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História Fire meet gasoline (Camren) - (Not) Like our parents


Escrita por: chicamz

Notas do Autor


Hey menines lindies! Olha eu aqui de novo ;)

A caxumba me trouxe aqui mais rápido dessa vez, mas quem puder, por favor, me deseje saúde.

Raphinha, parabéns! Juízo com essa maioridade alcançada, tá?

O teu flamengo não ganhou , mas esse capítulo é seu <3

Dale bixxxcoito ;)

Boa leitura!

Capítulo 24 - (Not) Like our parents


Lauren POV

 

Acordei na manhã seguinte completamente nua, esparramada em minha cama. Espreguiçamento digno de uma gata manhosa, bocejos mil antes de saltar da cama e catar uma camisa qualquer cumprida e larga o suficiente para que eu ficasse a vontade apenas com uma calcinha por baixo. Caminhei silenciosamente até o balcão e tomei assento na banqueta alta junto ao mesmo.

- Bom dia, Estrela! - Disse em alto e animado tom para Camila logo que a mesma virou com alguns itens para o café em mãos.

Ela colocou o que trazia consigo na bancada de mármore e levou as mãos ao peito fingindo susto. Deu a volta no balcão para ficar em pé no espaço entre minhas pernas e me beijar seguidas vezes as bochechas, o queixo e os lábios.

- Bom dia, LJ7! - Sorriu marota.

- Não seria LJ10? - Questionei.

- Cala a boca, Lauren! - Ralhou. - Eu digo qual o número da sua camisa, fica quieta.

- Ok, professora. - Fingi resignação diante de sua ordem.

Tomamos café conversando descontraidamente sobre o ocorrido na noite anterior. Vez ou outra Camila me alfinetava citando uma das meninas da República em que Keana morava. Me encantava a maneira como ela parecia incomodada com a proximidade das meninas, mas não as atacava em momento algum. Camila fazia questão de frisar que éramos todas mulheres e estávamos do mesmo lado e não em oposição. Que mulher essa menina Camila!

Seguimos com a conversa enquanto arrumávamos a cozinha. Eu lavava a louça e Camila me observava com um pano em suas mãos preparada para secá-las.

- Você acha que podemos ir para o leste com Dinah e Normani? - Camila perguntou um pouco insegura.

Dinah havia levantado o assunto "praia", ontem durante o RCT, e nos integrado em seus planos de viagem para o leste na segunda semana das férias que batiam à nossa porta. Camila parecia animada com a ideia, mas eu havia atribuído sua reação eufórica ao nível de álcool em seu sangue, agora, com a retomada do assunto eu tive a certeza de que ela realmente queria viajar com a meninas.

A quem eu queria enganar?

Ela queria viajar comigo.

Viajar com alguém é um divisor de águas. Viajar com alguém que você gosta é um grande passo, é como desnudar-se de luz acessa na frente dela. Se eu queria ir nessa viagem com Camila? Eu queria demais! Se eu estava assustada com a ideia? Eu estava demais.

- Então, eu disse a Dinah que se ela levar minha moto na carroceria da pick-up, eu vou. - Dei de ombros tentando disfarçar meu medo.

- Ah! Você vai! VOCÊ, cara pálida! - Ela fez questão de frisar o pronome e fechar a cara.

- Você quer mesmo ir?

- O que você acha, Morgada? - Retrucou fazendo um trocadilho com o meu sobrenome. Deus! Eu preciso barrar Dinah, essa brincadeira já passou dos limites.

- Eu vou organizar tudo direitinho, ver com Dinah a parte financeira e logística. Só posso dar uma resposta depois dos resultados das provas, mas eu quero muito ir com você. - Agarrei sua cintura e reforcei minha resposta com um beijo.

- Tudo bem. - Ela disse após finalizarmos o beijo que se estendeu mais que o previsto. - Mas você sabe que eu posso usar o meu cartão e você pode me pagar depois.

- Mas isso seria um empréstimo. E o que nós já conversamos sobre empréstimos, Camz?

- Não seria um empréstimo, não tecnicamente. - Ela deu de ombros. - Nós pegamos camisas uma da outra e devolvemos depois, isso se aplica?

- Primeiro, você quis dizer " eu devolvo", e isso é bem diferente de emprestar dinheiro.

- Tudo bem, vamos deixar o assunto de lado.

- Não vamos não. Eu quero saber como ficou a situação com o Charlie. - Camila fez uma careta. - Eu sei que você evita falar sobre ele comigo desde que as coisas ficaram estranhas entre nós por isso, mas eu preciso saber. Não posso ficar no escuro.

- Ele me ligou pra disparar a metralhadora de preconceitos dele. Falou diversas coisas desagradáveis e tentou me acuar com ameaças de contar a minha mãe. - Admitiu chateada. - Mas não se preocupe, eu planejava contar aos meus pais sobre você dentro de pouco tempo. Eu só vou precisar gastar um pouco mais do meu latim para contornar a versão distorcida dele. Isto é, se ele conseguir contato com a minha mãe porque eu duvido que ele tente com meu pai, coisa que tem sido difícil até pra mim. Mas não se preocupe, eu sei o que estou fazendo e estou segura. Charlie não tem mais nada a ver com a minha vida.

