do quarto. – Eu preciso estar aqui.

- Eu sei disso. Mas todos nós estamos aqui, você não precisa estar aqui a todo momento, não precisa se desgastar nesse nível. E você pode contar com cada um de nós. Se alguma coisa acontecer, você e Jeremy serão as primeiras pessoas para quem vamos ligar.

Pattie sorri, de forma agradecida.

- Onde estão os outros?

- Scooter disse que talvez só passaria aqui no final do dia. Disse que tinha algumas coisas da Ariana para resolver. Ele comentou que ela manda mensagens todos os dias para saber se Justin está bem.

- Ele deu detalhes?

- Não. Ela sabe o que todo mundo sabe.

- Ela vai entrar em turnê na semana que vem, não vai?

- Sim, ele falou algo sobre precisar resolver alguns últimos detalhes, e que precisava resolver coisas de outros artistas.

- Você está aqui sozinha? – Sadie questiona, olhando para Patrícia, que vê alguma coisa no celular. - O Butler me mandou mensagem mas...

- Ah, não, não. Não estou sozinha. Ele está aí, só foi...

- Olha só quem resolveu aparecer. – Ryan diz, ao entrar pela porta do quarto.

- Você ficou morrendo de saudades. – Sadie acrescentou, debochando.

- É claro que fiquei. – Ryan diz, de forma irônica, e cumprimenta a loira, e depois vai até Pattie, cumprimentando a com um caloroso "Oi, tia". Depois, ele se joga no sofá ao lado de Sadie.

Não era mais novidade para ninguém que o relacionamento de Sadie e Ryan havia melhorado bastante, e não era necessário muito esforço para ver um alfinetando o outro ou fazendo alguma implicância, mas agora... Era quase como se eles haviam absorvido aquilo. Como se tivessem absorvido aquilo e feito aquilo sua própria pequena coisa. Alguém que não os conhecia a vida toda podia dizer até que eles eram amigos há anos.

De forma geral... Todos ali haviam acabado criando uma espécie de... Ligação, de conexão, apoio entre uns aos outros, com pessoas que estavam sempre ali (como Scooter, os pais de Justin, Ryan, Sadie, Ryan Good e Allison) e pessoas que não apareciam sempre, mas que sempre mandavam mensagens e se mostravam presentes, mesmo de longe (como Chaz Somers, os irmãos Beadles, Poo Bear, Josh Godwin, o pessoal da banda, entre outras pessoas que trabalhavam com Justin, mas que ele obviamente via como além de colegas de trabalho).

- Pattie, você sabe como estão as crianças? – Sadie questiona. Ela sabia que eles haviam voltado para o Canadá, junto com a Chelsey, que estava se equilibrando para cuidar de três crianças.

- Eu falei com a Chelsey... Tem uns dias. Ela disse que estava tudo bem. Ela tinha ligado para a casa de Justin procurando o Jeremy, mas eu estava lá, e ele aqui. A gente acabou conversando. Ela disse que está se esforçando para manter a ordem sem Jeremy por lá.

- Eles contaram para as crianças, né? – Ryan questiona.

- Elas sabem que Justin não está bem, mas não sabem que ele está... Assim.

- Eles não ficam com medo das crianças saírem contando por aí, tipo na escola? Eu ficaria. – Sadie comenta.

- Não sei como eles estão lidando com isso, para ser sincera. – A mãe de Justin confessa, esfregando as mãos. O ambiente possui um tom azulado, pela decoração do quarto, dando a sensação de que está mais frio do que realmente está. – Apenas sei que eles não sabem de toda a situação, apenas que Justin não está bem, e que está afastado por um momento, até se recuperar. Eles viram como nós ficamos no Réveillon, eles iam saber que algo estava errado. Não são mais tão pequenos assim. Mas enfim... – Pattie diz, meio que dando o assunto por encerrado. – E você, como está?

- Bem... – Sadie diz, fazendo uma expressão que não condiz muito com o que ela está dizendo.

- Não parece, mas se você diz... – O melhor amigo de Justin murmura, sem dar atenção total para as duas, mas sempre participando das conversas.

- Obrigada pelas palavras de conforto, Ryan. – Karter deboche, e revira os olhos, conseguindo ouvir uma risada baixa vinda do loiro.

