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História Fire meet gasoline (Camren) - (Im)perfect date


Escrita por: chicamz

Notas do Autor


Relhou, serumanies! Tudo bem com vocês? Espero que sim.

Capítulo dedicado a Prit Little, dona e proprietária do grupinho do amor no wpp. Pri, esse é seu brutinha <3

Boa leitura!

Capítulo 22 - (Im)perfect date


Fanfic / Fanfiction Fire meet gasoline (Camren) - (Im)perfect date

 

Camila POV

Lauren sempre me fez bem e foi boa pra mim desde o primeiro momento. Mesmo antes, quando tudo se resumia a sexo e algumas conversas bobas, ela já se mostrava preocupada com o meu bem estar. Durante essa última semana tudo se agigantou. A nossa relação de negação aos poucos era desvanecida, e a cada nova situação vivida as coisas tomavam proporções maiores. Ouvir aquelas palavras de Lauren, mesmo que ela não as tivesse dito diretamente para mim, me levaram a um novo patamar com relação aos sentimentos envolvidos entre nós. Ouvi-la compartilhar todas aquelas conjecturas, em um carro a caminho de minha casa, depois de saber do resultado negativo do teste, só confirmava que eu havia feito a escolha certa.

Seguir meu coração e apostar numa relação com Lauren a despeito de todo o rechaço e represálias que eu poderia sofrer do meu grupo social, em especial de minha mãe, se mostrava a escolha certa. Lauren era forte, ela lutaria. Eu não sabia como, eu era o elo fraco da corrente, mas elos podem ser fortalecidos. Eu estava disposta a me fortalecer nela e com ela. Eu queria que Lauren me ensinasse a lutar, me ensinasse a viver em seu mundo. Por tudo isso, eu resolvi me permitir e arriscar algumas coisas.

Abraçada à cintura de Lauren eu tentava relaxar e curtir o passeio. No início eu estava completamente tensa, eu nunca havia andado de moto antes e, para ser sincera, não tinha planos de realizar essa atividade antes de passar por toda a situação do dia anterior. Não era como se eu estivesse fazendo por obrigação, mas eu queria recompensá-la de alguma forma. Mostrar que eu também estava ali para ela. Dar algo em troca. Não no sentido da obrigatoriedade de uma reação e sim no sentido de compartilhar o empenho na relação. Lauren era habilidosa em duas rodas e rapidamente estávamos saindo da cidade. Como o meu capacete era aberto na parte da frente não precisei levantar a viseira, apenas cutuquei Lauren para que ela fizesse isso com o dela que era um modelo fechado.

- Por que estamos saindo da cidade? Eu pensei que você quisesse me exibir por aí.

- E correr o risco de topar com alguma crush ou perder meus contatinhos? Nah! - Ela riu marota.

Que descarada! Eu senti meu sangue ferver, e apesar de ter encarado como uma brincadeira não consegui evitar uma pontada de tristeza. Pensar em Lauren com outras mulheres me alterava o humor bruscamente. Eu evitava pensar e falar sobre isso, afinal eu não estava em posição de questioná-la, eu tive um namorado por meses paralelamente, eu tinha aprendido a conviver com a sombra de não ter direito a cobrança, mas agora tudo estava diferente.

- Sua safada! - Dei um tapa suas costas e belisquei sua cintura com certa força. Ela se contorceu e deu um solavanco pra frente causando um ziguezague na moto.

- Au! - Soltou uma das mãos do guidão e esfregou o local do beliscão retornando rapidamente. - Você tá querendo nos matar? Eu não quero terminar a noite num hospital, Camila. - Ralhou.

- Então não seja escrota. - Rebati. - Você sabe que não precisa me levar para lugares desconhecidos ou fora da cidade. - Respirei fundo. - Não mais. Eu disse que seria sua se você quisesse, e eu estou tentando.

- Foi apenas uma brincadeira, tá bom? - Ela inclinou a cabeça um pouco mais para o lado para que eu a ouvisse melhor. - E eu não estou te escondendo. Eu realmente preciso te levar a esse lugar, e ele não está na cidade nesse momento.

- Ok. - Respondi sem graça.

- Mas por favor, não me bata outra vez enquanto estou conduzindo. Pode ser perigoso.

- Não faça brincadeiras ridículas e nem me deixe irritada porque pode ser perigoso também. - Retruquei.

- Sabe o que mais pode ser perigoso?

Ela não me deu tempo de responder. Estávamos agora em uma rodovia saindo da cidade com a pista bastante reta, Lauren acelerou a moto sem precedentes e eu por reflexo e em resposta a mudança brusca de velocidade me agarrei a seu corpo como se ele fosse uma boia salva-vidas.

- Lauren, reduz. - Gritei para que ela pudesse me ouvir já que com o vento era muito forte e ruidoso a comunicação ficava prejudicada.

Ela pareceu não me ouvir, pois manteve a velocidade que por curiosidade ao olhar o painel digital luminoso constatei ser de 120km/h. Não acreditei no que meus olhos viram, tudo bem que eu me sentia montada em um foguete olhando a paisagem mudar rapidamente em borrão e a camisa de tecido fino que Lauren vestia sacudia sem parar com o vento como uma bandeira hasteada, mas aquela velocidade estampada no painel me fez tencionar novamente.

- Lauren Michelle, reduza essa velocidade agora! - Gritei.

