1. Spirit Fanfics >
  2. Fire And Ice >
  3. Discovering conflict!

História Fire And Ice - Discovering conflict!


Escrita por: Lucy_Kaminski

Notas do Autor


Bom... Me desculpem por não postar semana passada. É que o meu computador tem um certo problema de não querer ligar e quando liga as vezes se desliga do nada. Aí eu acabei não conseguindo postar o cap. Sorry! E todo fim de semana eu vou pro sítio dos meus avós, aí não tenho como responder imediatamente os comentários, está bem? Por que lá não pega muito bem o sinal do telefone e não tem internet. E eu só volto pra casa nas segundas de manhã e já vou indo direto pra escola, eu só deixo minha bolsa arrumada pra quando voltar, só pego ela e vou de carona com meu pai pra escola. Mas nessa segunda eu ainda vou estar no sítio, por que é feriado aqui em Pernambuco, pelo que o Governador declarou que o feriado foi adiantado de sexta pra segunda. Por isso só vou estar de volta na terça a tarde em casa, já que já vou direto pra escola assim que chegar aqui. Enfim... Espero que tenham me entendido.
Aproveitem esse capítulo, meus amores.
Espero que gostem! :3
Esclarecendo logo um fato desse capítulo...
A Anna não sabe como é o príncipe Draco. Ela não tem ideia de que ele é o cara que a beijou na sala de espera VIP onde ela foi para tentar conseguir a passagem para a primeira classe. Ela pensa que ele é um velho que se prende ao passado onde reis e nobres eram os importantes, enfim, ela pensa que ele é um velho(senhor de idade, só pra ficar mais educado) que pensa que ainda está na era medieval da história. E o Draco também não tem ideia de que ela é o "advogado" de Cesare Orsini(pai da Anna, outra coisa que o Draco não sabe).
E bom... Sofia é a mãe dela, só pra terminar. :)
Palavras italianas de hoje:
*Ciao -> Olá.
*Va bene -> Ok/Certo.
*La famiglia -> No contexto significa junto com o "de"(que vem antes), da família.
*Buona notte -> Boa noite.
*Capo -> No contexto significa: O cabeça de tudo(Seu braço direito).
*Mia figlia -> Minha filha.
*Famiglia -> Família.
*Per favore -> Por favor.
*Sì -> Sim.
*Signorina -> Senhorita.
Se eu esqueci de algum me avisem nos comentários, por favor.
Se não entenderam algo, me digam também.
Desculpe se tiverem erros. Não tive muito tempo para revisar o texto.
E, mais uma vez, sinto muito por não ter postado semana passada. (¬¬)
Booua Leitura, meus anjinhos! <33

Capítulo 2 - Discovering conflict!


Fanfic / Fanfiction Fire And Ice - Discovering conflict!

          Anna caminhou pelo terminal abarrotado tão furiosa que mal consegui enxergar.

 

         Aquele porco chauvinista! Aquele machista idiota!

 

          Dar um soco não era suficiente.

 

          Devia ter chamado a polícia. Prendê-lo. Acusá-lo de... Assédio sexual...

 

         Certo. 

 

         Um beijo não era assédio sexual. Era um beijo. Roubado, o que podia ser classificado como mau comportamento...

 

          Não que qualquer um chamasse aquilo que pousou em seus lábios de apenas um beijo.

 

          A boca quente e firme. Aquele corpo duro e alto. Aquele braço, musculoso, envolvendo-a como se fosse algo a ser reivindicado.

 

          Ou marcado.

 

          Um frêmito a atravessou. Aquilo era raiva, não era?

 

          Claro que sim.

 

          Obviamente, devia ter feito algo além de socá-lo.

 

          Onde estava o portão? Os ombros doíam do peso das malas. Os pés machucados por causa dos saltos. Por que diabos não os trocara? Ela calçara-os para atuar no tribunal. Deliberadamente. Era seu uniforme. O terninho feito sob medida e o salto agulha. Acostumara-se a usá-los trabalhando com alguns dos mais importantes promotores públicos do país, que, obviamente, pensavam que uma advogada que atua em defesa da mulher, especialmente chamada Orsini, seria fácil de decifrar.

 

          Nada a respeito dela era fácil de decifrar, muito obrigada, e queria se manter assim.

 

          Mas os sapatos eram inadequados para andar apressada em um aeroporto. Onde diabos era o portão?

