História First Love - Chapter 4 - When The Dark Comes.

  Yoongi não pôde conter o sorriso que nascera no seu rosto. Não conseguia acreditar que seu melhor amigo de infância estava voltando para a Coréia, e o melhor, estava indo para Seul.

- Mas espera. Calma, é muita coisa para ser processada – Yoongi estava pasmo. Havia ficado muito surpreso com tal notícia. – Você está vindo para cá? Digo, aqui em Seul??

- Exatamente. Achei que seria um bom lugar para começar os negócios. – Ao outro lado da linha, havia um Kim alegre e ansioso. O sonho do garoto era poder trabalhar com o que gostava e sabia fazer de melhor: Cozinhar!

- Jin... Cara, você me pegou de surpresa!

- Daqui a uma semana estarei voltando. Preciso arrumar toda a documentação da venda do meu apartamento, preciso resolver assuntos aqui, preciso me despedir dos meus amigos...

- Por isso não falava comigo, não é? Seu cretino! O hyung fez amigos novos e se esqueceu de mim. – Dizia Yoongi num tom de ofendido.

- Aigoo! Como pode falar algo assim? Nunca esqueceria do meu dongsaeng rabugento.

- Sei... – Dizia o Min, num tom provocativo – Eu adoraria conversar mais, Jin hyung. Mas eu estou no estágio, e eu meio que preciso ir.

- Omo, e eu aqui te atrapalhando! Faça um trabalho, Suga dongsaeng!

- Obrigado, Jin hyung. Nos vemos daqui a uma semana.

- Até lá.

  A ligação foi finalizada, deixando um Min completamente bobo sorrindo para o nada. Yoongi não é o tipo de pessoa que se apega fácilmente aos outros – Jimin que o diga – Mas quando se trata de Seokjin, a história é outra! Afinal, foi ele que o apoiou nos momentos difíceis, e foi ele que praticamente cuidou de Yoongi – Ele e a Sra. Kim.

  Yoongi havia sofrido muito no dia que soube, por telefone, que Jin ia estudar por um tempo no Japão. Mesmo que eles estivessem relativamente longe um do outro, o mais velho ia para Seul visitar o moreno nas férias, mas agora seria diferente. Se sentia bem conversando com Jin. E se fosse preciso, pularia de um penhasco por ele – E o moreno sabia que Jin faria o mesmo por ele.

- Arrumou uma namorada? – Dizia Jimin com seu encantador sorriso cínico.

- Como é?

- Tá’ todo sorrindo falando no celular. Isso só acontece quando a gente arruma alguém.

- Você bebeu? Ou é meio tapado assim mesmo?

- Aish, não precisava ofender. – Disse Jimin colocando a mão no coração, se fazendo de ofendido. Yoongi achava ele um ótimo ator. CEO Namjoon estava perdendo uma grande estrela. – Se ficou todo ofendido é porque tá’ namorando. – Jimin havia voltado com seu sorrisinho cínico, e agora fazia uma dancinha esquisita.

- Não sorria assim.

- Ué, por quê?

- Esse seu sorriso, eu tenho medo dele.

- Aish! O que há agora com o meu sorriso?!

- Deve ter magia negra. Você faz as pessoas se apaixonarem por você apenas com um sorriso. – Dizia com uma cara inexpressiva.

- Yoongi, cê’ tá’ bem?

- Não. Eu definitivamente não estou bem. – Disse Yoongi com um sorriso.

- Eu ein...

  Parando para analisar, em um único dia a vida de Min Yoongi havia virado de cabeça para baixo – Mas não em um sentido ruim, muito pelo contrário.

  Havia conhecido um novo garoto, e até conversou um pouco com o mesmo – Coisa que o Yoongi de sempre não faria sob nenhuma hipótese –, recebeu uma boa proposta do dono da empresa onde estagia, e acaba de saber que seu melhor amigo está voltando para a Coréia. As coisas não poderiam melhorar.

