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História Fire N Gold - Fogo e Sangue


Escrita por: CovenCult

Notas do Autor


Hey! Mais um capítulo para vocês, meus amores. Não me matem pela demora, me perdoem ♡ Espero que vocês gostem muito do capítulo e já aviso: SE PREPAREM.
Não se esqueçam de comentar, fico muito feliz com isso. A história está quase no fim, poxa, digam para o migo o que vocês acham. Me desculpem por erros que passaram despercebidos! ♡♡♡
Enjoy it!
FAVORITEM POR FAVOR!!!

Capítulo 33 - Fogo e Sangue


Fanfic / Fanfiction Fire N Gold - Fogo e Sangue

Depois de passar um dia todo na sala com Grace, sou colocado em meu quarto. Não porque James me obrigou a ficar ali, mas porque fingi estar com sono para não ter que ficar sozinho com ele naquela sala.
Durante todo o dia esse homem andou pela a casa, falando sozinho e dando pequenas risadas que faziam meu corpo se arrepiar. Me perguntava se eu estava com fome ou se gostaria de assistir algo na TV, mas eu sempre dizia que não e continuava encarando Grace enquanto ela brincava no tapete ou dava atenção a televisão. Fiquei encolhido no sofá, abraçando minhas pernas me levantei poucas vezes para ir até o banheiro.
Quando realmente fiquei com fome ele me levou até a cozinha e preparou sanduíches para nós. A gaveta onde os talheres ficam guardados estava vazia. “Não encontrará uma faca aí” ele disse quando desvendou o que se passava pela minha cabeça. Um armário estava trancado não somente com um cadeado, mas com três. Era ali que James devia guardar qualquer coisa que eu pudesse usar contra ele.
A ideia de andar pela casa e procurar falhas em seu plano passou por minha cabeça, mas não consegui fazer isso. A tristeza de estar aqui e longe de todos que amo parece estar ganhando no momento, então decidi deixar a atividade para amanhã. Eu não iria a nenhum lugar mesmo.

- Grace e eu levaremos comida para Caleb. Obrigado por não aprontar nada hoje. É fácil não ser punido.

Isso foi o que James me disse depois de me colocar em meu quarto. Tomei um banho e nem mesmo me importei de me vestir antes de ficar sob o grosso edredom da cama. Não faço ideia do que passa na cabeça daquele homem.

(...)

Adam

Eu finalmente chorei. Chorei por estar sem duas pessoas que amo e não fazer ideia de onde elas estão. O dia todo foi de busca pela cidade e a cada hora que passava o meu desespero crescia. Nenhum sinal de nenhum deles. Nada. Nem mesmo as câmeras do shopping, para o qual Caleb disse em sua mensagem que iria, mostravam sua visita.
Eu também havia conseguido dormir. Minha mãe me obrigou a ir para a casa e ficou comigo no sofá até que eu dormisse. Um remédio forte foi necessário para que eu finalmente apagasse e acordasse somente de tarde. Era bom ter ela comigo, mas seria melhor ainda se nada disso estivesse acontecendo.
Agora estou sentado novamente no sofá. Já é noite uma pizza foi pedida para todos que estão ali. Jack, Katarina, Isobel, Janine e minha mãe, Charlote. Conversam sobre coisas aleatórias e esperam, assim como eu, que o telefone toque e a polícia diga algo de bom. Eu só preciso de uma informação. Algo que me dará um pouco de alívio.
Não aguentava mais responder perguntas aos policiais. Repeti tantas coisas que palavras pareciam piscar como neon vermelho em minha cabeça. Me perguntaram até mesmo sobre inimigos e uma pequena lista veio a minha cabeça. Não são exatamente meus inimigos, mas sim de meu pai e sua empresa, mas que poderiam muito bem se vingar me atacando indiretamente. Disse alguns nomes que mais perturbaram meu pai enquanto ele era vivo.
Mary, obviamente, continua no hospital e desacordada. Os médicos disseram que a situação é algo extremamente complicado e não sabem quanto tempo pode demorar para que ela acorde. James ainda não sabe do que houve. Janine tentou ligar novamente para contar tudo e dizer que a polícia precisa fazer algumas perguntas, mas nada de conseguir contato. Sr. Hunt, vizinho policial de Caleb, disse que ele é um suspeito, mas acreditou em nós quando dissemos que ele é um bom homem e está apenas trabalhando, e por isso não está na cidade.
Nem mesmo James está livre de problemas e isso é péssimo. Meu coração está despedaçado e imagino como o dele ficará quando souber o que sua esposa passou.
Cartazes já foram espalhados pelas ruas. Uma foto de Caleb e Grace que eu tinha em meu celular foi colocada em várias folhas. O pai de Caleb fez o mesmo, mas sozinho. Não consegui gostar nem um pouco daquele homem. Em um momento em deveríamos nos unir, ele continua nos odiando.

- Pense positivo, meu filho. – Minha mãe diz e põe sua mão em meu ombro. – Tenho que certeza de que passaremos o Natal juntos. Espere e verá.

- Quero eles aqui e agora, mãe...

- Como eu disse, pense positivo.

Ela está certa, mas isso é tão difícil. Tantas coisas passam por minha cabeça e não faço ideia do que fazer. Sei apenas ouvir a risada de Grace e a voz de Caleb em minha cabeça.

(...)