Ela reduziu lentamente diante de uma curva sinuosa e quando a pista tornou-se reta novamente ela fez menção de acelerar de novo. Eu levei minha cabeça mais próximo ao seu capacete e disse com toda a calma que eu conseguia simular.

- Se você tem alguma esperança de me levar a um "segundo" encontro, - Marquei bem a palavra. - é melhor você andar a 60.

Ela trocou a marcha e deu seta para virar à esquerda e de longe eu avistei algumas estruturas de metal e muitas luzes. Não acredito que ela me trouxe a um parque de diversões. Chegamos ao local de destino misterioso, que agora finalmente havia sido revelado. Lauren parou a moto e esperou que eu descesse para descer em seguida. Retirou o capacete e o prendeu no apoio lateral traseiro. Esperou que eu retirasse o meu e fez o mesmo procedimento. Tentei ajeitar meu cabelo minimamente e fui surpreendida pela mão de Lauren colocando uma mecha atrás de minha orelha.

- Você está linda. Não precisa se preocupar. - Me abriu um sorriso pequeno e doce mostrando apenas aqueles dentinhos salientes da frente. - Me desculpe pelas brincadeiras. Vem, eu vou te compensar. - Fez sinal para que eu a seguisse em direção a entrada do parque, o que eu fiz sem hesitar.

Lauren comprou as entradas e logo nós entramos na área cercada e com chão de pedregulhos aonde o os brinquedos estavam instalados. O parque tinha uma estrutura média e contava com diversos brinquedos e barracas de jogos manuais, além de uma área de alimentação.

- Atividades lúdicas. - Ela apontou para os brinquedos. - E gastronômicas. - Sinalizou as lanchonetes do outro lado.

Eu só sabia sorrir. Estava encantada com a escolha do lugar. A mente de Lauren funcionava de uma forma impressionante. Ela era lógica e sensível ao mesmo tempo. A abordagem desse vez era outra, completamente diferente da primeira, quando ela me levou ao Nando's para um belo jantar. Me trazer a um parque era uma forma de neutralizar uma possível tensão, quebrava o gelo logo de cara.

- Vem, Camz. Não fique aí parada temos muitos brinquedos para conferir. - Disse caminhando para a pequena fila que se formava para a montanha russa.

É, ela realmente sabia como começar. Nós alternávamos os brinquedos entre um mais radical e outro mais leve, e assim brincamos no espalha brasa, na barca, nas xícaras gigantes, no samba, no minhocão, no carrinho de bate-bate, que foi quando eu quis matá-la por não me deixar sair do lugar batendo em mim a toda hora, e agora estávamos desistindo de enfrentar uma grande fila que se formou de repente para a roda gigante.

- Devem ter saído das igrejas. - Comentou divertida seu argumento para o aumento das filas no parque. - Pensa comigo, hoje é domingo e já passa das nove. As celebrações já acabaram e eles vieram para cá.

- Não acredito que você me trouxe a um programa de casais adolescentes religiosos. - Fingi indignação tentando conter o riso.

- Ei, eu só queria descontrair um pouco. Passar um tempo leve com você. - Se defendeu. - Mas se você quiser eu ainda tenho uma reserva válida no Evans Grill.

- Calma, eu estava apenas brincando. Não preciso dizer o quanto eu adorei a sua ideia, basta olhar para o meu rosto. Eu estou sorrindo desde que cheguei. Quanto a sua reserva pode cancelar. Eu quero mesmo é uma maçã daquelas. - Apontei para uma bandeja que expunha várias maçãs caramelizadas e com confeito colorido por cima.

- Vamos lá buscar então.

Eu estava em choque interno. Lauren me trouxe a um simples parque, mas fez reservas em um dos melhores e mais chiques restaurantes da cidade. Aquele era um sinal claro de que ela ainda não se sentia a vontade comigo para confiar em seus instintos. A discrepância entre sua escolha e o plano b era enorme. Uma simples conta de um jantar para duas pessoas naquele restaurante sairia a um preço um pouco abaixo de quatro dígitos. Aquilo era muito para Lauren. Eu não queria que ela se sentisse assim com relação a mim. Como dizer para ela que se ela quisesse ter ficado em meu apartamento vendo um filme e comendo salgadinhos já seria o suficiente? Eu não precisava que ela me levasse a restaurantes caros, e nem queria. Ela se sentiria deslocada e eu me sentiria péssima.

Ali naquele singelo parque, pisando no chão de terra vermelha e pedregulhos, me lambuzando com uma maçã do amor feito uma criança, eu andava ao seu lado de cabeça erguida e coração tranquilo. Não havia tensão, nem segundas intenções. Não havíamos nos beijado ainda, talvez fosse o costume de não o fazer em público. Precisaríamos trabalhar nisso.

- Ei, você! - Ouço uma voz feminina em nossa direção vindo do lado oposto ao que caminhávamos. Damos a volta e nos deparamos com uma turma de mulheres. Todas jovens, bonitas e bronzeadas.

- Keana! - Lauren cumprimenta uma delas de forma animada.

- Michelle, você sumiu. - Ela abraçou a bela jovem rapidamente. - Não te vejo desde aquele dia no Will, em que você me deixou no vácuo pela latina bundu...- No momento em que pousou seus olhos em mim, a morena de cabelos e olhos de tom castanho claro interrompeu sua fala. Desviou os olhos para Lauren e em seguida voltou-os pra mim. - E olha ela aí. - Acenou para mim. - Tudo bem?