- O que há de errado? – Patrícia questiona, e então se levanta e se senta entre os dois, sem deixar de soltar um "Chega para lá, Ryan", quando ele parece relutante em ceder espaço a ela.

- Minha melhor amiga sabe que eu estou escondendo algo dela. E minha mãe não sabe que eu estou aqui.

- Sua mãe não sabe que está aqui?! – Ryan exclama, agora olhando para Sadie e deixando o celular de lado.

- Obrigada pelas palavras de conforto, Ryan. – A loira repete.

- Obrigada pelas palavras de conforto, Ryan. – Ele repete, fazendo um tom de voz mais fino, mas Sadie simplesmente o ignora.

- Minha mãe nem pode saber que eu estou aqui. Faz parte do combinado com Scooter. Eu sei que tipo... Não posso contar a elas. Mas ainda assim é difícil para mim.

- Nós somos muito gratos por tudo que está fazendo, Sadie. Você tem nos dado palpites, oferecido diferentes pontos de vista, contado o que as pessoas andam fazendo nas redes sociais... – Pattie diz. – Mais ainda precisamos bater nessa tecla. Ninguém pode saber que ele está aqui ou que alguém de fora sabe que ele está aqui, e esse alguém de fora é você.

- Eu sei...

- Nós estamos confiando essa situação em você. É o meu filho, o melhor amigo dele... – Ela aponta para Ryan. – O cliente e amigo de Scooter, o enteado de Chelsey. Não podemos deslizar. Além de ser a saúde dele, é a nossa segurança. E querendo ou não, a sua também.

- Eu imaginei que iria ser difícil, eu só... Não achei que iria ser assim. – A belieber comenta, olhando para diferentes pontos do quarto. Por mais que ela queira correr para os braços da mãe e contar tudo que está acontecendo, ela sabe que não pode, que precisa fazer aquele esforço por mais um tempo pois tudo depende dele. Ela sabe que Pattie está certa.

- Scooter disse que têm contato com outros hospitais caso você pise na bola. Pra esconder o Justin em outro lugar o mais rápido possível. – Ryan diz, e tem um sorriso sacana no rosto.

- Ryan! – Pattie exclama, e dá uma cotovelada nele, que solta um "Ai!". A morena revira os olhos azuis e depois se vira para Sadie, que está rindo. – Não dê ouvidos a ele. É mentira.

- Ela sabe que é mentira. Antes dela chegar, eu era o melhor amigo de Justin que o Scooter ouvia. Agora ele só ouve a Sadie.

- Você está com ciúmes. – Patrícia diz, e sai do espaço entre os dois, levantando-se do sofá.

- É claro que estou! Meu posto durou menos de 10 horas!

- Isso tem mais de três semanas. Já dava para você ter superado. – Pattie reclama, dando um tapinha na mão dele.

- Nós vamos estar em fevereiro e você ainda vai reclamar disso? – Sadie indaga.

- Provavelmente. – Butler confirma.

- Ugh. Que pé no saco. – Ela murmura, mas obviamente está tirando sarro da cara dele, que percebe e faz uma expressão como se estivesse ofendido. Em seguida, ele tira uma almofada de trás de si, que usava para apoiar as costas e bate-a no rosto de Sadie, que é pega de surpresa. A loira está pronta para revidar, mas Pattie intervém.

- Ei! Nada de brincadeirinha na UTI, vocês dois! – Ela briga, enquanto mantém o celular próximo a uma das orelhas, como se estivesse ouvindo algo. Então, coloca o indicador na frente dos lábios, e Sadie e Ryan fazem silêncio, como a briga de dois irmãos que foi separada pela mãe. Eles esperam até ela desligar a ligação, o que leva alguns segundos. Patrícia suspira, visivelmente cansada, e Sadie percebe que ela parecia até mais magra do que estava na primeira vez que os viram. – Okay, eu estou aqui desde cedo. Jeremy disse que sai de casa assim que eu chegar lá, já que tem gente aqui. Eu posso ir para casa para tomar um banho e descansar para voltar amanhã de manhã sem me preocupar com a possibilidade um de vocês terem botado fogo em algo?

- Você está exagerando. Eu nunca deixaria o Ryan fazer uma coisa dessas. – Sadie sorri, e se levanta do sofá. Pattie junta seus pertences, e então abraça Ryan e a garota loira.

