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História Fire N Gold - Abraços


Escrita por: CovenCult

Notas do Autor


Hey! Mais um cap pra vocês :D Tem um novo personagem na história, algumas revelações e momentos fofos. Espero que gostem de como ficou assim com eu gostei.
Me desculpem por erros que passaram despercebidos :D
Enjoy it ♡
FAVORITEM POR FAVOR!!!

Capítulo 9 - Abraços


 

Adam me encara do outro lado da mesa da cafeteria. Tem seu celular sobre a mesa e não percebe que está recebendo uma chamada. Sua camisa social não está passada como antes de nosso “momento” e lembro imediatamente de quando ele começou a abrir seus botões. Sinto uma onda de calor em meu corpo e coço minha nuca, tentando disfarçar.

- Alguém está te ligando.

Ele olha para o celular logo atende à ligação. Olha para a rua pelo vidro da grande janela ao nosso lado e começa a falar sério com alguém.

- Eu sei, Janine, mas hoje eu não posso. Preciso resolver algumas coisas com nosso pai.

Eu me lembro desse nome... Janine é a irmã de Adam. A loira da foto em seu escritório.

- Eu sei que é importante, mas eu também preciso resolver outras coisas. – Ele parece frustrado. – Cuide de Grace como no sábado – Ele olha para mim rapidamente e depois para a rua novamente. – Sim... eu prometo não demorar como no sábado.

Sábado foi quando Adam me buscou no bar e me levou até sua casa. Mas se ele está falando com sua irmã, por que está pedindo para que ela cuide de Grace como no sábado se uma babá cuidava dela no sábado? Adam encerra a ligação e coloca o celular novamente sobre a mesa. Uma garçonete se aproxima de nós para anotar nossos pedidos. Adam pede uma xícara de café e um croissant. Peço um pedaço de bolo de chocolate e o chá gelado que Steve havia me feito experimentar dias atrás e que acabei gostando. A garçonete se afasta dizendo que logo retornará com os pedidos.

- Não está tão calor para tomar chá gelado – Adam diz relaxando em sua cadeira e cruzando os braços enquanto me olha.

- Não me disse que uma babá estava em sua casa no sábado? Por que não disse que era sua irmã? – Ele levanta uma sobrancelha para mim. – O que? Eu escutei sua conversa.

- Sim, eu disse que era a babá no sábado à noite, mas era Janine. Ela cuida de Grace quando estou muito ocupado e eu deveria ter voltado mais rápido para casa naquela noite, mas um imprevisto aconteceu – Ele sorri e faço o mesmo. – Eu não queria explicar para ela o porquê de estar levando um de meus funcionários para casa de madrugada. Janine não é muito... calma.

- Imagina se ela souber o que aconteceu no seu escritório minutos atrás – brinco. Ele não ri, ao contrário, fica sério e olha para a rua.

- O que Caleb estava fazendo na loja? Foi tentar se resolver com você?

É, como eu suspeitava, ele queria conversar sobre Caleb, que conheceu agora há pouco. Bato meu indicador na mesa de madeira que nos divide, pensando em como conversar sobre isso com ele. Conversar com Adam quando ele não me olha é estranho, é como se eu quisesse sempre olhar ser olhos verdes enquanto conversamos.

- Ele quer continuar nossa conversa, mas aparentemente também quer me beijar de novo... – Isso atrai a atenção de Adam.

- Ele não sabe o que quer, se soubesse não tinha fugido do bar no sábado.

Adam diz isso com um tom de voz que reconheço de nossa pequena briga do elevador. Acho que faço alguma careta porque ele logo levanta uma mão e se desculpa.

- Ele disse que vai me ligar mais tarde.

- Hm.

Ele continua me olhando, parece tanto querer dizer algo, mas apenas me olha enquanto seus olhos brilham. Então finalmente algo aparece em minha cabeça, dou um pequeno sorriso e me controlo para não rir. Agora ele parece confuso.

- Você está com ciúmes? – Pergunto sorrindo.

Ele realmente não esperava por essa pergunta. Seus olhos estão bem abertos e ele descruza os braços, colocando suas mãos sobre suas coxas.

- E se eu estiver? – Começou com seu jogo. – Seria ruim?

- Porque respondeu uma pergunta com outras duas?

- Por que está fazendo isso comigo? – Ele faz uma careta e começa a olhar ao redor. Eu consegui! Consegui deixar Adam envergonhado.