Não fazem trinta minutos que fui tirado de meu quarto por James e algo inesperado aconteceu. Ele disse que precisará ir ao mercado com Grace e me deixará sozinho em casa. Fui até a porta da frente para vê-los partindo na estrada de terra. Com certeza o carro de James deve estar escondido por ali, ele não andaria tanto com Grace.
Talvez isso seja um teste para ver como me comporto quando sozinho. “Você sabe as consequências de algo que pode vir a fazer. Quando voltar, quero encontra-lo aqui. ”, foi o que ele disse antes de sair e me deixar na varanda.  Talvez ele esteja confiando em mim e realmente me deixando sozinho.
Fico alguns minutos pisando no chão de madeira da varanda. Sentindo o frio e esperando ver James no meio dos arbustos, mas não vejo nada. Hoje visto a mesma coisa de ontem. Uma nova camisa social branca e com cheiro de lavanda e um short preto e curto. Claro que ele me dá liberdade para sair, mas sabe que o frio é tanto que eu não ficaria aqui. Duas ideias invadem minha cabeça: Procurar por falhas na casa que me ajudem de alguma maneira, e andar até a cabana onde Caleb está preso.
Não sei quanto tempo tenho até que James volte, então acho que preciso escolher somente uma das duas coisas. Não sei quando a oportunidade aparecerá de novo.
Corro para dentro da casa e começo olhar tudo o que posso. Não há nada embaixo do sofá ou sobre a lareira. A sala onde fica o piano tem apenas poltronas e quadros. A cozinha continua sendo a mesma coisa de ontem. O armário onde fica a comida é totalmente aberto para que eu pegue o que quiser, mas o que James guarda talheres e qualquer outra está trancado pelos três cadeados. Uma porta na cozinha leva aos fundos da casa.
Apenas um tronco enorme e mais folhas existem caídos no chão dos fundos da casa. Volto para o interior e subo a escadaria para o segundo andar. Todas as portas dos quartos estão trancadas com seus cadeados de senha. Coloco números aleatórios ali, mas nada consigo. Não sei nem mesmo o aniversário de James para tentar o óbvio. Pelo menos não foi uma busca ruim. Do lado de fora do quarto de James tinha um par de tênis de corrida que provavelmente usou quando saiu na noite anterior para visitar Caleb.
Os coloco rapidamente e volto ao primeiro andar. O barulho dos pequenos sinos já começava a me irritar, então retirei a tornozeleira e a coloquei no bolso da frente de minha camisa branca. Eu faria isso. Eu andaria até a cabana para encontrar Caleb.
Saio da casa e nem mesmo fecho a porta, apenas começo a correr para o lado direito. Me lembro de quando visitei Morgan com Adam. Foram apenas dez minutos andando, então sei que consigo transformar isso em cinco ou menos enquanto corro. Os tênis me ajudariam ainda mais. Passei cerca de dez minutos procurando coisas pela casa e James não deve ficar fora por mais de meia hora, então preciso correr muito se quero uma solução.
Enquanto corro pelas árvores, sinto o poder do vento contra meu corpo. É tão gelado que chega a doer, mas forço meu corpo a se esquentar com movimentos. Nunca conseguiria correr assim se não tivesse encontrados o par de tênis. Pisar nas folhas e pequenas pedras do chão acabariam comigo.
Vejo uma árvore marcada com tinta vermelha e sei que me aproximo da cabana, só preciso correr mais um pouco para acha-la entre as árvores. Ela é realmente pequena e uma horta existe em sua parte traseira. Me aproximo de uma janela protegida por grades, mas ela está suja e não consigo ver seu interior. Dou a volta na casa e olho por outra janela, aí então consigo ver Caleb ali dentro. Amarrado em uma cadeira e parecendo dormir. Começo a pensar que talvez ele esteja morto. Bato a palma da mão no vidro, mas não consigo nenhuma resposta sua, então corro até a porta da cabana e mexo em sua maçaneta inutilmente. Claro que James a trancou.

- Caleb! Sou eu! – Grito.

Tomo distância e bato meu corpo contra a porta, mas não consigo nada além de uma dor incômoda em meu ombro. Faço isso mais duas vezes, e sem nenhum resultado volto para a janela. Caleb agora tem sua cabeça erguida e parece assustado. Está amordaçado, então todo seu medo é passado por seus olhos. Está escuro ali dentro e não consigo ver seu rosto detalhadamente, mas acho que há um corte pequeno corte em sua bochecha.
Ele começa a se movimentar na cadeira, mas de algum modo ela está presa no chão. Olhando atentamente para algo atrás de Caleb, me assusto e acabo me afastando da janela. O corpo de Morgan está ali, caído enquanto uma poça de sangue chega até os pés descalços de Caleb. Ao contrário de mim, ele não foi despido. Continua com sua camisa xadrez vermelha e sua calça preta. Antes que eu perceba, estou chorando assim como ele.

- Espere um pouco!

Dou uma volta na casa, procurando por ferramentas que Morgan provavelmente usava em sua horta. O desespero em mim é enorme. Preciso de Caleb aqui fora comigo, não lá dentro com um corpo e amordaçado. Tremo muito enquanto passo os olhos pelo local e não encontro nada. James realmente havia pensado em coisas que eu poderia fazer. Ele pode voltar a qualquer momento e...
Jogo meu corpo contra a porta mais algumas vezes e de nada adianta, consigo apenas dores. Volto para a janela limpa, chorando ao ver o desespero nos olhos de Caleb.

- Tenho que voltar por Grace! – Grito novamente. Não sei se ele me escuta bem. – Acharei um jeito Caleb, não deixarei você aqui! – Choro até soluçar e seguro com muita força as grades enquanto me controlo. – Nós iremos embora, eu prometo!

