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História Fire N Gold - Hóspede


Escrita por: CovenCult

Notas do Autor


Hey! Mais um cap pra vocês :D Gostei bastante de como ficou e espero que gostem também. Acho que ficou um pouquinho grande, mas garanto que vale a pena uashauhsuh
Me desculpem por erros que passam despercebidos.
Enjoy it! ♡
FAVORITEM POR FAVOR!!!

Capítulo 7 - Hóspede


Acordo com Adam mexendo em meu ombro. Eu continuava com a testa na janela, mas agora enormes pingos de chuva atingiam o vidro. Eu não fazia ideia de onde estava, estava muito escuro do lado de fora e a chuva não ajudava.

- Vamos, Caleb – Adam diz.

Dormir um pouco me ajudou a perder a tontura, mas ainda sentia meu corpo mole e até um pouco dolorido. Não respondo Adam, emito apenas um gemido enquanto olho para seu rosto bravo. Ele revira os olhos e segura meu braço novamente. Ele precisava parar de fazer isso.

- Olhe, está chovendo muito, então quero que corra comigo, ok?

Concordo com a cabeça e me sento direito. Ele paga o taxista e abre a porta do carro. Mesmo com o corpo nesse estado, consigo acompanhar Adam quando ele sai do carro. Imediatamente sinto os pingos de chuva gelados. Meus óculos ficam tão molhados que apenas sou levado por Adam que continua segurando meu braço. Acho que atravessamos alguma rua, porque escuto até mesmo uma buzina e Adam falando algum palavrão. Quando não sinto mais os pingos de chuva, retiro meus óculos e procuro uma parte seca me minha camiseta para seca-los.
Não secam totalmente, mas agora posso enxergar o lugar em que estou. Estávamos embaixo de um grande toldo verde e em frente a uma porta giratória dourada. Eu já havia visto aquela porta, era de um prédio gigantesco no centro da cidade onde um dos meus professores morava. O prédio era um tanto luxuoso e eu não entendia como um professor podia viver ali, seu salário não era um dos melhores.

- Vai ficar aqui fora? – Adam pergunta ainda bravo.

- Não, você me arrastaria para dentro em um segundo – Devolvo a cara de bravo e o acompanho pela porta giratória.

O saguão do prédio era bem claro. Seu piso era branco e me deixou um pouco tonto, então olhei apenas para a frente. O lugar era amplo e tinha enormes vasos de planta espalhados, alguns sofás azul-escuro se espalhavam por ele e poucas pessoas estavam sentadas. Duas enormes pilastras brancas ficavam ao lado de um tapete, também azul escuro, que se dividia em frente à dois elevadores do outro lado do saguão. Uma recepção ficava no canto direito, e somente um homem ruivo estava lá, parecia sonolento.
Adam anda em minha frente no tapete e observo suas costas na regata branca que usava. Os músculos de seus braços não estavam sob as camisas sociais em que o via trabalhar. Atravessamos o saguão e paramos em frente a um dos elevadores. Me encosto na parede entre eles e olho para Adam. O olhar bravo havia sumido, mas ele continuava me encarando.

- Que horas são? – Pergunto. Ele olha para a recepção e depois me encara novamente.

- Quase uma da manhã.

- Eu deveria ter avisado Nate.

- Você pode ligar para ele quando subirmos.

O elevador chega no térreo e entramos. Adam pressiona o número 26 e se encosta em um lado do elevador enquanto eu me encosto do outro. Estávamos mantendo muito contato visual. Isso não me incomodava, e ele parecia pensar o mesmo.

- Está mesmo me levando para sua casa?

Ele olha para baixo e balança a cabeça negativamente. Passa a mão por seu cabelo molhado, deixando-o para trás. Sua outra mão estava fechada ao lado de sua perna. Parecia querer dizer algo e isso me incomodou por um segundo. Ele estava com raiva mesmo.

- Quando Steve me disse onde ficava o bar, eu sabia que devia me preocupar. Aquele lugar não seguro.

- Mas não aconteceu nada comigo – minto. Então ele conversou com Steve sobre isso.