- Eu só fiz uma pergunta!

O meu sorriso não nega que estou me divertindo com a situação. Ele continua de cara fechada e olhando ao redor. Parece se encolher em sua cadeira, envergonhado. Pega seu celular na mesa e começa a mexer nele como se não estivesse conversando comigo.

- Adam.... – Pego seu celular e imediatamente ele tenta pegá-lo de volta, esticando o braço sobre a mesa. Não havia nada no celular, ele estava fingindo mexer, apenas para não me responder. – Só devolvo quando responder.

- Devolva meu celular, Caleb. Estou falando sério.

Ele realmente tinha o mesmo olhar bravo da noite em que brigamos no elevador. Ele ficava muito bonito bravo... Mas eu não devolveria até que ele admitisse algo. Ele precisa aprender que não é único que gosta de jogos por aqui.

- Me responda e eu devolvo – Guardo o celular em meu bolso e cruzo os braços ainda com um sorriso em meu rosto.

Ele respira nervoso pelo o nariz e então bate sem força o seu punho na mesa, fazendo a água dentro de um copo sobre a mesa balançar um pouco. Passa sua mão pela cabeça e arruma a gola de sua camisa. Ele está tão incomodado! Olha ao redor e então fixa novamente seu olhar em mim.

- Sim – responde em resmungo.

- “Sim” o que? – Digo sorrindo.

Ele revira seus olhos e bate novamente seu punho sobre a mesa. Acho que se estivéssemos sozinhos ele quebraria a mesa ao meio.

- Sim, Caleb, estou com ciúmes. Está bom para você desse jeito? – Vejo suas bochechas ficarem vermelhas enquanto ele toma um gole de água e não me olha. – Agora devolva meu celular. – E olha novamente para a rua.

Ótimo, eu queria que ele admitisse isso. Agora sei que Adam sente ciúmes de Caleb. Não sei então se deveria continuar falando sobre Caleb com ele ou outras coisas do tipo, ele se incomodaria. Mas eu também sinto algo por Adam, então se eu continuar sentindo por Caleb, ele também se incomodaria. Droga, o que eu faço? Se Adam sente ciúmes, é porque sente o mesmo que eu? Ou será algum outro tipo de ciúmes? Não acho que isso exista...
Devolvo seu celular e ele continua não me olhando. Nossas mãos se tocam e a dele continua quente como sempre. Ele agradece sem muita vontade e começa a mexer de verdade no aparelho.
A garçonete chega com nossos pedidos e novamente bebo o chá gelado que tanto gostei. Adam começa a rir quando me ver bebendo o chá e faço o mesmo, ele deve ter se tocado do que acabou de acontecer. Logo ele pega meu chá e toma um gole.

- Isso é bom – confessa e me devolve.

- Eu sei, sempre escolho coisas boas.

- Espero que continue assim... – Não lhe dou muita atenção quando começo a comer meu pedaço de bolo. Até que ele diz algo que não esperava. – Quer sair comigo depois do trabalho?

- Nosso encont... jantar não é na sexta?

- É, mas hoje quero ir a outro lugar. Não é nada demais, apenas não quero ir sozinho.

Eu sabia que Caleb queria conversar comigo mais tarde, então teria que ir para minha casa e esperar sua ligação, quero muito me resolver com ele. Se ele ligar e eu estiver com Adam, tenho que impedir que ele saiba quem me ligou. Não posso negar o convite de Adam, ele não quer ir sozinho.

- Certo, vou com você.

Ele concorda com a cabeça e continuamos a comer. Quando olho pela janela, vejo Caleb saindo da livraria e meu coração acelera. Adam não o vê e logo e ele vai embora. Esses dois...

 

 

O resto do dia em meu trabalho foi o mesmo de sempre. De um lado para o outro atendendo clientes. Steve ficava me incomodando, dizendo que atendeu o garoto que eu gostava, Caleb. Não adiantava o quanto eu negasse, ele não acreditava que eu não gostava de Caleb.
Agora que vendíamos CDs, algumas pessoas aproveitaram a novidade e encheram a loja, o que achei ótimo para ocupar minha cabeça que só pensava em Adam e Caleb.
Eu nunca sou o último a sair da loja, sempre saio meia hora mais cedo, ou seja: às 18:00. Adam não tem um horário certo, às vezes sai mais cedo ou bem tarde. Estava quase na minha hora de ir embora quando Peter me manda ir até o estoque para fazer uma contagem de certos livros. Enquanto faço isso, recebo uma mensagem em meu celular e vejo que faltam dez minutos. A mensagem era de Adam.

