História First Love (imagine Min Yoongi) - A viagem

*S/n on*

Acho que era a terceira vez que Taehyung vinha ver o que eu arrumava na mala. Vinha apenas para fazer alguma piada ou ficar me encarando enquanto deitava na minha cama, agarrado ao meu travesseiro de kumamom. Perto o suficiente para analisar o que eu levava. 

- Você sabe que precisa levar biquíni né? - perguntou fazendo uma de suas caretas mais bizarras enquanto ria. O encarei com um leve sorriso no rosto.

- Claro que sei, você poderia fazer o favor de me deixar terminar e ir arrumar a sua mala? - digo e bagunço seu cabelo. Ele é pego de surpresa e tenta fazer o mesmo comigo, mas eu escapo e volto à arrumação. 

- Eu já terminei, foi ainda ontem de noite. Um ponto para mim, irmãzinha! - diz todo orgulhoso com um grande sorriso, aquele para me irritar.

- Vai ajudar a mamãe então, ou só cale a boca. - mostro a língua para ele, sei que é uma atitude bem infantil, mas quando estou com Taehyung sinto que posso ser criança de novo, é muito bom. É até normal entre nós brincadeiras desse tipo. Ele adora me ver imitar suas palhaçadas.

- Mãe! A S/n mostrou língua pra mim, bate nela. MÃE! - ele levanta da cama fingindo indignação, 

- Cuida de vim aqui terminar tua mala! - mamãe grita da cozinha. Olho automaticamente para ele.

- Seu mentiroso! - digo.

Nos encaramos e sinto que vou explodi de tanto ri. Pego o travesseiro e ele corre. O acerto quando já está na porta. 

- Também te amo! - ele grita do corredor. 

- Eu nem te amo, sabe! - digo. 

Volto até a mala e a analiso tentando ver se não esqueci nada. Tudo ok. Fecho cuidadosamente e a levo até a varanda. Quando chego na frente de casa Taehyung está colocando algumas coisas no carro, me olha e abre seu sorriso quadrado novamente. 

- Eu sabia que você estava mentindo, você nunca arrumou nada tão adiantado. - digo e entrego a mala para ele colocar no carro. 

- Eu queria ver sua reação, como sempre você saiu do normal. - ele ri. Cruzo os braços, paro na sua frente. - Você estava muito tensa desde que soube onde passaríamos essas férias. Queria te ver rindo um pouco. - diz olhando para o chão, quando me encarou, sua feição havia mudado. Eu não sabia que ele tinha percebido. Talvez nem eu mesma. 

- Não é nada não. Eu estou bem. É que a faculdade puxou todas as minhas energias e voltar a ter um sossego é até estranho. - digo enquanto suspiro. Pego em seu braço e fico mexendo na sua mão. Ele fica quieto, como se estivesse pensando longe.

- Isso não tem nada haver com as certas pessoas que você verá novamente? - ele me encara aparentemente preocupado. - É por causa dele? Pensei que tinha esquecido isso. - As lembranças me atingem com tudo. 

Balanço a cabeça.

- Não, já disse Tae. Estou bem, não é nada.

- O que é nada? - nossa mãe surge vindo da garagem com uma caixa de papelão em mãos. 

- O nada é o nada mãe! - Taehyung diz. 

- Que resposta mais besta Tae. - responde ela, nos lança um sorriso e um olhar de "O que vocês estão escondendo?".

- Mas se o nada é o nada, como pode ser o nada alguma coisa? - Taehyung precisava ser estudado. 

Minha mãe era uma pessoa alegre, totalmente viva. Taehyung tinha com certeza puxado a alegria sem fim dela. As caretas e tudo mais. Com um corpo de mocinha e belos cabelos castanhos e um caráter excepcional, eu me perguntava o que meu pai queria na vida. Mas fazer o que, a vida nem sempre nos ajuda no amor. Solteira e com muita disposição, eu desejava que encontra-se alguém nessa vida que a fizesse feliz. 

- Acho que tá bom desse papo de "Nada". Estou com fome. - digo. 

- Mas você foi quem começou! - mamãe rebate.

- Mas foi você quem perguntou! - falo tentando vencer essa conversa tão sem sentido.

- Quem nasceu primeiro, a galinha ou o ovo? Eis a questão! - Taehyung abriu um sorriso quadrado enorme fazendo seus olhos ficarem ainda menores. Era hilário.

- Taehyung por acaso você me chamou de galinha? - mamãe falou e ambos caímos na risada.

Ele parecia vitorioso em nos fazer ri.

- Tudo bem, vamos comer. Próxima parada Brasil! - gritou ela toda contente. Eu no entanto sentia que essa viagem seria bem longa, um frio na barriga me fez refleti que voltaria a ver o passado. Não sabia se ia ser bom ou não. 

*Horas depois...*

Havia dormido quase a viagem toda no avião. Mas acordei subitamente poucos minutos antes de aterrissarmos. Olhei para o lado e Taehyung estava usando um tapa olho de um pato amarelo, dormindo tranquilamente. Ri comigo mesma vendo aquilo, meu irmão era lindo e eu torcia que também fosse feliz. Talvez essa alegria dele ao viajar para a casa de praia de Kisum fosse Moon. Os olhos dele brilharam quando nossa mãe nos contou que Kisum tinha voltado para a casa dela no Brasil com os filhos. E quando nossa mãe recebeu o convite da melhor amiga para passarmos as férias lá, depois de tantos anos, houve três reações em casa. Taehyung ficou pulando pela casa, fora de si e perguntando várias vezes se os filhos de Kisum iriam está lá mesmo. Digamos que uma pergunta disfarçada para saber se Moon iria. Mamãe ria consigo mesma, talvez lembrando dos anos em que íamos todo ano para lá nas férias. Minha mãe não tinha irmã então ter Kisum como companhia lhe fazia muito bem. A amizade delas era realmente longa, eram amigas desde a escola e haviam compartilhado a dor de uma separação. Já a minha reação nem eu mesma sei dizer. Analisando o que Tae disse, de fato eu fiquei estranha depois de saber sobre a viagem. Até pensei em dizer que não iria, mas não queria ver minha mãe triste, seu semblante estava tão feliz. Já faz quatro anos, mas não tem nenhuma noite que eu não lembre daquele sorriso doce, da calmaria de seu olhar, de sua solidão, e principalmente daquela noite assustadora pela qual eu me culpo tanto.