História First things first - Paranoid

O despertador de Skye soou escandaloso pela casa as exatas 6 horas da manhã de uma terça-feira, Maya grunhiu nada feliz subindo o cobertor para cima da sua cabeça e contou até dez.

- 9...10.

- Maya pode levantar essa sua bunda gorda! – Skye entrou no quarto no exato ‘10’ se movimentando pelo quarto abrindo as cortinas e a janela deixando a brisa fresca da manhã entrar no quarto.

- Mas eu não quero! – Maya reclamou birrenta.

- Eu não estava perguntando se você quer ou não. – Skye disse saindo do quarto sem antes deixar um aviso. – Não me faça vir com um balde de água gelada.

E fechou a porta atrás de si. Maya tirou o cobertor de cima de si com uma careta aborrecida e se levantou. Ela queria atrasar esse dia o máximo que conseguisse depois da notícia que tinha recebido no dia anterior, mas Skye estava certa, ela já era bem crescidinha para ter esses ataques, ela tinha que lidar com ele, e não fugir com o rabo entre as pernas, iria o encarar com a cara e coragem e esperava que ele não desse um de apaixonado; suas táticas teriam que ser outras se isso acontecesse.  

As primeiras horas da manhã seguiram tranquilas para a sanidade de Maya, que por mais decidida ainda tinha aquela parte de si meio desesperada em alerta querendo pegar o primeiro avião com destino para o lugar mais distante na terra. Na academia ela fez os exercícios sob o olhar gavião de Skye pensando em seu pote de M&M’s em cima do balcão na pequena cozinha, depois de uma hora de sofrimento – palavras de Maya – finalmente estavam de volta ao apartamento, Skye tomava banho enquanto Maya se organizava para as aulas e ajeitava seu cronograma de estágio que voltaria na semana que vem e ela estava muito animada.

Finalmente arrumadas, as duas saíam do apartamento, Maya se obrigou a sair bem apreensiva, mas foi, com Skye assegurando que tudo ia ficar bem, enquanto seguiam para os prédios de suas respectivas aulas, foram cumprimentando alguns conhecidos pelo caminho.

- Eu juro por Deus se você continuar com esses olhares de louca perseguida você vai virar uma porque, eu vou te perseguir. – Skye falou entre dentes para a amiga logo sorrindo leve para um colega de classe que passava a cumprimentando.

- Eu não estou fazendo nada. – Maya reclamou, ela não estava mesmo, qual era o problema de certificar se alguém as seguia, até onde ela sabia -e classificava- isso, era precaução.

- Sim, claro! – Skye retrucou em deboche. Maya revirou os olhos em descaso. Elas caminharam por mais alguns minutos jogando conversa fora, no meio do caminho Skye encontrou Isa, uma integrante do jornal da faculdade, a garota começou a falar sem parar, algo de errado havia acontecido e Skye acabou largando Maya no meio do campus sozinha com um breve ‘te vejo mais tarde’ .

- OK. – Maya murmurou olhando ao seu arredor ela ainda tinha aquela ansiedade no fundo de seu estômago e uma vontade de voltar correndo para seu apartamento, mas ela tentava ficar concentrada e então viu a lojinha de café e era lá mesmo que ela ia, café, uma substância que a acalmava muito bem.

Assim que entrou foi recebida pelo cheiro inconfundível e maravilhoso da cafeína, ela ficou na fila onde tinham duas pessoas a sua frente, ela com um grande sorriso preso no rosto olhando para a parede a frente onde se encontrava o cardápio, tentava escolher o que iria escolher.

- Bom dia! M, vai querer o de sempre? – O garoto sorridente lhe perguntou quando sua vez chegou, ela vinha muito ali, todos os funcionários a conheciam, alguns até estudavam com ela, a maior parte dos baristas trabalhavam meio período ali para sobreviverem à universidade.

- Não, hoje eu quero algo diferente. – Maya respondeu agora olhando o garoto, Jones era seu nome, fazia curso de direito.

- Tudo bem, desafio aceito. – Ele respondeu com um sorriso charmoso que a fez rir e ela deu alguns passos para o lado, esperando sua bebida. Maya estava tão distraída ali naquele mundo de cafeína que mal reparou da presença de outra pessoa atrás de si. Ela sentiu alguém lhe cutucar o ombro e deu um pulo sentindo o coração disparar e se virou para trás.

- Thomas eu vou te matar! – Ela rosnou entre os dentes. Thomas ria sem ligar para a ameaça feita.

- Deus, você parece um gatinho assustado. – Ele disse ainda não conseguindo conter muito bem as risadas. Maya só revirou os olhos não acreditando como ele podia ser tão infantil, logo sua bebida chegou e ela sorriu grande ao sentir o cheiro do café fresco e quente.

- Aqui está, espero que goste! – Jones lhe entregou e Maya foi ávida colocando o copo nos lábios tomando cuidado ao ingerir o líquido delicioso.

- Isso está muito bom! – Maya disse dando outro gole em seguida, se deliciando.

- E aí, T! – Jones cumprimentou Thomas com um toque de mão.

- E aí! – Ele disse. –Pode me ver um igual ao da May?

- Claro!

O garoto respondeu e se virou para fazer a bebida, e Maya aproveitou para dar um belo de um tapa na nuca do amigo, que virou com o rosto contorcido da dor que o tapa havia desencadeado.

- Você e a Skye tem uma mão de aço, meu deus! – Ele exclamou passando a mão na nuca como se aquilo fosse aliviar a dor. Ela deu ombros e dando mais um gole satisfatório na bebida com seus nervos já mais calmos.

- Eu pensei que você já estava resolvida com-

Thomas foi cortado com uma mão tampando sua boca rapidamente, e Maya olhando para os lados em alerta, como se falar o nome da criatura fosse a atrair para onde ela estava, se ela acreditava ou não? Bom, nada é dispensável em uma hora de desespero.

- Não fala o nome dele. – Maya sussurrou, tirando a mão da boca de Thomas.

- Jesus, May o que você acha que vai acontecer? – Thomas perguntou em tom de graça, e continuou com um tom de ironia típico dele. – Ele vai aparecer como um passe de mágica.

- Eu sinceramente não duvido de nada. – A garota murmurou não percebendo o deboche presente na voz e na linguagem do amigo. Thomas revirou os olhos, às vezes Maya o tirava do sério com suas paranoias, que graças a deus não aconteciam com frequência.

O dia, para a sanidade de Maya passou como outro qualquer, sem nem sinal de Connor ou Isla. Apesar de ter passado o dia no limite, no fim estava aliviada, teve aulas normais, que precisavam de todo seu foco e empenho que em seu plano de vida, eram cruciais. No fim do dia ela chegou à casa exausta, era a única ali a não ser kiki.

Por um momento de descuido, com sua mente ainda paranoica, ela se deixou levar e começou a imaginar coisas do tipo, que Connor havia a seguido até o apartamento e estava nas sombras só a esperando para atacar, e ela tinha certeza que ter assistido Criminal Minds havia colaborado muito com isso. Encolhida no sofá somente com a luz da sala acesa e a televisão ligada ficou em estado de vigília. Conseguindo se distrair pouco com o que passava na tv, um desenho animado.

Então ela ouviu o barulho da porta abrindo e soltou um grito surpreso pulando do sofá. Skye e Thomas parados a olhando incrédulos com a cena, Skye fechou o rosto em uma carranca, Thomas deu um passo para o lado se afastando da amiga e Maya engoliu em seco.