- Você estava chorando, Caleb! – Ele fecha ainda mais a sua mão e é visível que controla seu tom de voz. – É óbvio que aconteceu alguma coisa!

- E como você apareceu lá exatamente na hora em que eu estava chorando? Está me seguindo?

- Não!

- Parece, já que me achou do nada e me arrastou para sua casa!

- Eu não podia te deixar lá! Eu disse para tomar cuidado!

Agora estávamos falando muito alto, mas não gritando. Paramos quando vemos que alguém deseja entrar no andar 23.

- Boa noite, Sr. Carter – diz uma mulher ruiva e muito bonita com um vestido preto, curto e brilhante. Ela fica bem ao seu lado.

- Boa noite, Srta. Vasquez.

Ele acena para mim com a cabeça e faço o mesmo.

- Que chuva, não é mesmo? Você está todo molhado – Ela põe sua mão sobre o peito de Adam que concorda com um pequeno sorriso e afasta sua mão.

- Sim, não devia ter saído para correr.

Então era isso que ele havia feito. Isso explica o short de treino e seu tênis. Mas não conseguia ligar essa história a ele me achando em frente ao bar.
Acho que o “Sr. Carter” era o sucesso do prédio. A mulher ruiva estava quase babando enquanto o olhava. Quando chegamos ao vigésimo sexto andar, saímos todos do elevador. A ruiva se despede e segue reto por um corredor com tapete vermelho e luzes amareladas penduradas na parede enquanto Adam e eu viramos à esquerda e andamos por outro corredor igual.

- Poxa, acho que ela não consegue ser mais atirada – digo.

- Ela é nova no prédio. Não me conhece.

No fim do corredor existia duas portas e entramos pela da direita. Ótimo, havia chegado na casa do meu chefe. O chefe com o qual eu havia acabado de ter uma pequena discussão. Assim que entro, vejo uma enorme sala com paredes cinza claro. Uma grande varanda dava vista para a cidade, mas uma porta de vidro impedia a passagem. Adam deixa sua chave de casa em uma mesinha de metal ao lado da porta, seu celular também estava lá. Ando atrás dele e logo vejo uma entrada para a cozinha e algum corredor do outro lado da sala que deveria levar a outros lugares desse enorme apartamento. Em uma parede ficava uma grande televisão que Adam liga e exibe um jogo de futebol.

- Caleb, preciso que vá para a cozinha.

Não digo nada e me dirijo até lá. Não adiantaria reclamar. Seu tom de voz continuava o mesmo, então sei que está bravo, não quero aumentar meu tom de voz novamente. Passo por um canto da sala em que ficava uma grande mesa de jantar feita de vido, rodeada de grandes cadeiras pretas e chego até a cozinha. Uma outra porta existia no canto da cozinha, deve ser a lavanderia.
Me encosto na pia e retiro o celular de meu bolso. Nenhuma chamada perdida. Bom saber que Nate não percebeu que sumi. Envio uma mensagem dizendo que fui para minha casa de Taxi porque não estava muito bem, não quero que ele se preocupe e estrague seu aniversário. Penso em ligar para tio Jack dizendo que estou na casa de Nate, mas ele já deve estar dormindo.
Escuto vozes vindo da sala, uma delas é de Adam e outra é de uma mulher. Também escuto uma risada de Adam e então o barulho da porta se fechando. Segundos depois Adam chega na cozinha.

- Me desculpe, era a babá, ela não é muito sociável e prefere evitar conhecer pessoas novas, por isso te mandei para cá.

Novamente me lembro que Adam é pai, me pergunto se é uma garota ou um garoto, mas não quero conversar com ele agora. Estou morrendo de sono e ainda preciso saber o que ele fará comigo. Concordo com a cabeça, mesmo isso não fazendo muito sentido.
Adam pega uma chaleira em um armário e a enche com água da pia, então a coloca no fogão.

- Olha, Caleb, eu quero conversar com você, mas acho que agora não dá. Acho melhor você descansar e eu também preciso.