Eu me limitei a assentir e lhe ofereci um sorriso sem dentes. Continuei assistindo sua interação com Lauren, enquanto as amigas dela acenavam para Lauren e se encaminhavam na direção de um brinquedo, ela se aproximou do ouvido de Lauren e falou baixinho para que eu não ouvisse.

- Pensei que eu fosse a única a ter o benefício da repetição esporádica. Poxa, Michelle, que saudade dessa tua boca. - Riu e acenou pra mim novamente antes de piscar o olho para Lauren e sair para alcançar suas amigas.

Como eu sei o que ela disse? Simples. Leitura labial. Meu amor, eu sou profissional do teatro, do canto e da articulação. Fiz tantos módulos de fonoaudiologia que eu poderia trabalhar com leituras labiais. Lauren virou-se para mim e ela parecia sem graça.

- Camz, ela é uma amiga d... - A interrompi.

- Daquelas que sentem saudades dessa sua boca. - Disse em alusão a fala de sua amiga e vi Lauren empalidecer e arregalar os olhos.

- Como você.. Como? - Perguntou confusa.

- Método avançado, Michelle.

- Camz, eu não a vejo há um tempão. Eu..

- Isso não me interessa. O que eu quero saber aqui é se você pretende vê-la novamente.

- Não. Eu estou com você agora.

- Está? - Arqueei a sobrancelha.

- Estou. Não estou? - Ela se aproximou e tomou meu rosto em suas mãos o aproximando do seu, quando ia me beijar, esquivei e lhe puxei pelas mãos.

- Não tão rápido. Você vai ter que me ganhar uma pelúcia numa dessas barracas. - Apontei para as tendas de tiro, arremesso e adivinhação.

- Tudo bem, eu posso tentar, mas já aviso que não sou tão boa com pontaria.

- Duvido! - Bufei. - Lembrando que quanto maior for a pelúcia melhor será o beijo.

O rapaz deu três bolas para Lauren derrubar os pinos da estante. Ela lançou a primeira. Nada. A segunda, e nada. Na terceira derrubou um pino só.

- Vamos lá, outra tentativa. - Eu disse animada. - Coloca força nisso, Lauren!

Ela tomou impulso com o braço e lançou a primeira. Fez um estrondo, mas derrubou um pino apenas. A segunda foi muito forte, mas acertou o nada e a terceira acertou mais um pino.

- Acertei dois. O que eu ganho? - Perguntou ela ao rapaz da tenda.

- Nada. Para ganhar o urso pequeno você precisa acertar um bloco com três pinos. - Ele respondeu. - Tem o das argolas. Você não quer tentar?

Ela negou. Pediu mais uma rodada de bolas e falhou novamente. Meus olhos não acreditavam naquilo. Lauren Jauregui fracassando em alguma atividade.

- Vamos, Lauren, tente as argolas.

- Não acredito que vou ter que subornar o rapaz para conseguir uma pelúcia. - Disse chateada e eu sorri de seu bico recém formado.

- Não acredito que vivi para te ver não se sair bem em algo. Tudo bem, babe, é normal. A maioria da população mundial convive com a inabilidade em uma série de coisas, essa é sua premira vez e eu sei que toda primeira vez dói, mas depois você acostuma.

A essa altura de meu discurso ela já me fuzilava com o olhar enquanto segurava as argolas que jogaria para que perpassasse os cabos presos a estante. Eu sorri e a encorajei a lançar a primeira argola. Duas tentativas perdidas e ela converteu as três em uma haste.

- Com essa marca você ganha esse aqui. - Disse o rapaz da tenda mostrando o urso minúsculo. Lauren que tinha um bico nos lábios pegou a pelúcia e me entregou.

- É pequeno, mas é de coração.

Eu segurei na gola de sua camisa e a puxei de encontro a mim. Colei nossos lábios brevemente e devolvi o urso em suas mãos.

- Segura pra mim. Preciso ir ao banheiro.

- Quer que eu vá com você?

- Não. É logo ali. Me espera aqui, eu já volto.

Sai a passos apressados. Eu me sentia tonta e com uma vontade absurda de vomitar. Entrei no banheiro e molhei minhas mãos e as passei por minha nuca em seguida. Encarei meu rosto no espelho e respirei fundo. Eu não me sentia bem. Eu estava feliz, animada, mas meu corpo não parecia de acordo.

- A quem eu estou tentando enganar? - Apertei os olhos. - O que será que está acontecendo comigo?

 

Lauren POV

 

Depois que Camila partiu para o banheiro eu pedi mais uma ficha para o moço da tenda. Ele me olhou com desdém e me entregou como quem diz "não cansa de passar vergonha, não?".

Lancei a primeira bola, três pinos derrubados. A segunda mais três. Na terceira soltei o braço e derrubei os três restantes e o assustei com o barulho. Ele me olhava com os olhos arregalados como se não entendesse como aquilo havia acontecido. Pegou o maior urso da banca, uma pelúcia enorme e me entregou. Eu não podia ficar com o prêmio, seria a prova cabal da minha farsa. Olhei para o lado e vi uma garotinha observando atentamente seu pai falhar na tentativa de ganhar uma daquelas prendas. Cutuquei o seu ombro e me agachei para ficar em sua altura.

- Ei, você quer um urso?

Ela assentiu com a cabeça.

- Qual o seu nome?

- Rosie.

- Que lindo nome, combina com você. - Falei sorrindo para a pequena criança de cabelos castanhos e pele rosada. - E você quer um assim bem grande, Rosie? - Perguntei sinalizando o que eu segurava.