 

           Na outra direção.

 

          Anna soltou um gemido, virou-se e correu.

 

         No momento em que alcançou o locar certo, as pessoas já estavam embarcando. Parou no final da fila, que se movia vagarosamente. A maior parte do seu cabelo escapava do grampo que o prendia; mechas selvagens pendiam em seu rosto e aderiam a sua pele suada.

 

          Anna pegou a passagem no bolso da frente da maleta e viu que seu assento era no0s fundos do avião e que, de acordo com a voz irritantemente alegre que soava dos alto-falantes, aquela seção já embarcara.

 

         Perfeito.

 

         Estava tão atrasada que a maior parte dos compartimentos da bagagem de mão certamente estaria lotada no momento em que conseguisse entrar no avião.

 

         Muito obrigada, Sr. Macho.

 

         Ele, certamente, não teria esse problema. A primeira classe tinha bastante espaço para guardar os pertences dos passageiros. A esta altura, provavelmente estaria com uma taça de vinho nas mãos, trazida por uma aeromoça atenciosa que faria de tudo por aquele passageiro bem-apessoado, porque muitas mulheres babavam por alguém com aquela aparência.

 

          Alto. Moreno. Olhos escuros e cílios longos. Um maxilar forte. Um rosto e um corpo que poderiam ter pertencido a um imperador romano.

 

           E a atitude que completava a aparência.

 

           Era por isso que ele teria acesso a um computador enquanto ela...

 

           Anna respirou. Não. Absolutamente não. Não ia viajar naquela parte do avião!

 

           Concentre-se, pensou. Tentou lembrar o que diziam aqueles papéis antigos e amarelados que seu pai lhe dera.

 

           Ei, era como se não os tivesse lido...

 

           Certo. Não lera. Não exatamente. Vira-os antes para escanear no computador, mas os mais antigos eram quase todos escritos a mão. Em italiano. E seu conhecimento da língua era básico, limitado a ciao, va bene e um punhado de palavras que aprendera quando criança e não levariam muito longe numa conversa.

 

              A interminável fila se aproximava do portão.

 

              Se ao menos tivesse mais tempo, não apenas para ler aquelas anotações, mas também para ter arrumado um lugar melhor naquele vôo. Voaria de primeira classe em vez de classe econômica, deixaria o pai pagar a passagem porque Cesare era a única razão para ela estar naquela tola missão.

 

              O pai podia arcar com qualquer valor de uma passagem de primeira classe.

 

            Ela certamente não podia. Você não viaja com conforto quando seu salário vem de representar clientes desconhecidos.

 

           E primeira classe significava conforto. Voara nela uma vez quando passou no exame da Ordem e seus irmão a presentearam com uma passagem de ida e volta a Paris.  

 

— Vocês são loucos — dissera, chorando de felicidade enquanto beijava Rafe, Dante, Falco e Nicolo.

 

            E mais. Viajara no jatinho privado dos irmãos.

 

*Voltando à realidade*

 

— A passagem, por favor.

       

          Entregou a sua.

 

— Obrigada — disse a funcionária. Naturalmente, com ar alegre.

 

          Anna a olhou com raiva.

 

           Não havia nada de alegre em passar sete horas apertada como se estivesse em uma lata de sardinhas.

 

           Sabia o que era voar em classe econômica. Era o que as pessoas normais faziam, e passara a vida, todos os seus 26 anos, da forma mais normal possível.

 

           O que não era fácil quando seu velho era um senhor de la famiglia.

 

                A classe econômica tinha suas desvantagens, pensou, enquanto caminhava com dificuldade pela rampa que dava para o avião. Sem tomada para computadores além de outras coisas.

 

                Em suma, voar de classe econômica era como a vida. Nem sempre era bonita, mas você fazia o que podia para que fosse.

 

              E o que precisava fazer agora, refletiu com vigor, era achar um jeito de rever os documentos enquanto durasse a bateria do laptop.

 

              Enfim, a porta do avião estava logo à frente. Entrou e, de alguma forma, controlou-se para não resmungar quando a assistente de bordo a cumprimentou com um sorridente Buona notte.

 

              Não era culpa das meninas que pareciam ter acabado de sair de uma campanha publicitária. Anna, por outro lado, sabia que sua aparência era a de uma pessoa que não dormia e nem arrumava o cabelo ou a maquiagem havia dias.