Adam passa novamente a mão por seu cabelo e me olha. Estou de braços cruzados e encostado na pia.

- Venha comigo, vou te arrumar roupas secas.

O sigo novamente pela a sala e vamos até o corredor que eu havia visto. Passo por uma porta entreaberta e vejo um berço branco iluminado por um abajur de luz em tom azulado.

- Ela está dormindo, vocês podem se conhecer depois.

Então era uma garota. Vejo as costas de Adam em minha frente, ainda não conseguia vê-lo como um pai. Passamos por mais duas portas, ele diz que uma delas é o quarto de hóspedes, mas que ele está em reforma. A última porta do corredor já estava aberta e paro em sua porta, mas Adam pede para que eu entre. Aquele era seu quarto. Uma cama de casal tinha um lençol cinza escuro sobre ela e o chão tinha carpete claro. Um guarda-roupa de portas espelhadas ficava em frente a cama e ele abre uma das portas, procurando roupas para mim. Do outro lado do quarto também existia uma sacada bloqueada por uma porta de vidro.

- Você pode tomar um banho quando acordar, só vista isso agora e me entregue sua roupa depois.

- Certo, Sr. Carter.

- Não faça isso.

Escondo um sorriso enquanto ele deixa a roupa escolhida sobre a beira da cama. Ele sai do quarto e fecha a porta, me deixando sozinho. Me sento em sua cama e tiro meus sapatos.
Como eu quero dormir. Não aqui em sua cama, claro, mas o sono era 90% de mim no momento. Ele havia pego uma camiseta branca que ficou enorme em mim e um short de treino como o que ele usava. Limpo meus óculos na camiseta, retiro meu celular do bolso da calça úmida e saio do quarto. Ando novamente pelo longo corredor e passo pela porta do quarto de sua filha, mas não paro para observar melhor. Chego até a sala e Adam está sentado no sofá com uma caneca transparente em sua mão. Algo verde claro estava na caneca, era chá. Ele se levanta, pega minha roupa úmida e meus sapatos e me entrega a caneca.

- Beba e fique aqui – Ele puxa os assentos do grande sofá, transformando-o em uma “cama” maior que a minha. – Daqui a pouco lhe trago um travesseiro e cobertores – Ele começa a andar em direção à cozinha e então olha para trás. – E não me chame de Sr. Carter, Caleb.

Concordo com a cabeça. Não consigo conversar com Adam agora. Ele ainda está de cara fechada e fica me dando ordens. Me sento no grande sofá e bebo um pouco de chá. Não estava tão quente e o gosto doce era bom. Fecho meus olhos e tenho minhas costas no sofá. Escuto alguns barulhos vindos da cozinha, deve ser Adam na lavanderia. Também escuto o jogo de futebol transmitido pela televisão, algum time está perdendo feio. Sinto o sono chegar a 99% e coloco meu chá sobre a mesa de centro. Coloco uma almofada sob minha cabeça e desisto. Desisto de tentar saber como Adam me achou, desisto de entender porque Caleb saiu correndo do bar, desisto de achar respostas por essa noite e apenas fecho os olhos.

Acordei algumas vezes durante a madrugada. Na primeira vez percebi que estava coberto por um edredom grosso que me deixou com calor e tinha um travesseiro sob a minha cabeça. A luz estava apagada e pouca iluminação chegava pela varanda do outro lado da sala, mas eu pude ver quando Adam saiu do enorme corredor usando apenas uma toalha branca em sua cintura e foi até a cozinha, de onde voltou com uma garrafa de água. Pude ver suas costas por alguns segundos antes que ele desaparecesse no corredor novamente e eu voltasse a dormir.
Na segunda vez continuava escuro, mas pude ver a silhueta de Adam em frente a porta de vidro que levava à varanda. Ele estava vestido e segurava algo em seu colo. Escuto uma baixa risada de bebê e então um “Shhhh”. Adam segurava sua filha. Parecia cochichar alguma música enquanto a balançava em seus braços devagar.

- Por favor, bebê, volte a dormir. Estou tão cansado – Adam disse.