Eu só conseguia admirar Camila um pouco mais a cada dia. Quando ela havia crescido tanto? Tudo bem que ela era mais velha que eu um pouco mais de um ano, mas isso não representava um volume tão relevante de maturidade.

- Desculpe, eu comecei mais um de meus monólogos, não é? - Ela sorriu de canto e segurou minhas mãos tentando me passar algum conforto.

- Eu acho lindo como você mergulha em si mesma. - Coloquei um mecha de seu cabelo atrás da orelha, pincelei seu nariz com o meu e deixei um selinho demorado em seus lábios.

Aproveitamos mais um pouco a companhia uma da outra até, relutantemente, decidirmos nos separar. Com a proximidade do fim do semestre precisávamos nos dedicar. Aprovações não caem do céu. Camila entregava ensaios sobre obras e apresentaria um musical ao final do semestre, eu, exatas até os ossos, tinha uma penca de provas para fazer. A latina partiu em direção a sua casa com a promessa de que nos veríamos no jantar.

Ativei meu modo mais focado possível e adiantei meu relatório referente ao projeto de extensão, revisei grande parte da matéria das provas, só parando ao receber uma chamada do meu pai.

- Fala, capita! - Saudei meu pai com um apelido carinhoso que compartilhávamos.

- Ah, Lauren... - Suspirou. - Como eu sinto a sua falta.

- Ih.. Tá saudosista, seu Michael? - Zombei. - A gente combinou que você seguraria a onda da mamãe quando ela quisesse chorar, mas eu sempre soube que seria o contrário.

- O que eu posso fazer se você é a minha menina? - Meu coração se aqueceu com a risada gostosa do meu velho pai. - Quando você vem nos ver?

- Então, pai. - Fiz uma breve pausa. - Eu ia mesmo ligar pra casa. Dinah e Normani vão viajar para a praia na segunda semana das férias e eu acho que vou acompanhá-las.

- Tudo bem, você merece se divertir, meu amor,  mas você ainda vem nos ver ou prefere que um de nós vá até aí no fim de suas férias?

- Não. Na verdade, após o meu retorno da praia eu vou passar um dias aí e, provavelmente, irei acompanhada. - Hesitei. - Tem algum problema se eu levar Camila comigo?

- Graças ao bom Deus! Pensei que toda a educação que te demos tinha se perdido, Lauren. Até que enfim sua mãe e eu vamos conhecer sua namorada.

- Ela não é minha namorada, pai. Não ainda. - Disse a última parte mais pra mim que pra ele.

- Providencie isso aí, Lolo. - Fingiu um tom bravo. - Sua mãe e eu ficaremos felizes em receber você e sua amiga. Pode ficar tranquila.

- Ei, pai! Não me chama de Lolo, é vergonhoso. Eu sou uma motoqueira, casca grossa, fama de mau!

- Essa não cola comigo, Lo. Assisti ao Rei Leão no VHS verde e a Pequena Sereia ao seu lado no tapete da sala mais vezes do que você já deu partida em sua moto. Você vai ser sempre a minha pequena.

Meus olhos estavam cheios de lágrimas em decorrência das palavras de meu pai. Eu sempre fui muito apegada aos meus pais, mas a minha saída da cidade e independência significava muito para todos nós. A saudade era grande, mas eu estava muito feliz em ter me recuperado, e eu sabia que eles estavam muito felizes por mim também. Eu ainda não falava abertamente sobre o assunto apesar de já não me causar dor lembrar do ocorrido. Eu ensaiava contar a Camila durante a viagem. Era um grande passo, mas com a latina tudo era grande. E embora eu não tivesse mudado de ideia quanto ao futuro daquele relacionamento, eu não podia negar que já não tinha mais volta. Rotular aquela relação era questão de tempo. Pouco tempo.

- Eu te amo, pai.

- Eu te amo, filha. - Respondeu cheio de carinho na voz. - Vou arrumar o quarto de hóspedes para a sua amiga, tá? - Ele riu. - Conta outra, Lolo.

- Vai apagar algum incêndio, pai. - Nós dois rimos e ele desligou.

Voltei a me concentrar nos estudos. Renovada pelo apoio e palavras de meu pai eu aproveitei para revisar o restante da matéria, o que me colocaria em vantagem na semana de provas.

Fui interrompida outra vez pelo telefone, dessa vez era Dinah do outro lado. Me joguei no sofá me acomodando melhor para atender à minha melhor amiga. Aquela chamada, com toda certeza, renderia.

- Fala menina de ouro. - Sorri. - Se derreter já sabe o que dá.

- Tu me respeita filhote de panda! não foi assim que te criei. - Ralhou. - Enfim.. Tudo pronto, Jaurling ling! Vamos a la playa!

 

Camila Pov

 

Depois de descarregar e recarregar minhas energias nos braços de Lauren durante a noite e a manhã, a realidade bateu a minha porta com força, ou melhor, me chamou ao telefone.

- A que de devo a honra dessa ligação tão ilustre?

- Está feliz, Karla? Isso se deve ao seu novo casinho com a motoqueira aventureira?