- Sim, mas o papai não vai ganhar. Ele só tem mais uma bolinha e.. - Ela faz uma pausa e olha pro pai que arremessa. - Ele cabô de pedê. - Um bico muito fofo surge em seus lábios.

- Ei, pequena, você quer esse aqui? - Estendo o grande urso em sua direção e ela o pega.

- Sim, mas meu papaizinho não vai me deixar ficar com ele puquê ele é seu...

- Lauren. Meu nome é Lauren.

- Ele não vai deixar, Lólen.

Não posso evitar sorrir ao ouvi-la pronunciar meu nome daquele jeito. O pai dela se aproxima e eu o cumprimento com a cabeça.

- Rosie, nós já somos amigas, não somos? - Ela faz que sim com a cabeça. - E amigos trocam presentes, não trocam? - Ela concorda. - Então, eu vou te dar esse ursão aqui de presente e você me dá um sorriso bem grande, princesa.

Ela sorri largo e me abraça inesperadamente me pegando de surpresa. Seu corpinho se chocando com o meu e o volume do urso de lado me fazem cambalear em meus joelhos, mas logo me estabilizo.

- Papai, ela me deu! - O pai olha para ela e em seguida para mim.

- Moça, não precisa dar o seu urso a ela só porque eu não consegui ganhar um. - Ele coça a cabeça. - Afinal nem sempre se pode ganhar e é bom que ela aprenda isso cedo.

- Olha, eu não estou questionando seu papel de pai e concordo com o que você disse, mas é que eu quero mesmo presenteá-la, e além do mais eu não tenho como levá-lo para casa. Aceite por ela, é apenas um presente. - Argumentei.

Ele concordou com a cabeça e segurou o urso deixando a pequena Rosie livre para saltar em meu colo e me dar um beijo estalado na bochecha. A coloquei no chão e ela segurou na mão de seu pai e me deu tchau com a mão livre.

- Tchau, Lólen! - Disse com sua vozinha esganiçada. - Obligada pelo ussu. - Completou sorrindo.

Enquanto eu acenava para a minha mais nova amiguinha senti alguém me cutucar o ombro. Virei e encontrei Camila com os olhos semicerrados, braços cruzados e batendo o pé no chão.

- Bonito. Que bonito, hein, Dona 'Lólen'? - Fingiu estar brava. - Então quer dizer que a senhorita fingiu ser ruim no jogo para ganhar mais que um só beijo, hã? Se acha que eu vou te dar beijos depois de descobrir toda a sua farsa, você está certíssima!

Rodeou seus braços em meu pescoço e juntou nossos lábios em um beijo delicado. Passei meus braços em volta de sua cintura a trazendo para mais perto de mim. A latina distribuiu vários selinhos estalados em meus  lábios e bochechas.

- Que coisa mais fofa você interagindo com aquela garotinha.

- Ela é uma linda. - Sorri. - Será que tem alguma chance daqueles testes todos estarem errados e ter uma princesinha tão linda quanto a Rosie aí dentro? - Apontei para a barriga dela.

- Vira essa boca pra lá!

Nós duas irrompemos numa risada. É tão fácil rir dos momentos de aflição depois que eles passam. Vem daí o ditado popular "a gente vai rir disso depois". Seria um sonho ter uma criança minha e de Camila correndo por aí, mas não agora, nem tão cedo. Era só uma remota ideia não verbalizada. A latina não perdeu tempo e me puxou para a roda gigante que agora estava quase sem fila. Sentamos em um dos balanços, eu fechei a trava de segurança e nos aconchegamos esperando ansiosas pela partida. Quando brinquedo entrou em movimento, Camila agarrou minha mão e entrelaçou nos dedos. Durante o primeiro giro nos dedicamos apenas a observar a paisagem ao redor. Na segunda volta trocamos olhares e sorrisos bastante significativos. Aquele sem dúvida era o ponto alto da noite. Quando o controlador do brinquedo deu a pausa de praxe, nós estávamos no ponto mais alto da roda. Guiei sua mão que estavam entrelaçada a minha para próximo de meus lábios e apliquei um beijo lento e profundo em seu dorso mantendo meus olhos fixos aos seus.

- Lauren, existe uma infinidade de coisas que eu queria te dizer agora, mas eu não encontro um jeito melhor que esse. - Aproximou seu rosto do meu e passou o polegar em minha bochecha. - Espero que isso dê conta de traduzir como me sinto.

Quando eu já me preparava para fechar os olhos e aproveitar o beijo que viria em seguida, pude ver Camila virar-se bruscamente para o lado oposto e um jato de vômito jorrar em direção ao chão. A latina inclinou-se para continuar expelindo a substância indesejada de seu corpo, e eu segurei seus cabelos em um rabo de cavalo improvisado deixando seu rosto livre, afaguei suas costas na tentativa de lhe oferecer algum alívio. Aquela cena estava me cortando o coração. Olhei para o controlador do brinquedo que já havia percebido a situação e esperou que Camila normalizasse sua respiração para baixar-nos da grande roda.

- Nossa, eu tinha uma noção de que eu despertava alguns sentimentos em você, mas não imaginava que seriam esses a ponto de te fazer vomitar. - Tentei brincar com a situação, mas Camila não rebateu e apenas me lançou um olhar chateado.

Bola fora!