Meu sono continuava, então não fazia ideia de como isso terminou, apenas voltei a dormir.
Quando realmente acordo, a sala está bem iluminada e estou olhando para o teto. Estou jogado no sofá e coberto da cintura para baixo. Me sento e passo os olhos pela sala, procurando por Adam. Nenhum sinal dele na sala totalmente silenciosa. A mesa de centro não tinha mais o chá sobre ela, tinha apenas um pequeno vaso sem flores, meu celular e minhas roupas da noite anterior, dobradas sobre a mesa com algum pedaço de papel rasgado de algum caderno sobre elas. O leio enquanto bocejo.

“Há uma toalha e outras coisas no banheiro do corredor. Saí com Grace e devo voltar às 09:30”

Então Grace era o nome de sua filha. Adam ainda precisava me falar sobre isso. Me disse que não era divorciado e nem ao menos casado. Seria a garota adotada? Mais uma coisa que ele não me contou.
Coço os olhos com às costas das mãos e bocejo mais uma vez. Confiro a hora em meu celular, que continuava sem mensagens ou ligações perdidas, e vejo que são 09:00. Pego minha roupa sobre a mesa e deixo meus sapatos e meias embaixo dela. Ando até o corredor e abro uma das quatro portas procurando pelo banheiro. Acabo entrando no quarto de hóspedes que Adam disse estar em reforma e encontro latas de tinta, tábuas e caixas pelo chão. Vou até a outra porta do corredor e encontro o banheiro, que por sinal era tão grande quanto meu quarto. Sobre um armário branco tinha exatamente o que Adam disse no bilhete, uma toalha e shampoo, sabonete, uma pasta e escova de dentes nova. Retiro a roupa que Adam me emprestou para dormir e ligo o chuveiro, não ficando sob a água gelada que demora alguns segundos para esquentar. A água quente era ótima pela manhã, eu amava tomar banho depois de acordar. Passo alguns minutos apenas sentindo a água em minhas costas. Não quero pensar em Caleb agora, mas flashes de quando ele me beijou começam a invadir minha cabeça. Lembro dele entre minhas pernas e de suas mãos subindo em minhas costas sob a camiseta. Lembro de que seu beijo não é calmo como seu jeito de falar e de seu abraço quente. Desligo o chuveiro depois que acabo e deixo essas memórias de lado. Me seco com a toalha e visto minhas roupas secas, coloco meus óculos e arrumo meu cabelo com um pente que acho sobre a pia.
Depois de escovar meus dentes saio do banheiro e ando até o fim do corredor, até o quarto de Adam para deixar as roupas que ele me emprestou sobre sua cama. Faço isso e volto para a sala. Assim que saio do corredor, vejo a porta da casa se abrindo e Adam entrando com um carrinho de bebê em sua frente. Ele segurava duas grandes sacolas em cada uma das mãos e me apresso passa ajuda-lo. Ele sorri assim que me vê e faço o mesmo, mas um pouco envergonhado.
Seguro uma das sacolas, que estava bem pesada, e olho para o interior do carrinho. Uma das coisas mais fofas que eu já vi estava em seu interior. Grace tinha olhos verdes e bastante cabelo preto como o de Adam. Ela balançava suas perninhas e mãos enquanto sorria, parecia ter um ano de idade. Aproximo minha mão da sua e ela agarra meu indicador, apertando-o com sua pequena mão.

- Bom dia, Caleb – Ele diz com sua voz grave, mas continua com seu sorriso no rosto.

- Bom dia, Adam.

- Venha, vamos para a cozinha. Fui ao mercado e aproveitei para comprar algumas coisas para o café da manhã.

Adam empurra o carrinho até a cozinha e o sigo. Chegamos lá e colocamos as sacolas sobre a mesa.

- Sente-se – diz indicando a cadeira. Obedeço e ele começa a revirar as sacolas. – Gosta de suco de laranja?

- Sim – respondo encarando-o. Ele parecia agir como se a noite anterior não tivesse acontecido. – Adam, precisamos conversar.