O sangue deve ter sumido do meu rosto, meus olhos, com certeza saltaram da caixa e meu coração quase parou. Levantei da cadeira e caminhei lentamente pelo cômodo na tentativa de me estabilizar.

- Charlie conseguiu falar com a senhora antes de mim?

- Coitado do rapaz. Daria um ótimo marido para um desmiolada feito você. Não entendo onde eu errei com você, Camila, mas já estou cuidando para não repetir com a sua irmã.

- Ela é apenas uma garota, mãe. Seja razoável.

- Eu sempre sou. E não é que você mesmo tentando me contrariar não consegue. - Solta sarcasticamente. - A sapatona é rica!

- Do que você tá falando?

- Lauren Michelle Jauregui Morgado. Reconhece? Olhos verdes incríveis, muito bonita pra uma sapatona. - Foi tudo o que eu consegui entender com clareza, o resto não passava de zumbidos que eu não conseguia distinguir, mas sabia que se tratavam dos dados pessoais de Lauren.

Registro geral, dados bancários, endereço completo, placa da moto, número de matrícula e uma série de dados estritamente pessoais de Lauren foram ditos por minha mãe durante a chamada. Eu estava apavorada, tremia e respirava com dificuldade, mas eu não a deixaria me esmagar daquela maneira.

- Você mandou espionar a Lauren? Encomendou um dossiê, é claro. Como pode ser tão baixa? O que ganha com isso?

- Eu? Nada. Estou cuidando para que você não perca. Cresça, Camila! Você não é mais uma adolescente, acabe com essa brincadeira de beijar meninas.

- Eu sou bissexual, aceita! Poxa, de que serve tanta titulação? Abre essa cabeça, mulher! A Lauren é uma mulher incrível, batalhadora, linda. O que custa aceitar que eu posso ter um relacionamento saudável com ela?

- É antinatural! Vocês não transam, não podem ter filhos, nunca serão nada além de uma lembraça ridícula pra sociedade.

- Ah, faça-me o favor... - Eu não iria respondê-la, era um desaforo para a minha capacidade discursiva ter de quebrar aquele discurso tão raso e ignorante.

- O que eu quero saber é se ela já te levou para conhecer o avô multimilionário, rei da tecnologia agrícola lá no norte. - Eu abri e fechei a boca várias vezes. - Oh... Não? Claro, ela é uma estudante bolsista, batalhadora, filha de uma professora e um bombeiro, não é mesmo? - Riu irônica. - Abra seu olho, Karla Camila.

- Fique longe de Lauren. Para de me perseguir, eu não te incomodo com nada. Eu me acostumei com a sua ausência, acostume-se com a minha.

-  Se ela tivesse um irmão seria interessante a junção de nossos nomes, se é que você me entende.

- Preferia não entender.

- Me escute ao menos uma vez e faça a coisa certa. Se afaste da renegada e se resguarde até o final desse seu curso.

- Você não vai me dizer o que fazer. O dinheiro do meu fundo universitário é o suficiente para me manter até o fim do curso. Você pode cortar meus cartões e tentar suas manobras, mas você não vai conseguir me abalar. Vá em frente, se quiser, mas não me venha com chantagens, pois, eu não vou ceder.

- Eu não quero ter de envolver o seu pai nisso, menina. Alejandro se doa por essa família enquanto você quer arrastar nosso nome na lama andando por aí aos beijos com aquela...

E esquece do primordial: estar presente. Maldita lógica acumulativa. Pensei.

- Eu não vou ficar ouvindo seus desaforos, Dra. Sinuhe. Passar bem.

Desliguei e arremessei o aparelho contra a parede com toda a força que consegui concentrar no punho.

- AAAAAAA - Concentrei o ar em pulmões plenos no grito que ecoou pelo escritório cheio de estantes.

Respirei fundo diversas vezes até perder a conta. Desfiz o coque em meu cabelo e corri os dedos pelos fios agora soltos em busca de calma e algum conforto. Refiz o coque e juntei o aparelho que havia comprado não fazia muito tempo para constatar que tratava-se de uma perda total. Joguei o IPhone 6 em cima da mesa de trabalho e abandonei o cômodo em busca do telefone fixo que deveria estar jogado pelo sofá da sala.

Me joguei no estofado com o aparelho sem fio nas mãos, marquei os números tão conhecidos por mim e esperei atenderem.

- Escritório do Prof. Dr. Alejandro Cabello. Quem deseja? - Disse a voz conhecida do outro lado da linha.

- Clarissa, oi. É Camila, filha do cara de taco! - Ela riu comedida do outro lado. - Tudo bem?

- Oh, Camila! Não me faça rir eu estou em horário de trabalho. Tudo bem comigo.

Apesar de não ser velha, Clarissa era a secretária de meu pai desde que eu me entendo por gente.

- E ele está aí?

- Está em reunião. Posso tentar te passar, mas acho difícil.

- Estou no aguardo.

Me colocou em espera e eu fiquei surpresa ao constatar que a música de fundo utilizada era o instrumental de " the way you look tonight" na versão de Billie Holiday, música que embalou muitos acontecimentos de minha infância ao lado de meu pai. Fui retirada bruscamente de minhas memórias afetivas com a voz penosa de Clarissa me informando que ele não poderia me atender e que me ligaria depois. Agradeci pela tentativa e antes de desligar resolvi conferir.