Um “Eu te amo” escapa de meus lábios, mas sem nenhum som. Foi tão natural e o desespero pareceu perder um pouco de sua força. Reúno muita coragem para me afastar da janela e corro. Apenas corro para a casa, rezando para que James não esteja na varanda e jogue alguma punição em Grace ou Caleb por minha visita.
Chegando lá, vejo que a porta continua aberta. Entro e chamo por James, mas não ganho resposta alguma. Subo a escadaria e deixo os tênis aonde os encontrei. Quando volto ao primeiro andar, me lembro de que estou sem os sinos em meu tornozelo e os coloco rapidamente. Foi realmente um milagre sair para a varanda e ver James se aproximando da casa com Grace em seu colo. Se eu tivesse voltado um minuto mais tarde...

- Acabei lembrando que não preciso ir ao mercado, já tenho o que preciso em casa. – Diz com seu sorriso. Então Segura meu queixo com sua mão direita. – Senti saudades.

Ele passa por mim e entra na casa. Sinto tanto ódio dele que poderia atacar seu pescoço com uma forte mordida, jogando sangue por todo canto da sala e me vingando. Caleb está sozinho com aquele corpo e ele nem mesmo se importa com isso. Resolvo ficar trancado em meu quarto, não consigo olhar para James.

(...)

Adam

A polícia não pode trabalhar exclusivamente no meu problema, existem muitos outros pela cidade que também precisam de atenção. Então logo no segundo dia algumas coisas começam a mudar. Somente alguns carros de polícia rodam por aí coletando informações para o Sr. Hunt e os cartazes fazem sua parte.
Hoje, enquanto dirigia até o hospital para ver Mary, que continua desacordada, um dos cartazes ficou preso em meu limpador de para-brisa. Não consegui segurar meu choro no estacionamento. Uma enfermeira que passou ao lado do carro e perguntou se estava tudo bem. Ele era uma das amigas de Mary e sabia pelo o que eu estou passando, então me levou até um canto do hospital onde poderia me acalmar após ela me dar um comprimido.
Não trabalhei durante todos esses dias. A livraria ficou fechada assim como minhas mãos quando tentava controlar o choro. Os amigos de Caleb estão tão preocupados e também não escondem sua tristeza quando se reúnem na sala de sua casa com Katarina.
Agora aqui, em uma cadeira ao lado de Mary enquanto seguro sua mão, sinto as chances de ter Caleb e Grace comigo cada vez menores.

(...)

Mais um dia chega enquanto estou sozinho com James nessa casa. Como não saí do quarto no dia anterior, ele precisou me levar um lanche da tarde e algo para jantar. Ele me disse que sabia que visitei Caleb. Dizer que ia ao mercado com Grace foi uma desculpa para que eu me sentisse mais livre, mas que agora poderia ter noção de que realmente não havia um jeito de me livrar dele.
Claro que isso me deixou péssimo, mas agi como se isso não tivesse me afetado. Tanto que hoje saí do quarto pela manhã e tomei café da manhã com ele. Grace ficou sentada em meu colo enquanto comia uvas verdes. O alto de sua cabeça estava com o cheiro agradável de sempre. Mesmo comigo trocando suas fraudas, era James quem dava banho na pequena quando eu estava trancado em meu quarto.

- Até agora não me disse nada sobre o drogado que culpou por ser meu perseguidor. – Começo uma conversa enquanto ele me olha.

- Na verdade, ele realmente tirou todas as suas fotos. Trabalhava para mim. Muitas pessoas trabalham para mim, meu pequeno.

- E ele se matou ou você mesmo realizou o trabalho?

- Eu só lhe entreguei vários tipos de coisas que gostava, não tenho culpa se ele não sabia se controlar. Enfim, foi um ótimo disfarce para quando realmente pensei que poderia te esquecer.

- E veja aonde veio parar.

- Pois é, meu pequeno. E veja aonde viemos parar.

- Sei que finge saber o que pretende fazer, não sou burro. Anda pela casa totalmente perdido, James. Não sabe como acabar com essa situação péssima em que nos colocou.

- Mas é claro que sei! – Ele se levanta bravo da cadeira e bate sua mão na mesa. Grace nem mesmo se assusta, mas sai de meu colo e vai até a sala. – Só não ficarei lhe contando.

Balanço minha cabeça positivamente e reviro meus olhos. Só percebo como isso pode ser interpretado de outro jeito por ele quando seu corpo vem em minha direção e então ele cochicha em minha orelha.

- Não se faça de esperto, meu pequeno. Apenas aproveite minha generosidade e deixe que eu tome conta de todo o resto.

Me levanto da mesa, cansado de escutar sua voz e começo a caminha para a sala, mas ele segura seu braço.

- Sei como eu poderia lhe desculpar por ter visitado Caleb. E não se preocupe, eu não o castiguei por isso. Mas posso mudar de ideia hoje... – Sua outra mão para em minha nuca e seu rosto se aproxima do meu. – Talvez se você finalmente me ajudasse com algo que quero há muito tempo... Tem até o começo da noite para decidir. Espero que escolha algo que não traga consequências para Grace ou Caleb. Prometo que serei gentil.

Ele fala sobre transar comigo como se fosse algo normal. Como se eu simplesmente tivesse que dizer sim. Como se esquecer tudo o que está acontecendo e quem ele é fosse fácil. James me dá nojo.

(...)