 

              Pensando bem, não fizera nada disso mesmo.

 

              Seu pai havia jogado seus problemas em cima dela 24 horas antes e não diminuíra o ritmo desde então. Um longo discurso programado para uma classe de futuros advogados da Universidade de Columbia, sua antiga faculdade. Duas intermináveis reuniões. Uma ida para o tribunal, um malabarismo desesperado para conciliar a agenda, seguida de uma corrida de táxi até o aeroporto em meio ao trânsito caótico de Manhattan, apenas para descobrir que seu vôo estava atrasado e que não, não podia trocar a passagem para uma de primeira classe, mesmo sabendo que precisava chegar a Roma com alguma idéia útil na cabeça.

 

                 E, para coroar... O inútil enfretamento com aquele homem...

 

                 O avião era antigo, o que significava que os passageiros precisavam passar pela primeira classe e pela classe executiva para chegar à econômica. Isso lhe deu a excelente oportunidade de vê-lo sentado na poltrona 5A, os braços cruzados, as longas pernas estendidas, e o assento 5B visivelmente vazio.

 

               Queria lhe dizer algo. Algo que mostrasse o que pensava de um homem como ele, que se achava dono do mundo, que achava que as mulheres deveriam se jogar a seus pés, mas já tentara isso e olhe o que aconteceu.

 

                E, quase como se escutasse seus pensamentos, ele virou a cabeça e a olhou.

 

                Os olhos de Draco ficaram ainda mais escuros. Fixados nela.

 

                 Em sua boca.

 

             Os lábios dele se curvaram em um lento e astuto sorriso. Lembra-se de mim?, disseram aqueles lábios. Lembra-se daquele beijo?

 

                Anna sentiu as bochechas queimarem.

 

               O sorriso dele entortou, tornou-se arrogante, um claro sorriso de homem.

 

                Queria tirar aquele ar do rosto dele.

 

                 Mas não faria isso.

 

                 Não faria, pensou, e então desviou o olhar e voltou a caminhar através da primeira classe, da classe executiva, até o confinamento da classe econômica onde havia uma fila de pessoas procurando espaço entre os compartimentos da bagagem e depois se encaixando em seus assentos.

 

                 Finalmente encontrou sua poltrona e constatou que também, sem muita surpresa, que não havia espaço para a bagagem de mão. O que era pior? Ir mais quatro assentos para os fundos do avião para procurar um lugar onde pudesse guardar a mala, ou lutar para fazer o caminho de volta, como um salmão nadando contra a correnteza?

 

             Ou ficar entre o cara sentado perto da janela, que tinha uma semelhança assombrosa com Hannibal, o Canibal, e a mulher sentada ao lado do corredor que assobiava. Nenhuma melodia compreensível. Apenas um som estável e baixo, como uma abelha.

 

            Anna suspirou.

 

— Com licença — disse e escorregou pela mulher que assobiava.

 

               Tentando não notar que parte da coxa do Hannibal dividiria espaço com ela, empurrou a maleta de mão sob o assento em frente e entrelaçou as mãos no colo.

 

               Seria uma noite muito longa.

 

***

 

                Com o avião já no ar, depois do costumeiro aviso de que o uso de aparelhos eletrônicos estava liberado, acomodou a pasta no colo, abriu, tirou o laptop de dentro, baixou a bandeja, colocou o computador em cima e apertou o botão de ligar.

 

                A máquina deu um chiado.

 

               Ou talvez fosse a mulher ao lado. Era difícil dizer.

 

                Então inicializou. Sem perder tempo, procurou pelo arquivo que precisava. Clicou na pasta e estava ali, o documento mais recente, uma carta do príncipe Draco Marcellus Valenti para seu pai.

 

                 O nome lhe provocou risos.

 

                Assim como a carta.

 

                Era rigorosamente formal assim como o ridículo nome e o título, envolto em um tipo de exagero, de pompa, que teria feito um escrivão do século XVII(17) ficar orgulhoso.

 

              Apenas com uma leitura, já imaginou como o príncipe seria.

 

              Velho. Não apenas velho. Ancião. Cabelos brancos saindo de um couro cabeludo rosado. Provavelmente crescendo junto com as orelhas.

 

              Em outras palavras, um homem fora de sintonia com a vida, com a realidade, com o mundo moderno.

 

              Sorriu. Podia ser interessante. Anna versus o Aristocrata. Droga, isso soava como um filme...