Caminhei com ela até o assento mais próximo e corri em busca de água. A latina tremia um pouco enquanto tomava o líquido da garrafa, mas se mantinha impassível como se nada estivesse acontecendo.

- A gente pode terminar esse encontro em casa. O que acha? - Ela propôs.

- Eu acho que eu deveria te levar a um hospital, Camila.

- Não, Lauren. Eu estou bem, só não me sinto muito a vontade para voltar de moto.

- Eu posso tentar conseguir um táxi.

- Peça a Normani que mande um Uber, ela fez uma conta recentemente quando o carro de Dinah quebrou.

- Está bem.

Mandei mensagem para Normani explicando a situação.

- Eu estou bem, Lauren. Foi só um enjôo pelos giros.

- Eu acreditaria nisso se não soubesse da recorrência desse mal estar.

O toque do meu celular me põe em estado de alerta. Pouso os olhos na tela e vejo que é Normani quem chama. Atendo prontamente e me afasto um pouco de Camila.

- Mani!

- Laur, o que aconteceu?

- Camila passou mal aqui no parque e nós viemos de moto.. Eu.. Eu tentei um táxi... - Sou interrompida.

- Calma, Laur. Olha, eu não sei como chegar aí, mas se você me ajudar com as coordenadas eu chego rapidinho.

- Mani, cadê a DJ?

- Dinah e eu passamos o dia no clube, e você conhece sua amiga... Exagerou nas caipirinhas e agora está dormindo feito pedra.

Respiro profundamente antes de ensaiar uma solução, mas sou interrompida por três mulheres. Reconheço imediatamente uma delas, Keana.

- Ei, Michelle, o que houve? Você parece aflita. - Desvia seus olhos para Camila sentada no banco brincando com a garrafa agora vazia. - Ela está bem?

- Passou mal. Eu estou tentando conseguir um táxi, mas ao que parece os taxistas fogem desse lugar.

- Eu levo vocês!

Intervém uma mulher magra com a pele bronzeada. Seu rosto não me é estranho.

- Você é... - Tento lembrar seu nome e ela sorri diante do meu esforço.

- Veronica Iglesias, a voz do campus. - Estende a mão. - Você é L. Morgado, primeiro lugar geral na admissão da primeira turma do ano passado. - Expõe vitoriosa.

- Claro, você é a locutora mais pirada que eu já conheci. - Lembro de quando ela me recebeu em seu programa para falar sobre a aprovação na Universidade.

- Pensei que não fosse lembrar.

- É, eu, realmente, tive de falar com muita gente. Mas você foi marcante.

- Gosto disso. Gosto de você... - Faz uma pausa e me analisa. -  apesar de você ter beijado a minha mulher.

- Espera... Você e Kea...

- Não, relaxa. - Me tranquiliza. - Lucy... Mas você não tem culpa. Eu gosto de pensar que ela é minha mulher, mas ela não concorda muito com a ideia. - Sorri e dá de ombros.

- Eu não... - Sou interrompida locutora que repousa sua mão em meu ombro.

- Eu sei que foram só uns beijos e que você nem usou a estratégia do cartão com ela. - Me dá uma piscadela. Minha cara se desfaz e meu queixo vai ao chão. - Eu sei de tudo da vida daquela mulher. - Aponta para uma Lucy distraída conversando.

- Mas como você sabe sobre os cartões?

- Digamos que eu sou alguém muito bem informada, Morgado.

- Eu prefiro Jauregui.

- Não importa, Lauren. - Se vira e caminha na direção de Camila e a estende a mão. - Vamos cuidar da pequena Diva Cabello.

Meus olhos devem ter dobrado de tamanho, fato que fez Camila me encarar com uma expressão confusa. Eu estava impressionada com toda aquela conexão.

- De onde você conhece Camila?

- E quem não conhece a Lady Cabello? Quem nessa cidade apreciar um bom musical e apreciar o charme latino, como eu, deve, certamente, conhecer a Miss Cabello. - Sorri galante e eu começo a ficar incomodada.

- Verônica, certo? Nossa, sua voz é mesmo marcante. Faz tempo que não nos vemos, mas sempre que posso ouço seu programa. - Camila diz com a voz um tanto rouca devido a irritação em sua garganta.

- É uma honra tê-la como ouvinte. Você não sabe da minha alegria em saber da minha audiência tão ilustre, mas vamos, eu levo vocês.

- Na verdade, eu estou de moto. Vou te pedir que leve Camila.

- Será uma honra. Vamos.

Caminho ao lado da latina e atrás da locutora em direção a um Ford Fiesta sedan verde pistache bastante chamativo. Paramos ao lado do veículo e Verônica abre a porta do passageiro para Camila.

- Amor, vou te pedir para ir atrás com as meninas porque vou dar uma carona para a senhorita Cabello. - Veronica se dirige a Lucy que vinha logo atrás acompanhada das outras meninas.

- Para de fingir que a gente tem alguma coisa, Vero. - Responde revirando os olhos.

- Mas nós temos, babe. Essa conexão que nós temos é alguma coisa. - Pisca e entra no veículo.

Lucy revira novamente os olhos e entra no banco traseiro seguida por Alexa, Diana, Zara, Maia e Keana.

- Vai ficar muito apertado aí atrás. - Ouço Verônica comentar. - Kea, você devia ir com a Lauren.

- Não! - Camila se antecipa e fala um pouco mais alto do que deveria.

- Relaxa, a Kea vem no meu colo. - Intervém Lucy.