Adam

Ficar ao lado de Mary no hospital foi tão calmo quanto acordar em um dia chuvoso e encarar o teto de meu quarto. Os únicos sons que eu conseguia ouvir eram passos do lado de fora e conversas baixas. Uma enfermeira entrava e saía de hora em hora para ver se tudo estava certo com ela. Mesmo não gostando de hospitais, consegui sentir um pouco de paz ali.
Quando senti a mão de Mary apertar a minha, saí a procura de qualquer enfermeira, dizendo que finalmente ela poderia estar acordando. Muitas pessoas entraram no quarto e me deixaram do lado de fora. Pela janela eu via como Mary já parecia assustada. Liguei para Janine e lhe contei o que havia acabado de acontecer e ela já estava a caminho.

- Ela não para de dizer seu nome.

Sua amiga enfermeira me diz, com uma cara preocupada, minutos depois quando a maioria das pessoas já saiu de seu quarto. Seguro sua mão e sinto um pingo de alegria ao ver seus olhos abertos. Mas ela chora.

- Está com dor?

Ela nega com a cabeça e aperta minha mão com força.

- James... James.

Ela realmente aperta minha mão, nunca achei que teria tanta força. Suas unhas machucam as costas de minha mão.

- Acalme-se Mary. Ele não está aqui no momento, está viajando a trabalho. Não faz ideia do que aconteceu com você.

- Não!

Isso sai dela como um grito e sinto ainda mais força vindo de sua mão. Seguro seu pulso e passo minha outra mão por sua bochecha.

- Eu o encontrarei e o trarei até aqui para te ver, prometo, Mary.

- Ele fez isso. – Sua voz é enrolada, como se estivesse com muito sono. – James me atacou, Adam.

- Não, Mary...

Ela deve estar muito confusa para dizer uma coisa dessas.

- Ele nunca faria isso com você, não diga isso.

- Caleb... ele sequestrou Caleb. Estão na casa do bosque. Avise a polícia. Por favor Adam.

- Mary...

- Vá!

(...)

Não queria deixar Grace sozinha na sala, mas também não queria ter que aturar James andando pela casa e falando sozinho enquanto tinha que decidir se faria ou não o que ele quer, então fiquei novamente em meu quarto.
Eu vi como Caleb estava. Não quero que James faça algo com ele, de jeito nenhum. E Grace que não faz a mínima ideia do que está acontecendo também pode sofrer com a decisão errada.
Há duas hora atrás James veio até o quarto e perguntou se eu já sabia o que queria. Confirmei com minha cabeça enquanto olhava para a janela e ele disse que cuidaria de tudo para que fosse algo agradável. Assim que a porta se fechou eu corri para o banheiro para vomitar. Ouvir dele que aquilo poderia ser algo agradável é nojento.
Agora, sentado sobre a cama com mais uma camisa limpa, sinto o gosto de menta da pasta de dente em minha boca e passo a mão por meu cabelo úmido do banho que tomei enquanto vejo o ponteiro dos segundos se mover no relógio de parede. Havia retirado os sinos de meu tornozelo porque James pediu. São 21:00 em ponto. Imagino o que Adam deve estar fazendo, se já chorou com saudade e se já sabe que James é o culpado disso tudo.
A porta se abre e James aparece. Veste uma calça preta e uma camisa branca como a minha, mas com seus botões iniciais abertos.

- Venha, meu pequeno.

Sua voz é calma, mas mesmo assim sinto uma sensação ruim. Me levanto da cama e saio do quarto. Começo a caminhar escutando seus passos descalços atrás de mim.

- Visitei Caleb mais cedo. – Diz James. – Como você está sendo um bom rapaz, achei que ele gostaria de não ter o corpo de Morgan naquela cabana com ele. Então enterrei Morgan. Isso é bom, não é?

Não respondo. Mesmo sem um corpo ao seu lado, Caleb continua trancado e sozinho naquele lugar. Mordo minha bochecha sem muita força para conter minha raiva.
Quando começo a descer as escadas, vejo que a sala é iluminada por velas. Várias delas estão espalhadas pelo lugar, existe vinho sobre a mesa de centro e escuto uma música antiga tocar em um volume muito baixo.

- Pensei em ascender a lareira, mas achei que as velas criariam um clima melhor.

Olhando para a sala pouco iluminada ao lado, onde fica o piano, vejo Grace dormindo em um cercadinho. Quando me sento no sofá, James coloca vinho em uma taça e me oferece.

- Não estou com vontade, obrigado.

- Achei que gostaria de ficam mais à vontade.

- Vamos acabar logo com isso, será mais fácil.

- Porque tanta pressa? Não vai a lugar algum depois, meu pequeno.

Ele retira algemas do bolso de sua calça e me olha sorrindo.

- Será mais seguro para mim se não se aproveitar de um momento em que estou mais vulnerável a algo que possa fazer. Sinto muito se não confio em você. Nem mesmo lembrava que havia trazido isso, acredita?

Sinto a raiva correr pelo meu corpo assim como o medo. Me levanto do sofá e então sou algemado. Minhas mãos ficam em minhas costas e quando sento novamente no sofá sinto um pouco de incômodo.
James não espera que eu tome uma atitude, então logo sinto seus lábios nos meus. Minha cabeça fica em uma almofada e sinto suas mãos em minha cintura.
Viro minha cabeça para o lado por ficar sem ar e por não querer aquilo de jeito nenhum. James não parece satisfeito com isso.

- Acho que ajudaria me imaginar como Adam, mas não quero que faça isso. Quero que saiba que sou eu, meu pequeno. Sou eu a pessoa que está te beijando.