- Se cuidem e cuidem de Justin, cuidem do meu filho. Até. Eu volto assim que o sol nascer.

- Até. – Sadie diz.

- Tchau, tia.

Assim que Pattie sai do quarto, o silêncio preenche o cômodo. Ryan se joga no sofá, apoiando um dos braços na testa e fecha os olhos, como se estivesse exausto de algo. Já Sadie assume a cadeira que a mãe de Justin usava até minutos atrás.

A loira aproxima a cadeira da cama de Justin e então se curva, apoiando o corpo em um pequeno espaço vazio que havia no colchão. Ela apoia a cabeça em um dos braços, apoiando todo o corpo ali, e então fica por alguns minutos daquela forma. Ela observa as tatuagens de Justin de perto, e passa os dedos de leve em seu braço direito, observando os pequenos pelos se mexerem conforme sua unha vai e volta na região.

Fazer aquilo já havia se tornado quase que o habitual dela. Ela ia, e conversava com quem estivesse ali. Mas então, logo assumia uma posição ao lado de Justin, não importava qual fosse o lado da cama, e ficava daquela forma por minutos e minutos, às vezes até uma hora na mesma posição, até as costas doerem e ela precisar se levantar. Ocasionalmente, Sadie dizia alguma coisa para Justin baixinho, ou o indagava com perguntas que ela sabia que não haveria resposta. Ou então, ela dizia coisas como "eu senti sua falta", ou "eu te amo", tudo para fazê-lo ter certeza de que era amado e cuidado pelas pessoas a sua volta, quer ele escutasse ou não.

- Ryan? – Depois de um tempo, ela chama pelo garoto loiro, que ainda está deitado no sofá, e por um momento se questiona se ele está dormindo, até ele responder.

- Hm. – Ele murmura, como se ela o tivesse acordado de um pré-cochilo.

- E se a gente não sair dessa? – A garota levanta a cabeça, e olha para ele, que tira o braço do rosto e olha para ela. – E se ele não acordar?

Ryan não responde.

- - -

- Acho que não é apropriado. – Scooter diz, e Sadie bufa, revirando os olhos. Ela odiava que a opinião dela não fosse levada em conta em momentos como esse, por mais que ela entendesse.

- E eu acho que você está errado. – Ela responde, simples, da mesma forma que Scooter havia dito. Sadie está sentada no sofá ao lado de Scooter, e Allison está sentada ao lado de Justin. Dessa vez, nem Pattie, Jeremy ou Ryan estão ali. Apenas os três, que discutem coisas relacionadas à Justin, como a próxima coisa que deve ser feito por eles.

- Sadie... – Allison intervém.

- Não. Vocês sabem que eu estou certa. Vocês só não querem fazer o que digo porque está vindo de mim! – A loira exclama, com o notebook no colo, que está ligado e aberto, mostrando uma foto de Pattie e Jeremy tirada no dia anterior, enquanto eles saíam do hospital.

- Não é nada disso. – Scooter rebate, e Sadie olha para ele, brava.

- Então me diga o porquê... Me dê uma razão sensata para vocês não seguirem o que estou dizendo.

- Queremos preservar a todos. – O homem rebate. Scooter está tão convicto do que diz, que isso está seriamente pegando Sadie pelos nervos. A garota sente que algo não está certo, e vai bater o pé até alguém considerar a sua opinião.

- Então o que eu estou fazendo aqui?

- Você nos ajuda...

- Como eu ajudo se quando eu digo o que está acontecendo, ninguém leva o que estou dizendo a sério? – Ela exclama, e nem Allison nem Scooter responde. – É o último dia do mês! É literalmente 31 de janeiro. Vocês vão esperar pelo que para abrir a boca de novo?

- Nós não podemos dizer mais nada, eles...

- Danem-se eles! Façam o que é certo! O sigilo de médico-paciente protege Justin e garante a ganha de uma causa na justiça caso dê errado! Se alguém falar algo, o processo é a primeira opção. É crime. Os médicos não têm autorização de vocês para dizer algo, Justin não está sob dever legal e nem há uma justa causa entre ambas as partes que justifique essa quebra. Isso nem devia ser a preocupação. Estamos em um dos melhores hospitais da América, eles não vão manchar o nome deles fazendo isso, principalmente com uma das figuras mais populares na mídia da última década.