- Clarisse, quem escolhe as músicas de espera?

- Na clínica, sua mãe deixa a cargo da equipe de comunicação, aqui, seu pai faz questão de escolher ele mesmo. Por que a pergunta?

- Por nada. - Sorri mais pra mim mesma. - Tenha um bom trabalho, Clarisse.

Meu pai era um homem controverso. Pra mim, o cara de taco, pro mundo, o Prof. Dr. Alejandro Cabello. Idealista, mas que fez da medicina um negócio de luxo e muito lucrativo. Rico e continuava a trabalhar aos sábados. Meu pai atencioso, agora, ausente.

Decidi não chorar.

Eu me sentia só. Agora mais do que nunca. Meus pais haviam se ausentado de minha vida já há algum tempo, mas eu tinha a companhia de Sophia e dos meus padrinhos, que trabalhavam lá em casa e cuidavam de mim com todo carinho. Nunca fui de muitas amigas, tendo apenas três mais próximas, Ariana, Grace e Taylor. Ari começou a trabalhar muito cedo e logo se tornou Ariana Grande, o que dificultou nossa interação. Grace era quem mais estava presente, já que estudamos juntas e fizemos ballet por muito tempo nos separando apenas quando ela foi para a faculdade de ciências econômicas. E, por fim, Taylor, que de patricinha a socialite foi mantendo cada vez menos contato comigo ao ponto de se tornar apenas uma lembrança de amiga e contato na agenda do celular.

E por falar em celular, acho que dei PT no meu. Que droga! Não queria ter todo o trabalho de configurar e me adaptar a um novo. O que está feito está feito!

Aproveitando que estava com o aparelho que mal usava nas mãos disquei um outro número muito conhecido. Lembrar de Sophia me machucava. Eu queria ter mais contato com a baixinha, mas nossas agendas não nos ajudavam. Provavelmente ela deveria estar em alguma atividade, mas eu decidi arriscar. Quem sabe se eu tivesse sorte conseguisse falar com Apa.

- Residência dos Cabello's, bom dia. - Uma voz polida e desconhecida me atendeu.

- Bom dia. Aqui é Camila, eu gostaria de falar com Sophia, ela está?

- Me desculpe, mas a senhorita Sophia não tem autorização para receber chamadas sem identificação. De que parte é?

Eu quis rir daquela situação.

- Eu sou Camila Cabello, irmã dela.

- Oh.. Me desculpe, eu estava apenas seguindo ordens e e-eu não conheço a senhorita. - Tentou se explicar nervosa.

- Tudo bem.. Eh...?

- Marisa, senhorita.

- Então, Marisa, Sophia está?

- Ela está na quadra praticando tênis. Deseja que eu vá chamá-la?

- Sim, mas antes... Poderia me passar para Aparecida, por favor.

- Claro, senhorita. Um momento.

Aguardei alguns segundos para ser atingida pela voz doce de minha madrinha que trabalhava como "governanta", mas que na verdade era quem dava alma àquela casa.

- Rayo de sol, como te extraño!

- Y yo a ti muchíssimo más! Como estás?

- Ah, Camila! Eu estou bem e você, mi amor? Tem se alimentado direito? Sophia me contou que você estava doentinha.

- Estou bem melhor. Sophia lhe conta o conteúdo das mensagens que mando para ela, é? - Sorri.

- Só as mais importantes e as mais vergonhosas, por supuesto. - Ouvir aquela gargalhada gostosa daquela doce mulher fez meu coração bater mais feliz por alguns instantes. - Eu quis ir até aí para cuidar de você, mi niña, mas como você não comunicou a seus pais eu não tinha como pedir dispensa da casa para viajar sem quem eles soubessem.

- Own, Apa! Eu te amo tanto. Fique tranquila, parece que seus anjos colocaram um amigo deles em meu caminho para cuidar de mim.

- Ay, mi cielo! Estás enamorada, Camila? Es un buen chico?

- Apa, no es un chico, sino uma chica. - Corrigi e de repente ficamos em silêncio. - Meu espanhol anda enferrujado.

- Você não está mais con el tipo de cejas graciosas, no es?

- Apa...

- Desculpe.

- Não, eu não estou mais com Charlie.

- Me desculpe, Camila, mas é que as paredes tem olhos e ouvidos muito atentos nessa casa, você sabe. Sua mãe teve uma conversa com seu pais há alguns dias e...

Aparecida é interrompida por gritos que eu ouço pelo telefone. Sophia parece afobada na tentativa de falar comigo.

- Sophia quase salta por cima de mim. Depois nos falamos, mi amor. Que Díos y la Virgen te cubram de gracías. Te quiero mucho!

- Y yo a ti y a Mundo, le mando un beso.

O telefone é passado para uma Sophia ofegante.

- Mila, que saudade! Você faz tanta falta aqui. Sinto falta da sua voz e do seu cheiro.

- Own, meu amor. Eu sinto tanta falta de você. O que você acha de fugir alguns dias da sua colônia de férias e vir ficar comigo?