Suas mãos desabotoam minha camisa e seus lábios fazem um caminho de beijos de meu pescoço até minha barriga. Sinto como se aquilo me machucasse. Ele retira sua camisa e o cinto de sua calça antes de tirá-la. Fica de cueca em poucos segundos e volta a me beijar enquanto toca meu membro por cima do short. Em sua cabeça ele pensa que aquilo me excita, mas na verdade me dá nojo. Sinto vontade de arrancar sua língua com meus dentes, mas respondo ao beijo com má vontade.
Ele pede para que eu fique de costas para ele e é o que faço. Minha barriga fica contra o sofá e sinto ele retirar meus shorts e minha cueca. Continuo apenas com minha camisa desabotoada. Ele beija minha nuca e aperta minha bunda com uma mão. Logo ele também me dá um beijo ali e recebo um tapa forte.

- Não resisti. – É o que ele diz.

Mordo uma almofada de tanta raiva que sinto. Fecho meus olhos com força, acreditando que quando forem abertos aquilo não estará acontecendo.
James move sua cintura e sinto seu membro ereto sob sua cueca em minha bunda. Seus lábios estão novamente em minha nuca e sinto seu corpo quente contra minhas costas. As algemas me incomodam muito.
Grace começa a chorar na outra sala e James para com o que está fazendo.

- Droga! – Sai de cima de sim e veste sua calça. – Vá ver o que ela quer. Continuamos quando ela parar de chorar.

Ele me ajuda a levantar e retira as algemas de meu pulso. Visto minha cueca e shorts e fecho minha camisa. Ando até a outra sala enquanto meu estômago revira com o que acabou de acontecer. Grace está em pé no cercadinho e o segura enquanto chora bastante. Quando a pego no colo, lhe dou um abraço forte.

- Obrigado, filha.

Foi um milagre ela começar a chorar, foi o que me salvou do que aconteceria. A balanço devagar enquanto ela continua chorando.

- Faça isso parar! – James grita da sala.

- Continue chorando, por favor. – Cochicho para Grace. Ela precisa continuar chorando.

(...)

Adam

Já fazem algumas horas que estou na estrada. Depois que Mary me disso aquilo, saí correndo de seu quarto sem ter total certeza do que estava fazendo. Quando percebi, já estava fora da cidade com uma arma jogada sobre o banco do passageiro que peguei em minha sala na livraria. Meu celular não parava de tocar e quando resolvi atende-lo quase bati no carro que estava em minha frente.
O Sr. Hunt me ligou perguntando aonde eu estava e eu disse a verdade: indo para a casa de minha família no meio do nada onde, supostamente, James estaria com minha filha e os garotos. O policial disse que já sabia disso por Mary e queria que eu desistisse de ir atrás deles, que deixasse todo o trabalho para a polícia, mas eu não conseguiria fazer isso. Se fosse verdade, eu mesmo queria cuidar do problema.
A polícia já deve estar a caminho assim como eu. São 21:10 e já estou na estrada de terra que leva até a casa, devo chegar em menos de quinze minutos.
Escondido entre duas árvores no canto da estrada, vejo o carro de James. Por alguns segundos esqueço de respirar. Ver aquilo com certeza confirmava o que Mary disse. Paro o carro por alguns segundos, seguro o volante com força e tento me acalmar. Mas isso não funciona, de jeito nenhum. Acelero o carro novamente pela estrada e desisto de ficar calmo. Encontrarei James e resolverei isso. Sozinho.

(...)

Quando olho para a sala, vejo que James não está lá, mas sim na varanda. A parede de vidro permite que eu tenha visão de seu corpo parado e agora vestido do lado de fora. Ele fuma enquanto olha para as árvores que circulam a casa.
Vê-lo ali faz com que a vontade de ir embora chegue até mim novamente. Se eu simplesmente fosse embora com Grace e deixasse Caleb para trás... mas isso seria horrível. Os dois me prendem aqui, eu precisaria de um plano muito bom para isso. Mas não aguento mais ficar aqui com James e sei que quando Grace parar de chorar, ele se aproveitará de mim. Atravesso a sala e sinto meu pé bater em algo, o que faz um barulho alto, mas vejo que James continua parado na varanda. Sem querer derrubei duas velas que estavam sobre uma mesinha ao lado do sofá. Uma delas se apagou quando chegou ao chão, mas não pude ver como a outra ficou, pois logo andei em direção a cozinha.
“Esteja aberta” penso quando seguro a maçaneta da porta que leva para os fundos da casa. A giro devagar enquanto o choro de Grace é agora apenas uma reclamação baixa. Quando a porta se abre, sinto meu coração acelerar. Mesmo que isso tenha acontecido, não quer dizer que eu já esteja salvo em minha casa.
Saio, fecho a porta e sinto o frio. Grace tem roupas que a protegem e um cobertor aconchegante, mas eu tenho uma camisa social fina e um short que fica acima de meus joelhos. As folhas secas sob meus pés fazem barulho quando pisadas. O que faço agora? Ando para as árvores e tento encontrar a cabana onde Caleb está apenas com a luz da lua ou entro nas árvores e dou a volta, seguindo pela estrada de terra com Grace até chegar a estrada asfaltada?
Grace voltou a dormir e sua cabeça descansa em meu ombro. Ando até as árvores e então começo a dar a volta pela casa. A clareira é um círculo quase perfeito e grande. Sinto meus pés se machucarem em pequenas pedras enquanto ando cada vez mais. Logo estou ao lado da casa e sem fazer a menor ideia do que fazer. Agora torço para que Grace não chore de modo algum. Vejo um clarão amarelo vindo da janela da sala e as luzes do segundo andar serem acesas. Certo, James não está mais na frente da casa.
Acelero meus passos e logo chego a entrada da estrada de terra. Quando volto a olhar para a casa, vejo pela enorme parede de vidro que existe fogo lá dentro. O primeiro andar já está iluminado e a construção parece uma abóbora de Halloween. Vejo James passar por uma das janelas do segundo andar, provavelmente me procurando. É isso, eu posso correr agora com Grace pela a estrada e deixar tudo isso para trás.
No outro canto da clareira, vejo alguém andando como um zumbi. Minhas pernas parecem ficar moles e preciso me lembrar de que estou segurando Grace para não a soltar sem querer.
Caleb aparece confuso ali. Anda mancando e olha para a casa com a cabeça erguida. Não posso gritar seu nome, mas preciso que ele saiba que estou aqui. Podemos finalmente ir embora. Nós três.
Arrumo Grace em seu cobertor, criando um casulo fofo que permita que ela fique confortável quando a deixo ao lado de uma árvore no chão. Apenas sua cabeça fica de fora. Sei que ela está protegida do frio.