Scooter não diz nada, e Allison olha para ele, fazendo Sadie sentir que conseguiu puxar ela para o seu lado do argumento, nem que fosse um pouquinho.

- Todo mundo sabe que Justin está em Los Angeles. As pessoas têm praticamente certeza de que ele está aqui. É a opção mais óbvia. Os paparazzis estão atrás da Pattie, do Jeremy, e falta pouco para eles irem atrás de vocês dois. Se vocês não disserem nada, não disserem algo tipo "ele está bem" ou "ele está em observação", as coisas vão piorar. Tem 23 dias que vocês disseram algo pela primeira e última vez. O nome do Justin mal sai dos trends desde então. As buscas com o nome dele cresceram 200%, as pessoas estão procurando tudo... Eu ainda estou surpresa de que não há pelo menos uma dúzia de paparazzis lá fora.

- Eles estão procurando por uma resposta concreta... – Braun se explica.

- Há uma foto de Pattie saindo daqui, ontem! – Karter aponta para a tela do computador. Ela sente como se fosse entrar em desespero a qualquer segundo.

- Não é uma prova concreta. Isso não significa nada. Ela poderia estar... Saindo de um exame de rotina. – O homem mais velho dá de ombros, como se fosse a coisa mais simples do mundo.

- Scooter... Ela nem mora em Los Angeles! Por que ela estaria fazendo exames de rotina em Los Angeles?!

- Eles querem uma prova concreta! – Scooter implica, apertando aquela tecla mais uma vez.

- E eles vão conseguir, porque vocês querem brincar de gato e rato. – Sadie rebate, e não olha para Scooter. Ela volta a mexer no notebook, e Scooter não diz nada, apenas suspirando.

É a primeira discussão dos três. Sadie sabia que uma hora isso iria acontecer. A garota loira já sentia que a opinião deles poderiam ser divergentes, e isso realmente fosse importar em algum momento.

Quanto mais o fim do mês se aproximava, mais tensa ela ficava. Ela sabia que eles precisavam fazer algo, seria questão de tempo até ter uma câmera apontando para o rosto de um deles enquanto um homem desconhecido pergunta por Justin. Mas Scooter queria esperar, ele tinha medo de dar um passo em falso e acabar entregando mais do que devia, não queria dar um salto no escuro, pular do penhasco. Allison concordava com ele, mas também achava que Sadie estava certa. A morena sabia que, em algum momento, eles precisariam fazer algo que não queriam fazer para preservar tudo e todos.

- Sadie... – A morena chama, e Sadie olha para ela. A garota está brava, com um bico no rosto. – Olha, acho que você esteja certa. – Scooter olha para ela, surpreso. – Sim, Scooter, eu acho que ela esteja certa. Mas Sadie, nós não sabemos o que você quer que a gente faça. Nós vamos... Falar o quê? Não há nada para ser dito.

- Mintam! – Sadie exclama. – Não vai ter sido a primeira vez. No passado, vocês mentiram e esconderam coisas de tudo e todos para preservá-lo. Por que agora é tão difícil?

- Porque agora nós precisamos confiar no hospital! Ele não estava entre a vida e a morte antes. Mas agora ele está!

- A justiça garante o silêncio do hospital! Eles precisam ficar em silêncio, vocês não. Não dizer nada agora significa dar mais tempo para eles procurarem algo. É como uma agulha num palheiro? Sim! Mas eles vêm procurando há 23 dias. – Sadie afirma, e recebe o silêncio dos dois. - E outra, vocês precisam dizer algo ao fandom. Há milhares de pessoas lá fora esperando pela próxima notícia, que vocês se recusam a dar. Milhares de pessoas indo dormir sem saber se Justin vai estar vivo amanhã ou não. Eu vi tweet de gente que foi parar no hospital no dia 8! Conseguem imaginar como milhares de beliebers lá fora estão com esse silêncio?! Ninguém diz nada há 23 dias. A Team Bieber sumiu das redes sociais. Vocês se calaram!

- Nós não temos nada a dizer, Sadie. – Allison rebate.

- Eu aposto que Ariana também não vai ter. A Dangerous Woman Tour começa em três dias. Vocês acham que eles não vão questioná-la? E quando ela não dizer nada e a TMZ soltar uma matéria com a cara de Justin, a sua... – Ela aponta para Scooter. – E a de Ariana, com a chamada "SB Projects não tem nada a dizer sobre Bieber.", o que vocês vão fazer?

