Querido diário, hoje foi o pior melhor dia da minha vida.
Acordei cedo e como de costume Trevor já estava em seu trabalho, nem comi antes de ir pois estava atrasada por ficar até tarde escrevendo em suas páginas.
Escola nova, pessoas que eu nunca vi antes e uma nova rotina, odeio tudo isso. Observei muito bem todos ao meu redor, não é um ambiente diferente de outras escolas espalhadas pelo mundo, e é até muito parecida com minha antiga escola.
Na "hora do lanchinho" fiquei no meu canto, como sempre, e comi uma maçã que colhi no caminho pra cá, mesmo estando com fome me recuso a comer o que servem na cantina, é tão nojento que daria pra confundirem com vomito, mesma textura cor e cheiro.
O que realmente me surpreendeu foi a atitude de alguns babacas que estudam comigo na aula de língua estrangeira, as palavras deles ainda ecoam na minha cabeça, eles falavam que eu não precisava aprender outra língua pois nunca sairia do pais, um retartado chegou a colocar dinheiro dentro da cueca e colocou na minha frente pra ver se eu pegaria, a única reação que eu tive foi abaixar a cabeça e começar a chorar.
Um garoto percebeu que eu estava muito mal, ele foi tão gentil comigo, eu estava saindo da sala ainda chorando com a cabeça levemente abaixada, foi quando eu senti braços envolvidos ao meu redor me apertando com cautela para não me machucar, eu desabei alí mesmo não tive reação a não ser chorar mais e mais, a sinfonia de batidas do seu coração foi a melodia mais bela que eu já ouvi, ficamos um bom tempo lá parados na frente da porta até que aquele abraço aliviou e me salvou de tudo de ruim que aconteceu naquele dia, quando finalmente olhei pro rosto dele me surpreendeu o fato dele ser bem diferente do que eu imaginei enquanto eu ouvia as batidas de seu coração, lembro dos seus olhos penetrando em minha alma, lindos olhos azuis, sua feição me acalmou por completo mas ao mesmo tempo eu estava paralisada por completo.
Suas palavras naquela hora ainda ecoam na minha cabeça.
"- Não importa o que aconteça, não abaixe sua cabeça, não deixe ninguém tirar o sorriso do seu rosto, você pode prometer isso pra mim?"
Concordei com a cabeça, mas eu não sabia o que fazer, um silêncio constrangedor paerou sobre o ar até ele se apresentar, seu nome é Angel.
Angel se ofereceu para me acompanhar até em casa, ele viu que eu ainda não estava 100% bem, e além disso eu adoraria não ir sozinha para casa, mas antes de ir pra casa eu teria que ir ver Trevor em seu trabalho. Mas mesmo assim Angel foi comigo, ele parece ser meio teimoso, não desiste fácil.
Angel e eu conversamos o caminho todo, finalmente consegui me apresentar para ele. Não pude não notar suas cicatrizes profundas em seu rosto e pescoço, mas fiquei com vergonha de perguntar como ele as conseguiu, afinal recém nos conhecemos.
Ele me contou como era a vida no orfanato onde ele morava e trabalhava, e como ele ama crianças e quando tiver sua própria casa irá adotar quantas crianças puder. Enquanto ele contava seus sonhos, seus olhos brilhavam, estavam cheios de esperança.
Meu tempo com Angel passou rápido, e por causa da sua breve mudança de caminho naquela tarde, não tive tempo de apresenta-lo ao Trevor, Angel teve que voltar correndo para o orfanato pois estava na hora de ensinar músicas para as crianças que ele se refere como irmãos.
Quando me virei depois de me despedir de Angel, Trevor estava me esperando de braços cruzados e com uma cara de quem não gostou do que viu, mas não falou nada.
Comecei a contar como foi o meu dia, e enquanto contava comecei a chorar novamente, nunca vi Trevor tão desesperado antes, quando viu q eu estava chorando veio correndo em minha direção e me deu um abraço, depois de alguns minutos eu olhei para ele, sem falar nada, lagrimas ainda escorriam dos meus olhos enquanto tentava forçar um sorriso para mostrar que eu estava bem e que ele não precisava se preocupar, o que eu me lembro depois é de sentir seus lábios encostando vagarosamente e cautelosamente em mim, um beijo singelo, um beijo na testa, a melhor e mais fofa prova de amor.
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