 

              Blip.

 

              A tela de seu computador ficou preta.

 

— Não — sussurrou —, não...

— Sim — disse Hannibal, animadamente. — Está sem bateria, mocinha.

 

              Diabos. Mocinha? Anna o olhou. Estava sem paciência com homens... Mas o vizinho de assento apenas atestava o óbvio.

 

               Por que descontar a raiva nele?

 

              Claro, tinha se irritado com o que acontecera na sala de espera, mas seu humor já estava azedo antes.

 

                Tudo começara no domingo, depois do jantar na mansão Orsini em Little Italy. A mãe de Anna ligara na semana anterior para convidá-la... 

 

*Flashback ON*

 

 

— Não posso ir — dissera. — Tenho um compromisso.

— Você não vem aqui há semanas. — O tom de censura na voz de Sofia levara Anna de volta à infância. — Tem sempre uma desculpa.

 

                 Era verdade. Então, deu um suspiro e concordou em aparecer. Depois da refeição seu pai insistira em caminhar com ela até a porta da frente, mas, quando estavam prestes a passar pelo estúdio, ele parou e sacudiu a cabeça, para indicar que Freddo, seu capo, sua sombra sempre presente, deveria se afastar.

 

— Uma palavra com você sozinha, mia figlia — dissera a Anna.

 

                Relutantemente, deixara o pai guiá-la para dentro do estúdio. Sentou atrás da sólida mesa de carvalho, apontou para que ela se sentasse, observou-a por um longo momento e depois limpou a garganta.

 

— Preciso de um favor, Anna.

— Que tipo de favor? — disse cautelosa.

— Um muito importante.

 

                  Encarara-o. Um favor? Para o pai que fingia respeito pela mãe, mas que na realidade a desprezava? Era um chefão do crime. Senhor da temida famiglia da Costa Leste.

 

                 Cesare não fazia idéia de que a filha sabia disso, que ela e a irmã, Isabella, tinham desvendado o segredo quando Izzy contava 13 anos e Anna, 14.

 

               Nenhuma das duas conseguia se lembra de como, exatamente, acontecera. Talvez tivesse lido um artigo no jornal. Talvez os sussurros das garotas da escola repentinamente começassem a fazer sentido.

 

              Ou talvez quando perceberam que seus irmãos, Rafe, Dante, Falco e Nick, tinham ido viver suas próprias vidas o mais rápido possível, e tratavam o pai com distância e frieza sempre que visitavam a mansão.

 

             Ele era uma pessoa desonesta.

 

              Por causa da mãe, não demonstravam que sabiam a verdade. Mais tarde, aquilo foi se tornando mais e mais difícil. Anna, especialmente, achava difícil fingir que as mãos do pai não eram sujas e sangrentas.

 

               Fazer um favor, para um homem como aquele?

 

               Não, pensara. Não, não faria.

 

— Sinto dizer que estou incrivelmente ocupada, pai. Tenho muita coisa para fazer e...  

 

                Interrompeu-a com um arrogante aceno de mão.

 

— Vamos ser honestos. Sei o que acha de mim. Sei há muito tempo. Pode enganar sua mãe e seus irmãos, mas não a mim.

 

                Anna ficou de pé.

 

— Então também sabe que pede a pessoa errada.

 

                 O pai balançou a cabeça.

 

— Peço a pessoa certa. Para a única pessoa. É minha filha. E é mais parecida comigo do que gostaria de admitir.

— Não sou nada como você! Acredito na lei. Na Justiça. Em fazer o que é certo!

— Assim como eu — dissera o pai. — Apenas alcançamos essas coisas de formas diferentes.

 

                  Anna gargalhou.

 

— Adeus, pai. Não ache que isso não foi interessante.

— Anna. Escute, per favore.          

 

                    Ela sentou novamente e cruzou os braços.

 

— Preciso ver a Justiça sendo feita, mia figlia. Faça do seu jeito. Do jeito da lei. Não do meu. Você é advogada, mia figlia, não é? Uma advogada que carrega meu sangue nas veias.

— Não posso fazer nada por ser sua filha — disse friamente. — E, se precisa de um advogado, provavelmente deve ter meia dúzia em sua folha de pagamento.

— Isso é um assunto pessoal. É a respeito da família. Nossa família — disse Cesare. — Sua mãe, seus irmãos, sua irmã e você.