Braun e Kaye não respondem nada, então Sadie responde a si mesma.

- Nada. Vocês não vão fazer nada. – A loira suspira, e fecha o notebook que está em seu colo. Ela o guarda em sua mochila. – Tudo bem... Cabe a vocês decidirem. Mas levem o que eu falei em conta, pelo amor de Deus.

Sadie se despede de Scooter e Allison, meio que sem jeito, e em seguida deixa um beijo na testa de Justin. Quando está prestes a sair do quarto, ela se vira para os dois:

- Olha... Eu sei que estou sendo chata, mas... Amanhã faz um mês. – Ela sente os olhos se encherem de lágrimas e não conseguem evitar a cara de choro. Allison e Scooter observam a garota sem dizer nada. Os dois parecem carregar pesos nas costas. – Eu gosto de vocês e estou tentando encontrar alternativas, para fazer o caminho mais fácil. Mas eu ainda sou uma belieber, e amanhã faz um mês e os médicos disseram que depois de um mês, as chances de recuperação são mínimas. Justin pode entrar em estado vegetativo. Eu não quero que vocês tenham que se virar para o fandom por uma segunda e última vez para dizer que Justin está em estado vegetativo e as chances de ele acordar são mínimas. Eu não quero isso para mim, eu não quero isso para o fandom. Eu não quero isso para vocês porque... Tem pessoas lá fora que realmente possuem um carinho por toda a Team. Têm pessoas lá fora que confiam a vida de Justin na mão de vocês.

Karter passa e fecha a porta. Ela caminha pelo corredor lentamente, enquanto tenta se livrar das lágrimas que insistem em cair pelas bochechas. Ela sentia que havia chegado ao seu limite, e que não sabia por mais quanto tempo iria suportar. Ela amava Justin, da mesma forma que amava a equipe e amava a sua família e sua melhor amiga. Todos eles a enchiam de felicidade. Mas ela se sentia extremamente... Abatida. Sentia que estava dando murro em ponta de faca. Há 30 dias.

Enquanto isso, Scooter e Allison debatem entre si o que deve ser feito. Ambos sabem que Sadie está certa, mas nenhum dos dois parece disposto a dizer algo, mesmo que fosse necessário. Sim, não havia nada de relevante a ser dito. Justin não havia feito progresso nenhum nas últimas semanas. Ele ainda não respondia à estímulos, ainda estava entubado. Mas eles também sabiam que quem quer que fosse procurar por Justin, fosse uma revista de fofoca ou não, poderia chegar muito perto. A ideia de ficar onde estavam não era a mais correta, o movimento constante era o mais apropriado. Mas a essa altura do campeonato, todos estavam cansados. Sadie estava desgastada, Scooter estava estressado, os pais de Justin estavam cada vez mais preocupados e abatidos. Era uma espécie de maratona e nenhum deles sabia quem era o adversário

- Você sabe que ela está certa. – Allison diz, se levantando e indo até a janela do quarto. Ela passa a mão no rosto, visivelmente nervosa.

O quarto de Justin era maior que o normal, e tinha uma grande janela, que tomava uma parede inteira do quarto. Ao fazer o acordo com o hospital Scooter pediu por um quarto diferenciado, pois ele sabia que a quantidade de pessoas que o visitariam seria maior que o normal. Ainda assim, o quarto era todo equipado como um quarto de UTI, pois o estado de Justin ainda era um dos mais graves.

- Eu sei. – Scooter passa as mãos pela cabeça, abalado. – Ouviu o que ela disse? Ouviu as palavras dela? Essas pessoas confiam da vida dele nas nossas mãos e e... Eu nunca estive de mãos atadas como eu estou agora, Alli! Mas não posso ceder sempre, Allison. Sadie está certa, isso é óbvio, mas... Argh. As coisas não mudaram, não mudaram por um mês! Eu estou clamando por um milagre, ok? Eu estou...

Scooter olha para Justin, e Allison não consegue dizer se o homem em sua frente está irritado com Justin ou com situação. Ou com os dois.