- Droga! Eu só me ferro mesmo. - Verônica gira a chave na ignição. - Vamos, Camilinha. Vamos por um pouco de diversão.

Pisco para Keana que logo entende o meu recado e checa o celular. Ela assente e logo o carro de Verônica parte em direção a estrada. Antes que eu refaça meu caminho até a moto para segui-las, ligo para Ally.

Ela seria a peça fundamental do meu plano B.

 

Camila Pov

Verônica dirigiu feito uma louca nas primeiras curvas da estrada, e eu não pude deixar de pensar no que Lauren faria se soubesse. Fato curioso é que a motoqueira não veio em nossa cola. Estranho, no mínimo.

Tentei não pensar no que ela estava fazendo. Lauren andava muito preocupada e isso estava afetando seu humor. Eu sabia que meu estado misterioso contribuía e muito para o quadro geral de sua preocupação, talvez por isso eu estivesse dando a ela um crédito a mais.

Ali, dentro daquele carro, sentada no banco da frente, agarrada a minha pelúcia e com o capacete em meu colo eu ouvi os mais diversos impropérios de Veronica. A radialista contava várias histórias e no meio de uma delas soltou que era a única mulher dentro daquele carro que não tinha passado pelas mãos de Lauren. Exatamente com essas palavras. Procurei forças em meu interior para a abafar o grito que se formava desde meus pulmões até a minha garganta. Eu mataria aquele projeto de Don Juan de saias. Quem Lauren pensava que era para me colocar dentro daquele carro cheio de mulheres nas quais ela já havia passado a mão como bem disse Veronica?

A radialista fez questão de me distrair durante todo o percurso, o que não tornou menos estranho o fato dela deixar as garotas em casa seguir caminho comigo. Keana piscou para amiga que assentiu e entrou na grande casa que logo descobri tratar-se de uma república. Aquilo só melhorava. Depois de ser informada que elas moravam todas juntas a minha cabeça começou a formar uma série de conexões interessantes. Imagens de Lauren entrando em cada quarto da grande casa acompanhada de uma moradora diferente a cada vez, e até mesmo de todas de uma vez, começaram a pipocar em minha mente.

Fui sacada de meus devaneios com Lauren em uma orgia com todas aquelas mulheres por uma Veronica falando ao telefone.

- Fala, "De mel". - Diz sorridente enquanto apoia o aparelho junto ao ouvido com o ombro e conduz com uma mão. - Claro. - Ela ouve atenta ao que é dito do outro lado da linha e abre um sorriso maroto antes de passar a marcha. - Seria meu sonho??? Acho que vou tentar a sorte. - Desvia seus olhos para mim e volta a falar. - Se algum dia ela quiser tomar um vinho ou conversar sobre jazz, ela vai saber pra quem ligar. - Solta uma gargalhada sonora e desliga o aparelho.

Enquanto ela estava ao telefone e eu me mantinha presa em sua misteriosa conversa nem reparei que ela havia desviado o caminho e que agora girava na rotatória de paralelepípedos do grande hospital universitário.

- Espero que você possa me perdoar. - Ela disse ao parar o chamativo carro na porta do hospital. - E sobre o vinho, eu falo sério. Mas se quiser apenas conversar me liga também.

- Obrigada, Iglesias.

- Me chame de Vero. Se quiser me beijar também, me liga.

- Eu não sei qual o acordo entre você e Lauren, mas eu vou relevar. - Solto o cinto de segurança, me inclino no banco em sua direção e deixo um beijo em sua bochecha.

Ela destrava a porta e eu vejo a pouco metros do carro uma mulher loira baixinha se aproximar. Pelos seus trajes deduzo que é funcionária do hospital. Abro a porta e desço do veículo. A mulher caminha em minha direção com um sorriso.

- Camila Cabello?

- Sim. - Respondo um tanto confusa.

- Eu sou a enfermeira Hernández e uma amiga me pediu pra te receber. Você pode me acompanhar?

- Posso. - Respondo agora menos confusa entendendo toda aquela armação de Lauren.

Dou dois passos em direção a entrada do hospital e ouço uma buzina. Viro já sabendo que é Veronica. Sorridente, ela se inclina na direção da janela e grita.

- Meu crush em você só aumenta.

Eu apenas sorrio e nego com a cabeça sendo acompanhada pela enfermeira.

- Sua linda! - Grita novamente antes de buzinar duas vezes seguidas e arrancar com o carro.

Entro no hospital acompanhada da enfermeira que logo se apresenta amigavelmente e cuida da minha entrada no hospital. Ally, como ela me pediu para que a chamasse, me contou como conheceu Lauren e que a mesma havia lhe telefonado mais cedo pedindo para que ela me recebesse na entrada do hospital. A loira engatou uma conversa leve e descontraída comigo enquanto realizava os procedimentos que caracterizavam a triagem. Uma espécie de acolhimento e verificação dos meus sinais vitais e aparência. Me observou minuciosamente, me aferiu a pressão e me fez uma série de perguntas. A baixinha era muito atenciosa e parecia perfeita para aquela profissão. Ela me tranquilizou e disse que acionaria um médico de sua confiança que estava de plantão.

Enquanto eu esperava pelo médico que prosseguiria com o meu atendimento, uma Lauren afobada e com os sentidos em alerta adentrou o corredor em que Ally havia me deixado sentada a espera do Dr. Ogletree a quem ela foi buscar. Lauren sentou-se ao meu lado, seus olhos afoitos percorrendo todo o meu corpo em busca de algo sinal de desconforto logo se fixaram em meu rosto e sustentaram os meus.