  De resto, o dia de Yoongi foi totalmente comum. Ajudava Namjoon com as papeladas da empresa, levava café para algumas das pessoas que lá trabalham, observava os trainees, observava o trabalho dos produtores e compositores - E pedia conselhos aos mesmos –, até que enfim chegou a hora de voltar para casa.

∆

  Parecia que, a noite, Seul acordava.

  A noite, os carros iam e vinham em perfeita sincronia em meio a um emaranhado de pessoas apressadas e luzes coloridas. Era o momento onde você via bares lotados – Em plena segunda-feira – cheio de pessoas bebendo litros e litros de bebidas alcoólicas para tentar se esquecer qualquer motivo fútil, ou para simplesmente tentar preencher o vazio deu seus corações e de suas vidas. Você também podia ver casais saindo por aí de mãos dadas com um sorriso cumplice no rosto, onde pareciam que não existiam outras pessoas, onde não existiam problemas, apenas ele e o amor deles. Mas, por outro lado, havia também aqueles casais nos quais enfrentavam problemas. Talvez a traição, talvez problemas pessoais, talvez a insegurança, o ciúmes, ou simplesmente não combinavam mais. Havia também as ahjummas que andam por aí reclamando de coisas aleatórias. Essas ahjummas geralmente são aquelas velhas chatas e mal amadas, que provavelmente foram rejeitadas, ou simplesmente ninguém as queria.

  Você poderia ver de tudo nas noites de Seul, pois Seul é um labirinto místico.

  Yoongi as vezes se perguntava se acabaria como um ahjussi carrancudo, sozinho e mal amado. Visto as suas circunstancias, ele acreditava plenamente em sua teoria.

  Andava calmamente pelas calçadas movimentadas, sentindo o coração acelerado. “Não, não pode estar acontecendo de novo”, “Sim, está acontecendo de novo”, “Se acalme, Min Yoongi. Você só deve estar ansioso pela volta do Jin”, “o Jin, como ele deve estar?”, “Não terá mais tempo para mim. Ele é um adulto agora e vai abrir seu restaurante”, “ele não terá tempo para um garotinho depressivo”, “Como será minha vida daqui para frente sem amigos?”, “Por que eu simplesmente não desisto logo de uma vez?”, “Hoseok deve ter conversado comigo por pena, ele mesmo falou que me viu sozinho tocando piano”, “Eu sou um peso”, “Um lixo humano”, “Min Yoongi, você é ridículo”.

  Mais uma guerra perdida contra sua própria consciência. Yoongi se entrega a sua própria loucura, a sua própria crise de ansiedade. Apenas se deixa levar pela repentina tontura que o jogou no chão. “Maldito, por que não tomou o remédio?”, “Existem milhares de remédios a serem tomados”, “Min Yoongi, você ainda vive por causa de remédios”, “Você é tão incapaz e tão instável que precisa de remédios para se manter são”, “Perdedor, solitário”, “vazio”.

  Yoongi se encontrava encolhido no chão, chorando, as mãos nos dois lados da cabeça – Que se encontrava sangrando. Havia batido a cabeça de raspão num poste no momento em que caiu.

  Se encontrava sozinho, mas não literalmente. Havia várias pessoas que passavam por ali, mas preferiam ignorar e passar apressadamente. “Deve ser um bêbado”, elas pensavam. Ninguém ousou estender a mão para Yoongi – Que ainda estava aos prantos –, mas não era de se admirar. Afinal, as pessoas são muito egoístas para fazerem tal ato de bondade.

  Se encolhia e se contorcia a cada pensamento tóxico que sua consciência insistia em gerar. Estava acostumado a ter crises. Para Yoongi, elas eram totalmente comuns. O problema é que elas chegavam sorrateiramente, em silencio e sem avisar. Mas geralmente ele estava em casa, então poderia rapidamente correr para a cozinha e pegar qualquer remédio para a sua ansiedade, e então só precisaria aguentar cinco minutos daquela angustia e de repente adormeceria. Mas a situação era totalmente diferente. Estava no meio da rua, imóvel, a cabeça rodava e doía, a visão embaçada devido as lagrimas. Yoongi estava vulnerável, e não havia ninguém para ajudá-lo. Ou pelo menos era o que ele pensava.