 

                Não estou interessada, quis dizer, mas a verdade era que ele aguçara sua curiosidade.

 

                O que seu pai chamava de “nossa família” nunca parecera tão importante para ele como sua família do crime. Como podia ter mudado?

 

— Cinco minutos — disse ela, depois de olhar o relógio. — Em seguida vou embora.

 

                   Cesare puxou uma pasta de documentos de dentro da gaveta e a depositou no tampo lustroso da mesa. A maior parte estava amarelada por causa do tempo.

 

                   A curiosidade de Anna aumentou mais um pouco.

 

— Cartas, escrituras e atestados — disse. — São de séculos atrás. Pertencem à sua mãe. À família dela.

— Espere um minuto. Minha mãe. Isso é a respeito dela?

. É a respeito dela, e o que por direito lhe pertence.

— Estou escutando — disse.

 

                  Seu pai contou uma história de reis e covardes, invasores e camponeses. Falou de intrigas de séculos, de mentiras, de terras que tinham pertencido ao povo de sua mãe até um príncipe da Casa de Valenti roubá-las.

 

— Quando?

 

                  Cesare encolheu os ombros.

 

— Quem sabe? Disse que essas coisas são de séculos.

— Quando se envolveu?

— Assim que entendi o que acontecera.

— O que exatamente?

— O príncipe atual pretende construir algo nas terras de sua mãe.

— E como soube?

— Tenho muitos contatos na Sicília, Anna.

 

                   Sim. Tinha certeza.

 

— Então, o que fez?

— Entrei em contato com ele. Disse-me que não tinha nenhum direito legal de fazer aquilo. Ele alega ter.

— É difícil provar algo que aconteceu há tanto tempo.

— É difícil provar algo quando o príncipe se recusa a admitir.

 

                  Anna assentiu.

 

— Tenho certeza de que está certo. E é uma história interessante, mas não vejo onde isso me diz respeito. Precisa entrar em contato com um escritório italiano. Um escritório siciliano. E...

 

                 O pai sorriu terrivelmente.

 

— Estão todos com medo do príncipe. Draco Valenti possui uma grande riqueza e muito poder.

— E você é apenas um pobre camponês — disse a filha com um sorriso frio.

 

                 O olhar do pai estava inflexível.

 

— Você brinca, mas é a verdade. Não importa o quanto acumulei de bens, não importa meu poder, é isso que sou, o que sempre serei, quando comparado ao príncipe.

 

               Ela encolheu os ombros.

 

— Então é isso. Fim de papo.

— Não. Ainda não. Veja bem, tenho uma coisa que o príncipe não tem.

— Sangue em suas mãos? — disse, com um sorriso ainda mais frio.

— Não tenho mais do que ele, isso garanto. O que tenho é você.

 

                 Anna riu. Seu pai ergueu as sobrancelhas.

 

— Acha que estou brincando? Não estou. Os advogados dele são astutos, inteligentes. Bem pagos. Mas você, mia figlia. Você acredita.

— Ãhn?

— Formou-se como primeira da turma. Editou o Law Review. Recusou emprego nos melhores escritórios de advocacia de Manhattan para trabalhar em um que aceita casos que os outros recusam. Por quê? Porque acredita — disse Cesare, respondendo a própria pergunta. — Você crê na Justiça. No direito de todos, não apenas daqueles que nasceram como reis e príncipes.

 

                As palavras dele a comoveram. Estava certo... Realmente acreditava naquelas coisas.

 

                E, apesar de se envergonhar de admitir, escutar o pai dizer que tinha orgulho dela aqueceu seu coração.

 

— Que ótima performance — disse enquanto se levantava e caminhava até a porta. — Se desistir da vida de crimes, pode considerar uma carreira como...

— Anna.

— Deus. O que é agora?

— Não tenho sido o pai que deseja nem aquele que merece, mas sempre a amei. Não existe nenhuma parte de você que ainda me ame?

 

                    Palavras tão simples, mas que mudaram tudo. A verdade vergonhosa era que estava certo. Em algum lugar, bem no fundo de seu coração, ainda era uma menina de 14 anos que amava o pai, que acreditava que ele era bom.

 

                   Então, voltou à mesa dele. Escutou enquanto ele contava que vinha lutando para exigir a terra. Enviara cartas para o príncipe, todas ignoradas. Entrara em contato com advogados na Sicília, onde a disputa pela terra acontecia, e em Roma, onde o príncipe morava. Ninguém quis se meter.