- Você não pode me culpar, Camila. - Ela argumentou. - Eu não poderia mais ficar de braços cruzados esperando o seu próximo desmaio.

- Não era dessa maneira que eu queria terminar a noite. - Disse mantendo a cara fechada.

- A noite ainda não terminou, Camila. Dependendo do seu diagnóstico, nós ainda podemos ver um filme francês daqueles que você adora ou quem sabe um musical... Abrir uma garrafa de vinho. - Sugeriu.

Eu segurei a risada. Aquilo com certeza tinha ligação com o comentário de Veronica e o telefonema misterioso dentro do carro. Ela estava se sentindo ameaçada por Veronica? Deuses! Eu realmente preciso situar Lauren de seu lugar em minha vida. Mas eu bem que poderia me aproveitar dessa situação, ah se eu poderia. Quando eu já me preparava para replicar sua sugestão, Ally e o Dr. Ogletree entraram em meu campo de visão.

- Olá, senhorita Cabello. Vamos entrar?

Cumprimento o Dr. e entro no consultório. Lauren me olha como se pedisse permissão para me acompanhar, mas eu fecho a porta sem lhe dar uma resposta verbal. Sento-me e o Dr. Ogletree, que logo me corrige para que eu chame de Troy, inicia a consulta. Depois de mais uma série de perguntas e verificações, o jovem loiro me prescreve alguns exames laboratoriais.

- Você pode realizá-los aqui mesmo agora. Será necessário apenas colher um pouco de seu sangue. Em seguida pode ir para casa descansar e retorne amanhã para conferirmos o resultado.

- Alguma indicação para a irritação em decorrência do vômito?

- Hidrate-se. Se o enjôo persistir tome um dramin. - Ele carimba e assina uma folha com os encaminhamentos e me estende sorrindo. - Nos vemos amanhã, senhorita Cabello.

Agradeço e me retiro da sala. Ao abrir a porta dou de cara com Lauren andando de um lado para o outro no corredor. Aflita, ela crava seus olhos em mim.

- E aí? O que ele disse?

- Que não se deve colocar sua atual em um carro lotado com as suas exes. - Respondi de cara amarrada.

- O que? - Sua cara era de pura confusão. Percebi que ela carregava a pelúcia que havia ganhado para mim no parque mais cedo. - Que história é essa, Camila?

Comecei a andar pelo corredor em direção ao local onde eu faria a coleta sanguínea. Lauren me seguia de perto com uma expressão preocupada e confusa.

- Camila, fala comigo. - Ela agora estava um tanto sem graça com a pelúcia nas mãos diante da minha recusa.

Eu nada respondi. Continuei meu caminho com ela na minha cola. Fui recepcionada por Milly, que se apresentou como técnica em enfermagem e indicou a cadeira que eu deveria sentar.

- Você vai acompanhá-la? - Milly perguntou para Lauren que estava parada junto a porta.

- Eu posso? - Lauren perguntou para ela, mas mantendo os olhos em mim.

- Claro. Você pode sentar na cadeira ali ao lado. - A jovem vestida em trajes brancos respondeu sorridente. - Eu vou preparar o material para a coleta e já volto. - Disse antes de abandonar a sala me deixando sob a mirada inquieta de Lauren.

Os olhos verdes brilhando inquietos me atravessaram enquanto ela caminhava pelo cômodo até chegar a cadeira ao meu lado e se virar completamente em minha direção.

- Camila, você pode, por favor, me explicar que história é essa de ex?

- Bom, de Keana eu já sabia, mas todas as outras, exceto Verônica, foi demais.

- Foi ela quem criou esse jogo, não foi? Não é como se eu tivesse as namorado. Eu nunca namorei.

- Mas deu seu trato em todas aquelas mulheres lindas. - Rebati.

- Uau! Isso é ciúme? - Um sorriso beira seus lábios.

- Não. Eu só não gosto do jeito que elas olham pra você. - Sinto meu bico se formar. - Você tá comigo agora. - Hesito diante da pergunta que pede passagem em minha garganta. - Você... Você tem visto outras pessoas?

- Não. Eu não tenho visto ninguém além de você já faz um tempo.

Eu queria avançar em seus lábios e expressar com meu melhor beijo o quanto aquela resposta me deixou feliz, mas fui impedida pelo retorno de Milly e o início de seu trabalho. Feita a coleta, ela me deu as instruções e me aplicou um curativo de desenhos com instrumentos musicais. Muito fofo.

- Olha, é um ukulele. Lucy toca, é bem maneiro. - Lauren comenta despretensiosa e aponta para o desenho enquanto caminhamos pelo corredor em direção a saída.

- Lauren, me ajuda a te ajudar. Como é que você tem coragem de mencionar um dos seus casos na minha frente?

- Que? Lucy e eu não... Como?

- Veronica.

- Preciso te manter longe dessa mulher. Mas eu não tive com Lucy, nada mais que alguns beijos numa festa.

- Ok, não importa. Chama um táxi, pro favor.

- Eu vou levar você para casa. - Levanta o chaveiro e aciona o alarme da pick-up prata estacionada do lado direito. - Demorei a chegar aqui porque passei na casa das meninas para pegar o carro de Dinah emprestado.