- Não use seu celular no trabalho! Brincadeira. Estou te esperando em meu carro, não demore.

Idiota. Não faço ideia de onde ele quer me levar, apenas irei. Envio uma mensagem para Nate e digo que não voltarei para casa com ele. Termino a contagem no estoque e volto a conversar com Peter perto do caixa. Ele estava muito feliz com o movimento da loja e não pegava tanto no meu pé como nos primeiros dias. Não que isso fosse algo que eu não resolvesse.
Depois de pegar minha mochila na sala dos funcionários no segundo andar com Steve, nós saímos da loja enquanto ele ainda fica falando sobre Caleb. Digo que ele é idiota por pensar isso, mas mal sabe ele que é verdade. Ele parte em sua moto e entro no carro de Adam que está logo em frente à loja.

- Preciso resolver algo com meu pai sobre sua empresa e... acho legal ter você comigo por lá.

- Tudo bem, seria ótimo te ajudar com algo.

Adam diz que encontraria seu pai em um prédio do centro da cidade onde ficava apenas uma parte de sua empresa em um dos andares. A empresa de verdade ficava na Espanha e era administrada principalmente pelo irmão mais velho de Adam, Ethan. A empresa trabalhava com exportação e importação, algo desse tipo. Janine cuidava com o pai de Adam de algumas coisas por aqui e viviam pedindo para que Adam se envolvesse mais com os negócios da família, e mesmo que ele não gostasse nem um pouco, acabava resolvendo algumas coisas. Adam se interessava mais por sua livraria e sua filha. Achava que o trabalho de seu pai não era algo que lhe faria feliz. Adam me contou isso durante o caminho até o prédio, ele não parecia feliz ao falar disso e sempre olhava para seu anel dourado no indicador da mão direita. Eu queria falar mais sobre isso, saber mais sobre sua família e seus negócios, mas ele disse que poderíamos conversar mais no nosso “jantar” de sexta.
Adam entrega seu carro para um manobrista na frente do prédio e logo entramos. O ambiente era bem claro e tinha apenas um grande sofá circular em seu centro e uma recepção em seu canto. Adam acena para a mulher atrás do balcão com a cabeça e ela faz o mesmo. Entramos no elevador e ele pressiona o botão de número 12. Fico encostado em um lado do elevador enquanto ele faz o mesmo do outro. Rimos porque lembramos de nosso momento juntos no elevador de seu prédio e de nossa pequena briga.

- Caleb, posso fazer algo? – Ele pergunta com suas mãos para trás.

- Acabaremos como mais cedo no sofá de sua sala? – Pergunto apenas para tentar envergonhá-lo, mas não é isso que acontece. Ele faz uma cara... tentadora e anda em minha direção.

- Infelizmente não. Quero apenas uma coisa.

Ele se aproxima mais e sinto seus braços ao meu redor. Seu aperto é forte e percebo que estou sendo abraçado. Adam é mais alto, e tenho meu rosto contra seu peito. Sinto o cheiro de seu perfume e me lembro de quando os botões de sua camisa estavam abertos mais cedo. Coloco meus braços ao seu redor, sentindo os músculos de suas costas. Seu queixo está no alto de minha cabeça e seu abraço é quente. Ficar perto de Adam é muito melhor do que saber que ele se preocupa comigo, parece muito mais seguro e isso é muito bom. Esse abraço foi tão inesperado quanto o que Caleb me deu no estacionamento da escola, e foi tão bom quando...
Nos afastamos quando ouvimos um som agudo, avisando que o elevador havia chegado ao andar 9. Fico de frente para a porta e Adam atrás de mim. Sua mão direita está em minha cintura e quando a porta se abre vemos um homem de terno cinza claro em nossa frente. Adam imediatamente retira sua mão e a coloca em meu ombro, mas tenho certeza de que vejo o homem reparando nisso.

- Olá, James – Adam diz contente atrás de mim. – Você por aqui.