- Mas é claro que precisamos – Grace dá uma risadinha e continua mexendo suas mãos, fazendo Adam sorrir. Seu sorriso era tão bonito. Me lembro agora de quando o vi de madrugada com Grace em seu colo na sala, o que me faz sorrir também. Ele me olha de novo. – Ou acha que o que aconteceu essa noite não foi nada demais?

É, ele ainda consegue me deixar envergonhado. Adam me serve um copo de suco e me dá um dos mesmos bolinhos de chocolate que tenho em minha casa enquanto começa a preparar uma omelete. Olho para o indicador da mão direta de Adam, que tem o anel dourado de sua família enquanto ele se movimenta pela cozinha.
Deixo Grace segurar meus dedos enquanto a observo sorrir. Não me aproximo tanto dela, sei como bebês adoram tirar óculos de pessoas.

- Vamos começar por algo que você queria muito saber: Como eu te encontrei em frente ao bar.

- Finalmente...

- Antes de dizer o que pensa sobre isso, apenas escute e tente me entender. Por favor – Seria tão complicado assim? – Quando me falou sobre a banda de Steve e que iria até um bar, eu me interessei, gosto de saber sobre os hobbies de meus funcionários. Conversei com Steve sobre sua banda e ele acabou me convidando para assisti-lo. Ele também falou sobre onde seria e isso não me agradou muito. Aquele bar fica em uma área estranha da cidade, um pouco perigosa.

- Realmente era estranha, mas o bar não era assim.

- Mas as pessoas que estavam lá deveriam ser. – Ele levanta uma sobrancelha para mim, me silenciando novamente. Isso parecia ser um jogo para ele. – Então eu me preocupei com você, Caleb. Eu senti uma sensação ruim. Te mandei uma mensagem e não conseguia tirar isso de minha cabeça.

- Mas porque, Adam?

Eu não fazia ideia de onde vinha essa preocupação. Ele não me conhecia direito e parecia querer se aproximar, não que eu fosse contra isso, mas se houvesse um motivo eu ficaria mais... confortável com a situação.

- Eu não sei, Caleb. Eu apenas me preocupei, ok? – Ele não me olha quando diz isso, fica apenas em frente ao fogão e cozinha. – De noite eu senti que precisava sair para correr e foi o que fiz. Deixei Grace com a... babá, e saí de casa. Eu corri até ficar cansado, mas ainda não conseguia parar de me preocupar. Peguei um taxi e pedi para ir até o bar, para ver se te encontrava por lá. Mas não consegui entrar... qual seria minha desculpa para aparecer e conferir se você estava bem? – Adam serve omelete em um prato para mim e para ele, então se senta em minha frente, também enchendo um copo de suco para ele. – Então apenas fiquei lá na frente, e quando percebi, você estava lá, encostado na porta de um carro e chorando.

Assim que ele diz isso me arrependo de ter “discutido” com ele no elevador. Ele passou o dia preocupado e só estava tentando me ajudar. Passamos algum tempo comendo e sem contato visual.

- Me desculpe por ter brigado com você, Adam. Eu não sabia que estava tão preocupado... acho que eu estava um pouco bêbado.

- Está tudo bem, Caleb. E não, você não estava bêbado, só estava um pouco nervoso.

- Mas de onde veio essa preocupação? – Eu realmente queria saber isso. Tomo um gole de suco enquanto Grace continua segurando meu dedo em seu carrinho.

- Eu não sei... apenas senti que você precisava ser protegido – Ele me olhava como um cachorrinho abandonado. Sinto minhas bochechas corarem e passo a mão por meu cabelo enquanto relaxo na cadeira. – E você, vai me contar porque estava chorando?

Acho... não, tenho certeza de que ele precisa saber porque eu estava chorando, afinal, ele me trouxe para cá por causa disso. Nunca me imaginei falando sobre Caleb para Adam, mas meu chefe me trouxe para a casa dele de madrugada quando, segundo ele, eu não estava bêbado e sim nervoso, então acho que não há nada de mais em desabafar com ele.

- Foi um garoto, ele me deixou assim – Não consigo não lembrar de nosso beijo. – O nome dele é Caleb, colega de classe e o garoto que gosto. Sim, sou gay.