- Fique aqui, meu amor. – Digo para a pequena que dorme.

Corro pela clareira e em poucos segundos chego até Caleb. Meu corpo bate contra o seu e nem mesmo o abraço, apenas começo a puxá-lo pelo braço.

- Venha! – Cochicho agitado.

- Caleb... – Sua voz é baixa e rouca.

Observo seu rosto e vejo que ele tem um olho roxo. Seu lábio está machucado, há sangue em seu nariz e um corte em sua bochecha. James deve ter batido tanto em Caleb quando o visitava.

- Fogo... – ele soa como Grace e as poucas palavras que sabe dizer.

- Sim, Caleb. Vamos embora daqui. Venha.

Volto a puxá-lo, mas seu pé está realmente machucado e ele não consegue correr muito. De modo algum tenho força o bastante para carrega-lo.

- Vamos Caleb...

Volto a olhar para as árvores do outro lado, onde existe a estrada e Grace nos espera. Sinto a mão gelada de Caleb na minha e continuo o puxando.

- Hey!

Escuto a voz de James e quando olho para a casa, ele já está andando em minha nossa direção e segura uma arma em sua mão direita. Caleb fica em minha frente e com uma mão me empurra para trás. James então dispara.
O som me assusta e fecho meus olhos por poucos segundos. Os abro quando sinto o corpo de Caleb se inclinar sobre o meu. Acabo de joelhos no chão enquanto amorteço seu impacto com uma mão em suas costas.
James para de andar e apenas observa de longe o que havia acabado de fazer. Caleb me olha enquanto respira rápido. Sua mão esquerda para em sua barriga e vejo logo se suja de sangue.

- Não...

Coloco minha mão em sua barriga, tentando inutilmente impedir que ele continue sangrando. Sinto o líquido quente e o desespero começa a crescer dentro de mim. Sua cabeça está nas folhas e seu peito se move rápido para cima e para baixo. Sinto meus joelhos se arranharem enquanto estou ao seu lado. Agora tenho minhas duas mãos sobre sua barriga. Sua camisa xadrez é vermelha, então tudo parece sangue.
As mangas de minha camisa já não estão dobradas e fazem parte da bagunça que agora são minhas mãos vermelhas. Olho para James e ele começa a andar até nós apontando sua arma para mim.

- Não! Não chegue perto de mim! – Grito para ele e o vejo parar.

Então, da estrada de terra do outro lado da clareira surge um carro em alta velocidade. O carro é de Adam. James aponta sua arma para o veículo e dispara.
O carro continua na direção de James que corre para não ser atropelado. Assim que o carro para, Adam sai também segurando uma arma e dispara na direção de James. Ele não é atingido, mas sua surpresa não é escondida, apenas é trocada pela expressão de ódio. James corre para dentro da casa que agora está bem mais iluminada pelo fogo existente lá dentro. Adam finalmente me olha e sinto que meu coração o chama.

- Me espere aqui! – Grita e corre para dentro da casa com a arma em sua mão.

Não consigo nem mesmo gritar para que ele fique ali comigo. Sinto a vontade de chorar chegar até mim, mas a seguro com toda a minha força e apenas olho para Caleb deitado em minha frente.

- Preciso te contar algo... – É o que sua voz fraca me diz enquanto continuo sentindo seu sangue quente em minhas mãos e o vento frio em minhas costas.

(...)

Adam

Vejo entre as árvores que a casa pega fogo. Acelero meu carro e rezo para que tudo esteja bem com Grace e os garotos. Entrando na campina, vejo James apontando uma arma para meu Caleb que tem suas mãos sobre a barriga do outro Caleb. Pego minha arma rapidamente no banco do motorista e abaixo quando James aponta sua arma em minha direção. Não deixo de acelerar o carro em sua direção e quando me levanto vejo o furo da bala no vidro e rachaduras ao seu redor. Quando paro o carro, saio dele já apontando minha arma para James. Não me importo com quem ele seja no momento, ele estava apontando uma arma para Caleb e eu nunca perdoaria isso.
Atiro e não o acerto. A surpresa em seu rosto faz com que eu sinta mais raiva. Ele me encara com o mesmo ódio que sinto por ele no momento e então corre para dentro da casa. Finalmente olho para Caleb. Ele parece tão assustado e isso destrói meu coração. Vê-lo daquele jeito era horrível. As mangas da camisa branca que ele usa estão completamente sujas de sangue. Não quero deixá-lo aqui, mas não vejo Grace. Apenas os dois estão ali e minha filha provavelmente está na casa em chamas. Preciso acabar com James e tirar minha filha de lá.