O tal James sorri e nos cumprimenta após nos apresentarmos quando saímos do elevador direto para uma recepção espaçosa. James parecia ter uns 40 anos, tinha olhos azuis e era muito bonito. Me senti um pouco deslocado naquele lugar. Eles usavam roupas sociais enquanto eu tinha apenas meu moletom azul escuro e minha calça preta. Até mesmo a mulher atrás do computador na recepção usava roupa social. Os dois começam a conversar enquanto eu apenas quero ficar atrás de Adam, não estava confortável ali. Admiro o lugar claro e penso em como quero me sentar em um dos enormes sofás ali para descansar um pouco. Fico com essa ideia em minha cabeça e não percebo que Adam me chama.

- Me espere em um daqueles sofás, encontrarei meu pai ali – ele aponta para um corredor no fim do cômodo. – e logo voltarei.

Concordo com cabeça e ele aperta meu ombro antes de ir. Caminho até o sofá e me sento, relaxando sobre ele. Não havia percebido, mas James vem atrás de mim. Me esqueci dele.

- Caleb, não é mesmo? – Pergunta se sentando ao meu lado, um pouco virado para mim.

- Isso – Ele concorda com a cabeça e morde seu lábio inferior.

- Você é o novo funcionário da livraria? – Por que ele está me fazendo essa pergunta? Adam acabou de me apresentar como seu funcionário. Isso deveria ser o bastante.

- Um dos. Ele contratou dois na verdade.

- Ah sim, ele havia me dito que precisava de mais alguém em sua loja. Que bom que ele acabou encontrando.

Concordo sorrindo e um pouco incomodado com essa conversa. Eu queria apenas descansar no sofá e rezar para que Caleb não me ligasse para conversar enquanto eu estivesse com Adam. Começo a sentir um pouco de calor, deve ser o nervoso. Levanto as mangas de meu moletom e juro que vejo James prestar atenção nisso.

- Adam está lhe dando uma carona para casa? – Ótimo, outra pergunta.

- Sim, mas antes disse que gostaria de passar aqui para resolver algo com seu pai.

- Estranho... ele não costuma dar carona para funcionários...

James me olha sério enquanto respira. Posso ver que ele observa meu rosto detalhadamente e respiro nervoso. Ele havia percebido algo entre mim e Adam? Eu não deveria ficar respondendo essas perguntas. Não sei o que ele pode ficar imaginando. Bem... o que ele imagina está certo, um pouco... mas mesmo assim não posso me entregar com isso. Parece tão “errado” no momento.

- É que... Adam achou que cairia uma grande chuva e não queria que eu acabasse molhado no caminho de casa... não tenho guarda-chuva – minto.

- Hmm, entendo.

Ele realmente não parecia ter acreditado, mas foi o que consegui pensar para responder tão rápido. Quando ele começa a abrir a boca para dizer mais alguma coisa, Adam aparece ao meu lado.

- Vamos? – Ótimo, ele estava ali comigo para me tirar disso.

Me levando do sofá e James faz o mesmo. Fico na frente dos dois enquanto andamos até o elevador e pressiono o botão para chama-lo ao nosso andar. Eles conversam atrás de mim. Sinto um arrepio percorrer meu corpo e imagino se James está me olhando de novo. Eles conversam sobre futebol ou algo do tipo. Quando o elevador chega, tento ficar o mais distante possível de Adam. Não quero dar mais ideias para James.
Chegamos ao saguão e saímos do elevador. Na calçada, ficamos sob um grande toldo como no prédio de Adam. Uma forte chuva caía e os dois pedem para que seus carros para manobristas. Quando os carros chegam, Adam abraça James, se despedindo.

- Até mais, Caleb – James diz movendo sua mão em minha direção.

- Até, James.

Seu aperto de mão é forte e ele sorri enquanto fico sério. Entro no carro de Adam e pego um pouco de chuva a mais que ele porque tem que dar uma pequena volta pela frente do carro. Logo Adam dá partida e estamos na rua. Alguns trovões são assustadores. Acho que choverá durante toda a noite.

- E então, conversou com James enquanto eu não estava lá?

- Sim, ele... ficou me perguntando o porquê de eu estar lá com você. – Olho para ele enquanto seus olhos estão focados na rua.

- E o que você disse? – Ele parece tranquilo com aquilo enquanto eu sinto algo me incomodando.

- Que não gostaria que a chuva me pegasse enquanto eu fosse para a casa – Outro forte trovão soa no céu. – E estava certo.

- James é um ótimo cara. O conheço desde a adolescência. Nossos pais iniciaram essa empresa e quando seu pai faleceu, ele se apegou muito ao meu. Na verdade, ele interage mais com meu pai do que eu mesmo, não que eu me incomode com isso.