- Eu sei – diz ele. Adam toma um gole de suco e o observo. Como ele poderia saber disso? Não conversamos sobre ou algo do tipo. Ele percebe minha surpresa e levanta uma mão. – Peter me contou, ele é meio fofoqueiro. – Ah, então foi assim. Me lembro de ter conversado com Peter sobre ser gay em um horário de almoço quando estávamos na sala dos funcionários. – E não, não tenho nenhum problema com isso. Também sou gay, Caleb.

 Isso me atingiu um pouco... certo, talvez muito. Não consigo esconder minha cara de surpresa e isso arranca uma risada de Adam. Fico boquiaberto e continuo olhando-o rir. Agora a situação havia mudado: Meu chefe gay havia me levado para sua casa depois de passar o dia preocupado comigo. Ele é mais velho, meu chefe, era pai, meu chefe, mandão (e bonito) e meu chefe! Isso faz uma pequena faísca surgir em minha cabeça. O que eu falo agora? E esse bebê ao meu lado? Será que ele tem outro pai? E se o outro pai chegar aqui e me pegar tomando café com Adam?

- Pode parar com essa cara de surpresa e continuar com sua história? O que esse Caleb fez com você?

- Me desculpe, mas... Você não é casado ou divorciado, mas é gay e tem uma filha... Grace tem outro pai?

Ele olha para a garotinha ao meu lado no carrinho e continua rindo, me deixar totalmente confuso. Não era nada engraçado! Ele relaxa em sua cadeira e continua me olhando do outro lado da mesa da cozinha.

- Não, sou o único e verdadeiro pai de Grace. Se lembra de quando eu disse que isso era uma longa história quando te levei para a casa após o trabalho? Então, Grace também tinha uma mãe, mas ela faleceu.

- Poxa... – Eu estava sendo surpreendido com tanta informação. – E o que aconteceu?

- Olha... eu prometo que lhe conto outro dia, por enquanto vamos apenas nos focar na noite passada.

Concordo com a cabeça. Adam não parece triste com assunto, mas sei que esse tipo de coisa não é algo que vale a pena persistir. Como mais um pouco e Adam faz o mesmo. Depois continuamos com nosso contato visual que não incomodava nenhum dos dois.

- Conheci Caleb quando me mudei para a cidade – começo. – E sim, ele é um dos motivos para que eu continuasse na cidade, para não ter que viajar com minha mãe. Eu gosto tanto dele... O encontrei no bar na noite passada e eu contei isso para ele depois que me beijou – Adam concorda com a cabeça e me olha sério. – Eu não sei o que houve, ele apenas foi embora quando eu disse isso. Ele estava meio bêbado e talvez tenha feito por impulso, não sei...

- E ele é gay?

- Não. Quer dizer, eu acho que não. Ele me beijou, então...

- Talvez ele queria apenas o beijo e saber que você gostava dele foi algo que ele não esperava.

Concordo com a cabeça. Adam talvez tenha razão.

- Bom, foi isso o que aconteceu – digo. – Não foi nada ligado àquele lugar horrível e perigoso que você havia dito.

- Mas poderia ter sido – Ele se levanta da mesa, ainda sério. Recolhe os pratos e copos e os coloca na pia. – Não brinque com a minha preocupação.

- Não estou brincando, estou apenas surpreso.

- Bom, parece que consigo te deixar muito surpreso.

- Você não faz ideia.

- Você é ótimo com respostas, não é mesmo? – Ele se encosta na pia e cruza os braços.

- E você é muito mandão.

- Isso te incomoda? – Ele começa a andar até mim e para a alguns passos da cadeira em que estou sentado.

- Não, nem um pouco – Não diria que sim, tenho certeza de que ele começaria a fazer isso de propósito.

Sorrimos juntos e então ele pega uma mamadeira para Grace que havia preparado sem que eu visse. Leva o carrinho até a sala, para onde vou atrás dele e nos sentamos no sofá. Adam segura Grace em seu colo. Eu não havia me acostumado em vê-lo sem as roupas sociais do trabalho. Agora ele usava uma bermuda preta e uma camiseta branca comum. Segurava Grace enquanto a alimentava.