- Seria meu sonho???

- Com quem você aprendeu isso?

- Camila, eu tenho acesso a internet, mana. Ainda que seja limitado. - Ela riu. - Papa disse que vai me dar um celular logo. Segundo ele, eu já me mostro bastante responsável para ter um. Vou poder instalar o app do Twitter e usar melhor.

Ouvir Sophia falar do nosso pai aqueceu meu coração. Talvez ele estivesse falhando com apenas um de nós.

- É mesmo? Sabe que eu acabei de quebrar o meu. - Ri sem graça. - E você está no Twitter, mocinha?

- Estou. Eu até sigo a Dinah Jane Hansen, ela é tão engraçada!

Deuses! Minha irmãzinha está crescendo tão rápido. Acho que preciso conversar algumas coisas com ela antes que a situação se complique.

- Uau! Não sabia que a senhorita era usuária da melhor rede social da internet, e muito menos que conhecia Dinah Jane. Ela estuda na mesma universidade que eu, mas ela cursa Direito.

- Eu sei, sou seguidora mesmo. Leio quase tudo o que ela posta. Direito parece fascinante, mas mamãe diz que eu fui escolhida pela medicina e que ela não aguentaria uma outra decepção. - Ela revela triste.

Minha voz embarga e eu me sinto mal subitamente. Dra. Sinuhe não era nada razoável. Sophia era só uma menina, não merecia toda essa pressão.

- Desculpa, Kaki, eu não quis te fazer triste. Eu tento ignorar os comentários da mamãe sobre profissões. Eu sou muito nova para decidir o que vou fazer por grande parte da minha vida.

- Isso aí, baixinha. Não liga pra ela não. - Disfarcei um sorriso.

- Sabe, Kaki, eu não sou mais tão baixinha. - Ela gargalha. - Você promete que vai me ligar mais vezes quando papa me der o celular?

- Eu prometo, meu amor. Se cuida, tá?

- Se cuida você que tá fraca! Você está melhor, não está? Eu não contei pro papai, mas ele quase me ouviu responder a sua mensagem. Eu sempre falo em voz alta o que escrevo no computador. - Ela ri sem graça. - Preciso voltar pro tênis. É um saco, mas mamãe insiste que eu pratique e ainda me paga um instrutor. Tchau, Kaki! Amo você.

- Eu sei bem como é isso Sophi, eu já fui você. - Riu sem humor. - Vai lá, meu amor. Te quiero mucho, bebé.

Desligo e uma lágrima cai do meu olhar. Suspiro derrotada e vou até a cozinha checar o que eu poderia almoçar. Após constatar que as opções da geladeira não me agradavam, corro pro quarto, tomo um banho, faço uma produção básica, apanho o celular despedaçado e parto rumo ao shopping.

[...]

Depois de almoçar no outback, comprar umas peças básicas em algumas lojas e passar na autorizada da Apple para entregar a carcaça do aparelho e sair de lá com o modelo mais novo, aproveitei o supermercado integrado ao shopping para comprar alguns itens para a dispensa lá de casa. Na volta lembrei que minha depilação já não estava tão em dias assim, e não que eu tivesse algum problema com pêlos, eles são naturais e necessários até, mas como eu gostava de inovar com Lauren e a ausência deles me deixava mais confiante resolvi passar no complexo de beleza que eu costumava frequentar e aproveitar o horário livre.

Natalie, a gerente do salão sempre muito simpática engatou uma conversa comigo enquanto a designer desenhava minhas sobrancelhas e acabou me convencendo a usar a vitamina T pro cabelo e logo eu estava na cadeira de Ricky, um dos cabeleireiros especializado em corte do espaço. Não satisfeita, acabei por fazer as unhas. Saí do salão me sentindo poderosíssima.

Subi pelo elevador da garagem e nem tive chances de passar pela portaria para checar minha correspondência. Quando abro a porta do elevador,  com dificuldade por conta das muitas sacolas nas mãos, dou de cara com Lauren desconfiada de pé no hall. Ela logo se prontifica a pegar várias das escolas que eu carregava e eu abro a porta.

- Desculpa ter vindo aqui assim e ficar te esperando, mas eu fiquei preocupada. Eu liguei pro seu celular inúmeras vezes, mandei mensagem mas você não visualizou, liguei pro teu telefone daqui e nada. Aconteceu alguma coisa?

Ela perguntou ao colocar as sacolas com as compras do supermercado em cima da mesa de jantar. Eu coloquei as com as roupas sobre o sofá e passei a mão pelo cabelo jogando eles pro lado e encarei a mulher de olhos verdes embasbacada a minha frente.

- Pelo visto aconteceu. Você parece pronta para uma sessão de fotos para capa de alguma revista importante. Uau!

- Obrigada, grande amiga. - Sorri marota.

- Por nada, amigona. - Devolveu debochada e se aproximou. Envolveu seus braços em minha cintura e observou meu rosto atenta. - Alguma ocasião especial? Adorei o corte, as unhas, tudo.