Paramos em um farol e um clarão ilumina o céu. Me encolho em meu banco, esperando o grande barulho que viria depois. Adam coloca sua mão sobre a minha, acolhedor, enquanto o som se espalha.

- Não gosto de não estar com Grace quando o tempo está assim, ela fica sozinha com minha irmã em casa e...

Meu celular começa a tocar, interrompendo o que Caleb dizia. O farol fica verde e ele tira sua mão da minha, colocando-a sobre o volante e acelerando o carro. Tiro o celular de meu bolso e vejo o que menos queria. Caleb me ligava. Atendo antes que Adam veja quem é escuto a voz de Caleb.

- Oi, eu disse que ligaria. Podemos conversar agora? – Ele pergunta calmo.

Meu coração acelera. Eu não poderia conversar com Caleb tendo Adam ao meu lado. Ele me disse que sentia ciúmes mais cedo. E claro que já nos beijamos e ele sabe que beijei Caleb. Adam me olha sorrindo e devolvo o sorriso.

- Eu estou quase chegando em casa. Poderia espera um pouquinho?

Um suspiro do outro lado é o que escuto. Outro trovão faz eu me encolher em meu assento antes de Caleb aceitar minha proposta e se despedir.

- Quem era?

- Jack – minto. – Quer que eu faça algo lá em casa.

Eram quase 19:00 e já estava escuro quando viramos a esquina da minha rua. Não conversei com Adam no resto do caminho, apenas escutamos os outros trovões. Quando começamos a nos aproximar de minha casa, vejo um carro estacionado em sua frente. Droga! Droga! Droga! É o carro de Caleb, ele veio até minha casa! Adam estaciona do outro lado da rua. Eu tento manter meu coração calmo, mas não consigo, ele bate como se fosse explodir. Chovia muito, mas os postes da rua iluminavam a sacada de minha casa, onde Caleb estava em pé mexendo eu seu celular.

- Aquele é Caleb? – Adam pergunta enquanto continuo olhando para minha varanda. Sua voz é baixa e séria.

- Sim, acho que ele veio conversar pessoalmente. – Minha voz é fraca.

Alguns segundos de silêncio no carro fazem tudo ficar mais desconfortável. Olho para Adam e ele olha para frente enquanto segura o volante. Parece bravo. Estava com ciúmes.

- Obrigado por ter ido comigo até lá. – Diz.

- Não foi nada. Obrigado pela carona.

- Não foi nada.

Adam pega minha mão esquerda com sua direita e a segura, eu adorava o calor de sua mão. Ele as observa juntas e depois me olha.

- Obrigado por aquele abraço no elevador... eu precisava daquilo.

- Foi ótimo – digo me lembrando de seus braços ao meu redor. – Até amanhã, Adam.

- Se cuida.

Não sorrimos depois de nossa conversa baixa. Apenas aproveito sua mão na minha por mais dois segundos e logo saio do carro. Recebo a chuva enquanto atravesso a rua e meu jardim.
Caleb me vê e logo um sorriso aparece eu seu rosto. Subo os degraus da varanda e ele me abraça. O carro de Adam não havia saído de onde estacionou. Com certeza ela estava vendo esse abraço. Eu não deixaria de abraçar Caleb, eu quero tanto fazer isso, e se ele fez isso por que quis, não poderia negar.
O abraço de Caleb não é quente como o de Adam, pois ele estava do lado de fora da minha varanda e clima frio parecia ter ficado nele. Mas mesmo assim eu pude sentir seu perfume e seus braços ao redor de mim assim como os meus estavam em seu corpo. Ele era somente um pouco mais alto, então meu rosto não ficou em seu peito como ficava no de Adam. Meu rosto ficou próximo ao seu pescoço, sendo tocado por seu cabelo que estava solto. Espera... eu estou comparando abraços! Eu fiz a lista de comparações entre os dois e agora isso... é como se eu estivesse tentando descobrir quem é melhor sem ao menos perceber. Sinto um aperto em meu peito por perceber isso.
Caleb nunca tinha estado em minha casa e essa seria a primeira. O convido para entrar e quando estou fechando a porta vejo o carro de Adam se mover do outro lado da rua. É, ele havia visto nosso abraço.
Caleb está parado atrás de mim com as mãos em seu bolso. Ascendo a luz da sala e peço para que ele se sente no sofá. Kali aparece e imediatamente pula em seu colo, fazendo-o rir de um jeito tão fofo.