- Ela já tem um ano? – Pergunto.

- E dois meses. Até já sabe andar, mas costumo deixa-la no cercado quanto trabalho em casa. Ainda tropeça e me preocupo muito.

Adam havia ligado a televisão e mais um jogo de futebol passava. Ele realmente parecia gostar de futebol. Ele balança seu pé enquanto reclama de algum jogador. Eu não sei nada de futebol, acho muito sem graça, mas alguns jogadores são muito bonitos. Quando um dos times faz gol, Adam se controla para não comemorar tanto porque segura Grace. Sorrio olhando os dois no sofá. Agora consigo ver Adam como um pai. Se ele se preocupou tanto comigo, imagine com sua filha. Ele a segura com tanto carinho e até mesmo ri como um bobo quando ela se mexe em seu colo.
Me levanto do sofá e ando até a varanda que agora estava aberta. Observo o centro da cidade de cima e escuto algumas buzinas. Vejo pássaros voando em grupo e as nuvens se juntando, acho que choveria novamente. Acho melhor ir para a casa, aproveitar o resto de domingo em meu quarto. Volto até a sala e Adam continua com sua atenção presa pelo jogo.

- Adam – E então ele me olha. – Muito obrigado por ontem e por tudo... me desculpe novamente pela briga, não sabia que estava tão preocupado.

- Nós nos resolvemos, está tudo bem. Mas saiba que ainda vamos conversar mais sobre algumas coisas.

- Que coisas?

- Algumas coisas...

Ele se levanta do sofá e coloca Grace novamente em seu carrinho.

- Vamos, eu te levo para casa.

- Não precisa, obrigado. Eu vou andando.

- Eu já te dei carona uma vez, sabe que não vou deixa-lo andar até sua casa. Não é tão perto e olhe só – ele aponta para a varanda. – Acho que vai chover novamente.

Não vou tentar convencer Adam a não fazer isso, sei que ele não desistirá. Saímos de sua casa e andamos até o elevador. Dessa vez nenhuma ruiva aparece para tentar paquera-lo.

- Ela sabe que você é gay? – Pergunto

- Quem?

Coloco a mão no seu peito, o que visivelmente faz seu corpo arrepiar.

- Você está todo molhado – digo imitando a voz da mulher da noite anterior.

- Ah, ela – Adam ri e olha para o chão. – Não, ela é nova aqui. Mas todos do prédio sabem do pai solteiro que mora aqui.

Dou risada junto com ele. O elevador para no subsolo, onde fica o estacionamento, e seguimos até seu carro. Adam coloca Grace no assento para crianças do banco traseiro enquanto sento no banco de passageiro. O observo pelo retrovisor. Adam era tão bonito...
Segundos depois ele se senta em frente ao volante e liga o carro. Vamos até um canto do estacionamento que leva até a rua e logo estamos andando pelo centro da cidade. Adam conecta seu celular ao som do rádio e uma música calma começa a tocar, eram apenas piano e violino.

- Grace adora isso, ajuda com o sono.

E ele tinha razão, em alguns minutos Grace dormiu. Sua chupeta havia caído e ela dormir de boca aberta. Adam não conversa comigo, apenas escutamos o resto das músicas. A chuva começa a cair, uma garoa fina.
Paramos em um farol e enquanto ele tem suas mãos sobre o volante, eu admiro seu anel dourado. Resolvo toca-lo.

- Ele é realmente muito bonito – digo passando meu indicador pelo anel.

- Era do meu pai. Outra história que preciso te contar – Ele me olha com a cabeça levemente inclinada para o lado e fica seus olhos na esfera de meu colar. – Isso também é realmente bonito.

- Ganhei do avô de Nate.

- Caleb, que jantar comigo? – Ele pergunta, me surpreendendo enquanto segura meu colar.

- Jantar, como em um...

- Encontro? – Ele me completa. – Você acharia melhor se chamássemos de encontro?