- Não, você não perdeu nada. Eu apenas aproveitei o tempo livre pra me paparicar um pouco. - Dei de ombros. Busquei uma sacola específica em meio as outras e puxei a caixa do IPhone de dentro. Estendi em sua direção e levantei as sobrancelhas, recém desenhadas e muito bem feitas, encorajando-a a pegar o aparelho.

Lauren olhou da caixa para mim e de mim para a caixa e sacudiu a cabeça.

- Você sabe que eu não vou aceitar, né?

- Abre logo essa caixa, sua boba. É meu! - Peguei as sacolas com as roupas e caminhei para o meu quarto. Deixei elas no closet e voltei para a sala. Lauren observava os detalhes do aparelho. - E ai?

- O que houve com o seu, Camz?

- Um pequeno acidente hoje pela manhã. - Disse simples e ela franziu as sobrancelhas. - deu PT, troquei por esse. Quero um feedback, Lauren, anda.

- O que dizer de um IPhone 7, Camila? - Ela deu de ombros. - Você curte mesmo a marca, é Apple fã. Eu tenho pensado em trocar o meu, mas tenho considerado outras marcas também. É um ótimo aparelho, mas acho muito caro.

- É aquele ditado. - Dei de ombros. - Configura ele pra mim enquanto eu preparo um jantarzinho pra gente? - Ela me olhou desconfiada. -Ou você tem outros planos que não me incluem? - Desafiei.

- Mas é claro que não. Todos os meus planos incluem você. - Ela piscou e apanhou o aparelho começando a personalizá-lo da maneira que ela imaginava me agradar.

Na cozinha, guardei as compras que eu havia feito e logo me ocorreu a ideia de oferecer a Lauren uma noite de queijos e vinhos. Chequei a minha adega, que na verdade não passava de um espaço no armário e vi que me restavam algumas garrafas. Separei pedaços de gorgonzola e queijo do reino, algumas rodelas de salame e azeitonas sem caroço. Reservei uma travessa bonita e cobri sobre a mesa. Voltei a sala e Lauren continuava seu trabalho no brinquedo novo. Vendo aquela menina tão linda imersa na tela daquele aparelho tive uma vontade imensa de surpreendê-la com um igual de presente, mas sabia que ela não aceitaria. Cabeça dura do que jeito que é...

- Hey Laur! Eu vou tomar um banho, tá? Quando terminar aí escolhe um filme pra gente ver. - Ela apenas balançou a cabeça positivamente e eu corri pro meu banheiro.

[...]

- Você tá tão cheirosa, Camz. Eu não tô conseguindo me concentrar no filme. - Ela disse ao pé do meu ouvido enquanto se mantinha deitada atrás de mim no sofá com os braços ao meu redor.

A garrafa de vinho estava um pouco acima da metade e a tábua dos queijos já não estava assim tão farta. O filme já se aproximava do fim e eu já me sentia ansiosa pela conversa que eu iniciaria a seguir. Eu precisava abordar aquele assunto com ela, eu precisava compartilhar uma parte de meus anseios com ela.

Com movimentos sutis e precisos Lauren me posicionou em seu colo no sofá e investiu seu quadril contra o meu enquanto mantinha seus lábios roçando e cobrindo o meu alternando mordidas leves e puxões. Eu já me sentia quente e pronta para tirar a roupa e me jogar no fogo de Lauren Jauregui quando me lembrei de seu último sobrenome e consequentemente da ligação de minha mãe.

- Lauren.. - Tentei pará-la desgrudando seus lábios dos meus. - Lauren, espera. - Segurei suas mãos afoitas.

- O que foi? - Os olhos de Lauren pareciam mais claros naquela luz reduzida da sala. - Você não tá no clima? Eu fiz alguma coisa errada?

- Não, Laur. Não é isso, é que eu preciso conversar com você.

Ela se ajeitou no sofá me dando espaço para sentar com ela. Prendeu seu cabelo e passou as mãos no jeans, parecia aflita com o tom sério que eu empreguei.

- Lauren, eu recebi uma ligação nada agradável da minha mãe. Ela pesquisou a sua vida, ela já sabe da gente. - Mordi o lábio inferior.

- Como assim ela pesquisou minha vida? O Charlie falou com ela, não foi?

- Eu não sei. Ela me disse muitas coisas e insinuou que você não era quem dizia ser. Ela mencionou um dos seus avós.

- Camila, eu posso explicar.

- Eu não dei muita importância pro que ela disse. Na verdade, eu não me importo se você é de uma família tão ou mais rica que a minha, eu só me incomodei com o fato de que com uma pesquisa minha mãe descobriu mais de você do que eu sei ao longo de todo esse tempo de convivência.

- Tem muitas coisas que eu eu quero te contar, Camz. E eu vou, eu prometo, eu só preciso de um pouquinho da sua paciência.

- Lauren, eu tenho toda a paciência do mundo com você, mas você precisa começar a se abrir comigo. - Afaguei seu rosto e contornei suas sobrancelhas grossas com a ponta dos dedos. - Tô triste, Lo. Preciso de colo. - Fiz bico e me joguei em seus braços novamente.

- Por isso? - Ela se inclinou para me encarar de frente. - Olha, Camz, eu prometo que vou te contar algumas coisas, inclusive, tenho uma proposta para te fazer.