 

— Não podemos permitir que um homem como Valenti nos trate com arrogância, simplesmente porque acredita que nosso sangue não tem o mesmo valor — disse seu pai, por fim. — Certamente você deve ver isso, Anna.

 

                    Ela via. Os ricos e os pobres sempre estiveram em guerra, e existia um ardente prazer em mostrar aos ricos que nem sempre podiam ganhar.

 

— Não faça isso por mim — dissera seu pai. — Faça porque é certo. E por sua mãe.

 

*Flashback OFF*

 

                         Agora, Anna se perguntava pela décima vez se tinha feito o certo.

 

                        Suspirou.

 

                        A verdade era que sabia a resposta.

 

                       O pai estava certo a seu respeito. Odiava ver os ricos tripudiarem dos pobres e incapazes. Certo, dificilmente veria seu pai como um pobre ou incapaz, mas a família de sua mãe padecera dos dois quando a Casa de Valenti roubou a terra.

 

                     E dera sua palavra de que se encontraria com o príncipe italiano.

 

                   Uma pena que não estava nem um pouco preparada para a reunião, mas seu pai tinha razão: era boa advogada, uma excelente negociadora. Podia lidar com aquilo desconhecendo todos os detalhes e fatos.

 

                     O que importava? Era o príncipe privilegiado contra o pobre camponês. Verdade que o pai não era pobre nem camponês, mas o princípio era o mesmo.

 

                   O príncipe Draco Marcellus Valenti era anacrônico. Vivia em um passado elegante sem fazer idéia de que o resto do mundo chegara ao século XXI(21).

 

                  Como o cara na sala VIP, pensando ser o dono do mundo, das pessoas...

 

                  E de qualquer mulher que quisesse.

 

                  Podia até ser.

 

                  Mulheres estúpidas que se deixavam levar pela boa aparência, sem dúvida, bajulavam-no.

 

                  Mas ela não.

 

                 E não importava a sensação daquela boca na sua, dos braços dele ao seu redor, ou como aquele beijo a fez se sentir viva...

 

                Ridículo.

 

                Beijara-a com um propósito. Mostrar que era másculo, poderoso e sexy.

 

                 Mas aquilo a impressionou? Ah, pensou Anna, inclinou a cabeça para trás e fechou os olhos.

 

               O que era sexy em um homem com voz baixa e profunda? Com olhos negros que não eram nem castanhos, nem dourados, e um rosto que parecia talhado por um antigo escultor romano? Com um corpo tão musculoso e alto que se sentira frágil nos braços dele, e isso era muito para uma mulher com 1,72 m de altura.

 

                O que havia de sexy em beijá-la daquele jeito, como se um completo estranho pudesse possuí-la? Colocar sua marca, como se fosse sua mulher?

 

              E se, em vez de socá-lo, tivesse enrolado os braços ao redor de seu pescoço? Aberto a boca? O que ele teria feito?

 

               Ele provavelmente teria dito: Esqueça o avião. O vôo. Venha comigo. Vamos para algum lugar escuro e privado, um lugar em que possa tirar sua roupa, sussurrar em seu ouvido. Fazer coisas com você...

 

              Um pequenino som vibrou em sua garganta.

 

             Podia quase sentir aquilo acontecer. Os beijos. As carícias. E depois, finalmente, ele a possuiria. Estivera com outros homens. Sexo era tão prazeroso para a mulher quanto para o homem, mas aquilo seria... Diferente.

 

                 Ele a faria gemer, contorcer-se, gritar...

 

Signorina?

 

                 Faria com que gritasse...

 

Signorina. Desculpe por interromper seu sono.

 

                Os olhos de Anna se abriram.

 

                Era ele.

 

               O homem da sala de espera.

 

               O homem que a beijara.

 

               O homem cujo beijo ainda podia sentir nos lábios.

 

              Parado no corredor, olhando-a.

 

             E o pequeno sorriso naquela boca roubou seu ar... 


Notas Finais


Booum... :3
O que acharam? ^^
Comentem e me digam suas opiniões. (><)
Obrigada pelos favoritos! XD
São poucos, mas espero que cresçam! :)
Bom findi, amores! <33
Até o próximo cap, docinhos! :D
~Kissus de Mim (>.<)
Bye bye u.u


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...