- Bom, encontros costumam ter objetivos – digo nervoso.

As palavras parecem sair rasgando minha garganta. Adam estava me chamando para um jantar. Primeiro a preocupação, e agora um convite para jantar...

- E quem disse que não tenho objetivos? – ele levanta uma sobrancelha e um traço de sorriso surge em sua boca.

Ele continua segurando meu colar e sinto que ele havia puxado um pouco, pois sentia o fino cordão em minha nuca. Uma buzina toca atrás de nós e Adam solta o colar e olha para a frente. Não havíamos percebido que o farol abriu. Tusso e Adam olha para a frente sorrindo. Ele sabia que havia me deixado nervoso, era realmente algo que o divertia. Precisava começar a fazer isso com ele.

- Sexta feira? Ás 20:00? – Digo enquanto continuo o olhando.

- Quando você achar melhor – Responde como se não se importasse.

- Combinado então. Eu aceito ir a um encontro com você, Sr. Carter.

Ele ri e faço o mesmo. Não trocamos mais uma palavra até chegarmos em frente à minha casa. Durante o caminho eu apenas pensei que teria uma semana pela frente até meu encontro com Adam. O olhava de vez em quando e ele percebia isso, pois me olhava de canto olho e escondia um sorriso. Queria saber o que ele estava pensando. Queria conhecer melhor o homem que me levou para sua casa e que de algum jeito cuidou de mim.
Em frente à minha casa ele fica me olhando. Uma pergunta surge e minha cabeça resolvo fazê-la para ter certeza de algo.

- Adam – Ele não pergunta o que, continua me olhando enquanto o barulho dos pingos de chuva contra o vidro invadia o carro. – Eu não estou demitido, estou?

Ele ri, como sempre que digo algo. Seu sorriso era tão bonito, combinava com seus olhos verdes e sua barba. Era um conjunto que valia a pena parar para admirar.

- Claro que não, ainda quero te ver todos os dias antes de nosso encontro.

- Ótimo, achei que não precisaria trabalhar amanhã.

Sorrimos e quando penso em abrir a porta, ele coloca sua mão sobre a minha. Não a segura, apenas a deixa sobre.

- Se cuida, Caleb. Por favor – Ele dizia isso sério.

Concordo com a cabeça e um sorriso. Então saio do carro e atravesso a calçada e meu jardim com passos apressados. Chego a pequena varanda coberta e olho para o carro, aceno e os faróis do carro piscam. Adam dá partida e depois segue pela rua. Entro em minha casa sorrindo.
Kali não me recebe quando entro, e sei o porquê quando vejo um bilhete colado do outro lado da porta. Tio Jack havia a levado até o veterinário e voltaria logo. Me sento no sofá e respiro fundo, não escutando nem mesmo o barulho da chuva lá fora.
Eu teria um encontro com Adam. Lembro de quando ele me encontrou em frente ao bar. Lembro de quando me deu roupas secas. Lembro de quando conversou sobre sua preocupação. Lembro de todos os momentos que passei com ele nas últimas horas e sinto meu coração acelerar. Era um sentimento tão bom que eu não conseguia controlar. Meu coração não batia assim sem um motivo específico. Outra pessoa deixava meu coração assim... quem era mesmo? Tento remover Adam de minha cabeça e abro os olhos assustado quando lembro o outro motivo que deixa meu coração assim. Caleb. Caleb é o motivo de meu coração ficar assim, mas se Adam conseguiu fazer isso... Há algo errado com meu coração? Ou ele simplesmente está tentando me dizer algo? É algo tão bom, não quero que seja algo errado. Não pode ser algo errado.


Notas Finais


E então? Caleb na casa do Adam e finalmente a filha dele apareceu ♡ A história dela fica pra dps, mas por enquanto dá pra focar na química dos dois ♡ Teve uma briguinha, mas tudo se resolveu. Espero que tenham gostado, mesmo mesmo :D
Me desculpem por errinhos e obrigado por lerem. Até o próximo cap (que espero não demorar pra sair).
XOXO


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