- Me espere aqui! – Grito e corro para dentro da casa com a arma em minha mão.

Deixo Caleb para trás e me sinto péssimo por isso, mas sinto que é necessário.
A sala está completamente em chamas. O calor é enorme e o brilho do fogo é forte. Não sei há quanto tempo isso começou, mas se fazem poucos minutos, tenho certeza de que toda a madeira no lugar ajudou isso a piorar.
Um tiro é dado e quando olho para trás James se joga sobre mim. Caio no chão e consigo desviar de um soco que ele mirou em meu rosto e seu punho bate no chão. Minha arma havia caído de minha mão e se perdido em algum canto da sala. Consigo acertar um soco no rosto de James antes que mirasse a arma no meu. Seguro seu pulso com as duas mãos e consigo mudar a direção para a qual ele apontava. Outro tiro é dado, mas para o lado, e sinto um zumbido aparecer em meu ouvido.
Consigo tirar James de cima de mim quando me movo para o lado. Ele se levanta rápido como eu e mira sua arma em minha direção novamente. Com o barulho do tiro, vem uma dor em meu braço direito. James corre para a escadaria e parte para o segundo andar. Nem mesmo olho para a cozinha ou a sala com o piano. Se James foi para o segundo andar, Grace provavelmente está lá.
Corro para o segundo andar, ignorando a dor em meu braço. Isso é o menor dos problemas agora.

(...)

Afasto o cabelo de Caleb de seu rosto com minha mão suja de sangue e acabo sujando sua testa. Ele está péssimo, mas mesmo agora um sorriso consegue aparecer em seu rosto.

- Ver você dizendo que iríamos embora foi o que me deu ainda mais vontade de sair de lá. – Preciso aproximar meu rosto do seu para escutar melhor o que diz. – Consegui me soltar e ele esqueceu a porta aberta.

- Não diga nada, por favor. Você precisa ficar quieto e...

- Não precisa continuar com suas mãos aí. – Ele tenta olhar para sua barriga, mas faz uma careta de dor. Um tiro é dado na casa e me assusto. – Não vou embora, Caleb.

- Você irá embora sim! Todos nós vamos embora.

Perco a força que usava para controlar meu choro e sinto as lágrimas quentes em minha bochecha. Outro tiro é dado e imagino se partiu de Adam ou James. Uma mão de Caleb seca minhas bochechas enquanto seu sorriso bobo está em seu rosto.

- Eu te amo. – Sai de sua boca e me faz buscar por ar enquanto uma mão minha está em sua nuca.

- Eu também te amo, sabe disso.

- Não... Eu te amo mesmo, Caleb. Te amo muito. Te amo tanto que simplesmente dizer isso não é o bastante. Mas morrer após dizer isso não é ruim como seria se eu guardasse para mim.

Suas palavras também são como tiros para mim. Senti tudo como balas entrando em meu estômago. Um terceiro tiro é dado na casa.
Sua mão que estava em meu rosto vai para o pequeno bolso na frente de sua camisa e ele retira uma folha de caderno bem dobrada de lá. A coloca no bolso da frente de minha camisa e sorri.

- Não o suje com o sangue nas suas mãos. O leia quando estiver bem longe daqui e prometa que nunca me esquecerá. Jamais esqueça o garoto que te amou até morrer. Me promete?

Balanço a cabeça positivamente. Ele tem razão, não viverá. Esse é seu fim. Desisto de tentar evitar que ele sangre mais, não funcionará de qualquer jeito. Deixo a mão que não segura sua nuca sobre seu peito e ele a aperta.
A outra mão de Caleb volta a tocar minha bochecha e quando percebo nossos lábios estão juntos. Somente um beijo calmo é o que trocamos. O vento gelado passa por nós dois e escuto algumas folhas voarem enquanto tenho meus olhos fechados. Quando me afasto, os olhos de Caleb estão presos nos meus e só consigo dizer uma coisa.

- Eu te amo.

O sorriso que ignora o que acontece com ele aparece em seu rosto. Sinto a força da mão que segura a minha desaparecer. A mão que toca minha bochecha cai sobre minhas pernas e seus olhos se fecham depois que ele olha para a lua que ilumina a clareira. Caleb foi embora...
Escuto o som de algo atingindo o chão do lado da casa e vejo James correndo em minha direção. Deve ter pulado de alguma janela no segundo andar. Sua arma está apontada para mim e sem que perceba já estou em pé, mesmo sem quase sentir minhas pernas. Tenho minhas mãos na frente de meu corpo, completamente sujas pelo sangue de Caleb.
James não demora para ficar atrás de mim, com um braço pelo meu pescoço e sua mão direita apontando a arma para minha cabeça.

- Não faço ideia de onde Grace está, mas já matei seu amigo e sabe que posso matar você, então não tente nada!

Ele cochicha as palavras com ódio em meu ouvido e começa a caminhar comigo para o outro lado da clareira, onde está a estrada de terra.

- O que fez com Adam? – Pergunto.

- Apenas ande!

Quando chegamos ao meio da clareira e ficamos defronte a casa, vemos Adam saindo da porta principal. Sua mão esquerda está em seu braço direito, provavelmente machucado por um tiro. Ele desce a escadaria que leva a varanda e para quando pisa nas folhas secas.