- Eu estou irritado, e estou com raiva. E eu estou clamando por ele! – Scooter aponta para Justin, pacífico, na mesma posição há quase um mês. A sua expressão de corporal é de alguém pronto para uma briga, mas os olhos estão cheios de lágrimas. – Eu estou clamando por ele, porque eu quero que ele volte. Não por causa de tudo que fizemos, eu faria tudo de novo! Mas porque nós estamos há quase 10 anos nisso, Allison! Nós já rodamos o mundo, nós já entramos em contato com milhares de pessoas. Nós mandamos mensagens, nós demos ingressos de graça, nós abraçamos, nós conhecemos, levamos ao palco, e hoje nós estamos aqui. E nós somos família! – Allison desvia o olhar de Scooter. É óbvio para os dois que ela quer chorar. - E a Sadie está certa! Eu não quero virar para as fãs dele e dizer que não há nada que possa ser feito. Isso significa desistir, isso significa desligar as máquinas. E se eu fizer isso, não haverá um dia em que eu não coloque a cabeça no travesseiro me perguntando se eu não deveria ter esperado mais.

Scooter caminha até as janelas do quarto. Allison quase imagina que aquele seria o momento que ele acenderia o cigarro, caso ele fumasse.

- Eu não aguento mais isso, Alli. Eu preciso que ele volte... Eu não vou aguentar outro mês... Eu aceito qualquer coisa. Eu preciso de um milagre. - Scooter parecia não ter a intenção de finalizar a frase ali, mas é o que ele faz.

Kaye suspira, sentindo o peito pesado.

- Vamos... Vamos dar mais tempo a ele, ok? Ele ainda é o Justin. Ele ainda é nosso Justin. – Scooter parece mais agitado que o normal, então Allison coloca a mão sobre o ombro, fazendo-o olhar para ela. – Hey, nós o conhecemos. Nunca deu certo fazer as coisas assim. Nunca deu certo... Lutar contra ele, nunca deu certo lutar contra a força da natureza que Justin é. Agora não vai ser diferente.

Braun desvia o olhar, agora observando Justin.

- E se ele... E se ele não quiser mais? E se ele desistir? – Ele faz uma pausa, comprimindo os lábios. – A vida na turnê era um caos. Fora dela, mais ainda. Não era assim que ele queria. Mas nunca imaginamos o furacão que ele iria se tornar...

- Justin não desistiria agora. O nosso Justin não. – A empresária observa Justin, na mesma posição, há semanas. A cada dia que a passa, a cena perdia a novidade que havia em si, mas nunca deixava de ser perturbadora. – O perfeccionista do Justin? Coisas inacabadas não servem para ele.

Braun suspira pelo que poderia ser a milésima vez do dia, então caminha em direção à porta.

- Eu vou... Vou tomar um ar. Eu não aguento mais ficar nesse quarto. Volto daqui a pouco. Você quer um café?

- Não, eu não... – Quero. Essa era a palavra que deveria vir depois. Mas não veio.

Um ser humano saudável possui um tempo médio de reação de 0,15s a 0,45s. É esse o tempo que o cérebro humano demora para receber um estímulo e promover uma reação. De 1 a 3 quartos de um segundo. Era menos tempo que o cara no outro veículo tinha levado para perceber o carro de Justin, e então colocar o pé no freio.

Mas havia sido o tempo necessário para Allison e Scooter perceberem que as máquinas faziam um som diferente.

O monitor cardíaco, que havia trabalhado incessantemente pelo último mês continuava lá, trabalhando, mas agora de uma forma diferente. Não havia mais frequência cardíaca. Apenas uma linha contínua, reta e única aparecia na tela, assim como apenas um som numa mesma frequência preenchia o ambiente. Era o fim do mês, e talvez o fim da linha. O coração dele não pulsava mais.

Inesperadamente, houve uma calmaria. A mesma que vem depois da tempestade. Mas ali era Justin Bieber. Tudo começaria de novo. Por 5 segundos, Allison e Scooter não tiveram reação, apenas se encaram como se fosse o certo a fazer. E então no segundo seguinte, uma equipe inteira estava dentro do quarto, colocando os dois para fora, enquanto o elevador que Sadie estava se encontrava a alguns instantes saguão do hospital.

Enfermeiros cortam a roupa de hospital do Justin e tiram os acessos dos monitores cardíacos, então colando adesivos e preparando as pás.

- Carrega em 100. Afasta!