- Quer alguma coisa para beber? – Pergunto ao lado do sofá e ligando a TV para ele.

- Pode ser. Obrigado. – Ele sorri para mim e concordo com a cabeça.

Vou até a cozinha e me encosto na pia. Caleb estava na minha casa... Algo que tanto quis está acontecendo, mas não do jeito que eu imaginava, não quando acabei de sair do carro de um cara que beijei mais cedo e que obviamente tinha sentimentos por mim assim como eu tinha por ele. Pego meu celular no bolso da calça e vejo uma mensagem de Jack, ele chegaria mais tarde em casa, pois iria a uma pequena festa de amigos.
Respiro fundo e vou até a geladeira. Coloco limonada em um copo para Caleb e um para mim. Quando os levo até a sala, Kali ainda está em seu colo e ele acaricia sua cabeça. Me sento ao seu lado e nossos joelhos se tocam.

- Aquele carro de onde saiu não é do seu chefe? Adam, não é mesmo?

- Sim, Adam... – Tomo um gole de suco enquanto ele continua me olhando. Os trovões continuam lá fora, mas os sons parecem ficar abafados em minha cabeça quando olho para Caleb.

- Imaginei, Nate me disse que foram quase atropelados por ele em seu primeiro dia de trabalho. – De novo essa história me perseguindo. – Caleb... preciso saber de uma coisa.

Ele coloca seu copo de suco na mesa de centro em frente ao sofá e eu faço o mesmo. Ficamos quase um de frente para o outro no sofá.

- Quando me disse aquilo no bar... era verdade? Você realmente gosta de mim?

Ótimo, ele está falando sobre isso e não fugindo de minha casa. Agora que ele sabia, não tinha porque negar, precisava contar tudo para ele.

- Sim, era verdade. Eu gosto de você, Caleb. Já tem um tempo, mas nunca falei sobre. Eu achava que não se importaria de jeito nenhum com isso. Bom... o beijo no bar provou o contrário, mas mesmo assim você fugiu quando soube, então fiquei confuso...

Ele sorri de um jeito fofo enquanto estou um pouco envergonhado de me expor desse jeito para ele. Caleb não é o tipo de cara que parece querer saber sobre seus sentimentos, porque nem ele mesmo expõe os seus. Caleb segura minha mão que estava sobre meu joelho com suas duas mãos. As pontas dos dedos de sua mão esquerda estão frias por segurarem o copo de limonada, mas sua palma está quente e nas costas de minha mão. Nunca espero esse tipo de demonstração de Caleb... ele é tão distante e sempre desejo que demonstre algo, e quando faz isso é estranhamente bom.

- Eu também gosto de você, Caleb. Gosto muito e faz tempo.

As palavras que eu tanto quis escutar chegaram aos meus ouvidos. Caleb diz isso olhando para nossas mãos e tem o sorriso bobo em seu rosto. Seguro seu queixo com a mão que ele não segura o levanto para mim, trazendo seu olhar para meu rosto.

- Por que nunca disse nada...? – Falo as palavras com uma voz baixa.

- Eu sempre quis, acredite. Mas algumas coisas me impediram. Coisas que ainda continuam me atrapalhando com isso, mas que decidi esquecer apenas para que você soubesse como me sinto. – Seus olhos focam minha boca novamente, como ele havia feito mais cedo em seu carro quando tentou me beijar. Mas ele começa a falar novamente, agora fazendo com que eu olhasse para seus lábios. – Uma das coisas que me impediam era minha dúvida, Caleb... Eu nunca havia gostado de um garoto. Bem... Não gosto de nenhum garoto, gosto apenas de você, somente de você.

Eu não sabia como meu coração não estava acelerado. Acho que a calma que tanto gosto em Caleb estava chegando até mim por suas mãos. Escutar que eu era o único garoto para ele é algo que nunca esperei ouvir. Não tenho nada que cause essa exclusividade para ele, na verdade, sou muito real com ele. Ele sabe como sou pois nunca me escondo (tirando o fato de gostar dele).

- Outra coisa que me impedia, impede... é meu pai. Você se lembra de quando ele brigou comigo por sua causa e pediu para que eu não conversasse com você. Pois é... eu tenho medo disso, Caleb. Esse tipo de coisa não era bem um incentivo para conversar com você.