- Yoongi?! Omo, Yoongi! Você está bem? – Hoseok chacoalhava o moreno, mas não recebia nenhum mísero sinal de vida dele. Estava entrando em desespero, nunca se imaginou numa situação como essa. O que Hoseok deveria fazer? – Omo, omo! O que eu faço?? – E foi como se uma lâmpada tivesse se acendido na cabeça do ruivo – Hospital! Certo, vou te levar para o hospital!

- Casa... – Essa foi a única palavra que Yoongi conseguiu pronunciar, ou melhor, a única palavra que conseguiu sussurrar.

- Mas Yoongi... – Foi cortado pelo mais baixo.

- Anda... Logo...

  Aos poucos, Hoseok conseguia se lembrar do percurso até a casa de Yoongi – Ele tinha sorte de ter uma boa memória –. Não estavam assim tão longe da casa do moreno, e o que facilitava era que Yoongi era extremamente leve. Hoseok até estava com medo de segurá-lo pelo braço forte demais e acabar machucando-o.

  Durante o caminho, Yoongi choramingava feito uma criança. Nunca ficou tanto tempo dentro de uma crise, e isso só o dava mais razão para chorar. Ao menos quando chegou em casa, seu coração já havia desascelerado. Então apenas era preciso tomar um calmante e ir dormir.

  Mas não possuía certeza se conseguiria fazer isso.

- Yoongi, v-você está bem? – O clima não havia ficado muito agradável, mas não era para menos. Ver uma pessoa que você conheceu a só um dia no estado de Yoongi é um choque e tanto.

- Eu pareço estar? – Disse Yoongi, ainda fraco e com algumas lágrimas que insistiam em cair.

- Desculpa...

- Hoseok?

- Diga.

- Você... – Yoongi estava hesitante. Já era a segunda vez de Hoseok na casa de Yoongi. E desde a primeira vez, as circunstancias não eram as das melhores. Mas que culpa ele tinha, não é? Talvez fosse o destino, ou não, mas as pessoas gostam de acreditar nisso. – Você poderia pegar um calmante? Eu não sei quando isso vai parar, então é melhor eu prevenir. – Disse meio envergonhado. Para Yoongi era meio estranho fazer um pedido desses para uma pessoa que mal tinha conhecido. – Você vai saber qual é quando o ver.

- Ah, claro! – O apartamento de Yoongi definitivamente não era grande, então não foi difícil para Hoseok achar a cozinha. Prontamente voltou para a sala, com o calmante de Yoongi em mãos, e viu Holy aconchegada ao lado do moreno.

- Bem, aqui está... – O clima continuava pesado. Até Holy estava percebendo o estado de Yoongi, e também se encontrava cabisbaixa.

- Yoongi, eu vou indo. – Disse Hoseok. – Está tarde e eu preciso voltar para casa. Eu imagino que depois do que você passou você queira descansar também.

  Sem esperar nenhuma resposta, Hoseok deu meia-volta e se dirigia à porta. O que não imaginava era que Yoongi havia segurado seu pulso, impedindo-o de prosseguir.

- Hoseok, fica só até eu dormir. Por favor... – Dizia Yoongi com uma voz chorosa. O garoto estava passando por um momento difícil, e ele não parecia ser uma pessoa ruim. Por que não ajudar?

- Tudo bem, eu fico.

  E assim foi. Ficaram por um tempo brincando com Holy no sofá da – Pequena – sala. As pequenas brincadeiras com Holy puderam proporcionar alguns sorrisos em Min Yoongi, e só por isso, Hoseok sentiu que valeu a pena ter ficado e ajudado o seu, provável, futuro amigo.

  Depois de tanto brincar com Holy, ambos os meninos se cansaram. E adormeceram ali mesmo, um do lado do outro, no sofá.