Ela se adiantou e abriu a porta do carona para mim. Por uma fração de segundos pensei em recusar a oferta, mas achei que isso ultrapassaria o limite. Entrei no veículo e me acomodei no banco de couro. Lauren bateu a porta e deu a volta para tomar seu lugar ao volante. Ela manteve a condução leve apesar da velocidade alta em que o automóvel flanava pelas avenidas e ruas que compunham o caminho. Não ligou o rádio, não puxou conversa. Não segurou minha mão e nem sorriu pra mim. Se limitou a me olhar de lado e regular a temperatura do ar. Parou o veículo ao chegarmos em frente ao tão conhecido prédio no qual eu morava.

- Tá entregue.

- Lauren, eu...

- Não. Não faça isso. Esse é o nosso primeiro encontro real e nós já estamos assim. Não sei se deveríamos ter outros.

- Você está pulando fora? - Perguntei incrédula.

- Sou eu quem te pergunta. - Retrucou.

- Eu não sei se deveria falar o que penso nesse momento.

- Pensei que tivéssemos acordado sinceridade aqui. - Debocha.

- E eu pensei que você quisesse mais que apenas me foder de consciência tranquila, como faz com todas as outras. - Disparei.

A essa altura os nervos já estavam pra lá de elevados e o meu coração batia tão forte que eu sentia a pulsação sem ao menos tocar. Os olhos de Lauren faiscavam em minha direção. De repente era como se o ar condicionado potente da pick-up tivesse sido neutralizado pelo calor que emanava de nossos corpos. Imagens de Lauren nua numa cama com todas aquelas mulheres surgiram em minha mente e eu pirei.

- Fala, Lauren. - Espalmei minhas mãos no peito dela. - Fala como você fodeu cada uma daquelas mulheres. Eu quero saber.

- Você tá louca. Eu não fodi ninguém. - Ela se defendeu afastando minhas mãos de seu corpo.

- Mentirosa! - Dei um tapa em seu rosto com um pouco mais de força do que eu pretendia.

Ela me encarou boquiaberta. Seu rosto vermelho tanto pelo tapa quanto pela raiva que dominava seu corpo. Como se tudo ao nosso redor sumisse em câmera lenta vi quando ela soltou-se do cinto e virou-se para mim em seu banco reclinado para trás, como ela sempre ajustava para dirigir, e me agarrou pelo braço com certa força. Seus olhos gritavam por socorro revelando seu medo de perder o controle comigo. A mandíbula trincada e o maxilar travado apenas confirmavam o quão controlada ela tentava ser. Confesso que eu nunca tinha visto Lauren daquela maneira, mas não posso negar que eu estava achando tudo aquilo extremamente sexy.

- Você nunca mais faça isso. - Quase rosnou a frase entredentes. - Entendeu?

- Me solta.

- Não solto.

- Me larga, eu quero sair.

- Então vai. - Me soltou abruptamente e destravou as portas. Eu pus a mão na trava interna para abrir a porta enquanto ela girava a chave na ignição.

Tudo o que se precisa de vez em quando são alguns segundos de coragem. E foi aproveitando a minha cota de segundos, naquele momento, que eu soltei a trava mantendo a porta fechada e cobri sua mão que segurava a chave com a minha fazendo o carro morrer. Saltei do meu banco para o seu colo e tomei seus lábios com os meus sem nenhuma delicadeza. Eu estava insana e todos os meus movimentos acompanhavam o ritmo dessa minha insanidade.

Lauren lutava para respirar, eu apenas me concentrava em impedi-la. Aumentando cada vez mais a intensidade dos beijos e as investidas do meu quadril a procura de um atrito mais forte com seu corpo, eu ia vencendo. Suas mãos corriam por dentro do meu vestido já muito amassado e fora do lugar, de minhas costas nuas a minha bunda coberta pelo short preto de algodão, onde ela se detinha apertando com bastante força. E não é que aquele contato fosse incômodo, mas não era exatamente ali o local onde eu mais ansiava por seu toque.

Dentro daquele carro enorme por fora, mas que internamente não refletia o mesmo espaço, Lauren e eu suávamos e ofegávamos nos comendo a beijos longos e lascivos. Ela levantava o quadril e me apertava contra ele enquanto eu ensaiava algumas reboladas me apoiando em seu ombro e arranhava sua nuca por entre os fios de seus cabelo já molhados naquela região. Eu não aguentaria muito mais naquele ritmo.

Os vidros já estavam embaçados e eu me arrisco a pensar que se alguém passasse por ali perceberia a movimentação estranha no carro. Lauren que no início havia oferecido alguma resistência, agora se entregava ao momento submersa naquela aura de adrenalina sexual que preenchia o veículo. Apoiei meus joelhos no banco de couro para me levantar um pouco de seu colo e no momento em que ela distribuía beijos pelo meu pescoço aproveitei para descer o pequeno short preto por minhas coxas o máximo possível.

Segurei seu queixo entre os meus dedos e levantei seu rosto em minha direção. Seus olhos figuravam em um tom de verde tão brilhante, que até pareciam mais claros. Tomei sua boca em outro beijo de língua e dentes e a senti ofegar contra meus lábios ao final.

- Seus dedos, Lauren. - Suspirei contra seus lábios entreabertos. - Agora.


Notas Finais


Que delícia de final, hein?
Já sabe, né? Deixa o voto/favorito, comenta e divulga pras miga e pros crush, fechado? Um abraço e um beijo na testa ;)


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