- Você gosta de mim há algum tempo, mas quando eu disse que gostava de você, você foi embora... não faz sentido. – Digo isso olhando para seus olhos. Nossas mãos continuam juntas e seu polegar se move pelas costas de minha mão.

- Como eu disse, só queria o beijo. Não sabia que você também gostava de mim, então achei que com um beijo eu poderia descobrir algo. Eu não esperava que fosse saber imediatamente. Achei que ficaria pensando no porquê de eu ter lhe beijado.

- Eu queria tanto aquilo, queria tanto isso – dou um fraco aperto em sua mão. – Você poderia ter contado antes, Caleb – Antes de eu descobrir que sinto a mesma coisa por Adam. Sinto um aperto em meu coração e uma fraca vontade de chorar, mas aguento firme. Não posso fazer isso enquanto Caleb me olha.

- Não demorou muito para que eu me apaixonasse por você. Mais ou menos um mês depois que se mudou, eu já comecei a sentir algo. Todas as noites que passamos conversando pelo celular, todas as coisas fofas que falava para mim e me deixavam confuso, todas as vezes que eu me virava para conversar com você durante a aula e você sorria, todas as vezes que eu entrava pela sala e via você sentado atrás de minha carteira... tudo isso e mais algumas coisas me fizeram gostar de você, Caleb. Guardar isso para mim foi tão doloroso que muitas vezes eu faltava na escola apenas para não ter que conversar com você e sofrer por não te contar... Eu só tenho medo, Caleb...

Os olhos de Caleb estão cheios de lágrimas e tenho certeza de que os meus também. Nossas mãos se apertam e logo desabamos. Choramos abraçados e paramos alguns segundos para retomar nosso fôlego antes de chorar novamente. Era bom fazer isso com ele. Era bom saber a verdade. Eu que sempre achei que tinha tanto para contar, não sabia que ele também tinha. Os trovões continuam pelo tempo que continuamos abraçados. Eu não sabia quanto tempo havia passado, mas sabia que havíamos chorado bastante e colocado para fora o que guardávamos.

 

Algum tempo havia passado desde que choramos abraçados e nos separamos rindo da situação. Assistimos, também abraçados, um filme que passava na televisão enquanto Kali ficava dividida em nosso colo. Aquele momento era tão bom que eu não queria que ele acabasse.
Já eram quase 23:00 quando o filme acabou e Caleb dormia com a cabeça encostada em meu ombro. Eu havia pedido pizza depois do choro, em um curto momento em que a chuva foi embora, mas voltou mais forte do que antes. Eu ouvia a respiração de Caleb enquanto segurava sua mão. Amanhã teríamos aula e precisávamos dormir, mas eu não deixaria que ele fosse embora nessa chuva, mesmo que fosse de carro.
O acordo mexendo devagar em seu cabelo. Ele boceja e me observa na sala escura. Um novo filme havia começado na TV.

- Ainda está chovendo muito, não pode ir embora – digo com a cabeça apoiada no sofá e observando os detalhes de seu rosto.

- Bom, meu pai não vai gostar de saber que passei a noite aqui... Eu posso ir para casa, está tudo bem.

Ele levanta do sofá e pega a chave de seu carro sobre a mesa de centro, assim como seu celular. Seguro sua mão e me levanto.

- Por favor, fique. Não quero que arrisque com essa chuva. Por favor, Caleb...

Ele me olha por um tempo e então coloca seus braços ao meu redor e seus lábios nos meus de um jeito suave. Um beijo é apenas o que ele me dá, mas então continua com um abraço.

- Certo, eu fico – ele cochicha.

Sorrio enquanto o abraço. Logo nos soltamos e começo a arrumar a pequena bagunça que fizemos enquanto comíamos no sofá. Jack havia me mandado uma mensagem dizendo que dormiria na casa de um colega por causa da chuva e perguntava se eu ficaria bem. Eu disse que um colega também dormiria aqui por causa da chuva e ele disse que tudo bem. Não esperava menos, Jack é muito tranquilo.
Quando volto para a sala, Caleb me diz que havia avisado seu pai de que dormiria na casa de David, seu melhor amigo, e ele havia concordado. Ótimo, ele havia mentido por mim. Ao mesmo tempo que gostava da ideia, não gostava do modo como afetava a relação entre os dois.
Tranco a porta de casa e desligo a televisão.

- Venha – digo subindo a escada para o segundo andar.

- Achei que ficaria no sofá... – ele diz.

- Eu tenho um saco de dormir. Você pode ficar no meu quarto...