- Se continuar andando eu atiro!

James aperta mais ainda meu pescoço com seu braço e ergo a cabeça para conseguir respirar melhor.
Adam está sem sua arma, não há nada além dele mesmo que possa ser usado para me salvar. James respira nervosamente em meu ouvido.

- Eu te amo. – Cochicha.

- Eu não te amo, James.

Não consigo evitar de responde-lo. Esqueço que ele aponta uma arma para mim, mas não ficarei apenas escutando o que ele diz.

- Não diga isso, você nem mesmo tentou. Você não tentou me amar como eu te amo.

- Olhe só o que está acontecendo, James. Você me sequestrou. Matou sua esposa, Hana, Morgan e Caleb para chegar a isso. Não pode dizer que isso é amor, nunca.

Meus olhos estão presos aos de Adam. O homem que amo transmite toda sua dor para mim sem nem mesmo me tocar.

- James...

Adam começa a falar, mas é interrompido por uma pequena explosão que acontece no primeiro andar da casa. O som é alto e se junta com o barulho da enorme parede de vidro da sala se partindo. James dá um passo para trás, mas não relaxa o braço que me segura. Adam se agacha e acaba ficando de joelhos quando percebe que não aconteceu algo de mais.

- James. – Volta ele a falar. – Mary não está morta... foi ela quem me disse que você estava aqui. Porque fez isso, James?

- Porque eu o amo! – Grita em resposta.

- Você fez tudo isso por causa de amor? Você é quem perseguia Caleb com todas aquelas mensagens, não é mesmo? Por que não me contou, James?

- Faria diferença? Eu não o teria.

- Você nunca me terá! – Grito para James. – Eu nunca o amarei, James. Eu amo Adam, não você.

Ao invés de uma resposta, escuto sirenes ao longe. A polícia finalmente está vindo. Sinto o fim disso se aproximar. Não faço ideia se será bom ou ruim, mas parte de mim sente um alívio por isso estar terminando. A respiração de James não fica rápida como antes em meu ouvido.
A cabeça de Adam se vira para um lado da clareira, onde fica a estrada de terra. James se vira comigo e posso ver Grace andando com seus passos desajeitados pelas folhas. Ela não parece assustada com tudo que está acontecendo, na verdade sorri enquanto corre até Adam.
Quando chega perto dele, recebe um abraço e o enorme corpo de Adam a protege. Beija o alto de sua cabeça e a deixa contra seu corpo quando levanta sua cabeça para voltar a me olhar. Lágrimas escorrem por sua bochecha.

- A polícia está chegando, James. Não piore a situação. Eles o pegarão. Não deixe que mais mortes atormentem sua cabeça na prisão.

Adam fala com calma, mas tenho certeza de que se tivesse uma arma faria algo.

- Eu só queria que você me amasse para que pudéssemos ir embora. Deixar tudo isso para trás e começar uma vida com você.

- Eu já comecei uma vida, James. Com Adam. Tenho apenas 18 anos. Você sabe como é viver e eu nem mesmo comecei. Quer mesmo me privar disso colocando uma bala em minha cabeça?

Segundos se passam e o som das viaturas começam a aumentar, até que elas de fato cheguem até a clareira. Três delas com suas luzes vermelhas e azuis. Vários policiais saem com armas apontadas para James e consequentemente para mim. Consigo ver Janine atrás da porta de uma viatura. O choque em seu rosto é visível.

- Solte ele! – Grita um policial musculoso e careca.

- Faça isso, James. – Cochicho. – Me deixe ir. Me deixe viver com Adam. Isso é o certo, não o que você quer.

Segundos demorados se passam. Os policiais começam a criar um círculo ao redor de nós, mas afastados. Sinto o braço de James perder a força que tinha ao redor de meu pescoço e sua mão deslizar para minhas costas, me empurrando sem força.
Começo a andar na direção de Adam que tem o olhar surpreso. “Não atire em mim” é o que repito baixinho enquanto ando. Muitos passos lentos depois estou nos braços de Adam. A força que ele coloca em seu abraço é enorme. Seu rosto está em meu pescoço e me dá um grande beijo. Minhas mãos estão em sua nuca e perceber que aquilo finalmente está acontecendo é difícil agora que tenho ele comigo. Sinto o calor de seu corpo me envolver e finalmente sei qual é a melhor sensação do mundo.

- Largue a arma! – O policial grita. – Largue a arma e coloque as mãos para cima!

Quando olho para James, vejo ele levar lentamente o cano do revólver até sua boca.

- Largue a arma!

Ouço Adam inspirar, tão surpreso quanto eu ao ver aquilo. James me olha profundamente e então olha para um dos policiais. Consigo vê-lo começar a correr e atirar, mas viro meu rosto para o peito de Adam e não assisto o que acontece, apenas escuto os tiros dados pelos policiais.
Três segundos. Três segundos se passam até que aquilo pare. Adam me abraça com mais força. Escuto pessoas correndo em nossa direção e então o choro de Grace. James está morto. Caleb está morto. Tudo está acabado. Posso finalmente voltar para minha casa.


Notas Finais


E então??? Gostaram? Estão sofrendo ou não foi o bastante para isso? Se estão arrasados, peço desculpas ♡♡♡ Me contem tudo o que acharam, meus amores.
Não se esqueçam que a história está no fim e provavelmente o próximo capítulo será o último :c Não prometo não demorar porque estou realmente ocupado ultimamente, mas darei meu melhor para não demorar.
Até mais!!! ♡♡♡
XOXO


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