O movimento que o corpo de Justin fazia no colchão parecia simplesmente errado. Ele estava incrivelmente frágil naquele momento, mais do que ele já estivera em qualquer outro, mais do que um coração partido ou as drogas o havia deixado, anos antes.

O elevador de Sadie para alguns andares abaixo, e então segue para o saguão.

Um dos internos se debruça sobre o corpo de Drew, fazer a massagem cardíaca, por um minuto antes que o desfibrilador entre em cena novamente.

Allison sentia como se fosse vomitar a qualquer momento. Drew era quase um filho, mesmo a pouca diferença de idade. Ela literalmente amava aquele garoto, e aquele poderia ser um dos últimos momentos onde ela o estaria vendo com vida.

- Mais uma vez. Carrega em 200. Afasta!

Mais um choque. O interno voltava com a massagem cardíaca, incessante. Allison podia quase jurar ter ouvido o homem responsável pela massagem cardíaca xingar e falar o nome de Justin, dizendo que aquela não era a hora de desistir, que não era hora de ir embora.

Scooter mal se lembrava de respirar. Ele precisava fazer algo, precisava fazer alguma coisa. Precisa ligar para alguém, precisa quase que pedir socorro. No desespero, ao tatear o corpo em busca do celular, sentiu-o vibrar no bolso da calça jeans.

Ao olhar a tela, viu a mensagem de Butler, perguntando se eles queriam alguma coisa da lanchonete do hospital. Scooter não pensou muito e apertou o botão da ligação. Alisson se apoia na parede e levemente curva o corpo, e Braun tem quase certeza de que ela vai vomitar.

- Alô? - A voz de Ryan surge do outro lado da linha.

- Suba, apenas suba. Eles estão lá. No quarto, tentando reanimá-lo. Foi tudo muito rápido. - O empresário quase atropela uma frase com a outra, mas é o suficiente para Ryan entender tudo.

Butler estava a caminho da lanchonete quando atendeu a ligação, mas mudou seu trajeto no mesmo segundo, partindo para o elevador do prédio, apertando o mesmo botão várias e várias vezes, sem a importar em parecer impaciente para as pessoas à sua volta.

Terceiro andar. Segundo andar. Primeiro andar. Térreo.

Cerca de 7 pessoas saíram do elevador, e Ryan reconheceu o cabelo loiro no mesmo instante que ela ousou colocar os pés para fora. Empurrando Sadie para dentro, esperou até a última pessoa sair para apertar o botão que fecharia as portas o mais rápido possível várias e várias vezes.

- Ei! O que foi? - Sadie exclama, ao ver Butler impaciente. - Por que fez isso? Estou indo embora!

- Bem, você não está mais. - Ryan passa o indicador e o dedo do meio na sobrancelha esquerda várias vezes e então fita o visor que indicava que os dois ainda estavam no terceiro andar, apertando o botão do andar da UTI mais uma vez, várias vezes.

- O que aconteceu? – Ela questiona, enquanto o observa, questionando-se se ele está passando mal. O loiro olha para Sadie, mais apreensivo do que nunca. Mais do que ele estivera no último mês. E então ela sabe.

- Ele... Eu não sei, ele... – Ele gagueja, não conseguindo encará-la. - Eu só atendi a ligação.

- Ryan... - Sadie o chama, pedindo por algo concreto, mas a postura do melhor amigo de Justin não estava nada boa. Ela já conseguia sentir o medo queimar seu peito. – O que aconteceu?

- O que aconteceu comigo? O que aconteceu com Justin?! – Ele eleva o tom de voz na segunda parte. Ela estivera lá em cima, não? Ela sabia mais do que ele.

- Nada! Eu acabei de sair de lá. Ele estava... O mesmo de sempre. – Ela franze a testa, confusa e irritada porque ele está elevando o tom de voz com ela.

- Scooter me ligou, Sadie. Scooter me ligou e ele estava eu desespero. Ficou falando que estavam tentando reanimá-lo...

- Isso não faz sentido, eu estava lá! Ele estava bem! – Ela exclama.

- Eu não sei! – Ele grita com ela, a voz preenchendo cada centímetro quadrado do elevador. – Eu não sei, ok?! Eu não sei! Eu só... Scooter estava gritando no telefone, eu só... Eu...

O final da frase não vem. Sadie não lembra de ter saído do elevador, mas quando chega lá, Scooter não deixa ela olhar pela janela do quarto.



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