Subimos e vamos até meu quarto. Quando tento ascender a luz, vejo que não funcionar. Tento o abajur e consigo a mesma coisa: apenas escuridão no cômodo. A energia deve ter acabado agora mesmo. A única luz entrava pela janela e não era muito forte, mas ainda conseguíamos ver nossas silhuetas no quarto.
Ilumino uma gaveta do guarda-roupa com meu celular, procurando um pijama para Caleb. Encontro e entrego para ele que fica parado ao lado da porta.

- Você pode se trocar no banheiro – digo. – Acho que também tenho uma escova de dentes nova no armário sob a pia. Fique à vontade.

Acabamos de passar horas juntos, até mesmo choramos juntos e ainda sinto um pouco de vergonha com essa situação. Agradeço por ele não conseguir ver meu rosto no quarto escuro.
Ele agradece e vai até o banheiro, o iluminando com seu próprio celular.
Enquanto isso eu procuro o saco de dormir e o coloco ao lado de minha cama junto com um travesseiro. Não acredito que Caleb está e minha casa e dividirá meu quarto comigo. Não nego que havia imaginado isso, mas a situação era totalmente diferente. Eu não gostava também de outro cara quando imaginava isso. Agora tenho os dois em meu coração e não faço ideia do que fazer.
Caleb sai do banheiro e agradece novamente. Eu me troco no banheiro e escovo meus dentes. Eu realmente não queria ir à escola amanhã, mas precisava ir. Não sei se Caleb também iria, mas saber que ele não havia arriscado voltar para sua casa nessa chuva era um alívio. Quando saio do banheiro, vejo que a energia havia voltado, pois o abajur estava aceso e iluminava o quarto com seu brilho alaranjado. Caleb estava deitado no saco de dormir e mexia em seu celular.

- Você prefere que eu desligue o abajur? – Pergunto. Eu não costumava usar o abajur, mas se ele preferisse.

- Seria bom, prefiro o quarto mais escuro – Ele sorri e coloca seu celular sob o travesseiro.

Apago o abajur e deito em minha cama. O barulho da chuva não deixava o momento tão estranho.

- Boa noite, Caleb – ele diz. – Obrigado por isso, mesmo.

- Não é nada. Boa noite, Caleb. Obrigado por ficar comigo.

Ele tateia minha cama até encontrar minha mão e a segurar. Faço carinho nas costas de sua mão e a puxo para perto, conseguindo uma pequena reclamação dele.

- Não consigo esticar tanto o meu braço – diz sussurrando.

Ele estava tão perto e eu não queria mais soltar sua mão. Precisava dela enquanto ainda pensava na confusão em que eu havia me metido.

- Poderia subir aqui? – Pergunto também sussurrando.

- Ah... Claro.

Dois segundos depois e Caleb se movimenta lentamente, saindo do saco de dormir e ficando em pé ao lado de minha cama. Eu me afasto mais para o lado e levanto meu cobertor para que ele ficasse sob ele comigo. Ele se deita e fica com seu rosto próximo ao meu. Sinto sua respiração assim como sinto suas pernas encostadas nas minhas. Sua mão está em minha cintura e ele me puxa ainda mais para perto de si. Ele me beija suavemente de novo, me fazendo cair em um lugar onde só ele existe. Passo meu indicador sobre seus lábios e depois apoio minha mão em seu peito. Ele segura a pequena esfera negra de meu colar com a ponta de seus dedos e então respira fundo.

- Boa Noite, Caleb – digo finalmente.

Não sei quanto tempo passa até que eu durma, mas parece não ser o bastante para que eu aproveite ele tão próximo de mim. Os trovões lá fora pareciam não existir. Eu estava perdido no pequeno espaço que ele havia me colocado. Eu queria aquilo para sempre. Eu queria... eu também queria Adam... mas estou aqui com Caleb. Dormir foi a única coisa que me livrou desses pensamentos enquanto tinha o corpo de Caleb dividindo seu calor com o meu.


Notas Finais


E então? Caleb super confuso sobre os dois que tanto gosta. Adam com ciúmes e Caleb2 finalmente falando sobre seus sentimentos. Já digo que James terá importância na história...
Não sei vocês, mas os Calebs juntinhos foi tão amor ♡ Sou muito confuso como o Caleb sim uashuahs
Espero que tenham gostado. Tentarei não demorar com o próximo cap :D
XOXO


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