- Não, boba. Liguei para casa e fiquei nostálgica e além disso papai não me atendeu. Eu me sinto tão sozinha. - Deitei a cabeça em seu colo e ela me fez um cafuné gostoso como se me dissesse que estava ali. - Mas que proposta é essa, hein?

- Então, eu também andei ligando para casa e programei uma viagem na qual eu adoraria te ter como acompanhante.

Saltei do sofá e levei as mãos ao peito exagerando a emoção.

- Não acredito que você vai me levar para conhecer os seus pais.

- Você.. Você não quer? Acha que é demais? - Ela parecia nervosa e um pouco desapontada.

- Larga de ser boba, Lo. Eu tô esperando seu pedido de namoro desde o dia em que ouvi pelo viva-voz que você assumiria um filho meu e faria de tudo pra me fazer feliz. Eu evito jogar isso na sua cara, mas já tá passando da hora.

- Camila, eu...

- Tá, tá, tá eu sei. Tome seu tempo, Lauren. Eu não tô te cobrando nada. - Sentei novamente ao seu lado. - Sabe, Laur, você me lembra o meu pai. É tão controversa. Me chama pra conhecer os seus pais, mas não me pede em namoro.

- Estrela, tente entender.

- Eu entendo, Laur. Não está mais aqui quem falou a palavra com três sílabas e seis letras. - Ela sorriu e me abraçou. - Mas então, me conta como vai ser a nossa ida ao norte.

- Depois que retornarmos da praia acertaremos os detalhes do "De volta para a minha terra".

Nós duas irrompemos numa gargalhada gostosa após o seu péssimo trocadilho e só depois de cessar com a gargalhada me dei conta de que ela havia empregado o plural para falar da viagem proposta por Dinah.

- Espera,,Isso é sério, Lo? Você confirmou com a girafa? - Ela sacudia a cabeça positivamente sorrindo.

- Confirmei hoje mais cedo.

Montei em seu colo e retomei nossa sessão de amasso que terminou na minha cama. Pernas emaranhadas, respirações erráticas, lábios inchados. O gosto do vinho misturado ao gosto da boca de Lauren era uma coisa louca e estava me embriagando de um jeito que apenas o vinho não conseguiria. Eu estava embriagada por ela. Era como se eu quisesse desvendar seus segredos explorando seu corpo e fazendo ela mergulhar no meu.

Sentada em seu quadril iniciei uma carícia com as unhas curtas por seu abdômen e tórax desenhando padrões ao redor dos seios médios e alvos de Lauren. Ela mantinha as mãos em meu quadril me dando algum suporte e observando meus movimentos com olhos pequenos e a boca entreaberta. Trocando o peso entre um joelho e outro fui subindo até estar montada em seu rosto. Não precisei pedir para que ela fizesse nada, no momento seguinte senti seu nariz de arrastar prazerosamente pela minha virilha e um pequeno beijo foi deixado em meu clitóris. Me apoiei como pude quando ela me segurou pelas nádegas para iniciar o passeio lento de sua língua pelas minhas dobras. Ela dividia sua atenção entre os meus pontos mais sensíveis de uma forma tão delicada que eu precisava segurar meus próprios seios e correr as mãos por meu corpo para não aumentar o atrito de meu sexo em sua boca como uma desesperada.

Eu já não conseguia manter meus olhos abertos e sentia o clímax cada vez mais próximo quando Lauren firmou suas mãos em meu quadril e me deslizou para baixo com a maior facilidade do mundo e virou-se sobre mim na cama em um único movimento. Seus olhos estavam em um tom de verde tão hipnotizante e um brilho tão intenso figurava de suas pupilas que eu me sentia fraca e totalmente rendida em seus braços. Ela encaixou-se entre as minhas pernas abrindo-as com as suas próprias e buscando minha mão direita com a sua esquerda entrelaçou nossos dedos, mantendo-as juntas ao lado de minhas cabeça. Seus olhos nunca abandonando os meus e sem dizer uma palavra sequer, ela me amou. Devagar e lentamente, Lauren me invadia o corpo e tocava a alma. Seus dedos deslizavam por meu sexo com uma facilidade tremenda devido a minha enorme excitação e lubrificação natural. O som do atrito de nossas peles era acompanhado pelo estalar de seus beijos em minha boca, meu pescoço, seios e costelas. Lauren conhecia o meu corpo como a palma de sua mão, ela sabia da minha hipersensibilidade naquela região e aproveitava para correr seu lábio inferior delicadamente por meus flancos sabendo que aquele simples toque contribuía para maximizar meu estado deplorável de excitação.

Retornou com seus lábios para os meus e os cobriu em um beijo inebriante. Sua língua enroscava-se na minha como em um baile, e essa miscelânea de sensações que seus dedos, lábios, língua e cheiro me causavam resultava um efeito sinestésico devastador que me abria os poros e me lançava no abismo sem fim de um orgasmo longo e intenso. Contraí meus músculos pélvicos e prendi seus dedos em meu interior enquanto liberava gradativamente os gemidos presos em minha garganta e sentia os primeiros espasmos. Lauren estava maravilhada com a sensação de minhas paredes internas envolvendo e apertando seus dedos em meu interior, mas ainda não estava satisfeita e, mesmo com a respiração pesada, manteve seus olhos nos meus quando massageou meu clitóris.

Foi como acionar o botão de detonação da minha sanidade, que já estava por um fio. Perdi o pouco controle que me restava e me desmanchei inteira em suas mãos. Entre espasmos e gemidos sôfregos eu, mais uma vez, me entreguei a ela. Embora nós já tivéssemos nos entregado de diversas maneiras, dessa vez havia algo diferente. O olhar de Lauren, a delicadeza dos toques, o sentimento que emanava de nossos corpos e preenchia o quarto. Eu particularmente não acreditava na distinção entre fazer sexo e fazer amor. Transar é realizar uma troca. Trocar fluidos, carícias, experiências, sentimentos. Mas se existisse alguma distinção no ato em consequência dos sentimentos envolvidos, o que Lauren e eu acabamos de fazer foi o mais puro amor.

Ela continuava a me beijar e correr seus dedos por minhas costelas. Um sorriso lindo iluminou seu rosto e ela beijou o dorso de minha mão que permaneceu entrelaçada a dela e então deitou-se ao meu lado na grande cama.

- Camz, eu... - Virou de lado e apoiou o cotovelo no colchão e repousou a cabeça na mão. - Eu sei que você merecia algo melhor, e eu espero poder fazer isso por você muito em breve, mas eu não consigo dormir sem te fazer essa pergunta.

Não acredito que Lauren Jauregui inventou a minha morte e vai me matar agora mesmo. Saltei no colchão e sentei sobre as minhas próprias pernas. Lauren espelhou o meu movimento e segurou minhas mãos com as suas um pouco trêmulas. Em cima da minha cama, completamente nuas e movidas pela força do sentimento que nos embriagava, nos beijamos.

- Camz, você quer..

- Quero. Eu quero o que você quiser. Eu nem sei o que você quer, mas eu quero. Eu sei que eu também quero. - Disse atropelada.

Ela riu da minha afobação, me puxou pro seu colo e recostou-se na cama. Seu coração batia rápido e suas mãos buscavam as minhas a todo instante como se precisasse daquilo para constatar que era real.

- Você quer mesmo me namorar? - Ela pergunta encarando meu perfil.

- Eu? Não. Você é quem quer, eu só não vou fazer desfeita. - Debochei de sua atitude carregada de insegurança. - É claro que eu quero namorar você, sua ridícula. Pensei que nunca fosse pedir.

Trocamos mais alguns beijos comedidos e ela puxa o edredom para nos cobrir e ajusta a temperatura do ar. Me aconchego numa conchinha e fechos os olhos aproveitando as sensações que a sua respiração tranquila resvalando em meu pescoço me causa.

- Estrela? - Sussurra bem próximo ao meu ouvido com aquela voz rouca e eu me sinto arrepiar inteira mesmo com a ausência quase total de pêlos em meu corpo. Sinalizo que estou acordada com um murmúrio. - O que muda entre nós agora que somos namoradas? - Ela saboreia a última palavra em sua boca e eu não consigo evitar um sorriso ao ouvi-la nos autodenominar.

- Agora é Camz da Lolo e Lolo da Camz. - Ela ri e eu resolvo sacanear. - Me passe todas as suas senhas, exclua todos os contratinhos. - Dou um tapa de leve em sua mão que repousa em meu ventre. - Vamos fazer um perfil de casal combinando foto de capa e perfil, vou mandar fazer camisetas personalizadas para nós duas com estampas "Lauren da Camila", e ah.. Quero anéis de compromissos tão largos quanto aros de uma carreta, dê seu jeito.

Ela ficou em silêncio alguns segundos e eu voltei a falar.

- Depois nós podemos pensar nas tatuagens de casal e adesivos familiares para o carro.

Eu mesma tive de prender o riso, mas falhei miseravelmente quando ela perguntou se era sério.

- Se não for pra namorar assim, eu nem quero.

Nós duas irrompemos numa gargalhada gostosa que foi diminuindo aos pouquinhos até que o silêncio instaura-se entre nós, confortavelmente, outra vez.

- Bom noite, estrela. - Ela me deseja e afunda seu rosto entre meus cabelos e pescoço.

- Boa noite, meu amor.

Naquele abraço eu estava segura, meu coração batia feliz com o ato de coragem de Lauren. Embora eu estivesse sido pega de surpresa com a proposta repentina, eu estava feliz que ela estava confiando em mim e prometendo que aos poucos me revelaria seus segredos e medos para que pudéssemos construir nossas defesas em conjunto, como um verdadeiro casal. Mas, em contrapartida, meu coração estava apertado já esperando o golpe que viria a seguir, pois, como diz a canção " Há uma calmaria antes da tempestade."

É como quando você ri até a barriga doer na companhia de amigos e de repente um silêncio os acolhe e vocês se olham já sabendo que vem chumbo grosso por aí.

 


Notas Finais


Deixa aquele velho voto/favorito, não custa nada e me faz feliz. Nos vemos em breve ;)

Debs e Ana #Martista 9 meses <3
Casal do pop Br, muito amor pra vocês, tá?


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